tag:blogger.com,1999:blog-58218591227162599652024-03-12T01:53:11.287-03:00Pretérito PassadoVivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comBlogger407125truetag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-34014909053111301242023-07-15T12:38:00.001-03:002023-07-15T12:38:14.043-03:00Uma palavra<p>Tem um exercício que você pede para alguém muito próximo te definir em uma palavra. É interessante, façam. </p><p>Pedi para minha mãe me definir em uma palavra. </p><p><b>Eu: </b>Mãe, me define em uma palavra?</p><p><b>Mãe: </b>Como assim? Eu preciso te explicar em uma palavra?</p><p><b>Eu: </b>Não precisa explicar. Quando você pensa em mim, o que me define pra você.</p><p><b>Mãe:</b> Responsável.</p><p><b>Eu:</b> Mãe...</p><p><b>Mãe: </b>Você é. Quer dizer, eu acho às vezes. Pôxa, difícil definir assim. Precisa ser elogio?</p><p><b>Eu:</b> Quer dizer que você estava procurando uma característica legal pra me elogiar, mas não é o que você realmente pensa?</p><p><b>Mãe:</b> Tá, então não precisa ser elogio, né?</p><p><b>Eu:</b> Mãe, definição!</p><p><b>Mãe: </b>Vivi, você não é focada. Qual o nome para uma pessoa que não é determinada? Você desiste fácil. Se o negócio é complexo, você abandona. E não que você não tenha capacidade intelectual. Você só não faz. Não quer fazer, não faz. </p><p><b>Eu:</b> Me dá um exemplo pra eu te ajudar com a palavra.</p><p><b>Mãe: </b>No trabalho. Você presta um processo já não se esforçando pra passar. Você não é ambiciosa. Não tem um caminho, uma trilha, sabe? Mas quando a coisa te interessa....Tipo viajar, você decide de forma rápida, organiza, e vai. Hiper focada.</p><p><b>Eu:</b> Então não é que eu não seja determinada. Eu escolho bem minhas batalhas.E aqui a gente tem um erro de perspectivas. Esse foco é o que você gostaria que eu tivesse. É a sua projeção de filho. A entrega que você gostaria que eu fizesse.</p><p><b>Mãe: </b>Tá, então eu vou mudar de palavra. Você é inconstante. </p><p><b>Eu:</b> Aí eu vou concordar. Mudo de opinião com muita facilidade. E isso chama-se evolução, aprendizado, escuta ativa, abertura para entender o outro, agir de acordo com os meus sentimentos. Se a inconstância é o caminho para o aprendizado e autoconhecimento, eu aceito a palavra.</p><p><b>Mãe:</b> Eu quero mudar a palavra. Você é inteligente...e persuasiva. </p><p>Rimos. </p><p><br /></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-68473221705084262702023-07-15T12:13:00.002-03:002023-07-15T12:25:44.886-03:00Rita, Zé, muitos, IA´s e a cultura.<p>No dia 07/05 chegou em minha casa o livro "Uma autobiografia - Da Rita Lee". </p><p>Comprei porque tinha assistido uma entrevista da Manu Gavassi falando das homenagens que fez à Rita. Sabia que ela estava doente e que de certa forma estavam todos a homenageando em vida para que ela pudesse entender o tamanho de sua influência no rock nacional. </p><p>Dia 22/05 estava agendado o lançamento do "Outra Autobiografia", dia de Santa Rita de Cássia. Queria reler a primeira. A cabeça é aquela coisa, não guarda tudo. Aliás, eu nem sei o que a minha têm escolhido guardar. Isso é outra história, tá vendo como a cabeça engana a gente?</p><p>08/05 a Rita faleceu. Eu tinha apenas começado a ler a primeira autobiografia.</p><p>Eu ainda acho interessante esses fatos de datas. Semana passada morreu Zé Celso 06/07. Ele havia casado no dia 06/06- Exatamente um mês antes da sua morte.</p><p>Nestes dias de falecimentos de pessoas que movimentaram a cultura deixando sua linguagem marcada no tempo, todos que não os conheciam, passam a conhecer - e eu acho ÓTIMO! Vende-se um monte de camiseta, livros, discos, surgem fãs, críticos, videntes que já previam tudo isso, especiais nos programas, ET´s descem à Terra pra ver o que está acontecendo com esses humanos, enfim, é um movimento. </p><p>E da mesma forma que ovacionamos, meses depois, estão no "ostracismo". Dizem que o legado será levado adiante, que lembraremos com respeito e admiração, dizem. Em tempos de Tik Tok, a gente não guarda nem o que almoçou no mesmo dia. Nosso cérebro está virando mingau. </p><p>Lembro de estar em Londres quando a Amy morreu. Camden Town e adjacências estava um inferno (no bom sentido). Todos cantavam, bebiam, falavam, choravam Amy Winehouse. Admito que eu também. Era 2011 e eu era jovem. Me sentia fazendo parte de um momento histórico, de fato estava. Tanto que apesar da minha pouca memória, esse dia ficou cravado nela. Sai dali querendo conhecer mais e mais sobre ela. Não seus vícios, nem seus memes, eu queria saber da artista foda que Amy é. E digo no presente porque a obra está aí. </p><p>Hoje a camiseta da Rita estava em promoção. </p><p>O Teatro Oficina anda cheio, os que não conheciam, querem conhecer o trabalho do Zé (iupi, que bom!)</p><p>Amy Winehouse? O que virou o legado dessa artista? Usaram o corpo dela ao último, usaram a memória dela ao último, fizeram documentários dos problemas com as drogas, bebidas, falaram da família, e sugaram de todas as formas possíveis, jogaram o bagaço fora. Em setembro Amy faria 40 anos. Com certeza farão muitas especulações, alguma IA vai fazer o "Como Amy estaria hoje", e vão ressuscitar a Amy de alguma forma. Não pelo seu conteúdo artístico, mas pelo potencial financeiro que essas coisas têm.</p><p>E a arte? E a composição? E o real legado?</p><p>O que essas pessoas deixam, é uma mudança de pensamento, um tijolo para construção de uma sociedade diferente, um modo de pensar, um modo de ver o mundo sob a lente da arte. É muito mais que uma camiseta com uma frase.</p><p>Esses dias a IA da Elis Regina estava dirigindo uma kombi e cantando "Como nossos pais" em um comercial. Elis, já morta, foi comercializada pelos filhos para vender uma kombi. Alguns dizem que foi lindo, foi uma homenagem, os filhos deixaram, e blá blá blá. E eu realmente não tenho nada a ver com isso, mas me dou ao direito de ter minha opinião. Ainda podemos ter uma, certo?</p><p>Levando em consideração tudo que a Elis falou, fez, construiu, mudou, revolucionou...Será mesmo que ela venderia uma kombi?</p><p>A camiseta da Rita estava em promoção. Na semana que ela morreu estava caríssima, assim como seus livros. Os artistas morrem, o capitalismo lucra.</p><p>Amanhã Zé Celso será uma camiseta quando na verdade ele queria ser nome de parque. Parque este que Silvio Santos, que logo mais será nome de Rua, Teatro, Cinema, etc, etc, etc por sua popularidade, não o permitiu construir. Talvez o Silvio IA dirigindo uma kombi faça mais sentido pra mim.</p><p><br /></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-35484701235424486242023-06-26T10:44:00.005-03:002023-06-26T10:51:22.017-03:00A viagem do eu<span style="font-family: verdana;">Tem um milhão e meio de postagens contando sobre chá de ayahuasca. Provavelmente você vai chegar no vídeo do Caetano, passando pela Maitê Proença e Rian Brito. Talvez o algorítimo te traga até aqui.Talvez!</span><div><span style="font-family: verdana;"><br />E, antes de qualquer coisa, eu não sou médica, médium, nutricionista, muito menos especialista sobre o tema. Ou seja, essa é a <b>minha experiência</b>. E ela pode ser muito diferente para cada ser humaninho. Somos biologicamente, socialmente, psicologicamente, fisicamente, complexos e diferentes. Somos únicos na nossas combinações, então não existe uma regra.</span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Eu tinha pensado sobre o chá da ayahuasca algumas vezes. Sempre por curiosidade. Fazia uma piada que chá revelação real oficial, é o da </span><span style="font-family: verdana;">ayahuasca, mas sem refletir muito sobre o tema. Era algo que eu sabia da existência, achava interessante, e entendi que o dia que fosse para eu tomar, tomaria. Mas realmente nunca fui atrás. Uma vez, no Peru, me convidaram para um ritual do chá. Não tive coragem. Primeiro porque estava viajando sozinha, segundo que eu estava vindo de um cenário bem ruim de síndrome do pânico, e eu já estava com medos reais demais para entrar no meu subconsciente. E isso é um lance importante. Se conheça, entenda suas limitações. Não tem problema algum você não se sentir pronto. Ninguém te conhece melhor que você. E eu sou bem grata por não ter tomado naquele momento. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Foi no sábado - 24/06. Eu fiz aniversário dia 16/06. E eu sempre faço um texto de aniversário para me lembrar de como eu penso, e etc. Normalmente publico aqui neste blog que virou mais um diário do que um blog em si. </span></div><div><span style="font-family: verdana;">Uma amiga me disse que estava indo para um ritual de </span><span style="font-family: verdana;">ayahuasca num sítio no interior de São Paulo. E em tom de brincadeira eu disse "E por quê eu não fui convidada?" - ela me disse que se eu quisesse ela poderia ver se eu poderia entrar no grupo, 20 minutos depois eu estava no grupo. era por volta das 13h e o ritual seria a noite. Tem gente que passa dias se preparando, dias refletindo sobre o tema, alguns passam anos até tomar a decisão. E lá estava eu, em menos de 7h para o ritual, refletindo se era isso mesmo que eu queria fazer.</span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Bem, eu pesquisei. E aí está o erro, acreditar em tudo que está na internet. Então leia sobre o assunto, mas saiba que assim como você, a internet é um oceano de coisas. Coisas boas, coisas ruins, mentiras, e etc. A peneira de conteúdo é complexa. Aí bateu a insegurança.<br />E se eu enlouquecer? E se eu for nessa viagem e não voltar nunca mais? O medo da insanidade é real, né? Como se o que a gente vivesse fosse normal. É só olhar pela janela da internet e perceber que a normalidade foi convencionada, e ela nunca existiu de fato. Mas enfim, isso aqui não é uma ode à sanidade ou insanidade mental. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Estou em processo terapêutico faz anos. Eu faço teatro por autoconhecimento, faço análise, leio, me escuto, converso comigo e com os outros. Tenho uma escuta ativa e interessada pelo mundo. Será que eu não posso confiar em mim? E, se tudo que eu acho que eu já caminhei e aprendi sobre mim não for suficiente para dar esse passo? Me dei esse voto de confiança. Decidi que a experiência seria minha, e não poderia me influenciar pela história dos outros.</span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">22h em ponto, eu, minha mantinha, meu lencinho de pescoço pro frio, meu japamala (que fazia séculos que não era usado) estávamos lá na tenda sentindo o calor de uma fogueira em roda com mais 12 pessoas que iriam fazer a consagração e três guardiões.</span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Os três guardiões sentaram conosco na roda, e explicaram como seria o ritual. A duração é de 4h40 e seria servido 3 doses do chá. E que cada um saberia seu momento, e entenderia a dose necessária. Explicaram que cada um tem um processo diferente, e que seria revelado aquilo que nossos corações estivessem prontos para receber. </span></div><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div><span style="font-family: verdana;">Tomei o chá, e esperei o processo. Começou em cerca de 20 minutos. Sabe quando você pega um trem muito rápido, e a paisagem vai passando e você não consegue muito bem entender as imagens? Pra mim foi assim o começo. Era tanta informação, que fiquei até zonza. Acho que é por isso que algumas pessoas vomitam. É uma expansão gigantesca do nosso subconsciente. E lá tem bastante coisa, posso garantir.</span></div><div><span style="font-family: verdana;">O começo é bem difícil, pareceu que eu estava atravessando o umbral. Demorou um tempo para eu conseguir chegar no estado de paz e gratidão. Mas quando eu cheguei, eu não queria sair de lá por nada nesse mundo. Foi a melhor experiência que já tive na vida. A força interna, o agradecimento pela jornada, o entendimento do que sou, e a gratidão por toda a minha história. Eu nunca tinha sido tão grata. <br />Não vou entrar em detalhes da experiência em si porque não tem receita. Não tem o melhor jeito de viajar, não é um guia "Conheça a Itália". O terreno é fértil e diferente. E realmente cada um terá sua experiência. <br />Mas se eu puder dar só uma dica a dica é AUTOCONHECIMENTO. Saiba seus limites, saiba quem você é - seu lado luz, e seu lado sombra. Agradeça o processo. Se você chegou até ali, é porque estava pronto para aquilo. Nosso cérebro é incrível, e ele essa viagem é interessantíssima. Pode ser que não seja agradável, mas você não sairá sem nada dela. </span></div><div><span style="font-family: verdana; font-size: small;"><br /></span></div>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-66156582252524406432023-05-05T09:17:00.002-03:002023-05-05T09:17:16.467-03:00Quando uma mulher se liberta<p>Quando uma mulher se liberta, ao seu redor, outras também se libertarão. E, se não se libertarem, pelo menos em algum momento se questionarão o caminho que estão trilhando.</p><p>Diariamente somos bombardeadas por corpos, dietas, abdomens, milagres estéticos como harmonizações, cabelos, roupas que não nos cabem, e julgamentos sobre nossos corpos, modo de pensar, agir ou falar. </p><p>Uma mulher deveria ser mais delicada, mais "bonita", menos falante, menos decidida, menos e mais alguma coisa. No dia das mulheres vocês vão ganhar um batom. E ainda terão uma quota nos partidos políticos. Se te entendem como quota, significa que em algum momento você foi preterida. Já pensou sobre isso? Vamos dar esse espacinho para elas falarem. Vai lá, moça, fale. <br />Você não faz parte das discussões. Você tem um lugar para falar na condição de mulher. Vamos ouvir o ponto de vista da mulher, vai. Vamos fazer este favor.</p><p>Enquanto isso os julgamentos são diários desde o nosso nascimento. E vem de onde deveríamos ter o nosso alento, nossas mães. "Você está gordinha, heim?" "Se não emagrecer, nenhum homem vai te querer" "Senta direito, feche as perninhas" "Meninas não falam assim".</p><p>Não casou, não teve filhos, não tem o padrão estético. Tadinha, acho que deu errado.</p><p>Às vezes a gente esquece que elas <b>também</b> são mulheres, e elas <b>também sofreram pressões</b>. E a forma de amar, é tentar te colocar neste espaço em que a sociedade te aceite. Afinal, ninguém quer uma filha preterida. Ela deu errado. Falhou como mulher. E fica o questionamento sobre o que seria o tal <b>falhar como </b>mulher.</p><p>Talvez, só talvez, ela tenha dado certo pra cacete. Não está preocupada mais com o que os homens irão pensar, e em momento algum se diminui - no sentido físico, emocional, ou de opinião, para caber nos lugares. E com isso é vista como alguém que tem ódio - a mal amada.</p><p>Será que podemos ser bem amadas por nós mesmas? Será que podemos parar de dizer que é falta de pica? Falta de um bom homem?</p><p><i>Aos homens é ensinado a amar muitas coisas. Às mulheres é ensinado a amar os homens </i>- disse Valeska Zanello em um estudo maravilhoso sobre masculinidade. </p><p>Diariamente ouvimos mulheres insatisfeitas. Anote em um folha de papel quantas vezes ao longo do dia você vai ouvir uma mulher insatisfeita, principalmente com seu próprio corpo, isso vai encher uma página.</p><p>Quando eu estiver mais magra, quando eu fizer meu botox, quando eu fizer minha lipo, quando eu fizer minha harmonização facial, quando eu...</p><p>Saibam, irmãs, esse "quando eu" nunca vai cessar. Sempre haverá um outro patamar não atingível, e você vai passar a vida tentando atender as expectativas de uma sociedade patriarcal. </p><p>O "quando" pode ser agora. Agora você pode decidir ser feliz na pele que habita. Agora você pode ser feliz com a sua construção emocional, sem a validação de ninguém. No dia que nós resolvermos nos amar de verdade a gente vai fazer uma revolução.</p><p><br /></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-85260445231998022762023-01-26T20:16:00.008-03:002023-01-26T20:20:24.602-03:00Aftersun <p><span style="font-family: helvetica;">Parece mesmo que a memória vai apagando. E se você fechar bem os olhos, vai ver lá no fundo algo que pode ser real, ou que pode estar totalmente misturado com as suas emoções. Tem sensações que estão tão presentes, que você sente o cheiro, o gosto, como se fosse o dia de ontem. E esse emaranhado de memórias formam a gente.</span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Quando eu era criança eu jamais imaginaria que meu pai pudesse morrer. Isso não passa pela cabeça de uma criança. Das minhas irmãs, eu sou a que mais conviveu com ele. Do tempo que meu pai era jovem e tentava ser pai, sem ao menos saber o que isso poderia ser. E quando minhas irmãs me perguntam sobre ele, eu digo que ele era um cara divertidíssimo e a minha criança era muito apaixonada por ele. </span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Lembro de ir para escola de cavalinho, com as pernas cumpridas batendo em seu peito enquanto andávamos dois quarteirões até a escola. A gente conversava, ria, ele me dava um beijo e eu entrava para escola. </span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Ele brincou comigo de pega-pega, me levou ao circo, aos shows infantis, me deu uma perna de pau, brincou muitas vezes comigo de castelinho e tubarão na praia, ele arrumava o cabelo pra cima e dizia que viraria um grande tubarão e que iria me pegar. Me ensinou a andar de bicicleta, adotou um gato preto, mesmo minha mãe não gostando de gatos, adotou um pastor alemão para cuidar da casa, e no final a gente que cuidava dele o tempo inteiro. Meu pai penteou meu cabelo, trocou meu uniforme de escola muitas vezes, fez meu almoço favorito, me deixava escolher um docinho na padaria aos domingos, e assistia os Trapalhões comigo, tomava chá das minhas bonecas, e estava sempre disposto a entrar no meu faz de conta. </span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Eu tenho um medo danado de perder esse cara legal que habitou minha infância. Ele foi embora na minha adolescência. Meus pais se separaram, e eu nunca mais consegui vê-lo com aquele olhar infantil mágico. Mas vira e mexe eu gosto de colocar uma música, ver as fotos, e pensar que foi muito bom ter registrado tudo isso na minha câmera mental.</span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Então, se eu fechar os olhos agora, eu consigo sentir tudo isso como se fosse ontem. </span></p><p><span style="font-family: helvetica;">E vou refazer esse caminho algumas vezes porque quero manter todos esses fragmentos o máximo que eu puder. Fazia tempo que não visitava. </span></p><p><span style="font-family: helvetica;">Obrigada, Aftersun por isso.</span></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-47327485567992922722023-01-15T13:19:00.003-03:002023-01-15T13:19:47.384-03:00Comprando flores pra mim<p>Eu assisti com um risinho de canto de lábio o clipe da Miley Cyrus - Flowers. </p><p><i>Pare de ler esse texto é vá ver. Vamos dar mais streaming para gata.</i></p><p>Esqueceram que além de cantora, Miley é atriz. E entregou tudo no clipe. Sim, dá para se divertir sozinha. Dá pra dar a volta por cima e rir disso, e no caso dela, ganhar dinheiro porque risadinha não paga boleto. </p><p>Shakira, Miley, Amy, Marília Mendonça, Adele, meninas, eu entendo vocês. Depois de ser muito trouxa na vida, uma hora você dá uma cansada mesmo. Minha única chateação é não ter o talento de diva pop para dançar, e cantar monetizando o chifre e a humilhação.</p><p>Bem, eu não ganhei dinheiro. Ganhei experiência. E eu não faço papel de trouxa faz uns 10 anos. Parabéns pra mim. Cantaria e dançaria pela rua para comemorar esta marca histórica.</p><p>Não fiz um clipe, mas comemorei isso em terapia. Durante a sessão eu finalmente consegui fazer um lindo compilado sobre todas as vezes que fui trouxa. E mais que isso, saber que nessa cilada eu não caio mais. O golpe precisará ser atualizado. O <i>"eu te amo mas não largo minha família + eu te amo mas meu relacionamento é antigo + eu te amo mas ela vai se matar se terminarmos + eu te amo mas não podemos ficar juntos porque vc é SO CRAZY (aham) + eu te amo mas você não é pra namorar + eu te amo mas não quero me relacionar agora"</i>, não cola nem fodeeeeeeeeeeeeendo!</p><p>Certa feita (sempre quis usar isso), um grupo de mulheres se virou contra uma amigo. Dizendo que ele era tóxico. O linchamento do cara foi em toda a internet de meu Deus. Na ocasião eu fiquei do lado do cara. Honestamente? Fiz merda. Era coisa de umas 5 mulheres que se juntaram para dar o cacete na internet. Eu fiquei do lado do cara. Errado! Já faz uns bons anos, e eu não tenho como resolver isso. Mas serviu de lição. Seja lá qual for a treta, eu vou ficar do lado das minhas. Não venham com blá blá blá "Ah, ela se expôs" "Ah, não precisa disso" "Que baixaria!" "Mulher se preserve", porque foi isso que nos ensinaram a vida toda. Quantas e quantas mulheres foram traídas, humilhadas, e sofreram em silêncio para preservar filhos, casamento e etc?</p><p><b>Chimamanda Ngozi Adichie no podcats How to Fail with Elizabeth Day.</b></p><p><i>"Como mulheres, nosso potencial de ser amada é equivalente à nossa capacidade de se sacrificar e de se colocar em segundo plano. Em quase todas as culturas as mulheres são valorizadas pelo seu nível de entrega, de se colocar em segundo plano: 'Nossa, ela sacrificou tudo pelos filhos e pelo marido, é uma excelente mãe e esposa'. </i><i>Na Nigéria, as pessoas dizem que, quando você se casa, significa que você tem outro filho, porque seu marido é, na realidade, seu filho".</i></p><p>Eu detesto mulher boazinha, na moral. Até porque eu já fui MUITO BOAZINHA. BOAZINHA PARA UM CARAJO. E ninguém foi bonzinho comigo, não. </p><p>Então eu entendo a Miley lançar o Flowers, dançar, cantar, e entender que ninguém é mais importante que ela. <i>Habla y Habla, Miley!</i></p><p>Quantas histórias de homens preservando alguma coisa você já ouviu?</p><p>Então, é isso. Chega de ser boazinha, manas. Arregacem. Sou a favor do arregaço geral. E, saibam que estarei com meu pano limpo e preparado para passar para todas. Porque tem muito feministO por aí, mas ninguém passará um belo pano por você como uma mulher.</p><p><br /></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-34573751051387894152022-12-14T09:56:00.004-03:002022-12-14T10:11:05.506-03:00Os finais<p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>Gosto do final de ano. Acho que já disse isso um milhão de vezes. Vou continuar dizendo. Como de costume, vai aqui minha ode ao final do ano.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>Final de ano é a procrastinação legalizada. É o <i>"Ano que vem eu vejo isso"</i> com a esperança infantil de que de fato veremos. </span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>O ano novo faz pelo adulto o mesmo serviço que o natal faz pela criança. Aquela sensação de presente, caderno com cheirinho de novo no primeiro dia de aula. É quando você capricha na letra, promete que vai fazer daquele caderno um caderno bem especial. Ano novo pra mim é isso, repensar, refletir, organizar, recarregar a bateria com promessas e vontades.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>Nada cai do céu, correto? Então bora para sessão de post it pela casa, tabelas no excel, a lista ficando grande, só assumindo compromissos para eu me cobrar o ano inteiro.<br /></span></span><span style="font-family: georgia;"><span>A casa nova, a viagem, o autocuidado, autoconhecimento, a promoção no trabalho, o teatro, me enfiar em alguma confusão e zaz, zaz, zaz (como diria Chaves do oito, esse ícone do idoso millennials). </span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>Eu sei que muitos planos eu vou descobrir no caminho que eu nem queria tanto assim. No meio do caminho vão surgir outras coisas que talvez eu nem tenha colocado na lista, e já diria Dummond - <b>uma pedra no meio do caminho</b>, mas aí que mora a diversão. Drummond não diz muito sobre diversão do caminho, só falou da pedra mesmo, como se o caminho não pudesse ser mudado. Sei-lá, a pedra era colorida, divertida, eu conversei com a pedra como no filme Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, e ela me mostrou outro caminho. Tropecei na pedra, e por quebrar o dedão aprendi a andar melhor. Sei-lá, Drummond! Poderia ter dado os seus pulos, mas ficou ali, só reclamando da pedra. às vezes a gente só reclama da pedra, respira profundamente, não faz nada, e volta a reclamar da pedra.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span><br /></span></span><span style="font-family: georgia;"><span>Aliás, poesia sobre diversão - pesquisar no Google. Farei isso ano que vem. </span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span><br /></span></span><span style="font-family: georgia;"><span>Sonhar não custa nada, é o que dizem. E se está de graça, vamos colocar a imaginação para funcionar que é disse que um bom ano é feito.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span><br /></span></span><span style="font-family: georgia;"><span>E, como sempre, fica a promessa do escrever aqui. Gosto de prometer e não cumprir. Aí eu volto aqui depois de séculos, e rio de mim mesma dizendo: <i>"Ah, danada! Mais um ano que você prometeu tudo, e não entregou nada!". </i>Pelo menos já me garanto essa risada no futuro. Eu tenho um estoque de risadas para o futuro. Já prometo algo que sei que não vou fazer, só para praticar o autobullying.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span>Tenho um estoque de risadas do futuro, uma vontade de todo dia fazer diferente, um respeito gigantesco pelos que cruzam meu caminho, uma família querida e amigos sensacionais. Acho que já é uma boa capa de caderno tilibra. Agora é só escrever nele.</span></span></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-15641843852417732192022-10-21T10:59:00.003-03:002022-10-21T11:11:10.162-03:00Ao esmo, amor.<p> Terminei ontem o livro da Ana Suy - A gente mira no amor e acerta na solidão. Recomendo, inclusive. </p><p>Me trouxe diversas reflexões. Mas devo admitir que nem foia Ana Suy que me fez voltar por aqui. É a obervação do dia a dia mesmo. </p><p>Uma amiga está namorando faz um tempo. E de uns tempos pra cá, sem conhecimento algum, sem nenhum embasamento, eu me achei no direito de observar a relação e tirar conclusões. Como se eu não tivesse uma vida pra cuidar. Acho que todo mundo já fez isso, então <b>não</b> me sentirei culpada.</p><p>Eu amo o apaixonamento do cara. Amo real. Ela pode falar o que quiser, xingar, fazer birra, se jogar no chão, emitir qualquer tipo de opinião, que o cara vai estar lá. Sendo bem honesta, não sei se o contrário é verdadeiro. E, de novo, isso são vozes da minha cabeça. Aqui não tenho nenhum compromisso com a verdade, só com a minha, "<i>taokey</i>?".</p><p>E eu não sei se eu quereria um apaixonamento sem a pitada do dedo na cara. Mas aí entra a Ana Suy, ela disse que quando estamos apaixonados, não temos espaço para a realidade, é uma ilusão da expectativa. "O nosso amor a gente inventa", já dizia Cazuza. Mas voltando ao apaixonado...</p><p>Não sei se acredito em gente apaixonada. Gente apaixonada vê a pessoa alvo da paixão com muita positividade. Nem eu me acho tão foda assim, sabe. Eu sou meio caótica, sem foco, uma metralhadora de falácias, eu sou esquisita pra cacete. Então se alguém se apaixona por mim, e começa a achar tudo que eu faço genial, sensacional, maravilhoso, eu vou desapaixonar no dia seguinte. E sabe porquê? Porque a gente se apaixona pelo nosso espelho, e meu espelho é bem sarcástico para aceitar esse namastê todo. Quer me amar? Vem no caos que disso eu entendo.</p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-60342065589965919232022-08-31T15:23:00.004-03:002022-08-31T15:27:46.599-03:00Para escrever<div style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;">Já encarei muita folha em branco na vida. Não sei se em algum
momento você já passou por isso. Acredito que sim.<br /></span><span style="font-family: verdana;">Às vezes a gente meio que se perde na história que a gente
está escrevendo. Não tem o personagem, parece que o personagem perdeu a
motivação. Perdeu algum sonho que tinha, deixou de fazer planos, não viu lá
muita motivação para continuar, e estagnou na história. Ele olha ao redor, e
parece que a roda está girando para todos, menos para ele.<br /></span><span style="font-family: verdana;">Fazer o personagem andar, criar, se motivar, e caminhar pela
história é um ato de coragem. Colocar o coração para agir naquilo que te
emociona. E quando nada te motiva? Aí é a hora da folha em branco, o olhar para
o vazio, e encarar o buraco por um tempo. Entender o que está acontecendo e
refletir sobre os passos deste personagem.<br /></span><span style="font-family: verdana;">O que te deixou pelo caminho? Qual foi o sonho que você
perdeu? Qual foi a desesperança que se abateu. Olhar milimetricamente o que
está nos deixando parados.<br /></span><span style="font-family: verdana;">Toda vez que eu paro no caminho, eu escrevo a história para
tentar entender. Eu preciso olhar o filme completo algumas vezes. Faço a linha
do tempo e percorro por ela diversas vezes. Estar triste, deprimido, faz parte
da vida. Dar atenção para este momento,
também.</span></div><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-90257625532630150392022-01-24T16:37:00.005-03:002022-01-24T16:37:42.439-03:00Avião<p> <span style="font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Eu tenho um ranço fenomenal de gente que tira selfie em avião. E junto com ele o ranço de foto da asa. </span></span></p><span id="docs-internal-guid-9d52360a-7fff-5a7b-1723-d65559d53d46"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Na verdade eu tenho ranço de todo o ritual da viagem em si. Não acho chique! Não acho divertido. E me dá gatilho de pânico.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Mesmo sem saber pilotar, eu acho que eu vou conduzir aquela bodega melhor que qualquer piloto. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">O nome disso é controle. Eu sou uma pessoa hiper controladora, e cheia de manias. A velhice só piorou tudo.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Lembro da minha inocência infantil quando viajava com a minha mãe nas férias de final de ano. Tinha a roupinha do aeroporto pra chegar bem vestida na casa dos parentes que eu via uma vez por ano e olhe lá. Eu curtia. Queria sentar na janela, e amava viajar a noite (que era mais barato) pra ver a lua. Como viajávamos no verão, sempre tinha noites bem lindas. Era um evento. Era minha parte favorita da viagem. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">E por esta memória afetiva, eu fiz curso de comissária. E, depois de vários processos em que fui reprovada por algum profissional de saúde mental excelente, eu entendi o motivo.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Foi num verão de 2009 em que decidi passar uns dias em Salvador. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">A aeromoça me entregou uma criança. Sim, ganhei um companheirinho que estava viajando em carreira solo. Com todo meu conhecimento de aeronáutica, fui puxando assunto com a criança e contando como funcionava o avião. Ele estava apreensivo. E eu como adulto responsável que sabia tudo sobre nuvens, comecei a explicar porque estava balançando. A criança foi ficando segura. Uma hora eu avistei uma nuvem bem preta "Aquela ali é uma CB!". Não terminei de falar. O avião virou um labamba desgovernado. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Eu como adulta, continuei acalmando a criança, até que toda minha maturidade foi se esvaindo e comecei a chorar copiosamente. O que foi seguido pelo choro da criança e de mais umas crianças que também estavam no vôo. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Não me segurei. Acho que até me mijei um pouco, se não me engano. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Enfim, quando finalmente pousamos, eu sabia que ali eu tinha traumatizado uma criança. Uma não, uma dezena que estava no vôo de férias.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Depois deste dia, nunca mais mantive a dignidade em avião. E aqui vai a minha lista de indignidade:</span></span></p><span style="font-family: arial;"><br /></span><ul style="margin-bottom: 0; margin-top: 0; padding-inline-start: 48px;"><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Eu não tiro foto em avião ou aeroporto </span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Se tem padre ou freira eu fico apreensiva</span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Conto a quantidade de crianças e no vôo porque eu sou uma merda de pessoa, mas Deus é gentil com crianças.</span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Não respondo mensagens de Whatsapp antes do voo porque não quero que isso seja usado em post cafona como "Nossa última conversa"</span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Eu não agradeço quando dizem "Boa viagem". Isso eu nem sei explicar. Hoje o moço do Uber ficou no vácuo. </span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Baixo 50 filmes pra voos curtos, mas só consigo ficar abraçada com o celular.</span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Não dou descarga sentada na privada do avião porque desconfio que meus órgãos vitais serão sugados.</span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Sempre olho quem está sentado ao lado e penso na música do Belchior "Foi por medo de avião que segurei sua mão" </span></span></p></li><li aria-level="1" dir="ltr" style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" role="presentation" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Tomo 2 Rivotril em voos longos e 2 Dramin em curtos. </span></span></p></li></ul><span style="font-family: arial;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Eu poderia fazer uma lista infinita, mas acho que já dá pra entender meu nível de pânico. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Escrevi este texto dentro de um avião com apenas UM Dramin e só escrevi porque tem 23 crianças neste vôo + 2 grávidas.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">E enquanto eu escrevia isso, o piloto avisou "Chegamos 25 minutos antes do previsto"</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: arial;">Pensei "Ae, seu arrobado! Parabéns. Com certeza eu não faria melhor".</span></span></p><div><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div></span>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-49482718982184047642021-11-09T18:59:00.003-03:002021-11-09T19:26:33.976-03:00Maturidade filosófica<p><span style="font-family: verdana;">Às vezes eu passo por aqui para me ler. Não que eu seja uma gênia da literatura moderna. Passo por aqui para ver as minhas angústias. O meu senso de humor para disfarçar frustrações e desilusões. As personas inventadas contando a minha história. Diversão pura.</span></p><p><span style="font-family: verdana;">Li um texto meu dizendo "Eu preciso ser feliz". Ri. Afinal, quando eu tinha 20 e muitos, parecia que eu estava só esperando esse momento <b>do feliz para sempre</b>. Lá da minha torre discutindo o sexo dos anjos, reclamando do machismo e tomando minhas doses de fora. Brilhando na jornada do herói, e esperando o tal final feliz. Aquele momento mágico da vida que está tudo dado, tudo resolvido, tudo no script do sucesso.<br />Não foi bem isso que aconteceu, né mores? Não encontrei o tal príncipe encantado (pasmem, não existe), muito menos porque encontrei o melhor trabalho da vida e só faço o que eu gosto, isso também é fanfic de coach, é LinkedIn, ostentação de mentira. Isso é a positividade tóxica batendo na sua porta para te deixar infeliz por não ser positivo. </span></p><p><span style="font-family: verdana;"><br />Tomo nesse cu diariamente. Ouço desaforos, trabalho horas a fio, ganho pouco, e todas as coisas que acontecem na vida do ser humano ordinário. E aguento tudo isso sem um remédio sequer. Isso sim posso considerar vencer na vida. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Eu dedico a minha felicidade à maturidade. Essa senhora de cabelos brancos, meio corcunda e com uma verruga no nariz. Sim, a minha maturidade parece a bruxa da Branca de Neve. Não dá pra ser madura o tempo todo. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Uma vez, já na vida adulta, eu pedi pra minha mãe cuidar da minha vida. Estava tão pesado, tão foda ser eu mesma, que não estava dando conta. E aí a minha mãe me tirou do útero dela e disse que não ia rolar e que ela já tinha a vida dela pra dar conta. E naquele dia eu percebi que é cada um dando conta da sua vida mesmo. Mentira, não foi naquele dia. A maturidade não é um lance que te entregam numa taça, você bebe, e acorda maduro. Não, meus senhores! A maturidade te trucida, e quando você está no chão, ela olha nos seus olhos e diz "Paga esse boleto, arrombado!". Tá, não é bem assim. Mas você entendeu a metáfora. E, se não entendeu, ainda não é o momento. Volte aqui no futuro. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Já dizia Nelson Rodrigues: <i>"Jovens, envelheçam"</i>. A maturidade deixou eu citar o Nelsão com entendimento. Finalmente nos encontramos, Nelson. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Entender que a serenidade da maturidade trás felicidade (isso daria um pagode anos 90 incrível), é o auge da vida! Será que foi a </span><span style="font-family: verdana;">monja Coen que disse isso?</span><span style="font-family: verdana;"> Depois que ela começou a vender cerveja, ganhou meu respeito. E queria citar a monja neste texto. </span></p><p><span style="font-family: verdana;">Mas se por algum motivo você quiser parecer um maduro <i>cult</i>, use o aforismo grego "Conheça-te a ti mesmo". E é aí, neste momento, que vai encontrar a felicidade. Não é como no livro da Disney, mas é bem legal. </span></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-1117305669542940172021-08-16T08:53:00.002-03:002021-08-16T09:03:51.820-03:00Uai tão interessante?<p> Já não sei muito bem se é realmente interessante. Também não sei se a minha magnífica mente te inventou tão interessante. Pode ser. Ela estava sem muito repertório nos últimos anos até você chegar.</p><p>E ela ecoou <i>"Uai tão interessante?"</i>. Ela está lá, passeando por uma história que nem existe. Não existe. E talvez ela nem queira que concrete-se. Conjugarei concretizar como eu quiser porque quem concretizou fui eu. <br />Quero que continue aqui na minha caixa, na minha mente, no meu devaneio até eu encontrar outra pessoa pra colocar no lugar. Não ouse sair até lá. <br />Não realize-se para não estragar o meu devaneio. Mantenha-se onde está para continuar interessante. Nehuma realidade chegará tão perto do que minha mente construiu. Não me venha com realidade enquanto eu estiver sonhando. </p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-16936653366545940312021-07-20T12:40:00.003-03:002021-07-20T12:46:15.623-03:00David, o Bowie.<p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Dos grandes amores plantônicos que cultivei na vida está o Sr Bowie. Sim, ele - <b>o David.</b> </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Ele entrou no meu imaginário na minha primeira década de vida, depois de eu assistir o filme Labirinto - A Magia do Tempo. Se você não viu, siga sem ver, a magia já passou pra você e esse trem não volta mais. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Uma vez, achando que seria <i>cult</i>, apresentei pra minha irmã mais nova. Fui ostilizada. É isso. O jovem não sabe apreciar um bom retrô. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Não sei se foi a calça de couro, o cabelo mullet, a maquiagem, a pupila dilatada com um olho verde e outro azul, a música, não sei. Só sei que em dado momento eu estava fazendo Bowie e Vivi dentro de um lindo coração. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Algumas crianças viram Rei Leão incontáveis vezes, e com isso são capazes de dizerem as falas do filme. Eu sabia as de Labirinto. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Meu amor era tão genuíno que comprei um caderno, e me dei ao trabalho de escrever todas as falas. As crianças brincavam na rua. Eu? Eu fui até a locadora (se você não sabe o que é isso joge no Google), aluguei por 3 dias o filme, e fiquei ali com meu videocassete dando pause e play por dias a fio. Quando eu já estava com o roteiro do filme escrito, passei a usar falas do filme na minha vida. Eu era uma criança esquisita. Bem, não sou uma senhora muito grande coisa hoje em dia também. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Lá pela nonagésima vez em que entrei na locadora para alugar Labirinto, o moço me ofereceu outros filmes. Disse que tinha vários, e que me faria um preço camarada. Não fazia muito sentido com tanta oferta eu sempre alugar o mesmo filme.Eu recusei veementemente a tentação de alugar <b>"Super Xuxa Contra o Baixo Astral". </b>E em troca da minha honra mantida, ele me deu a fita. Segundo ele só eu alugava.</span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Sai da locadora saltitantinho, sabe? Que dia maravilhoso era aquele? Eu tinha acabado de ganhar meu filme favorito. Se bem que pela quantidade de vezes que eu aluguei, eu merecia até o pôster do filme. </span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Sinceramente eu não saberia dizer quantas vezes eu vi esse filme. Eu tinha planos ousados de casar ao som de <i>As the world falls down, </i>e meu marido usaria o figurino do filme. Hey, você que já quis ser meu marido, olha esse livramento.<i> </i>Bem, eu não casei. E nem quero casar. Mas na minha imaginação, quando eu quero romantizar qualquer coisa, ainda toca <i>As the world falls down</i>. E como tudo é sonho e devaneio, o Bowie ainda faz parte deste meu imaginário. Assim como unicórnios fazem parte do imaginário infantil.</span></p><p><span style="font-family: courier; font-size: medium;">Obrigada por isso, Bowie. </span></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-47416650427316288822020-11-08T16:54:00.005-03:002020-11-08T17:23:26.332-03:00Aposta no Amor <p>Celinha havia participado de diversos casamentos, seja como dama de honra quando ainda era criança, ou como madrinha, já na vida adulta. Acumulava nessas duas funções treze casamentos, nenhum deles o seu. Mas acreditava piamente no amor. Em algum lugar estaria seu amado, e assim como nos filmes, em algum momento se encontrariam. Era uma questão de tempo.</p><p><strike>Já estava com seus 35 anos, o que para os tempos de Nelson Rodrigues, seria descrita como uma senhora ainda bem bonita, cabelos pretos até os ombros, pele clara e olhos cor de mel. Isso não é importante para história. Os tempos são outros. São? </strike></p><p>Era destemida na missão do amor. Participava de fóruns no Facebook, tinha todos os aplicativos nacionais e internacionais, não temia pagar em dólar. Sem filhos, a chefe de enfermagem tinha pouco tempo para diversão, então entre um plantão e outro, zapeava seus aplicativos, trocava mensagens, e pensava em toda uma vida que ainda não havia acontecido. Tinha nome dos filhos, o tipo de casa que gostaria de morar, como seria seu marido, e como viveriam o seu "felizes para sempre". Como ela mesma dizia, coisas boas acontecem com pessoas boas. E se tinha alguém bom neste mundo, esse alguém era a Celinha. </p><p>Era mais um domingo enfadonho de folga quando um homem chamado Ben Backer a chamou no messenger do Facebook dizendo que havia amado sua carta de encorajamento aos soldados americanos. </p><p>Há um mês ela havia escrito um longo texto falando sobre coragem, amor, e seu trabalho com a Cruz Vermelha na página da U.S Army no Facebook, e desde então vinha recebendo diversas mensagens de agradecimento. </p><p>"<i>Olá, estou no Afeganistão, vivendo tempos bem difícieis em Ghazni. O Talibã tenta destruir a nação pela força. Seu texto encheu meu coração de amor e esperança. Muito obrigada pelo carinho - Ben Backer"</i></p><p><i>"Olá, Backer. Espero que esta mensagem te encontre bem. Soube que ao menos 8 civis foram mortos semana passada por morteros no bairro de Naw Abad. Minhas orações estarão com vocês"</i></p><p>Foram dois meses de trocas de mensagens, fotos e juras de amor eterno. Celinha finalmente vivia seu conto de fadas. Tinham planos para quando Backer saisse do Afeganistão. </p><p>E em março/20 saiu a notícia em todos os jornais que segundo um acordo assinado pelos Estados Unidos em Doha, todas as forças estrangeiras deveriam abandonar o Afeganistão em até quatorze meses. </p><p>Nos planos do casal assim que isso acontecesse, Backer viria para o Brasil. Ele era órfão, perdeu os pais ainda criança, e passou a vida em um orfanato até ir para o exército americano. Vivia queixando-se da vida de militar, e que gostaria muito de ter paz. Viver num país sem guerras, com clima tropical, e ao lado da mulher de sua vida bebendo muitas caipirinhas em praias paradisíacas.</p><p>Naquela noite ambos comemoraram a notícia. E naquele momento Backer fez uma confissão:</p><p>- Meu amor, você confia em mim?</p><p>- Claro que sim. E você, confia em mim?</p><p>- Com todo o meu coração.</p><p>- Celinha, em um palácio em Cabul, eu e o Capitão Harris encontramos uma fortuna e iremos dividir o dinheiro com mais três soldados que irão nos ajudar numa missão de resgate. Esse dinheiro estava guardado lá, e nós estávamos esperando a notícia de que poderíamos finalmente sair do Afeganistão para regatar esse dinheiro. Eu ficarei com U$ 5 millhões. Este valor precisa sair de forma clandestina daqui do Oriente Médio. Vou precisar da sua ajuda.</p><p>- Como assim? Como eu posso ajudar?</p><p>- Vou te mandar os US$ 5 milhões numa caixa. Mas pra isso preciso que você pague o envio, o valor é de U$ 807. Eu estou no meio da guerra, sem dinheiro algum para fazer isso agora. Você consegue fazer isso por mim?</p><p>- Claro.</p><p>Celinha foi bloqueada no messenger, Backer sumiu. Por vergonha de seus amigos e familiares, ela nunca registrou ocorrência. </p><p><br /></p><p>Texto da série - Era Cilada</p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-20329207457839094972020-10-31T10:47:00.007-03:002020-10-31T10:59:01.777-03:00O fake nerd<p><span style="color: #666666; font-family: inherit;"> Por questões antropológicas e sexuais eu ainda uso aplicativos de encontro. E por tédio não lia as descrições.Falha gravíssima. É na descrição que está o puro creme do milho verde. É lá que está o ouro do aplicativo. </span></p><p><span style="color: #666666; font-family: inherit;">Botei reparo em muito perfil usando <b>"nerd".</b></span></p><p><span style="color: #666666; font-family: inherit;"><i>"Sou um nerd convicto" "Um pouco nerd" "É, sou nerd"</i> e assim sucessivamente. </span></p><p><span style="color: #666666; font-family: inherit;">Eu venho de uma longa linhagem de mulheres que admiram este lobo solitário de uma tribo renegada por décadas. O<span style="background-color: white;"> nerd, quando o Brasil ainda tinha mato, era uma pessoa vista como excessivamente</span><span style="background-color: white;"> </span><span>intelectual</span><span style="background-color: white;">, obsessiva por assuntos que a maioria das pessoas não se interessa, e com falta de habilidades sociais. </span></span></p><p><span style="color: #666666; font-family: inherit;"><span style="background-color: white;">Aparentemente em 2020 a roupagem do novo nerd é outra, e ser nerd virou requisito na cultura do flerte. </span></span></p><p><span><span style="background-color: white; color: #666666;">Viajado, coque desconstruído, barba, roupas da moda e de preferência sustentável, gosto peculiar por músicas, filmes, e séries que ninguém conhece, quando mais desconhecido, melhor. Um leve tom bucólico num texto quase parnasiano somado à cultura pop com carteirinha vitalícia da CCXP. </span></span></p><p><span><span style="background-color: white; color: #666666;">Olha, até acho interessante. Devo admitir que dou meu like sem o menor pudor. Mas fica aí a denúncia. Isso não é nerd, porra!</span></span></p><p><span><span style="background-color: white; color: #666666;">O nerd raíz está interessado em pesquisa científica, já fez mestrado, doutorado, fala uma língua própria, continua tendo dificuldade em interagir socialmente e fora do padrão estético da sociedade. E sinceramente? Cagando para o padrão estético da sociedade. Talvez este cara nem esteja no Tinder. Sem tempo, irmão.</span></span></p><p><span><span style="background-color: white; color: #666666;">Talvez este cara esteja trancado em algum laboratório estudando e buscando uma vacina para o Covid. Talvez este cara seja doutor em virologia, e...Ai, chega, não vou falar do meu crush acadêmico....</span></span></p><p><span><span style="background-color: white; color: #666666;">Então, em defesa dos nerds que estão sem tempo para este tipo de papo. Irmão, você que coleciona boneco de super herói, sinto em informar, você não é nerd. Respeite o nerd raíz. </span></span></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-45972132615143476832020-10-24T16:43:00.003-03:002020-10-24T16:43:52.977-03:00O casting do seriadoÉ isso. Meses de pandemia, e assim como eu, uma galera já está de saco bem cheio - compreensível, né mores? Aí você faz uma lista de pessoas que você entende como "seguras", e vez ou outra faz aquele encontro tentando o distanciamento, todo mundo se confina uns 14 dias e depois se encontra, e assim tem sido a vida. Uma chatice sem fim. <div><br /></div><div>Notei nos últimos dias que meu nível de tolerância para esta temporada da vida já está quase zero. Eu quero renovar meu casting. Quero conhecer gente nova, quero ir no fumódromo, mesmo tendo parado de fumar, quero poder fingir que estou afim de alguém em minutos de prosa descomprometida, quero dizer "Vou ali buscar uma cerveja" e demorar horas para voltar para os meus amigos porque fiz 58 novos amigos no caminho, eu quero a temporada anterior de volta. </div><div><br /></div><div>Eu nunca tive saco para aplicativos de paquera. Nunca tive MESMO. Não consigo, não tenho talento, e nem muita paciência. Pra mim, abrir um app de paquera, é igual o Netflix, fico horas ali zapeando pra nada. </div><div>Seguindo a linha coach, mudei meu "mindset", decidi ser mais paciente, puxar assunto, e brilhar (hahaha) como se fosse vida real, porque convenhamos que é o que tem pra hoje. Que derrota! </div><div><br /></div><div>Algumas ejaculações precoces, nudes, vídeos de punheta, homens que falam o peso da rola, deprimidos, viciados em remédios, e muito tempo gasto depois, eu ainda continuo nos aplicativos. E eu me pergunto "ATÉ QUANDO, VIVIANE?"!!!!!!</div><div><br />Hoje é sábado, e me deu uma vontade de ser irresponsável, ir pra aglomeração, ver gente DIFERENTE, sei-lá. Vocês sabiam que até as casas de swing abriram? Em choque fiquei. Como se mantém um sexo casual com distanciamento? Se alguém souber como anda este tema, me conta que eu fiquei curiosa.</div><div><br /></div><div>Eu não sei como está a temporada "Pandemia" de vocês, mas devo dizer que a minha anda mais parada que novela ruim do SBT. Sem fatos novos, e doida por uma renovação. Acho que vou cortar o cabelo. </div>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-67763586922216040412020-10-08T11:17:00.004-03:002020-10-08T11:18:57.013-03:00A galera do óculos de grau<p> Eu não se de onde tiram essa galera de óculos de grau em apresentação de empresa. Essas imagens do banco de imagens está bem fora da realidade de muitas empresas.</p><p>Uma galera branca, que teve oportunidade de usar aparelho ortodôntico desde que nasceu, sobrancelhas feitas fia a fio, não tem um preto, e quando tem, o colorismo impera. É o que eu chamo de preto social, aquele "passável". Nada contra, meu pai até era socialmente passável. Já minha vó, neta de escravo, não passa não. Mas não é sobre isso este post. Eu nem tenho lugar de fala, quer dizer, nunca sei se tenho. Essa é a confusão mental da minha vida. </p><p>A galera de óculos, bem vestida, com a pele sem uma porra de uma espinha, ou marcas de acne, falam uma língua que é uma mistura do inglês com português. E sério, na nossa língua tem nome pra tudo. Realmente não consigo entender o famoso Accountability, que em tradução literal significa "prestação de contas". Um dos pilares da empresa é ser Accountability. É assumir riscos, ir além dos meus limites, administrar a grana da empresa como se fosse minha (mesmo não sendo), ser meu próprio CEO, seja lá o que isso signifique. </p><p>Mas também não é sobre isso este post. Então é sobre o quê, caralho?</p><p>Sobre o que eu quiser porque este blog é meu, e é isso. Estou sendo CEO aqui.</p><p>O post é pra dizer que eu não entendo o banco de imagens que as empresas usam. E, se eu dependesse de ser a cara da galera do banco de imagens, eu estaria desempregada por não estar no padrão de beleza da empresa. E de idade? Nem se fala. Não tem uma pessoa 40+ nas fotos. E quando aparecem, tem tanto Photoshop que passariam por 30. </p><p>Enfim, é essa minha indignação do dia.</p><p>Passar bem.</p><p>Sejam CEO´s.</p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-54229395001471923392020-09-26T09:33:00.004-03:002020-09-26T09:51:55.546-03:00Vibrador e a Guerra Infinita<p> Eu acho que poucas vezes vi o texto da Mariliz Pereira Jorge gritando tanto na minha timeline. <br />Sei que vivo numa bolha cheirosa, querida e cheia de pessoas que o algoritmo me deu. E, sério, seu <b>algô </b>estamos em paz.</p><p>Voltando a Marliz. Como ela mesma disse, estamos em 2020 e ainda discutindo o direito da mulher ter prazer. Afe! Que luta infinita. Isso sim, é Guerra Infinita. E é uma Guerra Infinita bem chata. O Homem de Plástico é atacado o tempo todo. Espero que ele não siga a mesma trajetória do de Ferro. Resista, Homem de Plástico. Marvel, fica aí essa SUPER dica. Homem de Plástico e Mulher Buceta contra....aí fica em aberto para vocês escolherem os inimigos, são vários. Vai desde a igreja à minha vó. </p><p>Eu nem me lembrava mais do meu primeiro. Tive que fazer um esforço danado para lembrar. Foi na faculdade quando fiz um vídeo sobre sexo numa loja do Ponto G, e acabei comprando. De lá pra cá, as pessoas trocam de carro, eu troco de vibrador. E já tive de todas as cores, tamanhos, vibrações...Me sinto o Martinho da Vila neste momento. </p><p>Sou a mulher das dicas de consolos (sic). Aliás, <b>consolo</b> é um nome bem péssimo. Ninguém está com seu vibrador porque não consegue coisa melhor. Vibrador não é prêmio de consolação. </p><p>Vibrador é um lance nosso. Coisa nossa!</p><p>Vi um monte de <i>esquerdomacho</i> postando o texto da Mariliz como quem diz <i>"Olha, eu sou liberalzão do dildo"</i>, como se isso dependesse da aprovação dele. Como se estivesse fazendo um favor. <i>"Sou tão desconstruído que dei um pra minha mulher". </i>Para, né galera? Eu não fico defendendo o direito à punheta. Isso já acontece desde que o mundo é mundo. E é tão natural que nem é pauta. </p><p>Então, só acrescentando o que a Mariliz já disse "<b>Vibrador é vida. E eu não preciso da aprovação de ninguém pra usar"</b></p><p><b>Existe todo um universo dentro da jóia da alma.</b></p><p>(Toma essa referência nerd para satisfazer o prazer hetero e uma analogia para facilitar o texto).</p><p><br /></p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-29304953987162238922020-08-21T10:51:00.002-03:002020-08-21T10:52:04.874-03:00Gregorio Duvivier<p> Eu sempre achei chique quem faz carta aberta. Textão eu acho um porre. O textão já pressupõe que vai vir uma sequência infinita de cagação de regra. É tipo mandar um <i>"com todo respeito"</i>. Toda frase que começa assim, vem acompanhada de uma cagação de regra e crítica.</p><p>Depois deste início, sem respeito algum, Gregório Duvivier é meu<b> crush artístico</b>. </p><p>Se você não sabe o que é isso, é porque não tem nenhum. Crush artístico é uma admiração pelo trabalho, e ponto final. </p><p>Não vou pendurar fotos do Greg sem camisa pela minha casa (Saudades, Capricho!), muito menos fazer coração com as nossas iniciais. E Deus me livre querer que ele se separe da Giovanna Nader. Vida longa ao casal! É só admiração pura e simples.</p><p>Nossa relação começou logo depois de eu ter terminado com o Xico Sá (2016). Xico virou aquele ex que a gente tem carinho, admira e tals, mas não vai atrás. </p><p>Hoje estava colocando em dia a leitura das colunas que eu gosto, e vi um texto dele falando dos poucos amigos. Ali deu uma tristezinha no coração.</p><p>Sempre soube que ele não era o Gregão da Massa, mas ali veio a confirmação. A sentença de que nunca vamos sentar no botecão, tomar cerveja de garrafa, e falar sobre uma visão mais progressista para o Brasil. Não poderei contar sobre meus Greg News favoritos, sobre o quanto eu achei Sisifo genial, da minha vontade de estar no Loló, do comportamento mais sustentável, da mulher foda que ele arrumou, mesmo depois da Clarice, que eu já achava foda (!!!), da cara de cansaço que ele faz para falar de alguns assuntos que já deveriam estar resolvidos como a "academia esquerdista", sobre o quanto o Porta já foi interessante, sobre meus amigos de teatro acharem que você viria morar em SP num apê ali do centro, e de tantos outros temas que duas garrafas de cerveja não seriam suficientes. Era para ser um engradado, Greg. Era pra gente ser amigo, cara. </p><p>Tudo isso chegou ao fim com a leitura da frase final da crônica.</p><p>"Nos últimos meses, tenho gostado de falar apenas com os amigos de que gosto muito. Tem poucos, raros amigos —o homem atrás da máscara e do face shield. É bom também".</p><p>Xico, me liga. Precisamos voltar a falar. </p>Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-12053315972892150492020-06-16T11:49:00.002-03:002021-07-20T14:09:22.083-03:002020 Aniversário CovidDesde muito criança, quando me dei conta do que era aniversário, comecei a ser uma grande entusiasta da data. Não adianta tentarem me convencer, não existe data melhor que aniversário. <div>
Eu amo aniversário, e não consigo entender quem não ama. <div>
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Gosto da ideia de retrospectiva e do tanto que mudei ano após ano. A sensação de que nada é eterno e que a gente precisa apoveitar muito. E, que mesmo nos momentos não tão felizes, a certeza de que vai passar, pois assim como eu, nada é eterno. </div>
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Da zoeira, da patifaria, do deixa disso, esse sempre foi o meu lema. Mas se tem um negócio que eu aprendi a valorizar, é carinho. Tenho um jeito meio toscão de demonstrar carinho, mas sou imensamente grata por todo o amor que recebo, e espero poder contribuir sempre porque essa troca é fundamental para a vida. Grata MESMO. GRATIDÃO RAÍZ. Gratidão quase GRATILUZ. </div>
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Sempre penso que naquelas mal traçadas linhas de desejo de felicidades em redes sociais, houve um minuto que a pessoa dedicou para te desejar algo de bom. Exceto no LinkedIn que é a rede mais desumana do mundo, onde até o "Parabéns" já vem pronto. O truta não se dá ao trabalho de escrever "Parabéns" e a pessoa que recebe não precisa nem se dar ao trabalho de escrever "Obrigada", está tudo pronto. E isso pra mim diz muito sobre o mercado de trabalho, mas isso é para outro post. Hoje estou no momento <b>gratiluz. </b></div>
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<b>Então é isso, né?</b></div>
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Gostaria muito de neste momento pandêmico ter aprendido algo novo. Não aconteceu. O que aconteceu mesmo foi a valorização do velho que eu tinha, e a certeza de que os laços de família, amizade, afeto e respeito deveriam reger o <b>mundo</b>. Se a gente se visse como uma grande família fraternal (incluindo a natureza que é CEO deste planeta), viveríamos melhor. </div>
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Apagando a minha velinha virtual eu desejo amor e respeito para seguir adiante. Dignidade à todos os habitantes da Terra (<b>que não é plana!</b>), que possamos seguir na busca de melhoria como um plano de vida. Hoje eu sou melhor que ontem, e amanhã serei melhor que hoje, e assim que agradeço essa minha nova versão, deste novo ciclo.</div>
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Parabéns pra mim. Sigamos em frente. Obrigada, Vivi do passado. Bem-vinda, Vivi do futuro. </div>
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Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-10076539343247158792020-06-11T13:02:00.000-03:002020-06-11T13:02:12.324-03:0090 dias disso aí, taokey?Quando começou tudo isso aí, me mandaram plantar uma hortinha de apartamento, decorar a casa, fazer faxina, colocar as séries em dia, fazer exercícios, cozinhar e me alimentar melhor, escrever um novo clássico da literatura, ler um clássico da literatura, e eu sai meninona achando que iria fazer tudo isso, e ainda segurar meu emprego - porque vamos combinar que não tá fácil pra ninguém.<br />
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Passaram 90 dias, e tudo que fiz até agora foi virar assídua de lives que não servem pra nada, participar de videoconferências, vi memes e coloquei coisas que não vou comprar em carrinhos de compras virtuais.<br />
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E, de verdade, se eu não fiz nada que mudou a humanidade quando era mais fácil, não vai ser agora.<br />
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E de boas? Já tem clássico pra cacete. Vamos combinar que ninguém escreve mais nenhum clássico até todo mundo ler o que tem por aí.Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-5264139171202440402020-06-11T12:38:00.003-03:002020-06-11T12:38:50.753-03:00A Arca fechou<br />
Todo dia dos namorados eu era a rainha da piada ruim. Admito que era um misto de revanche por não ter sucumbido à ordem social em me relacionar com dor de cotovelo por nunca ter encontrado o <i>mozão.</i><br />
<br />
Mas os filmes, as séries, a<b> propaganda </b>e a vida, me fizeram aceitar a condição de que nem todo mundo andava pelo mundo em par, ou trio...<br />
<br />
Virei defensora dos solteiros convictos, e passei a me colocar nesta categoria. O que é um perigo para mulhres. De solteira, você passa à solteirona, e logo na sequência, tia.<br />
<br />
Mas guerreira que sou, nunca me dei por vencida, se sempre tinha o contraponto do "ser solteiro é foda!".<br />
Chegamos em 2020 e não estava na minha lista de coisas da vida enfrentar uma pandemia. E foi neste momento que o jogo virou, né minha filha?<br />
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Foto no "Insta" no botecão do centro de São Paulo com os amigos? Isso Non Ecziste mais.<br />
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Acordar com maquiagem até no ânus depois de uma noite de show bom, e chegar em casa tão cansada que não se tem a dignidade de tomar um banho? Esquece.<br />
<br />
Churrascão começando 3 da tarde e terminando 3 da manhã com a frase "deixa eu fumar só mais este cigarro antes de ir"? It´s over, baby.<br />
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Teatro, shows, jogos, passeios no parque, festa na casa dos amigos, exposições, sumiram do dia para noite sem ao menos a gente se despedir. Se eu soubesse que aquele 14 de março era uma despedida, teria tomados mais umas 5 saideiras, depois das 3 que já tinha tomado, e ficaria ali dando tchau para vida, abraçando os amigos, e tentando entrar nesta capsula maluca chamada quarentena.<br />
<br />
Aqui, no auge dos quase 100 dias sem o mundo de opções, limitada à telas, já acho que talvez, só talvez, seria interessante dividir isso com alguém.<br />
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Noé constriu sua arca, colocou os bichinhos de par em par, e quem ficou de fora da arca tenta entender como entrar nesta arca sem levar vírus para todos.<br />
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<br />Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-69293930163258862242020-05-14T10:13:00.004-03:002020-05-14T10:13:55.287-03:00Comunicação muito violentaDesde 2018 eu notei que tenho entre alguns dos meus <i>“chegados
de rede social”</i> um alinhamento forte junto ao berrante que clama os gados.<br />
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<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No começo eu achava engraçadinho. E por alguns momentos
duvidei de tudo que aprendi, e fui atrás para ver se realmente a Terra era redonda,
e é. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Então ficava pensando o que levaria essas pessoas que em
algum momento da vida eu convivi, e até cheguei a gostar, serem tão alinhados
com as ideias do presidente fascista. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 2018 eu tinha uma paciência invejável. Sempre debatendo
com carinho, amor e empatia. Juro que eu tentava entender, nunca mudar a
opinião ou entrar numa disputa para provar que eu estava certa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ouvi de tudo. E ouvi mesmo. Ouvi com atenção e dei a devida
seriedade que as pessoas davam a temas como:</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-size: xx-small;"> </span></span>Mamadeira de piroca. Realidade ou ficção?</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span>Educação vem de casa. Os pais precisam ensinar
seus filhos, isso não é papel da escola</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span>“Na nossa época não se falava tanto de sexo” –
Nesta eu perdi a linha e disse “POR ISSO VOCÊ FICOU GRÁVIDA AOS 16 ANOS!”</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span>Eu não aguento mais 4 anos de PT</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span>Está tudo muito solto. Precisamos de regras.</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Courier New";">o<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span>Essas bolsas acabam com o País. Ninguém quer
trabalhar mais.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<!--[if !supportLists]--><o:p></o:p><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Poderia fazer uma lista gigantesca de tudo que ouvi em 2018.
E usei a comunicação não violenta em todos os momentos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em 2020 em meio a uma pandemia, me arrependo <b><span style="font-size: 18.0pt; line-height: 107%;">de não ter dado um tapa bem dado na cara
deste bando de filha da puta que votou no Bolsonaro com a premissa de “PT nunca
mais”</span></b><span style="font-size: 18.0pt; line-height: 107%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Agora
esses porras choram porque vai ter Enem sem ter tido uma porra de uma aula
decente. Pedem ajuda para não perderem seus empregos porque a economia está um
lixo. E já estava, coleguinhas, 2020 não seria um ano incrível <b>NEM FODENDO</b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ficam chateadinhos porque não temos um plano Federal para sairmos desta merda de pandemia.</div>
<div class="MsoNormal">
Xingam o "presidente" porque não respeita a quarentena. </div>
<div class="MsoNormal">
Temos uma secretária da cultura, e SECRETÁRIA, porque a Cultura
não merece um Ministério pedindo para sermos leves em meio a milhares de doentes e mortos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A ZONA DO CARALHO que está o Ministério da Justiça. Um quintal do Bolsonaro!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O Ministro da economia capengando porque não sabe o que
fazer com a economia. O ultraliberalismo no meio de uma pandemia não funciona.
Paulo Guedes é um meme do John Travolta perdido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos
pediu a PRISÃO dos Governadores pelo twitter e vem com a pérola de que poucos moradores de rua
têm Covid porque ninguém pega nas mãos deles.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Abraham Weintraub arrumou confusão com a China, usou
A TURMA DA MÔNICA para ser desrespeitoso, diz que o Enem é uma
competição e manda as pessoas simplesmente estudarem. É um "e daí?" para a maioria dos estudantes.</div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, este é o Governo do "e daí?"</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu poderia passar horas escrevendo, HORAS! Porque eu estou bem
puta. Então, seus GADOS DO CARALHO, TOMEM EM VOSSOS CUS. </div>
<div class="MsoNormal">
A culpa de termos o
elenco da Fazenda no Governo, não é minha. Ufa, estava cansada de ser educada. <o:p></o:p></div>
</div>
Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-11847247490275968122020-04-05T19:23:00.000-03:002020-04-05T19:23:27.326-03:00Corônicas - Salvando o tédio<br />
<div class="MsoNormal">
Já fazia alguns dias que não acontecia nada. Não sei bem
quantos, pois aqui da quarentena a gente perde a noção do tempo. </div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, que dia
é hoje mesmo? Ah, sim! O septuagésimo domingo do ano. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas hoje, hoje foi diferente. Hoje era de fato domingo, e
nos domingos a gente não espera muita coisa mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ouço gritos e corro para janela. Não se cai uma pena neste condomínio
sem que eu saiba. Essa é a nova regra. Institui desde a quarentena. Cuido da vida
de todos os meus vizinhos com apreço e curiosidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bem, não dava para ouvir muito bem do que se tratava. Sendo
assim, me senti na obrigação de abrir a porta para ouvir melhor. Perdi o pingo
de vergonha na cara que ainda me restava.</div>
<div class="MsoNormal">
E basta um sair, para que todos possam sair de seus apartamentos.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- É a vizinha do
4 andar? Quem é?</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Até a quarentena, eu não fazia muita ideia de quem morava
aqui. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Vizinha do 51: - Sim, ela é nova. Mudou recentemente.</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Ouvimos bater de porta. Eu me viro para a vizinha do 51 e
com as mãos faço “shiu”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>“Devolve meu celular, minha senhora!”,</b> dizia o
Jefferson – o zelador. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ela gritava em alto e bom tom para que todos tivessem a oportunidade
de ouvir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
EU SOU UMA MULHER QUE MORA SOZINHA! NINGUÉM BATE NA MINHA
PORTA SEM INTERFORNAR, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO??????<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sei que alguns não tiveram a cara de pau de abrirem suas
portas, mas neste momento notei que estavam em seus respectivos olhos mágicos
de porta só observando. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– Precisamos ir
lá entender o que está acontecendo?</i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Vizinha do 51:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Mas por
que deveríamos fazer isso?</i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Você não ouviu?
Ela sequestrou o celular o Jefferson. E só Deus sabe agora o que pode acontecer.</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
A mulher continuava gritando sobre morar sozinha, e ele ter
batido na porta sem avisar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu: - Jefferson, não tente pegar seu celular!<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Jefferson: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Mas Dona
Viviane, ela não pode fazer isso!<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu: - Não, não pode. Isso é um sequestro de celular. Chame o
síndico. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Jefferson: - Acho que seu Roberto não está.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Vizinha do 51: - Eu vi ele saindo.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Eu: - Como assim? Seu Roberto é idoso. Deveria estar em
casa!</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
Vizinha do 42 sai de sua casa para entender a confusão, e
começa a gritar com a mulher que gritava. Começaram a se estranhar. Entendi que
era um desafeto já instituído.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vizinha do 42 diz que o Jefferson não pode pegar o celular
porque é homem, mas ela é mulher e pode encher a cara da mulher que grita de
porrada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nesta hora o vizinho do 44 também sai de sua casa para
tentar segurar as mulheres que começaram a brigar.</div>
<div class="MsoNormal">
Eu? Bem, eu só gritava: <b>“Gente, isso é uma aglomeração!
Isso é uma aglomeração!”</b></div>
<div class="MsoNormal">
Todo mundo pegou em todo mundo, e começou uma guerra campal
no quarto andar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por questões de saúde eu só dizia para chamar o síndico Seu
Roberto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A gritaria generalizada fez com o que o vizinho policial do
primeiro andar subisse, e pedisse para ela entregar o celular, e para os demais
dispersarem ou ia todo mundo para a delegacia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O policial resolveu o caso. Ao chegar no meu andar, os
vizinhos estavam todos do lado de fora aguardando atualizações. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Cada um de sua porta deu sua opinião sobre a briga, falamos de
séries, filmes, coronavírus, demos risadas, ganhei um bolo fresquinho da dona
Teresa, e entrei no meu apartamento com o sentimento de que a treta ainda vai
unir o mundo. <o:p></o:p></div>
<br />Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5821859122716259965.post-5604111107033019382020-03-25T20:14:00.002-03:002020-03-25T20:16:12.097-03:00Corônicas - Seu Silva e a quarentena.<br />
<b>Ele enlouqueceu</b>. Foi esta a conclusão que a família do Seu
Silva chegou.<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Passaram dias pedindo a seu Silva que ficasse em casa,
devido as circunstâncias, mas seu Silva se disse atleta. E sabe como é, um
atleta tem no máximo uma gripezinha, um resfriadinho...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E não se sabe muito bem o motivo, mas naquela manhã de
quarta-feira Seu Silva estava especialmente enlouquecido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Colocou sua bermuda de domingo, a blusa do seu time do coração, e saiu
com o carrinho de rolimã de seu neto. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Pai, onde você vai?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Viver a vida. Me deixa.<br />
</div>
<div class="MsoNormal">
- O senhor consegue viver a vida aqui dentro de casa, por
favor?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Isso não é vida, Laura. Pelo amor de Deus, sabe. Eu já
tenho 69 anos, sabe. Você não manda em mim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Saiu, bateu a porta, sem tempo de qualquer resposta da
filha. Minutos depois, o telefone da casa toca. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Oi, Laura. É a Jurema. Tudo bom? Seu pai saiu de casa?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Saiu. Nem sei o que dizer, pegou o carrinho de rolimã do
Ian, e disse que iria viver a vida.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Então, seu pai está descendo a rua aqui de casa sem parar
de rolimã cantando alto e incomodando os vizinhos<br />
. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Desculpe, Jurema. Não sei o que fazer com ele. Já liguei
para a psicóloga, falei com a professora de hidroginástica também. Ele adora a
aula de hidroginástica, mas ela disse que ele estava faltando, o que eu achei
um absurdo porque ele sai de casa sempre dizendo que está indo para aula. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p><br />
<span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
- Ai, Laura. Aqui também não está sendo fácil. Papai
apareceu com uma tatuagem mês passado. Vira e mexe sinto um cheiro estranho do
quarto dele. Acho que está até se envolvendo com maconha...<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sério, Jurema? O que vamos fazer com nossos idosinhos,
heim? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Durante a conversa das vizinhas Seu Silva chega em casa e
grita logo da entrada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- <b>LAURA, PARA DE FOFOCAR NESTE TELEFONE</b>! E só quero avisar
que a Isolda vai vir aqui mais tarde, e não quero deselegância da sua parte.
Ela é minha namorada e vai vir me ver quando quiser. E vai dormir no meu
quarto, sim. <b>Todo mundo</b> que eu conheço está aproveitando a quarentena!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Laura desligou o telefone, correu até o Seu Silva, e fez o
que deveria ter feito antes do surto do rolimã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Chega! Vai tomar banho, e vai pro seu quarto! <b>VOCÊ NÃO
É TODO MUNDO. <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E foi assim que seu Silva entrou em quarentena. <o:p></o:p></div>
<br />Vivihttp://www.blogger.com/profile/06740145317467636440noreply@blogger.com