domingo, 16 de novembro de 2014

Para pessoas com imaginação

Me peguei sentindo vergonha de mim. Manja aquela vergonha que você não conta para ninguém?
Pensamentos insanos de mentes insanas?

Algo como: Eu faço parte de uma conspiração. Eu sou filmada 24 horas por dia e isso aqui é um seriado. E se eu descobrisse que sou adotada? E se minha mãe for uma alienígena? E se eu for um experimento biológico? Hey, pera, somos todos micróbios de algo muito maior!

E depois de pensar essas coisa, comecei a ter curiosidade dos pensamentos descabidos das pessoas. Sairiam coisas que sequer conseguimos imaginar. Porque como diria alguém que eu não lembro o nome: "Cabeça de gente. Vai entender?"

E no meio dessas nunces do ser humano, imagine se o ser humano é mulher. Consegue imaginar o quanto isso é sinistro e tenebroso? 

Quando o assunto é hormônio, somos campeãs. Um dia de hormônio alterado pode resultar num corte de cabelo ruim. Uma cor de cabelo sem noção, uma dívida grande no cartão. Enfim, muita coisa pode acontecer. 
Mulher é mulher, e não adianta classificar. Não existe rótulo. Até mesmo porque o conteúdo muda muito. Impossível passar uma receita de algo que não tem ingredientes certos, e o sabor muda de acordo com o tempero, ou temperamento.

E essa enganação toda é para dizer que sou mulher. E sendo assim, toda a viagem está liberada. Conseguimos pensar no futuro da humanidade, e na lista do supermercado, no cálculo do orçamento familiar, e no que fazer para o jantar. Conseguimos ser duras, conseguimos ser princesas. Sim, cafona, cafona, e cafona. Mas entre Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, e outras que pelo mundo andaram, existem as mulheres do dia a dia, do trabalho, e que ainda conseguem ter um pouco de princesas. 

Talvez, no cantinho, sentadinha, com o olhar meio vago, alguém passe alguns minutos pensando no seu conto de fadas. E, se faz isso, tem meu respeito.
A vida sem um pouco de magia, sem um pouco de criatividade, e muito amor, perde totalmente a graça.
Então, pensem desde às experiências com animais, até em quem pode ganhar o próximo Miss Mundo. 

domingo, 28 de setembro de 2014

Espiritualidade online

Eu sou de um tempo em que pai de Santo atendia no tete a tete. Pá, pum. Ao vivo, quer dizer, não muito vivo, mas na nossa frente.
De uns tempos pra cá tenho ouvido tanta coisa, que se bobear, estou acreditando em saci e mula sem cabeça.

O que aconteceu foi que uma amiga comentou que estava fazendo terapia floral via skype. Você senta em frente ao computador, fala um pouquinho de você, e a psicóloga te passa um floral para tratar a causa que lhe aflinge. Prático, rápido e indolor.

Em tempos que fazemos sexo pela internet, o que pra mim já é uma revolução e tanto, agora podemos cuidar da alma também.

Podemos em um clique consultar um médium (sim, eles estão online), um psicólogo, um garoto de programa, ou qualquer outra coisa que queiramos.

Entrei no site do médium. Ele estava online. A música é daquelas de filmes de terror. Toda uma atmosfera para que em um clique eu saiba todo meu futuro. Juro, fiquei tentada. Olhei, passei o mouse, peguei meu cartão de crédito, olhei de novo, e sai correndo para escrever um texto no blog. Ter meu cartão clonado porque consultei um médium pela internet, é humilhação demais.

Sou do tempo da Macabea. Macabea levantou, foi lá na casa do chapéu, consultou uma médium chinfrim, e morreu feliz da vida com as mentiras que a médium contou. Está certo, Macabea. Não trairei você. Se eu decidir consultar os astros, farei sempre no tete a tete.  Encarando o "futuro".

E cá estou eu pensando. Pôxa, R$ 25,00 por e-mail, R$ 2,99/por min no chat. Me garantiria tão boas risadas. Mas e o medo de clonarem meu cartão?

Acho que vou parar com isso, acender uma vela online para o meu anjo da guarda, e ler um livro que eu ganho mais...

R$2,99/por min no chat...

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Peça para eu ficar...

Eu cheguei em casa e tive vontade de falar com você. 
Vontade de pegar o telefone e falar tudo que passa pela minha cabeça sem o menor filtro. 

Às vezes você me entende tão bem, que acho que você lê o que eu escrevo. E leu tudo. Sim, eu sou um livro aberto que você leu todas as páginas, e já selecionou as suas favoritas. Marcou a página, e volta nela quando sente minha falta. Pretensão minha. Doce pretensão.

Mas sendo pretensiosa, gosto da ideia de que você sabe. 
E se você sabe, gosta de alimentar minha pretensão. E o jogo segue.

Então, é isso. Eu gosto de você. Gosto do jeito que mexe no cabelo, gosto do jeito que me olha, gosto de achar que você tem resposta para tudo (mesmo sabendo que não é verdade), gosto quando você fica vermelho de tanto rir, gosto das suas expressões de espanto com as coisas que eu falo. É isso mesmo, eu gosto de você. 

A melhor hora do meu dia é quando eu te vejo. É quando você está ao meu lado. Me passa uma sensação boa de que as coisas podem dar certo. Gosto de tudo. Gosto dos defeitos, gosto até do que normalmente não gosto. Estranho, né? E eu achando que você lê. Você lê?

Não posso falar. Sendo assim, me resta escrever. Isso mesmo, você leu muito bem, eu gosto de você. 
Gostar é uma forma singela de dizer outras coisas. Não, eu não gosto de você. Eu simplesmente estou apaixonada por você. 

Tudo pronto para eu ir, e eu querendo que você me peça para ficar. E eu ficaria. 

Leu bem? Eu fico. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ela

Não sei se são as covinhas que ela tem ao sorrir. Ou aquele olhar de espanto quando eu digo coisas agradáveis em seus ouvidos. Ou as diversas pequenezas delicadas que observo em cada pedacinho dela. Não sei bem em qual momento eu olhei para ela e percebi que ela era ELA. Assim, com letras maiúsculas, garrafais, gigantes, como a vontade que tenho de me perder nela, e só nela estar.

Só sei que ela não ouviu de mim. Mas já sabe que sem ela o dia fica mais cinza e chuvoso. Falta ela nos meus dias. Porque quando estou com ela, o mundo começa a fazer um pouco de sentido.

Ela me olha de um jeito. Aliás, ela tem um olhar exclusivamente dela, que sei que só usa comigo. Porque sabe que com aquele olhar, conquista tudo que quer de mim.

E eu, que nunca fui poético, me perdi nela. Usei palavras que desconhecia em grafia e sentimento. Um turbilhão de ela. Ela. E eu só penso nela. Desde a hora que levanto até o adormecer. E mesmo ao adormecer, eis que sonho com ela. Sonho com riqueza de detalhes: cheiro, voz, textura da pele, coloração dos cabelos, as unhas pintadas de esmalte escuro, e todos os detalhes dela que já estão registrados na minha alma.

Ela sabe que tudo mudou com a chegada dela. Ela sabe que o meu mundo ficou mais colorido com ela. Ela sabe. E ela fica mais ela, ao fingir que não percebe tudo que eu sinto. Faz parte deste jogo juvenil que estabelecemos.

E que ela continue sendo ela, o tempo que quiser ser ela.
Que reclame! Que maldiga a vida, e bendiga no minuto seguinte! Que escreva enlouquecida as melhores, e as piores cartas de amor! Que use do bom humor para me conquistar! Que leia muitos livros para me seduzir! Que goste de coisas que me interessam só para me agradar!

Saiba, ela, eu faço o mesmo. E que o jogo continue. E que meus dias tenham muito dela.


*Texto achado de um "admirador".


domingo, 24 de agosto de 2014

Você sente amor, paixão ou carência?

Existe um teste para saber isso. E sim, eu comecei a fazer. Antropologia. Sempre uso a antropologia como desculpa para pesquisas imbecis.

Mas todas as mulheres do universo, em algum momento da vida, fez um teste de revista. E se não fez, não é mulher. Porque mulher que é mulher, já fez teste da Cláudia, Capricho, Atrevida, ou seja lá qual for a revista. Nem que seja por gozação. Afinal "Que personagem da Glória Pires você é? " não é um troço a ser levado a sério.

Cheguei ao teste com esta dúvida. Carência, amor, paixão ou o quê?
O que está acontecendo? Cantei músicas do Balão Mágico, Trem da Alegria, e tudo que me lembrava do amor, paixão, para encontrar uma explicação.

"Cola seu retrato no meu, pra ver se cola", lembra? - Trem da Alegria, pô.
Nada. Nenhuma iluminação.

Como saber de uma coisa dessas?

Na vida real não existe teste que dê jeito. Não tem livro com resposta. E não adianta jogar no Google porque não virá nada que resolva este dilema.

Agora não sei que diabos é. Só sei que penso o dia todo neste homem.



Divagações de um sentimento feminino

Decidido. Um sonoro e do fundo do âmago "Puta que o pariu" faz bem para o moral, como diria Rita Cadilac. E diria isso rebolando. É bom para o moral.

Sei que é feio desejar que as pessoas se fodam. Mas desculpe, universo, eu não sou perfeita. Desejei.
E já diria o sábio Seu Madruga "A vingança nunca é plena. Mata a alma e envenena". Rita Cadilac, Seu Madruga, estou bem de gurus.

Mas no fundo da alma imunda do ser humano, em algum momento ele quer que o fulano sofra (ao menos um pouquinho só), o que sofremos em quilos. Acho justo, acho digno, acho correto. E sei que um dia, quando o garçom da foice chegar com a conta, pagarei cada centavo deste meu lado ruim. Mas gargalhei. Desculpe, gargalhei.
Nenhum filha da puta sairá da Terra impune.Que na próxima vida o cacete! Quero que paguem nesta mesmo. E com juros, please.

Então foi isso, vi você paradinho, malinhas sendo colocadas no carro. Fiz questão de ver. E que vá. Vá chorar no cantinho da desilusão, no recôncavo do chifre. Assine seu nome na imensa lista  da cornidão que todos nós, se não assinamos, assinaremos um dia. Porque a vida é assim.

Seu nome está riscado do meu caderninho de acompanhamento. Sim, eu tenho um. Anoto o nome e aguardo a queda. Não movo uma pena. Só acompanho, e quando acontece, normalmente estou por perto para presenciar. Não gasto energia fazendo nada além de observar de longe. Porque se tem um troço que funciona, é a lei do universo.

Ok. Agora só falta um. E tenho dito.

Boas respostas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Otto Lara Resende

Graças ao Nelson, O Rodrigues - me encantei pelo Otto Lara Resende. De tanto ler crônicas do Nelson referindo-se ao Otto, cheguei ao Otto (já gastei tudo do Nelson). De uns tempos pra cá tenho lido o Otto. E Otto virou meu amigo, já não uso mais o sobrenome. Assim como é com Nelson, Xico, João, e muitos outros autores que gosto. 

Mas dizia eu que estava lendo Otto hoje pela manhã. Bem, nem sei se disse, mas agora está dito.

Ele tem uma crônica chamada "Vista Cansada", e eu gosto demais dela. Surrupiarei um teco.

"Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo". 


E depois de ler isso, fechei o livro e comecei a ver - vendo. E o que eu vi? Um monte de gente que vê - não vendo!


Já notaram que as pessoas no metrô andam como morcegos guiados pelo som? Deixa eu explicar. Abrem as portas da estação, as pessoas saem mexendo no celular, lendo, com a cara pra cima, menos olhando -vendo. Entende?

Guiam-se pelo som, pelo cheiro, sei-lá que cacete é isso. Mas é assim. 
E no metrô você pode olhar pra geral, pode olhar mesmo, porque NINGUÉM olha para ninguém. 

E foi assim da Ana Rosa até o Tietê. Eu olhando-vendo, e  ninguém notando. E isso, no meu âmbito de retardo, me fez rir. E eu rindo, e ninguém notando. Passei do riso à incredulidade. Da incredulidade à solidão profunda. Isso tudo da Ana Rosa ao Tietê. Uma vida de observação em algumas estações do metrô. 


Em dado momento pensei em chorar. Mas de nada adiantaria meu pranto de mocinha da novela das 20h. Ninguém faria nada. Estavam hipnotizados. Foram abduzidos, não sei. Só sei que não existe vida no metrô de São Paulo. Ninguém olha ninguém. É uma massa teleguiada por algo que não achei explicação.



Brilhantemente Otto disse exatamente o que eu senti.


"O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença".

A palavra com A

Às vezes é melhor não pensar. Simplesmente não pensar. Não pensar, não sentir, não fazer nada.
Há palavras que foram deletadas do meu dicionário pessoal. Tem uma que só de pensar, me faz ter vertigens. Parei com isso faz tempo.
Acho que a última vez que fiz uso dela, se não me engano, foi lá em 2004. Ou seja, 10 anos.
E, se usei recentemente, foi com algum desdém. E como diria minha sábia mãe "Quem muito desdenha..."

Desdenhei de você. Desdenhei com classe. Desdenhei com piada e piedade dos que ousaram usar a palavra. E mais desdém tive de quem acreditou. E foi pelo desdém, que deixei de usar.

Ano passado houve um ensaio, uma tentativa falha de recolocá-la em meu dicionário. Mas ela não existe sem outras palavras que, sem querer, a acompanham. E, por não aceitar nada sem ser completo, ela voltou ao desuso total e absoluto.

E ela lá no obscuro buraco do esquecimento que ninguém sabe o nome está a palavra esquecida.
E neste tempo usei: paixão, affair, caso, paixonite aguda, obsessão, questão de honra, ou qualquer coisa que "não valha". Usei todas as palavras que cabiam para as coisas que aconteceram neste período de 10 anos. A parte que coube à este grande latifúndio de vida.

A palavra me bateu à porta esses dias. Lembrei da existência dela. Chegou muito próxima de sair do coração para a boca, mas deu três passos para trás, e voltou ao buraco, já não tão obscuro. Colocou suas primeiras letras para fora do esquecimento. E junto dela, muito próxima, veio outra palavra - esta velha conhecida - chamada medo.

Volte ao seu buraco, amor. Volte pra lá e não ouse mais sair. Não me venha com galhofa depois de tanto tempo.

sábado, 9 de agosto de 2014

Paulo

Às vezes tenho vergonha de dizer que faço trabalho voluntário. São as crianças que fazem um belo trabalho voluntário comigo.
Desde o começo do ano, dedico algumas horas da minha vida às crianças de um abrigo aqui de São Paulo. O trabalho é estimular nessas crianças a vontade de querer ler e escrever.
No meu grupo tem um menino de 9 anos chamado Paulo. O Paulo tem uma dificuldade gigante com o mundo das letras, mas é um profundo conhecedor da vida, mesmo aos 9 anos de idade.

Essa semana ele resolveu me sabatinar sobre os motivos, razões e pormenores de eu ser quem eu sou.

- Tia, você mora sozinha?
- Sim, moro.
- E você acha legal?
- Sim.
- E como você faz quando assiste filmes de terror?
- Como assim?
- Quando você fica com medo, tia. O que você faz?

Fiquei um minuto em silêncio buscando uma resposta para aquela pergunta. O que eu faço quando tenho medo? De verdade não soube responder assim de bate e pronto.
Não tive dúvidas, abracei o Paulo.

- Você abraça quando tem medo, tia?
- Sim, eu abraço.
- Está com medo agora, então?

Abracei mais forte. E ele desistiu de me testar. Percebeu que não teria resposta.

Acho que sim, Paulo. Quando tenho medo, abraço as pessoas que amo. E você, sem querer, já se tornou uma delas.
Os medos mudam com a idade. Eu não tenho mais medo de filmes de terror. Na verdade nem os assisto mais, talvez por não ter vencido o medo. Então, Paulo, eu fujo quando tenho medo.  Ou eu busco refúgio nas pessoas que amo. Forte é você, que perdeu os que amava, e ainda assim tem carinho para dar, vender, emprestar, dividir, multiplicar, e tudo que se possa imaginar.

E cada dia que passo ao lado das crianças, sinto que o trabalho voluntário que elas fazem comigo tem dado resultado.

A menina da mochila mental

Não sei o que tem me dado nos últimos tempos. Mas só tenho vontade de sair correndo. E sair mesmo. Fechar um ciclo, sei-lá. Fazer algo diferente. Viver diferente. Não sentir que passei a vida somente vendo o tempo passar e empurrando as coisas com a barriga.

Já sei tudo que não quero, isso é um bom passo dado. Não quero ser rica, por exemplo. Choquem-se! Pasmem-se! Não tenho essa vontade. Falo por falar, e porque é bom fazer parte do senso comum. Mas não me faria feliz.

O comercial do Pão de Açúcar é uma merda "O que faz você feliz?". Não acho que um mercado com coisas caras  tenha este poder. Mas a pergunta é boa.

E depois de anos, anos, anos, anos e anos, reclamando, sendo ranzinza e vendo a vida com muita ironia, consegui ser feliz. Sim, estou feliz. Milagre? Não sei. Mas se me perguntarem hoje se sou feliz, não pensaria tanto para responder. Felicidade é um estado de espírito interno, diria algum guru da Ásia. Clichê. Clichê verdadeiro e duro de alcançar.

A minha vontade de sair correndo não é mais fuga, como já foi por muito tempo. A vontade é outra. É de ver muitas coisas, conhecer muitas coisas, ver pessoas, conversar com pessoas, ouvir histórias, rir, chorar, me emocionar com coisas pequenas do cotidiano. E tudo isso fora da caixinha. Tudo isso caminhando por aí no mais puro e melhor espírito hippie.

Quero ser feliz hoje, amanhã e depois.

Perguntarão os frequentadores daqui desde 2008: "Xi, ela está amando...Fim de uma lenda urbana da solteirice congênita". Resposta: NÃO estou!
Estou feliz e ponto final.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil e brasileiro

Não adianta me consolar, Ana Maria. Estou chateada. Fique tranquila, não sairei por aí chutando paredes e quebrando tudo. Tenho 33 anos e educação. Mas não me console.
Quero ficar aqui, chateada, meio desapontada. Acho que desapontamento é a palavra. Me deixe desapontada.

Me sinto traída pelo futebol. Me prometeram uma festa. E a sensação que tenho é que a festa acabou. Vai rolar ainda um som, meio que saideira, e fim. A gente permanece balançando os drinques no bailinho porque a casa é nossa. Mas dá uma vontade de desligar o som. A casa é minha, a festa não está mais legal, então façam a gentileza de voltarem para suas casas. Mas a boa educação não nos permitirá ato tão nobremente infantil. A festa continua.

Sabe o fim de um relacionamento? Você finge que não aconteceu, pensa em outras coisas, sai com os amigos, mas a cabeça está na pessoa. Foi assim com a saída da Seleção Brasileira da Copa 2014. Sai, bebi um pouco, fiz piadas, falei mal da "pessoa amada", menosprezei mesmo "Ela não era tão boa assim", meio que cuspindo no prato que comi, e me esbaldei durante anos, desde 1994 (minha primeira Copa). É assim mesmo. A gente fica chateado. Chateado a puta que o pariu. A gente fica puto pra caralho. É só um jogo, dizem os mais moderados. E daí?
Ah, meu. Desculpe. É Copa do Mundo. Me deixem ao menos ficar chateada. Não se tem nem mais este direito.

Depois, quando a Argentina perder para Holanda por 8 x 1, pode ser que eu fique menos chateada.Porque não tem nada melhor do que ver outras pessoas na merda também para curar uma dor. A gente é assim.

Estou chateada. Globo, vai tomar no cu. Não me tragam especialistas, números, explicações, vídeos de crianças, os jogadores chorando e aquela porra toda. Estou chateada, vou ficar por mais algumas horas, e não quero ser consolada.

Sem mais,
Viviane.

Tenho vergonha da falta de educação, não do futebol

Lá no futuro, quando me perguntarem da Copa de 2014, me lembrarei desses 7 x 0? Acredito que sim.  Mesmo as pessoas dizendo que brasileiro não tem memória. Tem coisa que é difícil esquecer, como aquela derrota para a França em 1998. Eu tinha tomado consciência do tamanho de uma Copa do Mundo em 1994, primeira vez que vi o Brasil ser campeão. Em 1998 estava certa a vitória, pelo menos pra mim. Realmente fiquei decepcionada. Mas a vida seguiu. Assim como seguirá em 2014.

O que é diferente desta vez? A humilhação de perder por uma goleada histórica, dentro de casa.  fui ao banheiro, quando voltei, já estava 5 X 0. Foi impressionante. Alemanha destruiu a seleção brasileira. Eu já imaginava que iria perder, mas esperava mais raça. Esta é a diferença. A seleção não entrou em campo. E ficou aquela sensação de pelada do condomínio. Faz 5, vira o campo. Com 10 gols acaba.

O que me deixa chateada é o espírito brasileiro. Perdeu. Agora o negócio é sair pela rua quebrando tudo, batendo em todo mundo, sendo boçal até onde der. A regra da boa educação diz que devemos ser cortês com as visitas. Eu esperava um pouco mais de maturidade e educação da população. Perdeu. É um jogo, um jogo, um campeonato. Virão outros. Faz parte. Segue a vida. Siga com dignidade e respeito ao ser humano.
Ler matérias dizendo que os argentinos estão com medo de sofrerem violência física, me entristece demais. Deixem os caras comemorarem. Tirarem sarro mesmo. Exatamente como estamos fazendo "Rindo da nossa desgraça!". Faríamos diferente se fosse com eles? Não. E é isso. Futebol é a sacanagem com quem perdeu, é a brincadeira, é esporte. Não é a quebradeira e a violência gratuita.

Não tenho vergonha de ter perdido uma partida de futebol, até mesmo porque eu sequer entrei em campo para dizer que perdi alguma coisa. Mas me envergonha muito a falta de educação brasileira. E isso tem a ver comigo, porque mexe comigo como cidadã brasileira que sou. De resto é futebol, fuleragem, cambismo, salários milionários e Galvão Bueno.

Que o brasileiro aprenda a demonstrar um pouco de educação na derrota. Assim já me sentirei vitoriosa nesta Copa do Mundo.

domingo, 15 de junho de 2014

Está tendo Copa

Eu não sou, nunca serei, e nem tenho a pretensão de ser, especialista em futebol.

Gosto da bagunça, gosto de xingar o juiz, a torcida adversária, a mãe dos outros, e essas coisas que o futebol proporciona.

Mas Copa do Mundo é um negócio a parte, sabe? E um negócio a parte no meu País. Pra mim, é história pra contar pra netos e o cacete. É pra juntar a molecada no boteco no futuro e falar tudo que se sabe de Copa. Porque não acompanho futebol, mas na Copa, viro especialista.
Está tendo Copa. Já foi meu filho. Vai ter Copa e foda-me, Governo.

Estava na Vila Madalena no dia 12/6. Abertura da Copa do Mundo. Babilônia, meus caros. Carnaval fora de época. Babel no Brasil. Mistura de cores, cheiros, gostos, músicas, gente, línguas e línguas (sim, repeti pela ênfase neste último item). E é isso. Pra mim, Copa é isso. Aliás, segue minha definição que usarei com os netos:

"Junta-se uma galera que não manja nada de futebol, mas durante um mês, são especialistas. Quem nunca jogou, participa do bolão da firma.
Gente do mundo todo assiste aos jogos.
Se você estiver no País da Copa, aproveite o intercâmbio cultural. Dance as músicas dos outros sem preconceito, aprenda a ouvir, respeitar e valorizar a sua cultura, e a dos demais. Impor nunca, nem na Copa, é o melhor caminho. Esta troca é importante para a vida. A Copa do Mundo é um exercício de respeito e convivência com as diferenças. Não é só futebol. A Copa é uma lição de respeito".

4 dias de Copa e eu já chorei algumas vezes. Ainda tem chão. Vou gastar muita lágrima ainda.

E não quero que a Dilma vá tomar no cu, antes que me perguntem.

O livro, a árvore e os clichês

"Quando eu era criança lá em Barbacena". Só os talhados em barris antigos de carvalho lembrarão desta frase. Google, crianças, Google.

Vim de um tempo em que o Google, ah, nem vou falar em Google. Vou falar que sou de um tempo em que a internet discada era a descoberta da roda. E utilizá-la como usamos hoje, custaria um rim. Tempos em que o celular era do tamanho de um computador. E choquem-se, colocávamos aquilo na orelha.

Tenho este sentimento de "homem primata, capitalismo selvagem", sabe? Sou da antigas. Sou do tempo da ficha, meu caro. E isso é bom? Não sei. Mas achava um tédio quando minha mãe fazia essas comparações bestas, e me vejo fazendo igual. Ai, como ela mesmo diz: "O tempo ensina!" "Um dia você vai entender"

 E mais um ano se passou, e este sentimento só aumentou. Cada ano que passa, ela fica mais velha. E isso passou a fazer muito sentido. E acho que já falei disso umas 5 vezes, no mínimo. O sentido das coisas acontecem com a idade, fato. E sempre me vem aquele sentimento de "Cacete, era tão óbvio!".

A idade e seus benefícios. A maturidade e a passagem das neuras infantis. A aceitação do que somos, pelo que somos, não pelo que temos, e toda esta coisa budista que invade a gente mesmo sem querer. E invade porque a experiência é assim. Dirão os mais céticos "Isso não tem a ver com idade". Eu digo, que no meu caso, sim. Tem umas paradas com rugas, flacidez, e cabelos brancos que eu não contava muito. Mas no mais, o saldo da idade é positivo. A vida é um eterno jogo de perdas e ganhos.

Faz poucas semanas eu plantei uma árvore. E foi engraçado pensar que nunca tinha feito algo tão clichê. Ri de mim. E aí lembrei de outra coisa que a idade nos trás, rir de nós mesmos sem a besteira de nos acharmos bobos. Diria Nelson : "Jovens, envelheçam!". Nelson, entre professor de putaria da minha vida toda, também se mostrou filósofo.

Perdi o medo do bicho papão da idade. Sim, estou com 33. A idade que dizem ser de Cristo. 33 com muito orgulho!

Não casei. Não tive filhos. Nunca namorei (Adoro esta parte), é a que choca as pessoas. E já nem sei se isso é tão relevante pra mim, mas me diverte dizer.
E tanta coisa me diverte. Me diverte estar com amigos, me diverte ler, me diverte ver bobagens na internet, me diverte saber que as pessoas são donas da razão e que passarão a vida discutindo o nada, me diverte a importância que se dá à cargos e poder, me diverte achar que a vida não pode ser só isso.

Uma casa no campo onde eu possa levar meus amigos, discos, livros e nada mais. E cada ano que passa eu penso mais nisso. E uso como lema. O universo há de ouvir.

Obrigada, 32. Foi bacana estarmos juntos. Terei excelentes histórias para contar de você.
33, vamos lá. Quero força, garra e determinação. Ando com planos abusados, viu?

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Take Care

Não sei o real motivo das pessoas mandarem o famoso "se cuida", ou como diriam os ingleses "take care". Não entendia muito dessa expressão até alguém me explicar:  "Cuide de você pra mim, pois eu queria cuidar".
Eu realmente estava pensando em escrever um texto sobre isso. Mas de verdade? Nem precisa. Amei o significado, e vou usar com os que amo com mais frequência.

Se cuidem,
Viviane.

domingo, 25 de maio de 2014

Sábado

Ah, o sábado. Com ele toda a esperança do mundo renasce. Sábado, caralho! Grita o inconsciente!
Chega do chefe mala, da par de mesa insuportável que só quer te foder. Chega da lenga-lenga dos KPI´s e da casa do cacete. Chega do escritório de janelas fechadas e barulho de digitação. Vida. A vida acontece no sábado.

E você? Você está linda. Está princesa. Está gatinha. Gatinha, não. Você está delícia mesmo. Gastou dinheiro com cabelos, unhas, depilação roupas de couro (está frio). A última olhada no espelho para conferir a maquiagem. Mundo, aqui vai uma deusa que nasceu para brilhar.

22h00 - Você chega na balada. Direção - banheiro. Mais uma checada no visual incrível.

22h30 - Bar com a amiga. Pegar uma bebida, claro.

23h30 - Número de bebidas (3). Já começa a mexer os pés.

23h40 - Vai ao fumódromo. Parou de fumar. Mas em nome da boa e velha azaração que acontece no fumódromo, quando as pessoas conversam sem o barulho da balada, vai fumar.

24h00 - Bêbada. Já dança YMCA com coreografia, e não se importa em descer até o chão.

24h40 - Um mais bêbado que você se aproxima e joga uma cantada baratérrima. Daquelas "Se machucou quando caiu do céu?". E mesmo após o fora, ele continua dançando bizarramente ao seu lado.

01h00 - Muda de lugar por causa do bêbado.

01h15 - Dá voltas pela balada em busca de algo que preste e não esteja se enroscando com outra.

02h30 - Já conhece todos os rostos da balada. E nada aconteceu.

02h40 - Volta ao fumódromo. Ninguém mais fuma porque estão todos se pegando em algum lugar.

03h00 - Perde a amiga porque ela está se pegando com alguém

03h15 - Seu pé está doendo. E não tem nenhuma cadeira para sentar.

03h30-  A amiga aparece dizendo que a balada está incrível. Você sorri de volta concordando com a cabeça mesmo achando uma merda.

03h50 - Desiste da cerveja e passa para a vodka.

04h00 - Está bêbada, borrada, não pegou ninguém. E estão tocando aquelas músicas de casal final de noite.

04h10  - Finalmente achou um lugar para sentar. Seu pé está latejando de dor. Perdeu a amiga. E as músicas "romance balada" tocam uma atrás da outra.

04h40 - Encontra sua amiga se despedindo do cara. Hora de ir embora.

04h50 - A mulher do caixa anuncia R$ 116,00

05h00 - Promete a si mesma que nunca mais vai sair.

MEIO DIA - Acorda parecendo um urso panda, com a cabeça doendo, e se perguntando onde está. Mais promessas de não sair nunca mais.

...Até o sábado seguinte.

Parece que vai ter Copa

Entre o vai ter Copa, e o não vai ter Copa, surge a política.
Nunca antes na história deste País, se discutiu tanto sobre política. Com conhecimento, sem conhecimento, com achismos, com pitacos como no futebol. Enfim, pouco importa. A Copa animou os botecos. E virou assunto em qualquer metrô, trem ou ônibus.

A Copa não deixou nenhum legado físico. Não vi nenhuma melhoria com este evento. Maquiaram a cidade com plaquinhas em inglês, lançaram uns "Welcome" por aí, e já estamos no clima de Copa. Depois é pegar as plaquinhas e jogar no lixo. O que fica? Estádios, uma crise econômica, e política de boteco.
Logo depois da Copa, teremos um evento importante, eleições. Quero ver a mesma desenvoltura para protestos, tocação de fogo, greve e etc, neste período. Falar de política seriamente. Sem essa de não temos hospitais por conta da Copa. Nunca tivemos. A saúde pública já era um caos. E sempre foi.

Se não concordamos com a administração pública, por quê continuamos com os mesmos funcionários? Demitam todos. Simples assim.

Demitam todos, acompanhem o trabalho feito pelos novos funcionários, cobrem produtividade e efetividade das propostas feitas quando vieram pedir o emprego. Estipulem metas, prazos, cobrem!
São nossos funcionários, não? E se isso aqui chamado Brasil, é uma empresa, precisa ser reformulada com urgência, e dar lucro. Preciso parar de investir tanto imposto para algo que só me dá prejuízo. Vou vender ou alugar o Brasil, já dizia Raul. Nós não vamos pagar nada. Inclusive o salário desse pessoal.

Cortem as cabeças, já diria a rainha vermelha. Façam algo efetivo e parem de me encher o saco com o "Não vai ter Copa". Vai ter, sim. E eu vou torcer. Vou apoiar os jogadores. E completar o álbum de figurinha. O problema não é o evento. O problema é quem está recebendo o evento - A empresa Brasil - que é gerida por funcionários mal escolhidos por nós. Deu errado? Sim, deu. A culpa é minha, sua, dos políticos, de todo mundo. E agora, Inês já está fedendo. Não adianta chorar.

Toca o barco, e vê se melhora na próxima.

Alguma coisa está fora da ordem

Realmente não sei. Aliás, cada dia que passa, descubro que sei menos. Não sei se era para ser assim, ou sofro de algum retardo mental que faz as coisas não fazerem mais sentido com o passar do tempo.

O trabalho com a crianças das Casas de Acolhimento (os antigos abrigos), faz com que cada dia que passa, eu tenha menos certezas na vida.
Não faz muito sentido aquelas crianças serem tiradas de pais que não souberam cuidar delas como deve ser feito.

Ontem uma delas me disse:

- Tia, não acho certo as crianças serem adotadas por pessoas que não são da família. Acho que as famílias não sabem que estamos nos abrigos. Precisam começar a procurar melhor, sabe?

Não tive coragem de dizer a verdade. Sei-lá. Essa "verdade", não deveria existir. As coisas realmente não fazem sentido.
Se eu pudesse, levaria todas para um lugar melhor. Mas não posso. Não vou salvar o mundo, infelizmente. Mas realmente dou o meu melhor. E sei que recebo o melhor delas. Recebo abraços tão sinceros, que chegam a abraçar minha alma.

Não tenho, nem nunca terei respostas para a Laiza. Gostaria de ter respostas mais amigáveis. Mentiras sinceras. Mas não sei se é certo mentir. Fico quieta. Fico quieta e olho a vida. Deve ter uma explicação para certas coisas. E talvez eu passe a vida tentando encontrar essas respostas. E nunca encontre razões para crianças estarem sem seus pais por perto.

Quando a chuva é forte e os galhos batem na janela, com trovões e raios.
Quando falta luz, e a tudo fica escuro.
Quando um amiguinho nos bate.
Quando precisamos de alguém para ler as estorinhas, e podemos deitar no colinho.
Alguém que pega no colo quando já estamos cansados de andar.
Alguém pra dizer que as coisas vão ficar bem.
Alguém para guardar o nosso primeiro dente de leite.
As fotos de bebê.
Alguém que nos lembre como éramos quando crianças.
Alguém que mesmo já adultos, sabemos que poderemos contar sempre. Mesmo quando a vida acabar.
Alguém com amor tão infinito, que chega a doer.

E saber que muitas dessas crianças não sabem, nem nunca saberão o que é isso, dói na alma. Dói muito, muito mesmo saber que algumas acabarão nos faróis pedindo, ou até mesmo roubando.
Talvez morram precocemente. Saber dessas coisas, dói. E o sentimento de impotência é horrível.

Não sei muita coisa. Mas sei que um dia, não muito distante, adotarei uma delas. Ao menos uma terá o que eu tive, carinho de mãe.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Regras?

No amor e na guerra não existem regras. Não adianta. Vale tudo, inclusive dedo no olho. E no olho, olho propriamente dito, ou no outro olho. Vai à gosto do freguês.

- Seja educada
- Não demonstre interesse
- Homens são de Plutão
- Não use roupas provocantes no primeiro encontro
- Transforme seu primeiro encontro em um momento revelador
- Não faça gestos obscenos com a taça de vinho
- Não transe no primeiro encontro. Nem no segundo, safadinha
- Ele te liga. Não mande mensagem
- Concorde com tudo o que ELE diz
- Não sugira um lugar que não ache que pareça com ELE

Mas minha filha de Deus, pra quê tanta coisa para este ELE?
Onde fica ELA nesta história de tanto ELE?

Vamos rasgar esses livros e fazer o que tem que ser feito?
A vida é assim, e ninguém lhe prometeu uma vida justa. O preço de encontrar alguém que te aceite sem os clichês é tão alto, que pode ser que não encontre este alguém.
Saber conviver com esta possibilidade é onde está a genialidade da vida.

Simone de Beauvoir disse, disse, disse, e não me convenceu muito sobre as opções de tocar o barco sozinha. Sartre zoava o barraco com ela. Pegava geral mesmo. E ela, toda moderna, tinha uns amantes. Só para provocar. Esta é a minha tese doutorado sobre Beauvoir. Não, não fiz doutorado. Sequer terminei minha pós. Até jubilei.

Se alguma mulher conseguir viver plenamente o conceito "Tô na vida, tô sozinha, tô de bem comigo, e não mudei nada por um relacionamento", tem meu total apreço e respeito.

Como não vi este saci ainda, sigo só nesta luta. Ainda acreditando em tempos mais modernos. Tempos em que eu não precise de nenhum livro sobre o tema homem, para juntar-me a um.

A walk on the wild side

Depois da visita à auxiliar espiritual, resolvi que ninguém decide meu destino. Sequer as estrelas, ou o horário que eu nasci.
E me deu uma vontade gigante de "A walk on the wild side". Eu sou assim. E por mais que livros, documentários, cartas, amigos, e-mails, vida, família, e outras cositas más digam que eu preciso mudar meu jeito impulsivo, não consigo.

Fui ali dar uma olhada no "Wild Side". Ah, é tão mais divertido. Se eu pudesse, seria "Forever Young". Estou toda musical hoje. E viveria como se não houvesse amanhã. Hey, wait, não há mesmo. Nunca sabemos. E não saber é o que dá uma certa animação.

Uma amiga disse "Se os videntes sabem tudo, porquê não nos contam quando morreremos?". Minha resposta foi simples: Já pensou que merda seria sabermos isso? Não vou fazer nada porque vai acabar dia 23/01/2066...

Enquanto não sei de nada, e sinto as coisas à flor da pele, vou ali ver o que tem no "Wild Side".

Estive na terra de ninguém recentemente. E sabe, esse negócio de terra de ninguém é um troço muito bom. Vi fetiches, pessoas em estado bruto de sensações, e PUTAQUEOPARIU o ser humano ainda me encanta. Aliás, sempre me encantou. E se perguntarem o motivo, não sei. Gente é bom, e ruim ao mesmo tempo, sabe? Wild Side.

Gente que gosta, que sente, que coloca pra fora seu lado mais bruto, mais primitivo, e sente as coisas de verdade (a sua verdade). E quando "guio" alguém a conhecer este lado, me sinto bem. Tipo uma excursão à vida real. "Olha, meu filho, o ser humano é isso aí. Às vezes foda de brilhante, mas às vezes é isso aí mesmo, carnal". E não é genial?

Tenho uma tese. É na suruba que o ser humano revela suas emoções mais sinceras. Sim, sou poeta.

Não se leva este blog a sério. Aliás, não se leva a vida muito a sério.

No trabalho, mesmo não sendo um hospital, as pessoas pedem urgência.
Urgência, na minha filosofia de boteco, é vida. Vida é urgente.
E como não trabalho num hospital...Hey, baby, take a walke on the wild side...tchu-tchu-ru-ru-ru...

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eu sou Macabéa

Clarice Lispector, antes de ser um fenômeno das redes sociais, praticamente uma diva das frases feitas, ela escreveu um romance - "A hora da estrela". Macabéa é a personagem central. Ela vai à uma cartomante para saber seu futuro. A história gira em torno desta consulta. Enfim, leia o livro!

Mulher é mulher desde os tempos de Adão. E independente da classe social, grau de escolaridade ou credo, em algum momento da vida, já fez uma consultinha com o além.
Ontem foi minha vez.

Fiz meu mapa astral completo, e ainda consultei a Kaballah ( não sei a grafia correta - nunca tinha escrito esta palavra em 32 anos de vida).
Sobre o futuro, nada sei. Mas sobre o presente, personalidade, pensamentos, alma, indecisões e angústias, estava tudo ali. Um raioX de mim Um raioX místico e assustador.

Queria mudar de signo. Deveria ter esta opção. Descobrir que eu sou gêmeos com todos os satélites possíveis em gêmeos, foi quase um anúncio de;  "Você tem uma doença grave. Você é muito geminiana!". Bem, eu senti assim.

Se eu acreditei? Opa! A gente precisa de fé pra viver. E não é possível que a vida seja tão sem graça assim. Nasce, procria e vira esterco. Acho que Deus tem muito mais senso de humor e inteligência, do que desenham por aí. E acho que ele libera uns spoilers para esses profissionais. Só pra dar uma animada na vida.

Vim nessa vida com o papel de aprender a me relacionar. Isso já tinha percebido. Puta dificuldade!
Terminei um ciclo foda de trevas. Só eu sei. Este ano é O ANO. Manja? Tipo o ano da vida? O ano que tudo que eu plantar, vai germinar?  Disse pra eu me livrar de tudo que não presta.
Homem lindo, elegante, inteligente, divorciado e que não está interessado em mim e só me deixou no backup... sinto muito, minha mentora astral me disse para mandar-te à merda. Sei, difícil dizer "não" pra você. Mas se eu plantar a semente errada em 2014, vai dar merda pro resto da minha encarnação. Vamos combinar o seguinte, me procura em 2015, se eu ainda estiver neste continente.

Olha, me segurem. Ou melhor, não me segurem porque esse 2014 vai ser sensacional. Deixa eu colocar na lista algumas sementes: Nobel da Paz, e de lambuja o de literatura, cura do câncer, fim da violência, vida digna à todos os seres humanos, respeito. Olha, esse negócio de dinheiro não estou fazendo muita questão, não. Só quero ser feliz mesmo, obrigada

sábado, 26 de abril de 2014

O que não foi...

Olá, estranho.
Tinha muito para lhe dizer. Queria te contar que nasci numa madrugada, exatamente 1h40 de um dia 16 de junho. E isso, sabe-se lá o motivo, deveria ser interessante à você. Aliás, tudo sobre mim. Inclusive o fato de eu gostar de dormir de bruços e não gostar de Paulo Coelho. Ah, sem esquecer que sou claustrofóbica. E isso seria motivo de piadas intermináveis. Tenho histórias ótimas sobre isso. Uma inclui a passagem via São Thomé para Matchupichu. Puxa, não tivemos tempo.

E é esse o sentimento. O de não tivemos tempo. Não nos conhecemos.

Às vezes o destino coloca a pessoa certa no momento errado, dirão os românticos.
Eu já digo logo que não creio em gente certa ou errada. E nem de momentos opostos. A coisa quando tem que funcionar, funciona.

Estranho, você esteve por 2 meses na minha fábula interna. Eu brinquei mentalmente com você. Assim como crianças brincam de casinha. Imaginei em diversas situações como seria. E mesmo sem te conhecer bem, respondia por você. Brinquei de namorar com você. Foi divertido.
Mas sabe, estranho... Vou terminar nossa relação imaginária. Sei que não vai doer em você. Só em mim, que sentirei saudade da perfeição que você era no meu imaginário. As pessoas são tão melhores quando não temos intimidade!

Termino essa relação com dificuldade. Mas como dizem por aí, tem uma vida acontecendo lá fora. E eu não posso passar a vida esperando você descobrir o quão maravilhosa eu sou. Sem modéstia. Cansei de ser modesta.

Ruim se despedir do que poderia ter sido...
Ok, vai doer. Numa paulada só.

Tchau, estranho. Vou ali imaginar que você é um ser humano asqueiroso. Assim fica mais fácil.

Ah, estranho. Deixa pra lá, não vou perder mais tempo com você. Junte-se aos demais estranhos que já passaram por aqui.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Hoje eu quero voltar sozinho

Despretensiosamente fui ao cinema ontem. Sem grandes planos. Só queria distrair um pouco. Nada de cinema iraniano, nada de campos de arrozal, ou cinema conceito (seja lá o que isso significa).

Escolhi Hoje eu quero voltar sozinho.

Eu iria usar todos os adjetivos que conheço para escrever sobre o filme. Mas sai durante uns anos com um jornalista, e ele disse que não se escreve críticas usando 3000 adjetivos. Como fazer? Não sei. Vou tentar.

O filme é excelente (adjetivo 1). Não utiliza o velho clichê da sociedade julgando o certo ou o errado de uma relação homoafetiva. Estava meio cansada da vitimização do  homossexual. Até mesmo da escrachação caricata.
O mote do filme é a descoberta da sexualidade, não o fato de Leonardo ter escolhido um homem para guiá-lo na descoberta.

É um romance lindo (adjetivo 2). Romance que seria lindo se fosse entre duas mulheres, ou entre um homem e uma mulher, é singelo (adjetivo 3)  independentemente da opção sexual.

Eu tenho uma memória infinita de emoções. Não esqueço nada. E foi bem simples lembrar de todas as sensações e descobertas da adolescência vendo o filme.

Vale um saquinho de jujuba no cinema num domingo a tarde de outono.

Afinal, o filme é excelente, lindo e singelo ( todos os adjetivos na mesma frase. Matei o jornalista neste exato momento)



Delmice

Nos lendários anos 90, trabalhou em minha residência uma moça de 18 anos cujo nome era Delmice. Não sei que tipo de combinação era essa. Mas Delmice, com vergonha de ser Delmice (o que não era de se estranhar), mudou seu nome para Ana. Tipo nome artístico. Nome para dar pros namorados. E era isso que Delmi...ops...Ana, fazia.

Só que aqui deixo um registro. Criança faz tudo ao contrário.

Eu gostava era de chamar de Delmice. Assim mesmo, completo, sem abreviações. E eu falava Delmice até quando não precisava. Quando os namorados apareciam para buscá-lá, eu gritava a plenos pulmões: Delmiceeeeeeeee, pra você.
Até hoje não sei como ela explicava. Deveria usar algo como Ana Delmice, mas me chame de Ana.

Um dia roubei um Belmont da Delmice. Muito poético, não?
E Delmice me ensinou a fumar. Hoje Delmice seria presa e apareceria no Datena. Mas em 91, era molecagem.
E foi neste dia que Delmice virou Ana.
Toda vez que eu ameaçava um Delmice, ela me ameaçava dizendo que contaria à minha mãe que eu fumava.

Ana me custou uma grana de adesivos, chiclete de nicotina, e uma falta de ar que me perseguiu por anos.
Faz um ano que parei de fumar #chupa#Delmice. Se te encontrar, mando a conta.

Xico nosso de cada dia...

Ando numa paixonite aguda pelo Xico Sá. Depois do Nelson, o Rodrigues, não achei que isso viria a acontecer  novamente. Nelson, desculpe, minha carne foi fraca.

Em tempos de metrossexuais e mimimis masculinos intermináveis, Xico é um oásis. O macho jurubeba que gosta de mulher. Gosta de mulher de verdade. Não de mulher para apresentar aos amigos e sair de mãos dadas no shopping, como diria minha vó.
Macho em extinção.  Lamentavelmente em extinção.

Uma vez sai com um cara que se amava. Mas se amava tanto, que a cada cinco ou, no máximo seis minutos, se olhava no espelho. Se o motel não tivesse espelho, era uma tortura. Como não olhar aqueles bíceps? No começo achava divertido. Engraçado mesmo. Dava risinhos internos. Mas depois de um tempo começou a me irritar.
Quero olhos nos olhos, o outro Chico, o Buarque,  já dizia isso. E a relação entre ele e ele, em que eu era amante, acabou.

É por essas e por outras que clamo a volta do macho jurubeba. O que gosta de futebol, cerveja com amigos, e de mulher. Aliás, ponto fundamental. Gostar de mulher. Item raro nos dias de hoje.

E já diria meu amor platônico: Homem que é homem não sabe a diferença entre estria e celulite.
Talvez estejam todos no Crato. E se estiverem lá, Mônica Martelli, eu já conclamo: Homens são do Crato, e é pra lá que eu vou.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Minha primeira Copa

Não sei você, mas minha primeira Copa do Mundo afetiva foi a de 1986.

Eu era muito criança. E não me venham com essa de que criança não lembra de nada. Parece que quando ficamos adultos esquecemos de tudo. Eu não! Faço questão de lembrar.

1986 na escola Lápis Mágico. Meu pai me deu um orelhinha para acompanhar os jogos. Andava com aquele rádio grudado na orelha pra cima e para baixo. E mesmo podendo ver os jogos pela televisão, não largava o orelhinha.
Um dia cheguei a dormir com aquilo no ouvido.

Não entendia uma palavra narrada, mas achava o máximo aquele homem falando rápido. Por muitas vezes brinquei de locutora de futebol. E até hoje não entendo o por quê de não termos mulheres narrador as. Eu era um talento! Até hoje sou uma metralhadora de palavras.

Com protestos, sem protestos, mesmo sabendo que  economicamente essa Copa foi um fiasco, sabendo que não haverá legado, somente contas. Enfim, no meio dessa desgraceira toda, consigo lembrar da memória afetiva das Copas que vivi.
Meu pai foi responsável por 100% das minhas memórias futebolísticas. O pouco de futebol que sei, devo à ele.

Deixem de ser ranzinzas, e divirtam-se um pouco. É o que vou tentar fazer. Já resgatei o orelhinha..

A velha calça jeans

Foram 12 anos. Só por desencargo de consciência fizemos a conta ontem. E no dia que resolvemos passar a régua nesta conta, chegamos aos 12 anos.
Disse à ele que deveria ser como o wisky. Dizem que o de 12 anos é bom. Mas já não é mais assim.

Acabou exatamente como tinha que acabar. Como as coisas boas acabam.

Sabe o carinho que se tem por aquele jeans especial que só deixará de ser usado porque  acabou? É assim que sinto.
A gente não quer jogar fora pelo valor sentimental. Pelas  histórias vividas, pelas risadas, pela cumplicidade, afinidade, e tantas outras coisas boas. Mas o jeans não serve mais.

Não tive coragem de jogar fora. Não quis transformar em shorts, bermuda, ou qualquer outra coisa. Seria um  desrespeito com meu jeans de 12 anos. Quis guardar na gaveta com carinho e respeito.
Para coisas novas, precisamos limpar as gavetas. Esta foi a mais difícil. A gaveta que deixei por último.

Não sei se sentirei falta. Estranho isso. Tenho respeito pelo passado. Mas que ele fique onde deve ficar, no passado.

Guardo os CDs, livros, músicas compostas pra mim, bilhetes, cartões, e tudo que me faz lembrar você. Não quero esquecer nada. Nenhum detalhe será jogado ao limbo da memória.

Não faço promessas de amizade eterna. Faço promessa de carinho infinito pela história vivida.

Olhos cor de jeans, obrigada. Tenha uma boa vida.



Buscando...

Alguma coisa estava muito errada. Às vezes a gente cansa de reclamar. E é neste exato momento que algo precisa mudar.

Não sabia o quê mudar. Mas a mudança se fazia extremamente necessária.  Uma vontade louca de sair correndo por aí para ver no que vai dar. Um medo absurdo de criar raízes.

Medo de criar raízes. Venho pensando muito sobre isso. Achamos tantas desculpa para não viver o que queremos, que fica até difícil contar nos dedos das mãos, e dos pés. Estabelecemos raízes tão profundas, que as desculpas são socialmente aceitas. E até a gente se convence.

Cansei disso. Cansei dos pés sempre no chão. Começo este ano o projeto 2015.

Chega de esperar o príncipe encantado. Chega de esperar o trabalho dos sonhos. Chega de criar amarras imaginárias.

Mudo de emprego. Mudo a forma de pensar. Mudo o jeito de ver a vida. E mudarei quantas vezes eu achar necessário. Só não dá pra não ser feliz.
Continuo buscando  incansavelmente, incessantemente estar feliz. Isso, de fato, é o mais importante de tudo.

Respirando um pouco para continuar buscando. Buscando até o fim.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Psicose

A linha tênue entre o carinho e a psicopatia.

Sabe que ultimamente ando questionando isso.

Tenho dois ex –alguma-coisa que me mandam mensagens frequentes. Ambos “me querenu”

Não, não sou uma delícia irresistível. Os homens, não a maioria, que vacilam mesmo. Mesmo casados, com filhos, acham que faltou alguma coisa pendente com alguma mulher que saíram no passado. E se esta mulher do passado é uma eterna solteira, melhor ainda.

Voltando ao mote. Um deles me manda mensagens diárias com “Bom dia, boa tarde, boa noite, bom final de semana, boa semana”. No começo achei educado. Depois foi me irritando. Hoje já quase não respondo.  Tenho uma vontade insana de responder “Escuta aqui, desgraça, não vou dar pra você”. Mas as normas da sociedade civilizada me impedem de tamanho ímpeto.

Recentemente conheci um cara bacana. Coisa nova nesses últimos meses. Antes teve um que eu confundia amizade com outras coisas, e foi a maior roubada. Enfim, um cara bacana.

E depois de séculos procurando o tal cara bacana, ele apareceu. Corra, Lola, corra.

Não sei se são os hormônios, não sei se a velhice, não sei que cazzo anda acontecendo comigo. Só sei que ele tronou-se o último dos moicanos, sabe? O elo perdido. Uma raridade.

O cara cozinha, gosta de boa música, bom vinho, boa cerveja, bom papo, inteligente, bonito, charmoso. Importante o item charmoso. Tem homem bonito sem charme algum. E quando o cabra é charmoso...Pra cima, Lola. Pra cima!

E como não ser serial killer nem psicopata com um homem desses? Alguém explica?
E num ímpeto de falta de dignidade humana, comprei flores. Sim, eu sou uma amante à moda antiga que manda flores. E foda-se.

O problema não está em mandar flores, acho. O problema está no fato de eu ter ido somente uma vez na casa dele.

Juro, contando essa história começo a ter medo de mim. Corram leitores deste blog, corram. Pode piorar.

Sai numa linda manhã de domingo com meu instinto psicose em alta. Convenci uma amiga a passear pelo bairro do cidadão para ver se eu lembrava onde era. Da vez que eu fui era de noite e eu estava bêbada. Resolvi contar com a sorte. Mulher tem um lance esquisito com destino. “Se o destino quiser, vou lembrar”.

Encontrei o prédio. Lembrei do apartamento (é o mesmo número do meu – já achei que era destino também), perguntei ao porteiro se eu estava certa, e BINGO!

Agora é só ser doida, atravessar a rua e comprar flores para entregar.

Não tive dúvida que era uma ideia genial. Deixei meu instinto doido ser mais doido que o normal.

Uma hora depois da entrega recebi uma mensagem agradecendo as flores.
Qual a diferença entre mim e os meus admiradores do – bom dia – boa tarde – boa noite?

Não consigo identificar, e começo a temer por isso.
Psicótico, você terá o seu momento um dia...

terça-feira, 4 de março de 2014

Meu amigo David

Ontem fui à exposição do MIS  - David Bowie. Uma fila descomunal e desumana de quase 2 horas. E conversando com meu amigo chegamos à conclusão que isso era bom. Em pleno carnaval, as pessoas estavam fazendo fila para ir em um museu. Tempos melhores, concordamos.

Meu primeiro encontro com David foi na década de 90, término da minha infância, quando vi Labirinto. Estava apaixonada pelo Rei dos Duendes. Sabia as falas de trás pra frente. Prometi que me casaria com uma das músicas do filme. Não casei ainda, David. Pretendo manter nosso combinado. É um conto de fadas cult. E eu amava aquele filme. Alugava a fita VHS toda semana (sim, fazíamos isso na década de 90). E num caderno anotei todas as falas.

Quando completei 15 anos, esqueci do David. Desculpe, David. Já estava na minha fase "rebelde" e comecei a ler Christiane F (clássico). Christiane era fã de Bowie. Não pensei duas vezes, retomei meu encanto por Bowie. Que agora era símbolo de rebeldia.

No final da adolescência, tinha uma banda que tocava no bairro do Bexiga, chamada MIG 25, que tocava algumas canções do Bowie. E mesmo não sendo meu artista favorito na época, foi trilha sonora de vários momentos da minha vida.
Jamais fui fã de carteirinha do Bowie. Fã mesmo. Aquelas que sabem tudo do seu ídolo. Mas tinha uma admiração gigante por aquela androgenia corajosa.

Ontem reencontrei Bowie. E a minha admiração continuava intacta. Como já era de se imaginar "Bowie é Bowie". Parece pouco dizer isso, eu sei. Desculpe, David. Mas sou limítrofe...
Queria ser genial como você. Queria ter essa inteligência desafiadora que você tem, mas sou humana. Parece que você não é daqui deste planeta. Observava a gente de Marte, desceu para buscar água e ficou. Nós, terráqueos, nunca saberemos de fato o que fez com que ficasse neste planeta esquisito. O estranho somos nós. Você sempre soube disso, e zombou na nossa cara.
Que continue zombando com sua criatividade. A gente vai continuar olhando, se espantando, e tentando entender. Só tentando. Nunca conseguiremos.
Sabe, David, existe vida em Marte. O Major Tom e você, já sabiam disso.

Fique por aqui, fique à vontade. Desculpe o mau jeito. A gente aqui na Terra não sabe nada do mundo. Obrigada por tentar nos ajudar.



Carnavalescos

Todo ano, sabe-se lá Deus o motivo, eu prometo que terei um carnaval fodástico. A lá 2009 - Rio de Janeiro.

E todo ano passa da validade, e eu não faço nada. Normal. Essa minha apatia carnavalesca é habitual. Salvo alguns carnavais em que dancei axé como se não houvesse amanhã,outro que desfilei por uma escola de samba, e um que corri pelada pelo mato, meus carnavais são básicos.

Não espero mais me superar no Carnaval. Ter um carnaval apoteótico, sabe? Daqueles que precisamos de RG para lembrar do nome. Não tenho mais fígado para isso. E se pretendo chegar aos 70, com dignidade, é melhor que seja assim.

Passei da fase do ninguém é de ninguém. Da mistura de línguas, cheiros, cores e amores que acabam na quarta-feira de cinzas. E se me perguntarem se gosto de carnaval, responderei que sim. Gosto demais de carnaval. São dias em que eu vejo o ser humano é mais humano. Diferente do Natal que as pessoas fingem ser anjos caídos de algum presépio, é no carnaval que vemos a vida real. Extintos primários, caro colega de leitura. Extintos primários.

E se precisamos de máscaras, perucas, narizes, fantasias e datas especiais para sermos nós mesmos, que assim seja.

E os filhos do Carnaval nascem no Natal. Acho isso de uma poesia ímpar.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Ninfomaníaca

Sabe aqueles filmes que você não decide se gosta, ou não? Então, ainda estou com esta sensação.
Hoje fui assistir Ninfomaníaca. Aliás, não vá sozinho. É o típico filme que você precisa de um amigo para comentar no final. Fui sozinha.
Sai do cinema meio sem rumo. Sem saber o quê pensar sobre o filme.

O filme começa com um rock alemão da banda Rammstein. Gosto de rock, mas sexo e rock é tão batido, tão clichê, que já fiquei meio com o pé atrás. Mesmo achando a música sensacional.

Sempre me interessei pelo tema. E sei que ser ninfomaníaca não é qualidade que se coloque no currículo, ao contrário do que muitos pensem e fazem. Ser "insaciável", é diferente de ser ninfomaníaca. Ninfomania é uma doença. E nunca vi doença ser algo desejável. Aiás, não existe homem ninfomaníaco. Ninfomania é uma doença feminina.

Eu fui ao cinema esperando entender a origem. Fui esperando algo mais psicológico. Nudez, quando não diz nada, é só nudez. E já passei da fase de me impressionar com gente pelada.

As cenas de sexo são fortes. Mas são só cenas de sexo. Sexo sem muito contexto, sem muita explicação de como se chegou àquele ponto. Sai sem entender a mensagem. Sem entender o motivo da compulsão de Joe. Talvez a explicação venha no volume 2. E sim, vou assistir. Não sou de deixar as coisas pela metade.

Ninfomaníaca é um filme que incomoda do começo ao fim. Tem boas sacadas, texto irônico que tira boas risadas. Didático em situações desnecessárias, e faltam explicações em momentos importantes.
A ideia era passar sensações. Só senti nojo. E acho que essa talvez não fosse a intenção.

Confuso. Um filme bem confuso sem mensagem bem definida. E acho que só por isso, já vale a pena levantar o traseiro do sofá e ir ao cinema. Seja para criticar, elogiar, tirar conclusões.
Hoje o cinema estava lotado, e ouvi um casal conversando:

- Sexo dá dinheiro, heim?

Nunca duvidei disso. Sexo dá dinheiro, gera curiosidade, e faz bem à saúde.

Dinossauros adolescentes

Deve ser difícil ser adolescente hoje. Não, não deve ser difícil. Deve ser foda mesmo.
Lá nos tempos dos dinossauros, minha época, já não era bolinho. Hoje então, deve ser trabalho de Hércules.

A começar pelo tal rolêzinho. Ir ao shopping com mais 299 adolescentes, sair correndo pelas escadas, assustar as pessoas, correr o risco de tomar uma surra da polícia, aguentar bala de borracha nas nádegas. Nossa, cansei só de pensar.

Atualizar as redes sociais. AS REDES, porque adolescente de raíz tem no mínimo umas 5. E pra atualizar tudo isso?

Além das redes sociais, tem que entrar no Youtube todo dia para ver qual é o último videoclipe de alguma fulana que era famosa ontem, e amanhã não será mais. E pra decorar tudo sobre a tal fulana? Muda muito rápido.
Eu gostava de U2, e sempre gostei e continuei gostando. E é o que eu gosto até hoje. Acho que por preguiça de ficar procurando coisa nova.
Pra ver um clip novo era um parto. Tinha dia, data e hora para assistir na televisão. E se perdesse, negão, estava fodido, tinha esse negócio de Youtube, não.

Muito me preocupa a questão das fotos. Nós dinossauros tirávamos foto numa máquina com filme (não, não de cinema), tinha um rolo dentro das máquinas, parecido com filme de cinema, e nós tirávamos fotos. Aguardávamos dias e dias para ver o resultado. E não tinha delete, não. O que saiu, saiu. E era isso. Carregamos aquela foto lixo para o resto da nossa existência como sendo uma recordação da adolescência. Acho que por isso éramos feio. Já notaram que não existe adolescente feio nos tempos de hoje? Com este negócia de Instagram, não conheço um que seja feio. Mas deve dar trabalho ficar tirando esse monte de fotos. Na minha época era uma só, e ainda escondido da minha mãe. Não se gastava filme tirando várias fotos nós mesmos.

Nós tínhamos televisão. Hoje os adolescentes têm televisão. Mas não assistem. Tem tanta coisa pra fazer, que a televisão ficu obsoleta. Televisão é coisa de dinossauro. Adolescente tem iphone, ipod, e qualquer coisa com "I". E pode fazer tudo ao mesmo tempo. E tem TV à cabo. Eu male male tinha a MTV (já extinta dos padrões paleolíticos). E mesmo assim, era um trbalho desgraçado fazer aquela merda de TV funcionar. Haja bombril, meu amigo. E quando conseguia fazer funcionar, era horas grudada na televisão. Não sei se conseguiria assistir TV - postar no FB - Tirar uma foto - fazer um rolezinho - conversar no Whatsapp - skype - fazer as unha - tingir o cabelo de rosa - e ainda chupar cana. Adolescentes, vocês são demais!

Só queria contar um segredo para vocês. Tem uma galera nascendo aí. Sim, eles superarão vocês. E aí terão que explicar que porra foi essa de Justin Bieber, Selena Gomez, Hannah Montana e a porra toda. E sabe o que é pior, vocês registraram tudo isso na internet. Na minha época internet era artigo de luxo. Não tem uma evidência de que eu gostei de Menudos, por exemplo. As fotos com cabelo ruim, não foram tiradas, minhas opiniões estão em diários ue só eu tenho acesso.

Deve ser foda ser adolescente hoje. E o pior, o mundo inteiro sabe.

Reflexão de Telemarketing

Não sei qual era a ideia. Mas não funcionou.
Faz uma semana que uma consultora do Santander tenta falar comigo. Ando um pouco ocupada no trabalho, e sempre peço para ligar depois. Na sexta-feira a noite, resolvi ouvir o que a moça tinha a dizer. Afinal, já estava insistindo desde o começo do ano.

- Boa noite, senhora Viviane. Meu nome é Alexandra do banco Santander.Quero falar um pouco sobre a sua conta.
- Ok, Alexandra, pode falar.
- Antes de mais nada, gostaria de parabenizar pela escolha de manter o relacionamento com o Santander. Aproveitar para lhe desejar um Feliz 2014 e ouvir seus planos para este ano.
- Nenhum.

(silêncio)

- Um momento por gentileza, senhora Viviane.

(silêncio)

- O Santander agradece sua atenção. Boa noite.

Simples assim. Eu precisava falar sobre meus planos para 2014. Como não tinha planos, não ouvi a proposta. Acabei com o texto da moça.

Achamos o ser humano previsível, né? Já imaginamos a resposta. E quando aquela resposta esperada não vem, não sabemos como agir. É por essas e por outras que já não espero mais nada. Sem expectativas mesmo. Vamos tocando este barco de acordo com o vento. Sem planos a longo prazo. Assim evito a frustração.

Frustrei a moça do Santander. Desculpe, Alexandra. Não era a intenção. Mas antes você do que eu, ok? Nada pessoal.

Devo ter virado case do Santander. Logo me mandarão uma proposta de plano de saúde incluindo terapia, sei-lá. Mas juro que fui sincera.
Nao tenho planos. Tenhos pensamentos, vontades, desejos, sonhos, mas não tracei um plano. Sempre faço planos. E só pra ser do contra, 2014 está sem planos.

Tem a ONG, o livro, a música, a viagem de férias, arrumar o piso da cozinha, ver algum jogo da Copa, ir mais à praia, pular carnaval, beijar na boca, ser feliz, dar risadas, ver meus amigos, ir ao cinema, ler bons livros, ver mais minha família, visitar minha avó, correr uma meia maratona, acho que a do RJ, em 2015 ir para NY e correr a Maratona...

Ok, tenho planos. Impossível não ter!

domingo, 12 de janeiro de 2014

O inferno dos infernos


Ah, o inferno são os outros, já diria Sartre.

Sinto em informar, mas não temos problemas. O problema sempre é o outro. Estava tudo bem até o outro aparecer. Mas será que estava?



Você leva uma vida de merda durante anos, anos, anos e anos.

Um belo dia, aparece algo que realmente vale a pena. Mas lembremos, o inferno são os outros. E o quê apareceu, e fez sua vida ficar um pouco menos monótona, foi um outro. Pronto, inferno iniciado. Tudo de ruim que acontecer daqui pra frente é culpa da ausência do outro. Hey, mas não estava vivendo uma vida de merda antes do outro aparecer? Acho que o inferno somos nós mesmos...



Parece que as coisas estão bem, e de repente, não mais que de repente, um monstro que estava adormecido, escondidinho dentro da gente, resolver colocar as garras para fora. Pernas pra quê te quero. Corram para as montanhas porque daí pode surgir algo inesperado. Tenho medo do ser humano com excesso de emoções.



Eu ouço. Acho que é isso. Gosto de ouvir histórias. E eu pergunto, de fato quero saber. Sou uma fofoqueira de primeira. Me interesso pela vida alheia. Mas gosto de fatos reais, e sempre ouço o protagonista, nada de coadjuvantes. Não recuso um convite pro boteco, não adianta. E pode ser de qualquer um. Se o porteiro do meu prédio me convidasse, ia. Vai saber o que ele tem a dizer?



Nos últimos dias tenho ouvido muitos relatos apaixonados. E eu, com ausência total de paixão, sempre sou fria e calculista, e até grosseira (talvez por inveja).

Se queremos tanto esse negócio de amor, por qual motivo este negócio faz as pessoas sofrerem? E digo mais, se faz sofrer, por que buscam tanto?



É uma valsa. Eu quero namorar – começo namorar- minha está vida linda – minha vida vira um inferno – acaba tudo. E aí, mesmo conhecendo o ciclo, as pessoas entram de novo na valsinha. Motivo? É impossível ser feliz sozinho. É a valsinha que dá animo pra viver.

Sabe, pra mim, o inferno é o amor. Não é culpa do s outros. Se fossemos todos robôs numa missão em Marte, não teríamos inferno. E se não tivéssemos inferno, seria uma merda.

Viva ao inferno. Viva aos outros. Viva à valsinha. Viva ao amor.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Passos para jogar a toalha

Acho que foram 3 ou 4 mensagens. A tecnologia nos faz sofrer mais, sabia? Antigamente, no tempo em que não havia celular, a gente ligava e quando a pessoa não estava afim, ela não atendia o telefone de casa. Pedia para alguém dizer que não estava "Ah, fulano??? (voz alta com o nome da pessoa). Então, ele não está". Esta era a deixa para desistir de um futuro algo que ainda não tinha sido definido.
Mas em tempos de tecnologia, a gente percebe o toco online. Funciona mais ou menos assim, você manda uma mensagem via Whatsapp, aí o fulano aparece online, então já se sabe que está lendo. E depois disso, nunca mais se recebe a resposta. Simples assim, toco anunciado de forma tecnológica e nada sutil.

Foram 4 mensagens, agora lembrei. Porque não contente em saber que havia lido, e não respondido, eu achava que meu texto não tinha sido bom o suficiente, então tentei melhorar por 4 vezes. E continuei sem resposta. As últimas 2 foram uma de feliz Natal, e uma outra e ano novo. Esta foi a última. Porque este lance de ano novo merece respeito. E ao perceber que não haveria resposta, é chegada a hora de desistir.

Como se desiste?

Como toda mulher faz, oras. Seguindo os passos da desintoxicação, assim como no AA. Seguindo os 12 passos.



- Primeiro entra-se no Whatsapp - bloqueia e deleta;
- Passe-se pelo Instagram, lá você coloca a opção privada e deleta a pessoa;
- Depois, vai pro twitter, e deixa de seguir;
- O terceiro passo é o Facebook, simplesmente "deixar de ser amigo";
- Vasculha na sua rede social as pessoas mais próximas do ser a ser deletado. Lá você bloqueia as pessoas. Para evitar ver foto e comentários. Lembre-se, estamos deletando uma pessoa!
- Apague back ups. Sempre deixamos o telefone anotado em outro lugar. Tiramos do celular somente por preocaução ao alcoolismo;
- Não finja felicidade excessiva. Algo como CARALHOVEJACOMOESTOUCURTINDO. Mentira deslavada. Dê-se o direito de ficar chateado;
- Xingue, mais xingue muito a pessoa. Inove nos palavrões, palavrões sempre te colocam no eixo e te devolvem a calma. Lembre-se que ninguém é perfeito. Nem o ser causador da sua desistência.
- Existe o território proibido. Bares, boteco, parques e afins, lugares que sabe que há possibilidade de encontro.
- Nada de momento "Maria do Bairro". Ouvir músicas para forçar choro. Além de causar rugas, lembre-se, você desistiu.
- Gaste tempo, dinheiro, gaste tudo que puder e quiser com você. Não gaste vela com Santo que não dá nada em troca. Nem injeção na testa é de graça.

E o lema de 2013 que será carregado para 2014. Vida que segue, minha gente.

Trabalho da vida

Quando eu era criança e tinha a dúvida entre ser astronauta ou caixa de supermercado, eu não imaginaria nunca que a vida me traria para um caminho tão chato e sonolento, ou eu mesma me direcionaria para um caminho chato e sonolento chamado "Meu trabalho".

Não consigo dizer com brilho nos olhos "Amo o que eu faço". Eu tento, mas soa falso. Eu não odeio o que eu faço, mas também não amo. Temos um casamento morno, e sem sexo. Isso, falta sexo no trabalho. Deixa eu explicar melhor. Aquela gozada quando se finaliza algo que gosta, manja? Não sinto mais isso. Já senti. Já tive até frio na barriga em algumas reuniões. Hoje é tão mecânico, tão sem sal, que só consigo repetir frases de efeito como "Verificaremos e lhe daremos retorno" "Os índices do trimestre passado já demonstravam esta tendência". Porra, até falo bonito. Mas não falo com o tesão de antes, com a vontade de crescer e etc. Dei uma brochada. Brochada trabalhística é pior que sexual. Dá mais trabalho achar um novo parceiro que te faça sentir tudo isso de novo. E com o tempo, ficamos mais exigentes. Não dá para trabalhar por qualquer salário mínimo. Já passei desta fase.

Trabalho perfeito "no ecxiste", já diria sabiamente o Padre Kevedo.

E o quê devemos fazer? Correr para as montanhas? Claro que não. Mudar. Ou se muda de trabalho, ou se encontra maneiras de gozar nesta negócio. É tipo salvar o casamento, compra-se acessórios, inventa novas posições, chama ajuda de especialista, dá uma olhadinha no mercado, até faz um por fora para garantir que o quê tem em mãos é de boa qualidade. E se depois desta sessão de terapia com o seu trabalho, nada mudar, aí é hora de guardar a viola no saco, e dar um rolê pela vida.

Mesmo se tivéssmos uma cápsula do tempo, e pudéssemos voltar ao tempo em que a pergunta era "O que quer ser quando crescer", eu pelo menos, ainda não saberia responder. Mesmo depois de ter vivido 32 anos. Ainda teria sérias dúvidas entre maquinista de trem e astronauta. Caixa de supermercado eu desisti. Não sou boa com matemática.

Crônica do Amor Perdido

No ano de 2014 eu fiz somente 2 pedidos; Amor e Saúde. Assim nesta sequência. Se vier só o amor, e por alguma ironia do destino, eu perder a saúde, fazer o quê? Mas se vierem os dois, tenha certeza que 2014 será um ano lendário.
Ah, eu quero o amor de Vinícius, Chico Buarque, Nelson Rodrigues, Cazuza "Com sabor de fruta mordida,Camões, quero até o amor Reginaldo Rossi com Wando, e se puder quero ser um peixe para em seu límpido aquário mergulhar. Uau, perdi a respiração só de escrever.

Então, senhor 2014, o quê será feito para que isso aconteça, não faço a menor ideia. Mas dê seus pulos. Não aceito menos. Aliás, caro transeunte deste blog, desde 1981 esperamos por isso, correto? O que queremos? Amor! Quando queremos? Agora! E não há negociação. Não aceito menos, não barganho, não troco amor por paixão, não troco amor por sexo (mesmo os de altíssima qualidade), não troco, pronto e acabou.

Ainda suspiro feito adolescente ao ler romances. Uma confissão duríssima para alguém que sempre demonstrou ser uma pedra. Sim, eu suspiro. E ontem suspirei ao ver Bibiana e o Capitão Rodrigo (O tempo e o vento). E ali mesmo, vendo a cena do encontro, decidi que 2014 é o ano do amor. Difícil fazer um plano que não depende da gente, né? Mas foda-se.

Ah, 2014, e não me venha com amor meia boca! Nada de eu amar sozinha, como sempre acontece. E aí passo um ano inteirinho investindo em algo sem a menor chance de dar certo. Cansei de doar amor à vagabundos que estão cagando pra mim. Cansei.
Amor é uma parada muito séria. E merece ser tratado com respeito.
Fazendo as contas por alto, amei muito, mas recebi pouco. Pouco, não. Nadinha de nada. Ou como dizem as crianças, necas de pitibiriba. Sabe o que é passar 32 anos sem ouvir um "Eu te amo"?

Wifi, um copo com água, e um "eu te amo" sincero, não se nega à ninguém. E não dá para encontrar com o barqueiro Caronte sem ter carimbado no passaporte da vida "Amou e foi amada". Mínimo. Está na cesta básica da vida. Deveria ser plano de Governo. Muitas tragédias se evitariam com amores sinceros.

Então é isso, quero completar o álbum de figurinhas "Amar é..."

Universo, quebra essa. Faz uma para ser lembrado.

A luta continua. Aliás, luta bem antiga. Na luta pelo primeiro namorado, sempre!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

SP e eu

Alguma coisa acontece em meu coração. Estou apaixonada por SP.
Tínhamos uma relação esquisita. Eu a xingava com frequência, aliás, todos os dias. Principalmente no trânsito. De uns dias pra cá a cidade vem sendo generosa comigo, e voltamos a nos apaixonar. Quer dizer, eu reatei nossa relação, porque ela nunca me abandonou.

Hoje fui ao Espaço Unibanco assistir São Silvestre. Uma boa maneira de começar o ano, visto que hoje eu estava sem condições de correr.

Logo de cara uma vaga em frente ao Espaço Unibanco. Bem ao lado do pipoqueiro, que me sorriu, me desejou "Feliz ano novo", e ainda de quebra, disse que tomaria conta do meu carro.
Na hora de comprar ingresso, nenhuma fila.

Ainda faltava uma hora para o filme. Sendo assim, penar na Augusta. Estava com a maioria dos lugares fechados, mas os botecos pé sujos, sempre eles, estavam abertos. E com o calor que fazia "Why not?" tomar uma gelada antes!
Logo de cara achei uma mesa. Sem trabalho algum. Sentei, pedi uma, e fiquei observando o zoológico que é a Augusta.Uma hora de observação em silêncio. Só eu e a minha cidade.

Entrei para assistir o filme. Seria a cereja do bolo se só tivesse eu no cinema. Mas SP é generosa, mas não é ONG. Sendo assim, tinha umas 13 pessoas. O suficiente. Aliás, cinema deveria ter no máximo 15 pessoas. E para assistir aquele filme, deveria ser uma sessão privada.

O filme não tem diálogos. É uma sequência linda de corrida, respiração, o sol, o calor, a cidade. E juntamente a isso, uma linda ópera ao fundo. Elevado, Dr Arnaldo, Viaduto do chá, Consolação, Teatro Municipal, Avenida Paulista, Brigadeiro, estava tudo ali, ao som de ópera com enquadramentos perfeitos.A cidade se movendo ao sim da música e da respiração do corredor. A visão de quem corre pela cidade num lindo amanhecer.

Depois vem o barulho, buzinas, fumaças, camelôs, trânsito, chuva, caos, SP.

Não sei se quem não corre conseguirá ver o que eu vi. Vi gente levantando antes do término do filme e indo embora. Abandonando SP. Não se abandona SP. Bem, eu não consigo.

Terminou o filme, e eu com os olhos marejados. Ah, estou muito banana em 2014 também. Qual a novidade nisso?

Sai do cinema e dirigi pra casa. Avenida Paulista ainda repleta de luzes natalinas. Sem trânsito. Uma cidade inteirinha só pra mim.


Criolo, pra mim ainda existe amor em SP.

A lendária tia Nalva

Tia é um ser humano que vai te criticar em tudo que você faz, e mesmo assim, você vai gostar desta pessoa. Seja por solidariedade, por obrigação, ou por amor ao próximo. Não dá para explicar, mas este ser habitará muito tempo a sua jornada. Ah, e sempre tem a favorita. A minha é a tia Nalva. Ela é legal? Não. Ela dá conselhos bons? Não. Ela é rica? Não. Caralho, então por quê gosto da tia Nalva?

Tia Nalva é um ser mítico nascido na cidade de Cícero Dantas - BA (jogue no google) é do tamanho de um campo de futebol. Durante anos de sua vida foi solteirona. Odeio o termo "solteirona", mas era assim que se referiam à tia Nalva. E por ser solteirona durante mais de 70% da vida, não tem filhos. Casou nos 45 do segundo tempo, já com o time desacreditado de virar este jogo. Taí, é por isso que gosto da tia Nalva. Pra mim ela é o símbolo da esperança. A pompinha da paz das solteiras desoladas. Mas a cereja do bolo é que tia Nalva é evangélica. Então, se não casei ainda, a culpa é de satanás. Este ser tinhoso que jogou a sina da solteirice sobre minha família. Sim, porque tenho milhões de primas solteiras. E todas tem como ídolo, a tia Nalva. Há até uma expressão familiar "Se a tia Nalva conseguiu, ainda há esperanças!".

Quando eu era criança, recebia um salário para ir dormir na casa dela. Ela tinha medo de dormir sozinha, mal este que não sofro, gracas à Deus (Oh, glória). Ela dizia que por ter a saúde frágil era importante ter alguém dormindo com ela. E este alguém fui eu. E se solteirice pega, fui contaminada logo nos primórdios de minha vida, com este contato direto com tia Nalva.

Um dia desses em que estava "vigiando" o sono dela, ela teve um pico de pressão alta. Disse que tentou me chamar, como eu estava praticamente falecida, chamou o SAMU. Enfim, o SAMU fez o resgate, enfiou na ambulância e a porra toda. E eu? Este ser que ganhava um salário milionário, para uma criança, em quê ajudei? Em nada, claro. Descobri que ela não estava em casa pela manhã. Ou seja, o dinheiro mais mal gasto de todos os tempos.

E mesmo eu sendo esta funcionária que deveria ser desligada da função e tia Nalva sendo uma pessoa de Jesus, foi ela que me deu meu primeiro LP (Mulheres de Areia Internacional). Tia Nalva me deu minha primeira bicicleta (Ceci - vermelha, e com cestinha). Tia Nalva dizia que era minha mãe, mesmo a gente não tendo nada a ver. Me fazia chamá-la de mãe, mesmo sabendo que era pecado mentir. Me deu meu primeiro sutiã, um gigante que só comecei a usar recentemente, pois era bege e com reforço.

Passei boa parte da minha infância com ela. Minhas férias eram na casa dela. E perguntavam "Você gosta de ficar na casa da sua tia? Ela não tem criança!". Eu? Eu adorava! A tia Nalva nunca precisou de criança, ela era uma.
Me deixava gravar músicas "mundanas" no rádio dela. Me dava livros legais, deixava eu pintar as cartolinas que ela usava para evangelizar crianças, me ensinou que satanás é foda, deixava eu usar o telefone da casa dela para falar com as minhas amigas, o que na época era praticamente o preço de um rim a cada ligação. Tia Nalva era e é o máximo. Personagem marcante de uma infância super feliz.

Hoje ela me inferniza em almoços familiares com as fatídicas frases: "Vou morrer sem ver uma sobrinha casar!" "Vivi, e este ano, tem namorado?" "Mas não está saindo com ninguém?".

Perguntas essas que sempre respondi com muita classe e educação. Até este ano.

"Tia Nalva, eu não sou casada, não namoro,não estou saindo com alguém fixo, mas trepo!".

Fui repreendida em nome de Jesus.

Dizem por aí...

Dizem por aí que quando demoramos demais para conseguirmos algo, é porque será muito especial...
Dizem por aí que mais cedo ou mais tarde aquele sonho torna-se realidade. Basta acreditarmos...
Dizem por aí que a vida é feita de momentos, e que devemos viver o presente. Afinal, como o nome mesmo diz, é um presente.
Dizem por aí que a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos...
Dizem por aí que manga com leite faz mal. Mas quem foi a pessoa que pensou nesta combinação tão "boa"?
Dizem por aí que quem espera sempre alcança. Mas também dizem de forma cínica "pode esperar sentada". Mas se estou esperando, não deveria alcançar?
Dizem por aí que não há melhor negócio que a vida. A gente a obtém a troco de nada.
Dizem por aí que um homem feliz é como um barco que navega com vento favorável.
Dizem tantas coisas por aí, por aqui, acolá. O ser humano pode dizer o que quiser, né? Como diria minha vó, tem boca.

Eu poderia dizer um monte de coisas e não dizer nada. Afinal, sou eu.
Mas o que eu quero dizer mesmo é um "Feliz 2014" aos homens de boa vontade. Aos de má vontade também. Ah, e para as mulheres, crianças, cachorros, papagaios, flores, árvores, pra você que está lendo, pra todo mundo, vai.

Feliz 2014.