terça-feira, 4 de março de 2014

Meu amigo David

Ontem fui à exposição do MIS  - David Bowie. Uma fila descomunal e desumana de quase 2 horas. E conversando com meu amigo chegamos à conclusão que isso era bom. Em pleno carnaval, as pessoas estavam fazendo fila para ir em um museu. Tempos melhores, concordamos.

Meu primeiro encontro com David foi na década de 90, término da minha infância, quando vi Labirinto. Estava apaixonada pelo Rei dos Duendes. Sabia as falas de trás pra frente. Prometi que me casaria com uma das músicas do filme. Não casei ainda, David. Pretendo manter nosso combinado. É um conto de fadas cult. E eu amava aquele filme. Alugava a fita VHS toda semana (sim, fazíamos isso na década de 90). E num caderno anotei todas as falas.

Quando completei 15 anos, esqueci do David. Desculpe, David. Já estava na minha fase "rebelde" e comecei a ler Christiane F (clássico). Christiane era fã de Bowie. Não pensei duas vezes, retomei meu encanto por Bowie. Que agora era símbolo de rebeldia.

No final da adolescência, tinha uma banda que tocava no bairro do Bexiga, chamada MIG 25, que tocava algumas canções do Bowie. E mesmo não sendo meu artista favorito na época, foi trilha sonora de vários momentos da minha vida.
Jamais fui fã de carteirinha do Bowie. Fã mesmo. Aquelas que sabem tudo do seu ídolo. Mas tinha uma admiração gigante por aquela androgenia corajosa.

Ontem reencontrei Bowie. E a minha admiração continuava intacta. Como já era de se imaginar "Bowie é Bowie". Parece pouco dizer isso, eu sei. Desculpe, David. Mas sou limítrofe...
Queria ser genial como você. Queria ter essa inteligência desafiadora que você tem, mas sou humana. Parece que você não é daqui deste planeta. Observava a gente de Marte, desceu para buscar água e ficou. Nós, terráqueos, nunca saberemos de fato o que fez com que ficasse neste planeta esquisito. O estranho somos nós. Você sempre soube disso, e zombou na nossa cara.
Que continue zombando com sua criatividade. A gente vai continuar olhando, se espantando, e tentando entender. Só tentando. Nunca conseguiremos.
Sabe, David, existe vida em Marte. O Major Tom e você, já sabiam disso.

Fique por aqui, fique à vontade. Desculpe o mau jeito. A gente aqui na Terra não sabe nada do mundo. Obrigada por tentar nos ajudar.



Carnavalescos

Todo ano, sabe-se lá Deus o motivo, eu prometo que terei um carnaval fodástico. A lá 2009 - Rio de Janeiro.

E todo ano passa da validade, e eu não faço nada. Normal. Essa minha apatia carnavalesca é habitual. Salvo alguns carnavais em que dancei axé como se não houvesse amanhã,outro que desfilei por uma escola de samba, e um que corri pelada pelo mato, meus carnavais são básicos.

Não espero mais me superar no Carnaval. Ter um carnaval apoteótico, sabe? Daqueles que precisamos de RG para lembrar do nome. Não tenho mais fígado para isso. E se pretendo chegar aos 70, com dignidade, é melhor que seja assim.

Passei da fase do ninguém é de ninguém. Da mistura de línguas, cheiros, cores e amores que acabam na quarta-feira de cinzas. E se me perguntarem se gosto de carnaval, responderei que sim. Gosto demais de carnaval. São dias em que eu vejo o ser humano é mais humano. Diferente do Natal que as pessoas fingem ser anjos caídos de algum presépio, é no carnaval que vemos a vida real. Extintos primários, caro colega de leitura. Extintos primários.

E se precisamos de máscaras, perucas, narizes, fantasias e datas especiais para sermos nós mesmos, que assim seja.

E os filhos do Carnaval nascem no Natal. Acho isso de uma poesia ímpar.