sábado, 23 de janeiro de 2010

Eco

Sabe, eu estava pensando, realmente é impossível ser feliz sozinho.

Parece conversa fiada de gente carente, você podem dizer ou pensar. Mas a frase da minha vó de “antes só do que mal acompanhado”, é mentira. Vó, foi mal, mas desta vez você não tinha razão.
Não tem coisa pior que chegar em casa e não ter com quem conversar, contar sobre o dia, falar mal do chefe, dizer que ninguém trabalha naquela empresa, essas coisas banais.

Comecei a perceber que de uns tempos pra cá tenho falado sozinha, tenho visto e revisto minha agenda telefônica sem achar ninguém que eu queira falar, e além disso, eu simplesmente odeio bater papo por telefone.

Fazia muito tempo que não me sentia tão sozinha.

Já pensou ficar velhinha sozinha, sozinha, sozinha de tudo?

Semana que vem vou procurar algum trabalho voluntário. Cuidar de alguns idosos, conversar e jogar gamão. Xi, não sei jogar gamão.

Alguma coisa eu preciso fazer, porque esse negócio de falar sozinha está meio complicado.

domingo, 10 de janeiro de 2010

De Arnaldo Jabor a Ana Maria Braga

Estou lendo umas crônicas do Jabor, o cara definitivamente me faz pensar que o mundo é uma grande merda, e quem não viveu na década de 50 se fodeu por ter perdido os melhores anos do Brasil. Um saudosismo que chega a doer, críticas que fazem você achar que mais nada vale a pena, e que o mundo não tem jeito mesmo. Mas tem um ponto positivo, te faz pensar.

Sabe aquele dia em que você acorda questionando a existência? Pois é, hoje foi um dia desses.

Domingo é um bom dia para se questionar a existência.

Vinha caminhando vagarosamente, quase me arrastando, e pensando na bunda da Juliana Paes, na futilidade do twitter, até no Hugo Gloss. Pensando em como o ser humano é imbecil. Questionando valores.

Passou por mim, e parou no farol, um carro com uma senhora no banco de passageiro. O motorista provavelmente era seu filho. Domingo, dia internacional de levar a mãe idosa para passear. Ele não demonstrava nenhum interesse por ela. Ela segurava uma garrafinha pet de água e com o olhar perdido olhava a rua vazia. Dá medo envelhecer.

Às vezes dá uma vontade de largar de mão. Pra quê tudo isso? Você se fode de trabalhar, agüenta desaforos, parece uma formiga no grande formigueiro que é o mundo, e pode morrer sem ter feito absolutamente nada de relevante. Relevante, em minha opinião: descobrir a cura do câncer e da AIDS, ser chefe de Estado, acabar com a fome no mundo, ganhar um Nobel de qualquer coisa, entende? E quando penso que nada disso vai acontecer, dá certa insignificância à vida. Os otimistas falarão do amor.

Mas que amor? Isso ainda existe? O amor está no hospital e morrerá de falência múltipla. E como diria meu pessimista amigo Jabor, o amor hoje dura duas Capas de Caras. Mas Jabor já casou milhares de vezes, talvez ele ainda acredite no amor, apesar de criticá-lo com tanta garra.

Pensei até nos suicidas. Parece que o cara é um perdedor, mas de verdade, às vezes dá vontade de dar um game over nisso tudo. Quem nunca teve? Só que o ser humano é tão narcisista, que não consegue pensar num mundo sem ele. E pra onde se vai depois de tudo isso? Se for ateu, não se mata mesmo. Acho que só cristão se suicida. Bobagens.

Ouvi um barulho e fumaça logo a minha frente. Demorei alguns segundos para perceber que era uma batida entre um ônibus em um carro. Bem ali na minha frente, logo quando eu ia atravessar a rua. Olhei para dentro do carro, um cara gemia de dor com a cabeça ensangüentada. Logo aglomerou um monte de gente, pessoas falavam ao celular, caos na avenida são João.

Acho que ele não vai morrer, apesar de ter bastante sangue no local. A única coisa que consegui falar foi “Não encostem nele até o resgate chegar!”. Tudo o que eu pensei foi amassado e arremessado na lixeira como o jornal de ontem. Em poucos segundos passei do pessimismo de Jabor, para a frivolidade de Ana Maria Braga.
Sim, a vida é bela. Foda-se se todo mundo gosta da bunda da Juliana. Ferre-se o Hugo Gloss puxando o saco de celebridades no twitter, que se lasque os que entraram no BBB. Respirar já é uma grande dádiva. E se Deus realmente existe – Você é O CARA. Se não existir, o jogo ainda vale a pena. Jogue os dados!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

No waves

Eu sempre tenho uma sensação enorme de Déjà vu no dia 31. Estranho pra caramba!
No dia 31 não quis inovar, não quis colocar a cor do amor, ou a da paixão, ou do dinheiro. Sim, já tentei todas elas, e continuo sem dinheiro e sem o tal amor.

Às 21:00 começou a correria, roupa passada, fila para o banho - afinal, sempre tem um monte de gente em alguma casa no litoral.

A roupa era branca, acho que foi a única coisa que respeitei. Me sentiria um alien se estivesse com outra cor.
Mas só de sacanagem, não pulei as sete ondas, não fiz os pedidos de ano novo, não me obriguei a comer lentilhas, não usei uma calcinha nova, não fiz absolutamente nenhum ritual. 2010 que me desculpe, mas ele vai ter que me provar que vale a pena. Cansei de ficar bajulando o ano novo, é a vez dele me bajular pra ver se eu consigo gostar dele.
Até agora não mostrou nenhuma novidade, mas eu sou paciente, te dou 360 dias para se revelar, heim?

Aos que ainda acompanham este blog desértico, um excelente ano novo. E que tudo se realize no ano que nasceu...E toda aquela coisa.