domingo, 20 de dezembro de 2015

Sunday Morning

Acordei sem ressaca. Acordei tarde. Acordei bem. Acordei feliz.
E nunca a música "Easy" fez tanto sentido - I´m easy like a sunday morning!!!
Tomando meu café com torradas, ouvindo o quê o Spotify tem a oferecer na playlist "Manhã tranquila" e lendo as notícias do Brasil e do mundo, me senti feliz pra cacete.
Sabe aquela felicidade despretensiosa? Aquela que faz cócegas nas bochechas?

É verão, eu tenho saúde, tenho família e amigos queridos. Além disso, não preciso trabalhar amanhã. Já acordava deprimida no domingo do tipo "Putz, amanhã é segunda!". Está calor demais para trabalhar. É só isso que tenho a dizer. Está calor demais para trabalhar.

Pegue uma cerveja, vá à algum lugar aberto, olhe para o céu azulzinho, respire profundamente, encha bem o pulmão de ar, e solte. Feche os olhos e agradeça.
Não seja resmungão! Dá rugas. Lembre-se sempre que a vida é feita de escolhas. Clichê infinito.

E, para 2016, eu escolhi amar. Amar a vida. Amar o cotidiano.

Limpei todo o jardim. E arranquei tudo que me fazia mal. Hora de plantar novas, e melhores, histórias.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Tem uma selva lá fora...#Parte1

Eu acordava cedo. Gostava de chegar cedo.
Levantava com uma preguiça do tamanho do universo, e com o pensamento de "Quando meus pais milionários vão aparecer para me resgatar?". Isso nunca aconteceu.
O banho demorava um pouco, mesmo sabendo que precisava economizar. Economizava água de outras formas. Mas no banho, não conseguia.
Escolhia a roupa, me trocava lentamente. Em dias de TPM, isso acontecia mais lentamente ainda porque nenhuma roupa era boa. O mundo não era bom nesses dias.
Ficava uma hora e meia no trânsito para chegar.
E, neste caminho, eu lia besteira no Facebook, respondia mais besteiras no grupo do Whatsapp, e ouvia a CBN. Uma longa jornada.

Dias iguais.

Aprendi que "Bom dia" não faz mal à ninguém.
Então, ao chegar ao trabalho passava pelos corredores cumprimentando as pessoas.
Sempre achei que um "Bom dia" dado com vontade, faz o dia melhor.

Tinha mudado recentemente para um novo "desafio". Desafio. Mais do mesmo. Mas chamaram de desafio. Assim como às vezes enganamos as crianças com o famoso "Não vai arder" do merthiolate no machucado fresco. Era assim que me sentia. Passando merthiolate no machucado fresco.

E a Índia? E o plano? E os pensamentos? Não sei. Se perderam. Deixe me perder sufocada por um monte de processos e papéis que já não estavam fazendo tanto sentido assim.
O tesão se foi. Acabou. Finito.
E aí você vira prostituta. Faço pelo dinheiro mesmo.
Nunca tive vocação para puta.

E, no meio do tiroteio, do matar ou morrer, onde cabeças rolam de hora em hora, eu decidi dizer o famoso "Não estou feliz aqui. Não gosto de trabalhar aqui. Façam o que acharem melhor".
E o universo é mágico, crianças. As fadas, elfos, poderes superiores, escutam a gente. E, quando o pedido é feito de coração, ele é atendido.

Uma semana depois me mandaram embora - Redução de quadro.
Desde que o mundo é mundo usam esta desculpa. Acho que para consolar quem se vai. Para se consolar, para evitar o confronto, ou qualquer outra coisa.
Nunca tinha sido mandada embora em toda minha vida. Foi a primeiríssima vez. Era virgem nisso.

É assim, parece que um tiro ecoa dentro de um submarino. Não faça a experiência!
Você fica zonzo, as coisas ficam em câmera lenta.
Aí você assina uns papéis que sequer lê porque ainda está com o zunido na cabeça.
E, você entrega o que estava fazendo, como se fosse um assalto "Passa notebook, celular...", e você entrega tudo.

No meu caso, sai de lá querendo ser qualquer coisa.
Vender coco na praia, fazer um curso de miçanga, ser a primeira mulher a pisar em Marte, escrever um livro, fazer um roteiro, começar um stand up, ser pastora de igreja, e um mundo de possibilidades.

Sim, existe um mundo de possibilidades. Mas acabamos sempre voltando para o que é conhecido e seguro.
Poucos e admiráveis são os que tem culhões para inovar. Poucos são os que querem fazer diferente.
Será que desta vez eu consigo?
Voltarei a me prostituir?
O tempo, e a água que baterá em minhas nádegas dirá.
Até lá, vou escrever sobre isso que pelo menos é divertido.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O campo vazio

Eu nunca vou te entender. E, depois de muito tempo tentando, desisti.
Desisti de entender e desisti de tentar me fazer entender. Desisti.
Desisti de demonstrar o que eu gosto, ou deixo de gostar em você.
Desisti de querer estar.
Desisti de tentar fazer você gostar da minha presença.
Desisti de impôr minha presença.
Numa mensagem, num "Olá", "tchau", num interesse feroz em saber de você.
Estar, estar, mesmo que sem estar. Fazer-se presente.
Deu muito trabalho. Muito esforço, e muita chateação.
Impôr-se o tempo todo, até cansar. Onde eu parei? Onde eu estava mesmo?
Eu estava caminhando quando decidi parar para te observar. E parei tempo demais. Parei mais do que o necessário. E fiquei ali, doando energia, tentando, tentando...Até cansar.
E, cansada que estava, não consegui caminhar. Fiquei ali até todas as forças acabarem, até o último suspiro. Fiquei.
Demorei a dar por mim, e quando me dei conta, o tempo tinha passado. E muita coisa tinha mudado. E, mesmo assim, eu continuei lá. Quem merece tanta devoção? Eu. Olhei de novo, e voltei a me reconhecer. Retirei você, e coloquei um espelho. Sentia falta de mim. Foi bom me olhar de novo.
Descobri que fiquei muito tempo parada num campo vazio. Plantando onde sementes não cresceriam.
Estraguei minha pele no sol, desidratei, alucinei no campo vazio, sem que nenhuma semente sequer houvesse germinado. Plantei no solo que não estava propício para o plantio. E, depois, quis reclamar da colheita. Já era sabido.
Gritei. E no campo vazio nem eco se fez.
O que eu fiz?
Desisti. Já sem voz, cansada, e quase sem sementes para uma próxima colheita.
Agora escolho melhor o solo.
Agora parece que eu entendi que não adianta plantar boas sementes em solo que não quer germinar.