domingo, 15 de junho de 2014

O livro, a árvore e os clichês

"Quando eu era criança lá em Barbacena". Só os talhados em barris antigos de carvalho lembrarão desta frase. Google, crianças, Google.

Vim de um tempo em que o Google, ah, nem vou falar em Google. Vou falar que sou de um tempo em que a internet discada era a descoberta da roda. E utilizá-la como usamos hoje, custaria um rim. Tempos em que o celular era do tamanho de um computador. E choquem-se, colocávamos aquilo na orelha.

Tenho este sentimento de "homem primata, capitalismo selvagem", sabe? Sou da antigas. Sou do tempo da ficha, meu caro. E isso é bom? Não sei. Mas achava um tédio quando minha mãe fazia essas comparações bestas, e me vejo fazendo igual. Ai, como ela mesmo diz: "O tempo ensina!" "Um dia você vai entender"

 E mais um ano se passou, e este sentimento só aumentou. Cada ano que passa, ela fica mais velha. E isso passou a fazer muito sentido. E acho que já falei disso umas 5 vezes, no mínimo. O sentido das coisas acontecem com a idade, fato. E sempre me vem aquele sentimento de "Cacete, era tão óbvio!".

A idade e seus benefícios. A maturidade e a passagem das neuras infantis. A aceitação do que somos, pelo que somos, não pelo que temos, e toda esta coisa budista que invade a gente mesmo sem querer. E invade porque a experiência é assim. Dirão os mais céticos "Isso não tem a ver com idade". Eu digo, que no meu caso, sim. Tem umas paradas com rugas, flacidez, e cabelos brancos que eu não contava muito. Mas no mais, o saldo da idade é positivo. A vida é um eterno jogo de perdas e ganhos.

Faz poucas semanas eu plantei uma árvore. E foi engraçado pensar que nunca tinha feito algo tão clichê. Ri de mim. E aí lembrei de outra coisa que a idade nos trás, rir de nós mesmos sem a besteira de nos acharmos bobos. Diria Nelson : "Jovens, envelheçam!". Nelson, entre professor de putaria da minha vida toda, também se mostrou filósofo.

Perdi o medo do bicho papão da idade. Sim, estou com 33. A idade que dizem ser de Cristo. 33 com muito orgulho!

Não casei. Não tive filhos. Nunca namorei (Adoro esta parte), é a que choca as pessoas. E já nem sei se isso é tão relevante pra mim, mas me diverte dizer.
E tanta coisa me diverte. Me diverte estar com amigos, me diverte ler, me diverte ver bobagens na internet, me diverte saber que as pessoas são donas da razão e que passarão a vida discutindo o nada, me diverte a importância que se dá à cargos e poder, me diverte achar que a vida não pode ser só isso.

Uma casa no campo onde eu possa levar meus amigos, discos, livros e nada mais. E cada ano que passa eu penso mais nisso. E uso como lema. O universo há de ouvir.

Obrigada, 32. Foi bacana estarmos juntos. Terei excelentes histórias para contar de você.
33, vamos lá. Quero força, garra e determinação. Ando com planos abusados, viu?