quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

2017 foi sabático

 Eu gosto de textos de final de ano. Gosto de relê-los.

Ano passado escrevi que estava plantando para colher neste ano de 2017.  Terminei 2016 sabendo o que eu NÃO QUERIA em 2017. Já era um começo...

Não queria casos urgentíssimos para tratar, não queria receber 100 e-mails /dia, não queria meu telefone tocando de 5 em 5 minutos, não queria 20 grupos de trabalho no Whatsapp, não queria ter grandes responsabilidades, não queria dormir pensando nos problemas do dia seguinte, não ter final de semana, e ser sempre refém do celular.  Deixei de acreditar que “Nossa, ela trabalha demais!” era elogio.

Passei a me questionar sobre a função do trabalho, e um monte de coisas. E foi assim que desenhei 2017 como sendo o ano em que eu não teria grandes dilemas, grandes preocupações, ou qualquer outra coisa que me desse dor de cabeça. Seria o meu ano. Meu, só meu e de mais ninguém.

Plantei um ano sabático em 2016 e colhi em 2017 começando pelo meu feriado favorito – carnaval.
Aquele trabalho maroto no Hostel para conhecer gente, treinar o inglês e garantir as histórias e os amigos que ganho pra vida.

E das histórias da vida de começo de ano, ganhei uma holandesa que morou um mês na minha casa, um finlandês que eu dava aula de português e um grupo de ingleses que a gente promete se encontrar pelo mundo, e às vezes dá certo.

Peguei minha mochila e vim morar em Dublin sem nunca nem ter passado perto desta cidade uma única vez na vida. A única coisa que eu sabia de Dublin era que o U2 nasceu aqui.
Lembro-me da profecia: “Estou indo para Dublin, e vou ver o show do U2 na casa deles!”. Só eu sei o quanto eu fiquei feliz em realizar. Pequenas realizações, pequenos sonhos, pequenas conquistas saboreadas com afeto. É disso que a vida é feita.

Convivi com muita gente jovem. E se eles soubessem o quanto me ensinaram, ficariam boquiabertos com o quanto a titia saiu renovada desta experiência.
O mestre Nelson dizia: “Jovens, envelheçam!”. Eu penso diferente: “Adulto, rejuvenesçam!”.
Bebam desta fonte sem preconceito. Não se achem donos da razão. Ouçam, não julguem. Aprendam e tenham humildade para compreender que somos gerações diferentes. E nada era tão melhor assim “no meu tempo”. O tempo deles também é bom, eu garanto com conhecimento de causa.

Me permiti trabalhar de tudo que se possa imaginar. Fui cuidadora de velhinhos, faxineira, trabalhei na lojinha de souvenir de um castelo, pizzaiola e fui dando meus pulos nesta vida.

Trabalhei com gente do mundo inteiro e tive a oportunidade de aprender tanta coisa com essas pessoas que parece que eu vivi uns 10 anos em 1.

Tive tempo de tédios homéricos. Tive momentos em que achei que tinha feito uma merda dantesca, tive dias ótimos, bons, ruins e péssimos...
Reclamei com fervor do clima merda da Irlanda. E vou reclamar até no meu último dia aqui porque sou dessas.

Passei meu aniversário sozinha depois de um date horroroso. Aliás, tive dates horrorosos que merecem um capítulo à parte. Me apaixonei, e me desapaixonei em questão de dias. 
Esqueci e superei amores passados, e voltei a ser uma folha branca novinha e sem rasuras ou remendos.  

Atropelei uma raposa de bike num frio de -4. Só esta frase já valeria o ano de 2017.

Fiz amigos pra vida. Reencontrei amigos da vida.

Fiz projetos, desfiz projetos, montei parcerias, desfiz parcerias. Quis ser rica vendendo Avon, depois achei melhor não. Quis concorrer à cargos políticos, mas a política não me permitiu entrar. Quis tanta coisa, e “desquis” no momento seguinte, fui tão eu que nem eu sabia mais como era ser eu (entende?).

 Tive tempo pra toda esta insanidade. Tive tempo pra loucura. Tive tempo para o ócio. Tive tempo até para escrever um livro ruim.

Que ano! Olhando assim de fora percebi que o senhor foi um GRANDE ano.

Encontrei o amor da minha vida. A vida em si.

O que eu desejo pra mim, pra você, e pra todo mundo? Muita vida em 2018! 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bonitona?!?!

Acho que nós mulheres estamos preparadas para tudo nessa vida. Somos sobreviventes. E, agora, a palavra "chata" da moda - somos empoderadas. Mas se tem uma coisa que ninguém nos prepara é para o envelhecimento. Ninguém diz como vai ser, como se portar, como viver?
E não me venham com esse Globo Repórter de idosos fazendo yoga que isso tá fora da minha realidade.

Vivi xx anos para ouvir:

- Nossa, Vi. Mas você ainda está bonitona!

Cacete!!!!!!!! Eu ainda nem arrumei meu primeiro namorado na vida e já me transformei na pessoa que está bonitona? Só faltou o "Dá um caldo". Quando foi que eu pisquei os olhos e passei de jovem promissora para uma bonitona que dá um caldo?

Não sei quando foi que aconteceu isso. Só sei que não tombarei sem lutar.
Já que não posso rejuvenescer, está mais que na hora de mudarmos este padrão acima dos 25 já está velha. Homens não ficam velhos, ficam charmosos.
Novinhas, PAREM! POR FAVOR, PAREM de criar esta cultura do charme para homens e da tia velha e mal amada para as mulheres. Sejamos mais parceiras.

Estava lendo o mestre esses dias (Nelson Rodrigues), e num dos textos ele fala de uma mulher casada e ainda viçosa (super moderno) com uma filha. Lá pelas tantas descubro que a mulher casada que ainda dava para o gasto tinha 40 anos! 40 anos, companheiras de luta!
Ok, quando o tio Nelson escrevia a gente costumava morrer mais cedo mesmo e aceitar a vida. Se entregar e dizer que não podíamos fazer isso ou aquilo porque envelhecemos.
"Estou velha demais pra isso!". Não existe velha demais, minha gente! Existe a sua vontade ou não de fazer as coisas. Corra, Lola, corra!

Minisaia é coisa de menininha, eu uso se eu quiser e se eu me sentir bem. Não gostou? Fecha os olhos e não me irrita!
Tem comentários que eu nem respondo pra não passar raiva: "Nossa, mas ela não se veste adequado à idade dela!". E tem isso? É que eu não gosto mais da Barbie, mas se eu tivesse com vontade de usar uma mochilinha da Barbie eu iria usar mesmo as pessoas me chamando de retardada, seus preconceituosos!

A gente se veste como quiser, faz o que quiser, e vive como quiser. Não, não estamos ficando melhores como vinho. Dá umas dores desconhecidas, a preguiça é maior que a vontade de sair, gritaria dá dor de cabeça, óculos ajuda a ler as coisas, e um monte de coisa. Não sou estúpida pra achar que nada mudou. Mas eu vivo e me adapto às mudanças porque o espírito, ah...esse sempre será jovem.

PS.: Eu não sou bonitona. Sou bonita pra caralho. Legal, inteligente, bem humorada e a caralha toda!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Humanos quando ganharam um mundo

Um dia Deus resolveu testar sua criação. Deu-nos "inteligência" para criarmos o nosso mundo. Assim como ele criou o mundo que vivemos, nos permitiu criar o nosso. E criamos. Criamos a internet.

E neste mundo criado por nós, podemos ser quem quisermos - inclusive nós mesmos. Nós em essência, nosso verdadeiro "eu". Neste mundo não há limites, é um mundo sem regras.
Demos voz à tudo e à todos, mesmo que não saibam muito o quê dizer, dizem. Porque se há voz, ela precisa ser usada, ela precisa se fazer ouvir. E, neste mundo com tantas vozes, ainda nos surpreendemos com o que se é dito.

Alguém falou muito alto. Alguém fez barulho. Alguém falou alto com uma poderosa hastag. Com uma hastag podemos mudar um pensamento, uma atitude um jeito de viver. Hastag mudam o mundo.
Mas esta hastag me representa? Representa o que eu realmente penso, ou representa apenas o que eu gostaria que o outro pensasse que eu penso? Confuso, não é?

Morreram mais de 300 pessoas na Somalia vítimas de um atentado terrorista. A internet clamou por interações sobre o tema nas mídias convencionais. Justo, justíssimo, e realmente foi injusta e cruel a forma que o tema foi tratado.
Mas não acho justo fazer o comparativo com "Se fossem brancos de olhos azuis..". Não estaria eu sendo preconceituosa também? Estereotipando a cor da pele e seu grau de importância. Inflamando ainda mais preconceitos? Eu realmente não entendi as postagens compartilhadas, e não quis gerar polêmica. Afinal, gente pra defender um ponto de vista de forma incisiva tem bastante. Já tem bastante filósofo, sociólogo, antropólogo, historiador, jornalista e etc na internet. Tive preguiça de exercer profissões sem nunca ter estudado para isso.  A preguiça passou no final do dia. Como isso aconteceu?

Trazendo para minha realidade. Um brasileiro está sendo acusado de assassinato aqui na Irlanda. Lembrando que acusado não é culpado. Ele está respondendo em liberdade. Ele foi assaltado e está constantemente sendo vítima de xenofobia.

Encontrei uma página irlandesa que quer todos as pessoas da América do Sul fora do País imediatamente
Li a página irlandesa, pensei, li, pensei, e passei batido. Não teci nenhum comentário. Denunciei a página, e a vida seguiu pra mim. Mas não passou para os demais brasileiros que começaram a ofender uma Nação inteira, tomando aquele pensamento como verdade de uma Nação. Daí nascem os preconceitos, os ódios incuráveis e tudo que já conhecemos no mundo.

Não acho que devamos deixar as coisas passarem, precisamos fazer nossa parte. Mas xingar o amiguinho, puxar o cabelo, escrever o que eu bem entendo sobre o amiguinho só para machucar, não é das coisas mais maduras, né?

Sinto pela Somália, sinto por todos que sofrem xenofobia, ou qualquer tipo de preconceito, sinto demais pelas famílias que têm seus entes assassinados, sinto profundamente pelo mundo que vivemos. Mas se queremos fazer algo bom, revidar com mais agressividade, ou com preconceito, não ajuda muito.
Acho que Deus nos deu inteligência para criarmos um mundo nosso para saber como reagiríamos se tivéssemos poder para gerir o mundo real de maneira autônoma.
Se nem num ambiente como a internet não conseguimos controlar nossos impulsos, imagine se tivéssemos capacidade/poder de dominar/gerir a natureza, por exemplo. Não temos maturidade.

Falhamos miseravelmente nesta missão evolutiva. Desculpa aí, Deus.










quinta-feira, 10 de agosto de 2017

I really dislike

I really dislike when a Brazilian start to speak bad things about Brazil.  I just really dislike when people hate their own country so much and only complain about politics, say that they wish to trade places and be in Europe, USA or another country...  There are plenty of Brazilians who love their country too and I´m...

Ops, estou escrevendo em inglês? Ah, sorry! São esses 2 meses morando fora do Brasil. Eu esqueci o português. Taí outra coisa bizarra e que eu não gosto! Brasileiros que enfiam um monte de expressões em inglês no vocabulário e fingem demência com própria língua.

Para quem não pescou o começo, a primeira reclamação é de quem reclama do Brasil para todo estrangeiro o tempo todo (gastei no pleonasmo da reclamação do reclamador porque eu estou reclamando). Já ouvi centanas de brasileiros responderem sobre "What about Brazil?" com uma lista gigante de problemas - sempre falam de corrupção e pobreza. Gente, isso está no jornal! Acreditem, isso eles já sabem, e muito melhor que muitos brasileiros, que só reclamam mas não conseguem lembrar sequer em quem votaram na eleição passada.

Alguém já comeu um pato no tucupi? Já deu aquela espreguiçada em uma rede na praia? E aquele sol gostoso no rosto em pleno inverno? E a quantidade infinita de frutas? E as músicas regionais? Literatura de cordel, por exemplo. Quer coisa mais maravilhosa? E a nossa dança? Ah, poderia fazer uma lista enorme. Não sejamos óbvios!
Conheçamos nosso próprio País. Muita gente se orgulha de ter 50 carimbos de viagens pelo mundo, mas não conhece seu próprio País. Aliás, farei esta lição de casa com urgência.

Esses dias fiz uma cagada.
Cansada de ter que explicar que a capital do Brasil não é a Argentina, que eu não sei sambar e que minha bunda é pequena, mesmo sendo brasileira, mudei minha nacionalidade.

- Where are you from?
- I´m from Argentina.

Silêncio ensurdecedor. Quase visualizei o mapa mundi aberto e o cara procurando onde ficava.
Ele não tinha nada para falar sobre o País. Não teve uma piada sequer, uma dancinha e não me senti um macaco de circo.

...

Para que entendam, voltemos no tempo...

Belo dia passeava eu pela região do Temple Bar quando um mocinho de procedência inglesa veio ser simpático.
Ao responder que eu era do Brasil, como se fosse num circo, gritou aos amigos "Adivinha de onde ela é? Adivinha? Brasil!!!! Dança aí pra gente, vai. Samba!"
Isso é tão contrangedor quanto eu pedir para um irlandês dançar river dance. Imagine eu chamando todos os meus amigos para ver o irlandês dançar river, ou o argentina dançar tango e etc.

....

Sem piadas, sem dancinha, sem aquela olhada na bunda para conferir o selo Brasil de qualidade na anca, o cara não tinha o que falar. Ou seja, sem referência alguma sobre a Argentina.

Neste dia eu tive vergonha de dizer que era brasileira, e depois me senti mal por não dizer e encarar os próximos minutos numa luta visceral sobre o que é o Brasil. A culpa é nossa!
A culpa é da nossa pagação de pau absurda para cultura do outro, sendo que a nossa é riquíssima.
É o que vendemos, é o que falamos, é como nos portamos, é o que exportamos. Exportamos bunda, sexo, mulheres gostosas, belas praias, samba, caipirinha, corrupção, políticos ruins e uma vida muito pobre. Mas será que o Brasil é só isso?

Então mudei. Agora virei embaixadora da cultura brasileira. E onde houver um brasileiro falando mal, ou qualquer um, defenderei com honra e dignidade.
Nunca fiz, nem nunca farei parte do time que fala mal do próprio País.Tive um momento de cansaço da luta, mas já retomei.

Tenho algumas premissas:

  • Não, não escrevo legendas em inglês. Até mesmo porquê 90% dos meus amigos nas redes sociais são brasileiros.
  • Não faço parte do time que quer morar em qualquer canto do mundo só pra sair do Brasil.
  • Não acho a cultura de nenhum País superior a minha cultura. Valorizo, respeito e amo a cultura brasileira.
  • Não comparo estilo de vida. Todos os lugares tem seus pontos positivos e negativos. E realmente não gosto quando as pessoas começam frases com "Se fosse no Brasil", e aí vem algo negativo na sequência. Tente ver coisas positivas no nosso País, eu poderia fazer uma lista gigante.
  • Não gosto das frases que começam com um brasileiro dizendo "Brasileiro tem mania de", aí vem uma sequência de atrocidades sendo que ele também é brasileiro.
  • Não falar mal do País do amiguinho respeitando as diferenças. A melhor defesa não é o ataque, e sim a compreensão, respeito e muita conversa. Logo, parei de falar mal da fazendinha como forma de ataque aos que falam mal do Brasil. Eles só reproduzem o que a gente mesmo fala. Muitos nunca estiveram no Brasil.  
Resumo: Pra mim o Brasil é o filho feio que a mãe acha lindo e não deixa de forma alguma que o outro aponte os defeitos.







sábado, 29 de julho de 2017

Jimmy’s Hall


Ontem, no Abbey Theatre, vi um espetáculo incrível do teatro irlandês. O Abbey teve sua inauguração em 1904 e foi um dos primeiros teatros subsidiados pelo Estado do mundo e recebe subsídio anual do Estado Livre irlandês. E nada mais poético do que ver neste teatro a história de Jimmy (de graça é mais maravilhoso ainda)

Jimmy Gralton mudou-se para Nova Yorque após sofrer perseguição em Letrim por suas ideias comunistas. Após 10 anos, volta à sua pacata cidade natal, e por insistência dos seus amigos reabre o salão onde a população tinha debates, lições culturais e aulas de dança. A história real do único cidadão irlandês a ser deportado, trás de uma forma brilhante a história da cultura irlandesa e a importância de sua música e dança.

A fila dava a volta no quarteirão, da Abbey até a Gardiner, alguns chegaram bem cedo com suas cadeirinhas, jornais, óculos escuros e todos os apetrechos de quem quer o melhor lugar. A imprensa estava lá. Entrevistava à todos buscando impressões e expectativas. E eu ali torcendo para que ninguém falasse comigo.  Fazia tempos que namorava peças no  Smock Alley Theatre ( teatro de 1662!!!! – preciso muito ver uma peça lá), até tinha lido sobre as peças que estavam em cartaz, agora no Abbey eu sequer tinha passado na porta. Não sabia absolutamente nada sobre a peça em cartaz. O pré-requisito foi “teatro, de graça, gosto, vou!”.

E lá fiquei eu na fila monstro esperando e torcendo para ter ingresso na minha vez. O teatro tem capacidade para 450 pessoas. Dei uma medida na fila, e esperei. Fui uma das últimas a pegar ingresso.Ao entrar os atores já estão no palco tocando músicas tradicionais irlandesas. O público participa com palmas, é uma festa. O clima de salão já é instituído, musical e descontraído. Esta é a passagem para a entrada no salão do Jimmy.
Músicos/atores/dançarinos, o elenco inteiro é primoroso. Que fôlego! Lembrando que a dança irlandesa requer força e passos bem precisos, o atores fazem isso por 2 horas! Experiência pra lá de interessante. Eu falo inglês, eu entendo, mas ir ao teatro, com um tema tão peculiar, com discursos políticos engajados, exigiu um pouco mais dos meus neurônios no começo. Aí eu lembrei que era teatro, não filme, e deixei de me preocupar tanto com a linguagem falada, e passei a olhar o corporal e foi quando eu só reafirmei o quanto o trabalho do ator é maravilhoso.

As cenas são todas muito bem marcadas, coreografadas no último grau, e todas as expressões corporais da dança passam uma mensagem. Há uma cena divina no meio do espetáculo em que Jimmy reencontra seu velho amor e fazem uma dança do reencontro daqueles corpos depois de 10 anos que é de arrepiar os cabelos. Não há beijo, não há falar, mas os olhares, os movimentos dos corpos...obra de arte, minha gente!
O cenário nem se fala. Muito bem pensado. Utiliza todo o espaço, as cenas acontecem até na entrada da cochia. A iluminação faz com que você sinta todos os sentimentos que querem demonstrar, a passagem do tempo dia/noite passa por uma janela do fundo, e você tem a exata sensação do momento em que estão vivendo. Efeitos especiais? Tem, sim senhor! Uma explosão maravilhosamente coreografada com efeitos de luz, fogo e dança dos atores em câmera lenta simulando o exato momento em que atacam o salão.
Ok, ficaria horas escrevendo sobre o espetáculo, sobre as performances e etc.Sai do teatro com aquela sensação boa de “putaquepariu”, tomei uma paint e voltei pra casa pensando. O teatro fez seu papel.
Está no mundo? Vá ao teatro. Não importa se na Europa, Ásia, Oceania, América, vá ao teatro. Sempre um ótimo exercício de apreciação do ser humano!

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Eureca!

Ontem eu tive um dia pra lá de interessante!

Pode parar de ler por aqui, pois será vibe "diário adolescente". Já aviso porque tempo hoje é um troço disputado, e aí você vai dizer "Perdi tempo lendo esta merda".

Esses dias descia eu o vale, música triste no talo, vento gelado cortando a pele, TPM gritando. Não deu outra, dei aquela chorada de videoclipe. Sabe aquela que desce só uma lágrima poética? Então, bem isso aí.

Estou em crise existencial faz tempo. Aliás, eu nasci em crise existencial e nunca mais sai dela.
Eu sou complexa, dúbia e dramática. É o que tem pra hoje, minha gente. Aceitem ou deixem.

E aquele sentimento da "árvore, livro e filhos" gritando. E aí veio a pergunta "Que merda estou fazendo da minha vida?". Cada dia que passa eu não estou ficando mais nova.

De onde vim? Pra onde vou? O que eu gosto?
Clássico dos adolescentes! Adolescentes, isso nunca passa, só pra constar. A gente não descobre o mapa da vida ao ficarmos mais velhos. Muito pelo contrário, a gente vive uma porrada de coisa, aprende um monte, mas sempre tem algo que incomoda, isso é vida.

Bom, voltando ao dia depois desta explanação sobre o sentido da vida...

Meu inglês não é a oitava maravilha do universo. Entendo muito bem, aliás entendo pra caralho, escrevo nível semi-analfabeto e falo com entonação índio apache com nuances de Joel Santana (mito), mas sou mega esforçada, devo admitir.
Ontem tive uma apresentação em inglês. Ganhei a atenção pelo carisma e didática. "Bela performance, você deveria ser professora!".

WAIT A MINUTE...

Eu já fui professora! E modéstia à parte, eu era das boas. As mães brigavam na porta da escola para que os filhos ficassem na minha sala.
Pagam mal, você trabalha além das horas em que está no trabalho, precisa ler, estudar pra caramba, mas foi um dos trabalhos mais recompensadores que já fiz na vida.
Não tem absolutamente nada a ver com recompensa financeira. Tem a ver com gostar do que faz. E admito, eu gostava.

No final do dia fui para o voluntariado ISPCC Ireland (Google, crianças). Baita trabalho maravilhoso com os pequenos seres humanos. Deu vontade de começar na mesma hora. Sabe quando te falam de uma atividade e você fica mega contente e quer começar naquele momento? Foi assim.


CRIANÇAS + EDUCAÇÃO+ ONG+ ARTE = Viviane Feliz.

Agora preciso encontrar uma forma de colocar isso no liquidificador e viver disso.
Aceito opiniões, sugestões, críticas e etc.

Ajuda a tia, aê!



domingo, 23 de julho de 2017

O sentido de sentir saudade

Saudade é um lance estranho. Comentei esses dias com um amigo italiano sobre o significado da palavra. Ele fala “homesick” e de verdade não acho que esta palavra adeque-se à saudade. Saudade é diferente, saudade faz cócegas no estômago, tem cheiro, cor, sabor, trás uma nostalgia, uma vontade de estar...

Ele reclamava da Irlanda e dizia-se com saudades da Itália, mas não podia voltar por conta do trabalho. Então eu lhe disse: “A gente só tem saudade daquilo que se foi. E nem sempre aquilo era bom. Um dia, quando você estiver na Itália, vai lembrar-se da gente tomando café e reclamando da Irlanda e vai sentir saudade daqui e de mim, e eu vou sentir saudade de você. Vamos lembrar desses dias em conversas pela internet e vamos dizer – que saudade daquele tempo!”. Ele riu e entendeu exatamente o que eu queria dizer sobre saudade.
Tenho saudade de algumas coisas. Saudades dos churrascos aos domingos em que jogava conversa fora em tomava cerveja com minhas amigas.  Lembro de um dia ter reclamado “Ai, gente! Todo domingo a mesma coisa. Que saco. Vamos fazer alguma coisa diferente!”, e cá estou eu com saudade disso.

A minha casa tem um cheiro, não sei explicar. É um cheiro de minha casa. O passarinho que canta pela manhã na minha janela é o meu passarinho favorito. Ele fazia isso toda manhã. No final do dia abria a janela da cozinha e ficava olhando o sol se pôr atrás de uma árvore bem grande que tem perto de casa.  A minha cozinha tem um buraco no chão milenar, um azulejo que eu sempre digo que vou consertar e tapo com um tapetinho de cozinha, até dele ando sentindo falta. A minha casa é pequena, desajeitada, repleta de coisas que eu prometo arrumar em algum momento, e nunca acontece. Mas isso serve para eu dizer que tenho um monte de coisas para fazer. Meu sofá de bolinhas marrom e meu cobertor vermelho faziam uma parceria perfeita acompanhada de uma boa sessão de Netflix. É o meu canto. Nada especial, mas saudade pra mim é isso. São coisas simples do dia a dia que marcam quem você é.

Tomo meu chá, olho o dia carregado de nuvens cinza com prenúncio de chuva. Reviro os olhos em tédio e repito a frase “Vai chover”. Depois deste texto, olho de novo, olho com sentido de gravar na mente este momento porque quando ele passar, vou sentir saudades.

A vida é uma eterna saudade. Afinal, não podemos ter tudo.

U2 - Dublin


Não vendi meu rim, não me prostitui (até mesmo porque já não dá mais), e consegui o ingresso por um preço “ok”. Cambistas existem em todo canto do mundo - acreditem!

Mais uma vez U2 e eu – 1998, 2006, 2011 (2 shows) e 2017. Ou seja, estávamos no nosso quinto encontro. O pessoal está mais velho, eu também estou, faz parte. Mas nem por isso deixamos de aproveitar uma noite de sábado sem chuva em Dublin. 

Sentei no meu lugarzinho numerado e respeitado por todos, num estádio com ótima visão do palco, e me preparei para ver o U2 tocando em casa. E realmente eles estavam em casa. Levaram os amigos, agradeceram a presença de todos por nome como se estivessem fazendo um churras em casa. E ainda pediram para que o estádio com 80 mil pessoas cantassem parabéns para um amigo que estava completando 50 anos no sábado do “Churras do U2 em Dublin”. E foi neste clima que eu vi um dos melhores shows do U2.

Quem espera que o U2 toque todos os hits, engana-se “The Joshua Tree Tour” tem outra pegada. Não tem palcos escalafobéticos, Bono não sai de um limão, nem de uma nave, não troca mil figurinos, o palco não roda, não tem garras gigantes, não faz transmissão ao vivo para outros países, nem ligações para amigos, como já foi visto em outros shows. “The Joshua Tree” é uma ode ao bom e velho U2.

The Whole of the Moon anunciou a entrada da banda e um estádio lotado que cantou junto.
Lembro que em 2011 dei uma boa chorada com Space Oddity, 2017 não foi diferente.

Pra começar a bagaça, já tocou uma sequência foda: Where the Streets Have No Name, One Tree Hill, Running to Stand Still, With or Without You, I Still Haven’t Found What I’m Looking For, Trip Through Your Wires e In God’s Country com arranjos diferentes e todas acompanhadas de discursos políticos sobre a Irlanda, e de como atravessou de forma digna a crise recente.

Isso fica mais evidente no início do mini 'Best Of' da terceira seção, com imagens de campos de refugiados sírios enquanto toca Miss Sarajevo. Em Ultraviolet (Light my Way) clama pelo empoderamento feminino com imagens de mulheres que representam o feminismo como Simone de Beauvoir.

Depois de levar alguns (eu, por exemplo) às lágrimas, ele retoma com a sequência infalível de hits Beautiful Day, Elevation and Vertigo fazendo o estádio todo gastar o pulmão e as pernas gritando e pulando. 

E no meio de grandes hits e histórias, a banda apresentou a nova música “The Little Things Give You Away”.

Sei que foi incrível, e mais uma vez U2 me provou o porquê foi escolhida como minha banda favorita. 
Entre poesia, música pop, política, arte, o show aqui em Dublin foi tudo que eu esperava e mais um pouco.



quarta-feira, 12 de julho de 2017

A bike e eu #5

Eu sou dessas que vê algo, acha incrível, e duas semanas depois está fazendo.
Sempre achei maravilhoso aquele pessoal saudável andando de bike, tomando açaí (eu odeio), com roupas ótimas, ostentando sua bike pelo mundo. E eu sempre tive milhares de desculpas para isso.
1) SP é perigosa 2) Os motoristas não respeitam 3) Tem muita ladeira...
Umas 20 desculpas, mínimo!

Mudei para Irlanda. Acabaram as desculpas. Todo mundo, até crianças, andam de bike pelas ruas.
Olhei, olhei, olhei, passei alguns dias observando. Ciclistas. O que comem? Onde vivem? Como pedalam? Como não morrem atropelados?
E depois de todo este estudo do meio, comprei uma bike. Aí vem a parte Mazzaropi feeling.

Comprei a bike no centro da cidade (moro bem afastada do centro). O caboclo me entregou a bike e disse um "Seja feliz". Eu não tinha ideia sequer de qual direção tomar. E a última vez que andei de bicicleta, meu pai tirou as rodinhas, disse "vai", eu caí, e nunca mais voltamos a ter uma boa relação - a bicicleta e eu. Fim.
Então, por quê raios eu comprei uma bicicleta? Porque eu sou brasileira e não desisto nunca.

Respirei fundo e me joguei no meio dos carros. Sempre uma oração na cabeça. E como Deus é grandioso, não me aconteceu nada.
Quando me senti segura, botei logo uma música para acompanhar e aí foi lindo.

Só que eu não tinha percebido um negócio mega importante. Uma coisa é você andar alguns quarteirões de bike, outra coisa é você usar como meio de transporte e pedalar longas distâncias. E é aí que a gente descobre que o plano não é tão plano assim.

Lá pelo Km 10 eu já estava morrendo. Eu não estava preparada para este evento, fisicamente falando. Já senti vontade de jogar a bike no chão e sair andando.
Aí você percebe que o caminho a pé é diferente do pedalando porque as ruas são contra- mão, e aqui o povo leva a sério esta bagaça. Bike segue a mesma regra de carro. O google maps decide te sacanear pra ver o quanto você quer mesmo pedalar. Aí você pedala mais 7 Km e a bunda começa a dar sinal de que não está nada bem. Suava feito uma porca! Já comecei a pensar que tipo de resgate poderia ser feito: táxi, helicóptero...porque não se entra no busão de bike.
Quando já estava perdida para um caralho, cogitei vender a bike por qualquer euro e pegar um busão.
Foi aí que Deus liberou a internet. Definitivamente era um teste divino.

Pedalei como se não houvesse amanhã. Porém, sempre há um amanhã.
Cheguei em casa que dava para torcer a camiseta. Dificuldade extrema para sentar no assento sanitário e as pernas com vida própria. Só pensava que no dia seguinte teria mais.
Acordei rezando para chover, já estava com a desculpa pronta - não pedalo na chuva. Fez um sol marroquino. E lá começamos uma nova saga. E assim tem sido, todo dia uma história com ela. Estamos nos conhecendo.
A gente não está num relacionamento sério. Eu não consegui assumir a bike como meu meio de transporte favorito e maravilhoso, mas não vou desistir tão fácil assim.














quarta-feira, 21 de junho de 2017

Não existe mais romance em lugar algum #4

Homens, vocês desapontam. Em qualquer lugar do mundo sempre há um imbecil. Um, não. Uma caralhada de homens imbecis.
Não sei exatamente o que andam botando na água, mas a relação anda cada dia mais difícil.
Há exceções? Sempre há. Mas não estou aqui para falar de exceções. Não me recordo da minha última exceção.

Estou no mundo, estou na vida, e estou para me divertir - claro. Mas devo admitir que nem divertido tem sido.
Não sei se a gente mudou e estamos mais disponíveis, ou perdemos o respeito, ainda não consegui identificar direito, mas os homens simplesmente não são mais homens.
Então, como um dever cívico, resolvi escrever sobre o tema.

Bora lá, meninos.
Sim, em algum momento ela vai fazer sexo com você. Vai acontecer, confie em mim. Pode ser no primeiro encontro? Claro que pode! Mas não é uma obrigação. Não entenda que pagar uma cerveja é equivalente a pagar por sexo. As coisas acontecem.

Romantismo não é só utilizado com quem a gente quer casar e constituir uma família. Ser gentil, educado, bom papo e etc, vale para qualquer situação, até mesmo aquelas que você não se interessou pela pessoa, fisicamente falando. Tenha paciência. Nada melhor do que algo conquistado.

Marcar um sexo. Eu sei que isso acontece. Mas parece que você marcou uma consulta ginecológica. 15h - sexo na minha casa - fim. Pode acontecer? Pode! É legal? Até é. É regra? Não!
Ser direto pode ser bem desagradável, ainda mais se está conhecendo a pessoa. Aí dirão alguns: "Quero deixar claro que é só sexo!". Você consegue fazer isso sem ser literal. Queimem alguns neurônios, usem a criatividade.
Como eu digo para algumas amigas "Me enganem um pouco. Eu sei o quê vai acontecer, não nasci ontem. Mas não precisa me mandar um texto por escrito, quase um contrato firmado de que será só sexo!". Chato! Isso é bem chato.

Não sei se o mundo mudou, ou eu que estou velha. Acho que os dois. Mas ando bem sem paciência para este tipo de approach.

Está faltando romance na vida. E quando eu falo isso, esqueçam os filmes. Estou falando de vida real. Estou falando de dois adultos se divertindo, se conhecendo melhor, dividindo um momento bacana, rindo, trocando, e mais uma vez, isso não é namoro, não é casamento, é só um jeitinho civilizado.
É bom caminhar pelas ruas e dividir um momento, mesmo que seja só um momento. É bom ter "namoros" de um dia. Que sejam leves, interessantes e porquê não, sexuais. Mas não deixem isso tatuado na testa. O mistério pode ser interessante para ambas as partes. Flertem, flertem, flertem, o sexo fica bem melhor depois de um bom flerte.

Depois de mais de três encontros horrorosos, eu só tenho isso pra dizer.






quinta-feira, 15 de junho de 2017

Dublin #3

No dia de hoje vamos aprender...
Sempre quis fazer um vídeo com este começo que todos os blogueiros fazem. Sempre começa com "No dia de hoje".

Bem, bem bem...É legal viajar? É sim, senhor. Mas antes de viajar vem a parte do planejar, que de fato é a parte mais mala (manja o trocadilho). Se for ficar um tempo na cidade tem coisas que precisam ser levadas em consideração.

Vou usar Dublin como exemplo.

Moradia: O mundo fala que é difícil encontrar moradia e etc. É um pouco, sim. Nada impossível. O problema é que todo mundo quer morar no centro. Aí, meu amigo, ou você é rico e aluga um lugar para chamar de seu, ou divide com 1983772 pessoas e um banheiro. Depende do seu grau de vontade$ de dividir sua privacidade.
Média dos aluguéis para dividir com um número indeterminado de pessoas - 330 euricos - No seco? às vezes inclui contas, mas outras não. Aí você põe mais 30 pilas. Internet aqui é bem barata. Telefonia no geral também.

Comida:  Ruim. Bom, deixa eu retirar os pêlos do coração. Pronto. Comida ok. Você acha um arroz bastili (parecido com o brasileiro), frutas, legumes e verduras num preço honesto, feijão ruim de lata num preço justo. Agora sobre o churrasco, esquece. Não terá. Carne? Esquece! Se você vem no modo econômico, vira artigo de luxo. Aquele bifinho bandejinha que a mamãe compra e faz acebolado, aqui custa em média 9 euricos. Não converte para não chorar.
Devo dizer que alimentação, pelo menos pra mim, tem sido uma boa despesa.
Outra coisa, fuma? Pare! Simplesmente pare! 11,30 euricos. Correspondente a duas paints. E se pensar em vigem...3 maços de cigarro = passagens para Escócia. Você quer ter câncer de pulmão ou viajar para Escócia?

Roupas:   Ah, chegando lá você compra! Hum, então, não é bem assim. Tem a Pennys (adoro o nome!). É barato? Sim, é. As roupas são legais? Hummmmm, não. Básico!
Comprei uma legging por lá que em 24 horas de uso já rasgou. Uso de pijama. Custou 3 euricos. Converte que é barato, meu povo. Mas a qualidade não é das melhores, não.
As demais lojas seguem o fluxo do Brasil. Coisas legais aqui você acha em brechó. Sim, seja vintage! E são brechós bem, bem, bem, legais.
Levo casaco? Não. Aqui vai precisar de um de chuva. Chove todo dia, não sei se mencionei.
Levo minhas roupas de frio? Se vier no verão, suas roupas de frio do Brasil servem pra cá. Olha que maravilha. Verãozão de 15 graus!

Transporte:  Luas, Darts, ônibus e bike. Ah, vou ser europeu e sair de bike por aí. É legal porque a cidade é pequena e plana. Mas você precisa ser resistente ao frio, chuva e vento. Vento aqui é um negócio sério, meio que te arrasta mesmo. Além disso, precisa conhecer as normas de trânsito e condicionar o cérebro à mão inglesa. Uma bike custa em média 120 euricos (uma boa!), você vai até achar por 50, mas não dura muito e a manutenção pode ser constante, tem que colocar na ponta do lápis. Se você for morar no centro e fazer tudo no centro, tem as Dublin bikes.
O busão é cobrado por trecho. Então você entra e fala pro motorista pra onde você vai. Lembrando que não existe trôco. Ande com moedas ou faça um leap card.
Uber não é uma opção em Dublin, mais caro que táxi. Tem algumas questões políticas envolvidas, logo o pessoal daqui não usa.

Passeios: Tô morando nesta bagaça e quero passear. Em média 25 euricos. Não sejam as pessoas que andam no busão turístico e depois dizem que conhecem a cidade. Andem, amores, só andem. Saiam do centro. Peguem o rio Liffey e siga o fluxo. No caminho vai encontrar coisas legais.
Eu não sou guia turístico. O que fazer em Dublin tem em qualquer site. Não seja preguiçoso!






Da série - Eu não sou esta pessoa.

Aniversário pra mim sempre é momento de reflexão. Bem mais que ano novo, bem mais que qualquer outra data. Afinal, é a minha data, o meu ano novo.
E eu comecei a fazer uma lista de coisas que eu acho que sou. Se bem que ser é muito complexo. Não entremos em questões filosóficas.
E, quando pensei em mim, lembrei que as pessoas me acham engraçada. Gastei um tempo pensando sobre isso.

Tempo atrás encontrei uma pessoa com a qual não tinha muita intimidade, mas que já trabalhamos juntos. Me conhece pouco e acompanha redes sociais.: "Vivi, você é muito engraçada!". Rio demais com os seus comentários e postagens.
Estranhei a frase, e também não soube colocar na caixa do elogio, não sabia onde colocar o adjetivo. Ri amarelo. Sequer agradeci. Não sei se a gente agradece por ser engraçado.
Minha mãe só tinha me ensinado a agradecer quando te dão as coisas, ou te acham bonita. Ela nunca me falou muito sobre o engraçado. "Vivi, se te chamarem de engraçada, agradeça!".

Tenho um outro amigo que faz uma introdução às pessoas sobre mim."Você precisa conhecer a Vivi. Você vai rir demais com ela. Super engraçada!". Aí já me sinto na obrigação de sacar o livrinho de anedotas do Ari Toledo. E eu sou a pior pessoa do mundo para contar piada, juro!

Conheci uma irlandesa dia desses, e com meu inglês nível "The book is on the table", a vi rir de descer uma lagriminha no canto do olho. Se bem que acho que ela ria do meu inglês mesmo, não do que eu estava falando. Mas no final soltou: "Você vai se dar muito bem por aqui. Você tem uma grande personalidade e é bem espirituosa".

E agora, acrescentando mais uma unidade no meu ano de vida, descubro que sou engraçada e espirituosa, segundo os outros.

A cruel realidade é que sou muito, muito, muito, muito, mau humorada, reclamona, preguiçosa, chata, e à vezes, um mood Charlie Brown - Peanut  (Óh, vida..Óh azar), uma excessiva melancolia com doses pequenas de depressão e bipolaridade. E o que é engraçado mesmo é as pessoas não perceberem isso.



quarta-feira, 7 de junho de 2017

A tia dos paranauês #2

O título já diz tudo. Esta sou eu.

Pensa assim, a maioria das pessoas que te cercam tem mais ou menos 15 anos a menos que você. E convenhamos que quando você tem 70, isso não faz muito diferença, mas quando você está na casa dos 30 e mais umas unidades quase mudando para outra casa decimal, dá uma pesada. E esta diferença grita!
Aí você já sabe. Não dá para vencê-los. Não quero ser mãe de ninguém. Não ando cuidando nem de mim ultimamente. Logo, junte-se à eles e torne-se a tia que manja dos paranauês.

Temporariamente estou numa casa com 7 pessoas. Eu! Eu que vivi os últimos 10 anos sem dividir a casa com uma tartaruga estou com esta galera, e sou a mais velha da casa - óbvio - eu já estava mentalmente preparada pra isso. Fiz yoga, pilates, corridas, e toda uma preparação física e mental para seguir sem grandes danos para eles, e para mim. Tem funcionado.

Já posso classificar este ano como o ano mais jovem da minha vida. A convivência com pessoas com ideias tão diferentes da minha, pessoas que começam a ver o mundo agora, que descobrem coisas que eu já sabia faz um tempo, é bem divertido. E com este pessoal todo dia é uma nova descoberta. "Sério mesmo que preciso colocar minha roupa de molho?" "Agora entendo quando minha mãe dizia para não andar de meia!" e por aí vai.
Então, se você tem filhos, tirem esses bostas do ninho e joguem no mundo, vão receber de volta pessoas muito melhores.

Já dou conselhos sentimentais, pergunto sobre o dia, tiro dúvidas sobre temas polêmicos, falo mal dos pais deles, e rezo para que se um dia eu for mãe, seja tão moderna e descolada quanto sou hoje. Afinal, dar conselho pro filho alheio é fácil.

Semana que vem mudo para a versão menos Malhação. Longe do centro os "xovens" não querem morar. Então vou me juntar aos "old school" de D11.

Irlanda - Dublin #1

Bem, bem, bem...Como já é sabido pelos mais próximos, ou os que de alguma forma resolvem dar uma olhada nas redes sociais, estou na Irlanda. Sim, caros, mudei para Dublin.
E você se pergunta "Why, Father?". E eu respondo "I don´t know".
Mas vamos a um panorama geral. Tipo resumão da novela.

Estava indo trabalhar num lindo setembro em SP quando do nada, no meio da estrada, veio um troço que disse:"Run, Vivi, run" (estou muito gastando o inglês)! O famoso "Fuja para as montanhas". E, como tudo na minha vida, nada muito pensado, vim parar aqui em Dublin. E agora começa a minha saga Vivi na Irlanda.

Teremos choro? Teremos, sim senhor.
Teremos risadas? Teremos, sim senhor.
Teremos drama? Claro! Sou eu!
Enfim, este misto quente aí em cima. E plus perrengues!

Cidade Dublin - É um lugarzinho no meio do nada com sabor de chocolate por onde vagam gnomos. Esta é a minha definição para a cidade. É uma cidade pequena, vim de SP, logo tudo é pequeno.
O clima? Ah, o clima merece uma saga a parte. Mas um resumo é - chove. Chove pra caraleo. Venta? Claro que venta! Que graça teria você pegar um dia maravilhoso de chuva e não tomar uma rajada de vento na cara? E o sol? Quando ele aparece é quase feriado. As pessoas saem de casa correndo como se não houvesse amanhã. Para suprir a ausência do sol, alguns tomam vitamina D em cápsula. Você já deve ter ouvido falar das irlandesas laranjas. Sim, o bronzeamento artificial deixam as mocinhas laranjas. E com 4 estações no mesmo dia, Dublin segue seu clima "sou interior mas não contem pra ninguém".

Irlandeses - Amores, aqui é a casa do Bono, viado! Só aí você já tem uma pequena ideia do tipo de gente que habita a ilha. Aliás, já me disseram que ele vem no Natal e anda pela cidade fazendo um som. Me diz se não é a melhor pessoa?
Super, mega, blaster, uper, simpáticos. Te ajudam mesmo quando você não pede.
Bebedores de cerveja natos, dão um banho em qualquer brasileiro que acha que manja dos paranauês.
Boas risadas, boa conversa, e não achem que o cidadão está dando em cima de você. Ele realmente só está sendo educado. 
NÃO SÃO RUIVOS! Aqui não é a terra das pessoas ruivas. Vi uns 3 até agora. Já me sinto enganada.
Mas independentemente da cor do cabelo, credo, religião, peso, altura, já estão na minha lista de pessoas do mundo que são boas de conversar e tomar cerveja. Sim, tenho esta lista.

E é neste resumo de cidade e pessoas que começo os relatos da fase Dublin do seriado da minha vida.
Sempre com aquela promessa de escrever mais e etc.










sexta-feira, 5 de maio de 2017

Largue este cigarro e o bacon também

Em 2013 eu resolvi que iria parar de fumar, correr, e finalizar o ano correndo a São Silvestre.
Com 16 quilos a mais que hoje, todos riram. E mandaram um sonoro "Senta lá, Cláudia" (estava na moda). Enfim, até eu ri.

Em fevereiro parei de fumar e comecei a caminhar todos os dias. Todo dia era dia. Com chuva, sol, vento, e se no Brasil nevasse, com neve também iria.

Na verdade eu fui desafiada aquele ano. Um babaca, que depois virou meu amigo, soltou a pérola "A Vivi é legal, mas ela é gorda!". Gordofobia é ridículo, todos sabemos disso. Mas não sei porquê levei pro desafio. E não pensei duas vezes em mudar o cenário. Só para esfregar na cara do babaca. E não é que o babaca me ajudou?

Nem tudo nesta vida é perfeito. Em 2014 mudei de emprego. Tinha um chefe fumante. E para passar mais tempo com ele, ter oportunidade de conversar e etc, voltei a fumar. E era algo meio, só de vez em quando.
Não existe "vez em quando" quando  o assunto é vício. Seja ele qual for. Voltei a fumar em 2014. Parei de fazer exercícios porque o ritmo de trabalho não permitia. E deixei a vida correr em 2014, 2015. Em 2016 comecei num novo emprego. E tudo é motivo para fumar. Aliás, sempre tenho desculpas. Estou estressada, ansiosa, nervosa, feliz, bebendo, comendo ou qualquer que seja. Sempre acho uma boa para fumar. Justificativa nunca falta.

Bem, nos últimos meses tenho comido como se não houvesse amanhã, mas sempre há, acreditem! E fumando como se estivesse no meio de uma defumação.
Comecei a assistir Grey´s Anatomy, e agora acho que vou ter um infarto a qualquer momento. Tenho histórico familiar, e sou hipocondríaca. Sendo assim, se é hipocondríaco, não assista Greys Anatomy. Já tive todas as doenças raras que os episódios mostram.

Numa tentativa de voltar a correr quase coloquei meu pulmão inteiro pra fora. Chegava a arder. Foi aí que decidi, não rola mais fumar. Se quero ter disposição para fazer atividades físicas, preciso parar de fumar. Agora vai fazer 48 horas que não fumo. Quero matar alguém? Sim! Quero fumar desesperadamente? Sim. Mas vamos firme e forte comemorar as próximas 24 horas, até formar um mês.
Mês que vem faço aniversário, e não estou ficando mais nova, infelizmente.
É hora de parar!

E o bacon? O quê o pobre bacon tem a ver com isso?
Não dá para consumir bacon como se ele fosse um desentupidor de veias.
Evitar gordura, muito sal...Cheguei nesta fase.

Obrigada pelo carinho, bacon. Mas estamos em uma relação aberta e não serei mais fiel.



quarta-feira, 26 de abril de 2017

Sabatizando...

Era um dia qualquer de setembro quando eu estava indo trabalhar. Tinha acordado cedo, tendo saído tarde. Acho que fiquei 5 horas na minha casa - não mais que isso com certeza. E naquele dia, pegando a estrada para o trabalho, decidi que não estava mais legal. Simplesmente não estava mais legal.
Um remake mal feito do ano de 2011, era exatamente esta a sensação. A sensação de ter rodado, rodado, e parado no mesmíssimo lugar. Impotência. E pensei: "Vou passar quanto tempo mais fazendo algo que eu não gosto?"

Na ocasião estava ensaiando para uma peça que tinha um poema do José Régio. "Não sei por onde vou, não sei para onde eu vou. Sei que não vou por aí" (Cântico Negro). E foi por esta frase que decidi simplesmente não ir mais para aquele caminho que não me fazia feliz.
E dali comecei um plano de sair do lugar onde estava trabalhando ao completar um ano - em março. Mas o quê eu vou fazer? O quê eu quero fazer? E todas aquelas perguntas da adolescência quando você precisa escolher uma profissão voltam à mente.

E foi com um monte de perguntas sem respostas certas que decidi parar. Ficar um ano sem trabalhar. Ter um ano para pensar sobre o quê eu quero da vida. Pode ser que eu descubra que realmente gosto do que faço e só estou cansada. Pode ser que eu mude completamente de profissão. Pode ser um monte de coisa. Mas gosto da possibilidade do "pode ser". E vou dedicar este tempo ao "pode ser".

Aí vem a pergunta. Tá, você decidiu que não vai trabalhar até o próximo ano, e vai fazer o quê?
Juro que responder isso para as pessoas, que já sabiam da decisão, está ficando cada vez mais chato. As pessoas sempre perguntam "E quais os seus planos?", e eu sempre retribuo com um sorriso amarelo. O meu melhor sorriso amarelo.
A gente tem esta necessidade de sempre saber o próximo passo. Precisamos de agenda, atividades, problemas para resolver, até mesmo para conversar com as pessoas. Reclamar da vida é uma conversa.
Precisamos trabalhar para comprar coisas, compramos coisas que dão trabalho porque precisamos sair de casa, pegar trânsito (se mora em SP sempre terá trânsito), reclamar do preço, mostrar para as pessoas que compramos, nos convencermos de que compramos porque merecemos, afinal trabalhamos demais e etc, etc, etc...Rola um ciclo! E eu só quero dar um tempo deste ciclo.

Sendo assim, num primeiro momento estou indo para Dublin no dia 2/6 (exatos 37 dias). Vou estudar, viajar, conhecer pessoas, viajar...E tenho uma lista mental do que espero fazer, mas nem coloco no papel para não virar obrigação.
Espero poder finalmente ir à Índia e todo o blá, blá, blá que quem me conhece sabe muito bem. O meu "Comer, Rezar, Rezar, Comer, Comer...............e quem sabe...........Amar" particular.
E é isso. Simples assim.
Ou seja, nos próximos meses terei bastante tempo para escrever besteiras, e muito assunto também.

Ah, ninguém lê isso aqui mais? Ok, vou escrever mesmo assim.


Ser mãe.

Você não sabe o quê estou dizendo: "Você não foi mãe".

Eu acho que tem idade para ouvir certas coisas, quando ouvia o famoso "Você ainda não é mãe", nunca me incomodei. Aquela frase fazia sentido e era uma verdade. E, eu achava que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, naturalmente...

Não, não estou jogando a toalha. Mas juro que ouvir o verbo no passado "não foi mãe" deu uma certa tristeza ao meu útero. Ele ficou meio deprê com isso. E a frase ficou como aqueles ecos de filme barato: "Você não foi, você não foi...mãe...mãe...mãe....".

Eu não sei vocês, mas quando eu era criança a minha família de brincadeira nunca tinha filhinhos.
Eu nunca queria ser a mãe da brincadeira. Eu gostava mesmo era de dar beijo no marido e sair para trabalhar junto com ele. Dava beijo em todas as oportunidades. E este negócio de sair para trabalhar, sempre rolava um selinho, e era assim que eu beijava os meninos.
Então eu não queria este negócio de ser mãe. A mãe não beijava os meninos. Na verdade as mães quase faziam uma brincadeira solitária: limpavam fraldas, davam papinha e balançavam a boneca. Eu achava mais divertido dar o beijo mesmo.

A frase do começo do texto me fez voltar até à infância. O quanto uma frase nos faz refletir.

Não contente com a reflexão da infância, fiz a limpeza das redes sociais e descobri que muitas amigas já são mães. Muitas, muitas, muitas, e muitas conseguem ter mais de um  - heroínas  - sem dúvida alguma. E eu? Segundo a autora da frase "Não fui mãe". Fiquei incomodada? Opa!

O meu incômodo é a frase no passado, é as pessoas te olharem com aquele olhar triste de "Pobre mulher que não soube a dádiva de ser mãe". Queria deixar claro que às vezes devolvo o olhar com o meu "Pobre mulher que tem dupla jornada, vive cansada e sequer teve tempo de retocar a raíz do cabelo". Não se pode ganhar todas. A vida tem dessas coisas.

Mas enquanto há óvulos, há esperança! Sou a doida do bebê? Jamais! Mas às vezes dá aquela pontinha de "invejinha branca" quando vejo fotos de bebês fofos. Aí pra dar uma amenizada na cara de gato de botas que faço ao ver bebês fofos, vejo os filhos adolescentes malas pra cacete, e logo passa o sentimento. Porque como disse, não se ganha todas.  Eles crescem! Vão pro mundo e seguem suas vidas. E no instante seguinte você é a pessoa que ele TEM que visitar no domingo.

E no meio desta reflexão, nada profunda, superei a frase do dia. E dei uma modificada nela: "Eu não SOU mãe, AINDA".







sexta-feira, 3 de março de 2017

Carnaval - melhor feriado que não é feriado.

Carnaval é bagunça? É sim, senhor!
Carnaval é a festa da carne? Sim, senhor!
Carnaval segue o lema "ninguém é de ninguém"? Também.
E sim, é meu feriado favorito. Por conta disso tudo mencionado acima? Não.

Primeiro, este negócio que começa com "Em um País em que os pobres (e um textão)...", utilizado no momento do Carnaval, pra mim é hipocrisia. Infelizmente o Brasil é uma zona. Então não me venha com o moralismo do Carnaval.
A zona acontece o ano inteiro. Somos roubados, lesados, surripiados, feitos de trouxa, o ano todinho que Deus deu. Sendo assim, me deixe rir de algumas coisas por 4 dias, ou melhor, 7...depende da inspiração. Então, realmente me irrita falso moralismo no Carnaval. Não gosta? Fica em casa vendo Netflix e não irrite os demais, simples assim.

Como diz minha mãe "Viviane gosta da festa". Sim, sou dessas. Não saio beijando Deus e todo mundo, e não uso o Carnaval como desculpa para nada. O que tenho que fazer, faço em outros dias, sem o menor problema.
Eu gosto das cores, da festa, das marchinhas, da purpurina, do glitter, do sol na cara, das pessoas cantando na rua, da criatividade das fantasias, do amor, da felicidade, da dança, da expressão de diversas culturas, enfim, eu gosto do Carnaval.

Mas como em tudo na vida existe o outro lado...

Em mais um ano, trabalhei num hostel. Então recebi gente do mundo inteiro. E, cada ano que passa, fica mais difícil explicar o Brasil e os brasileiros. Como quando o caboclo coloca num canal aberto e vê uma cu verde, e me pergunta:"Pode passar isso na TV aberta?" - Ou ainda quando um cara faz uma pegadinha de mijar na rua feito um cachorro: "Ele não vai ser preso por isso?" - Ou as plaquinhas espalhadas pelo RJ com o aviso de zona de assalto: "É sério isso, ou é piada de Carnaval?".
Os anos passam, e está mais difícil explicar um trem de assalto - o bonde da praia roubando utilizando isopor de cerveja para colocar bolsas roubadas - não deixar o vidro do táxi/uber aberto com o celular na mão porque eles entram pela janela e roubam (quase aconteceu comigo) - sobre ter cuidado ao tirar fotos - sobre o celular no bolso que em 100% das vezes somem nos blocos. Enfim, vai ficando mais difícil.

E mesmo assim, você ama esta data horrorosa?

Sim. E muito! Porque se for racionalizar tudo que acontece, você não vive, não aproveita, não se diverte. Carnaval serve para desligar a mente dos problemas por um momento.
E não é que tudo acaba em samba. Pra mim, mesmo não sendo a maior fã de samba, ainda bem que temos o samba.