domingo, 19 de janeiro de 2014

Ninfomaníaca

Sabe aqueles filmes que você não decide se gosta, ou não? Então, ainda estou com esta sensação.
Hoje fui assistir Ninfomaníaca. Aliás, não vá sozinho. É o típico filme que você precisa de um amigo para comentar no final. Fui sozinha.
Sai do cinema meio sem rumo. Sem saber o quê pensar sobre o filme.

O filme começa com um rock alemão da banda Rammstein. Gosto de rock, mas sexo e rock é tão batido, tão clichê, que já fiquei meio com o pé atrás. Mesmo achando a música sensacional.

Sempre me interessei pelo tema. E sei que ser ninfomaníaca não é qualidade que se coloque no currículo, ao contrário do que muitos pensem e fazem. Ser "insaciável", é diferente de ser ninfomaníaca. Ninfomania é uma doença. E nunca vi doença ser algo desejável. Aiás, não existe homem ninfomaníaco. Ninfomania é uma doença feminina.

Eu fui ao cinema esperando entender a origem. Fui esperando algo mais psicológico. Nudez, quando não diz nada, é só nudez. E já passei da fase de me impressionar com gente pelada.

As cenas de sexo são fortes. Mas são só cenas de sexo. Sexo sem muito contexto, sem muita explicação de como se chegou àquele ponto. Sai sem entender a mensagem. Sem entender o motivo da compulsão de Joe. Talvez a explicação venha no volume 2. E sim, vou assistir. Não sou de deixar as coisas pela metade.

Ninfomaníaca é um filme que incomoda do começo ao fim. Tem boas sacadas, texto irônico que tira boas risadas. Didático em situações desnecessárias, e faltam explicações em momentos importantes.
A ideia era passar sensações. Só senti nojo. E acho que essa talvez não fosse a intenção.

Confuso. Um filme bem confuso sem mensagem bem definida. E acho que só por isso, já vale a pena levantar o traseiro do sofá e ir ao cinema. Seja para criticar, elogiar, tirar conclusões.
Hoje o cinema estava lotado, e ouvi um casal conversando:

- Sexo dá dinheiro, heim?

Nunca duvidei disso. Sexo dá dinheiro, gera curiosidade, e faz bem à saúde.

Dinossauros adolescentes

Deve ser difícil ser adolescente hoje. Não, não deve ser difícil. Deve ser foda mesmo.
Lá nos tempos dos dinossauros, minha época, já não era bolinho. Hoje então, deve ser trabalho de Hércules.

A começar pelo tal rolêzinho. Ir ao shopping com mais 299 adolescentes, sair correndo pelas escadas, assustar as pessoas, correr o risco de tomar uma surra da polícia, aguentar bala de borracha nas nádegas. Nossa, cansei só de pensar.

Atualizar as redes sociais. AS REDES, porque adolescente de raíz tem no mínimo umas 5. E pra atualizar tudo isso?

Além das redes sociais, tem que entrar no Youtube todo dia para ver qual é o último videoclipe de alguma fulana que era famosa ontem, e amanhã não será mais. E pra decorar tudo sobre a tal fulana? Muda muito rápido.
Eu gostava de U2, e sempre gostei e continuei gostando. E é o que eu gosto até hoje. Acho que por preguiça de ficar procurando coisa nova.
Pra ver um clip novo era um parto. Tinha dia, data e hora para assistir na televisão. E se perdesse, negão, estava fodido, tinha esse negócio de Youtube, não.

Muito me preocupa a questão das fotos. Nós dinossauros tirávamos foto numa máquina com filme (não, não de cinema), tinha um rolo dentro das máquinas, parecido com filme de cinema, e nós tirávamos fotos. Aguardávamos dias e dias para ver o resultado. E não tinha delete, não. O que saiu, saiu. E era isso. Carregamos aquela foto lixo para o resto da nossa existência como sendo uma recordação da adolescência. Acho que por isso éramos feio. Já notaram que não existe adolescente feio nos tempos de hoje? Com este negócia de Instagram, não conheço um que seja feio. Mas deve dar trabalho ficar tirando esse monte de fotos. Na minha época era uma só, e ainda escondido da minha mãe. Não se gastava filme tirando várias fotos nós mesmos.

Nós tínhamos televisão. Hoje os adolescentes têm televisão. Mas não assistem. Tem tanta coisa pra fazer, que a televisão ficu obsoleta. Televisão é coisa de dinossauro. Adolescente tem iphone, ipod, e qualquer coisa com "I". E pode fazer tudo ao mesmo tempo. E tem TV à cabo. Eu male male tinha a MTV (já extinta dos padrões paleolíticos). E mesmo assim, era um trbalho desgraçado fazer aquela merda de TV funcionar. Haja bombril, meu amigo. E quando conseguia fazer funcionar, era horas grudada na televisão. Não sei se conseguiria assistir TV - postar no FB - Tirar uma foto - fazer um rolezinho - conversar no Whatsapp - skype - fazer as unha - tingir o cabelo de rosa - e ainda chupar cana. Adolescentes, vocês são demais!

Só queria contar um segredo para vocês. Tem uma galera nascendo aí. Sim, eles superarão vocês. E aí terão que explicar que porra foi essa de Justin Bieber, Selena Gomez, Hannah Montana e a porra toda. E sabe o que é pior, vocês registraram tudo isso na internet. Na minha época internet era artigo de luxo. Não tem uma evidência de que eu gostei de Menudos, por exemplo. As fotos com cabelo ruim, não foram tiradas, minhas opiniões estão em diários ue só eu tenho acesso.

Deve ser foda ser adolescente hoje. E o pior, o mundo inteiro sabe.

Reflexão de Telemarketing

Não sei qual era a ideia. Mas não funcionou.
Faz uma semana que uma consultora do Santander tenta falar comigo. Ando um pouco ocupada no trabalho, e sempre peço para ligar depois. Na sexta-feira a noite, resolvi ouvir o que a moça tinha a dizer. Afinal, já estava insistindo desde o começo do ano.

- Boa noite, senhora Viviane. Meu nome é Alexandra do banco Santander.Quero falar um pouco sobre a sua conta.
- Ok, Alexandra, pode falar.
- Antes de mais nada, gostaria de parabenizar pela escolha de manter o relacionamento com o Santander. Aproveitar para lhe desejar um Feliz 2014 e ouvir seus planos para este ano.
- Nenhum.

(silêncio)

- Um momento por gentileza, senhora Viviane.

(silêncio)

- O Santander agradece sua atenção. Boa noite.

Simples assim. Eu precisava falar sobre meus planos para 2014. Como não tinha planos, não ouvi a proposta. Acabei com o texto da moça.

Achamos o ser humano previsível, né? Já imaginamos a resposta. E quando aquela resposta esperada não vem, não sabemos como agir. É por essas e por outras que já não espero mais nada. Sem expectativas mesmo. Vamos tocando este barco de acordo com o vento. Sem planos a longo prazo. Assim evito a frustração.

Frustrei a moça do Santander. Desculpe, Alexandra. Não era a intenção. Mas antes você do que eu, ok? Nada pessoal.

Devo ter virado case do Santander. Logo me mandarão uma proposta de plano de saúde incluindo terapia, sei-lá. Mas juro que fui sincera.
Nao tenho planos. Tenhos pensamentos, vontades, desejos, sonhos, mas não tracei um plano. Sempre faço planos. E só pra ser do contra, 2014 está sem planos.

Tem a ONG, o livro, a música, a viagem de férias, arrumar o piso da cozinha, ver algum jogo da Copa, ir mais à praia, pular carnaval, beijar na boca, ser feliz, dar risadas, ver meus amigos, ir ao cinema, ler bons livros, ver mais minha família, visitar minha avó, correr uma meia maratona, acho que a do RJ, em 2015 ir para NY e correr a Maratona...

Ok, tenho planos. Impossível não ter!

domingo, 12 de janeiro de 2014

O inferno dos infernos


Ah, o inferno são os outros, já diria Sartre.

Sinto em informar, mas não temos problemas. O problema sempre é o outro. Estava tudo bem até o outro aparecer. Mas será que estava?



Você leva uma vida de merda durante anos, anos, anos e anos.

Um belo dia, aparece algo que realmente vale a pena. Mas lembremos, o inferno são os outros. E o quê apareceu, e fez sua vida ficar um pouco menos monótona, foi um outro. Pronto, inferno iniciado. Tudo de ruim que acontecer daqui pra frente é culpa da ausência do outro. Hey, mas não estava vivendo uma vida de merda antes do outro aparecer? Acho que o inferno somos nós mesmos...



Parece que as coisas estão bem, e de repente, não mais que de repente, um monstro que estava adormecido, escondidinho dentro da gente, resolver colocar as garras para fora. Pernas pra quê te quero. Corram para as montanhas porque daí pode surgir algo inesperado. Tenho medo do ser humano com excesso de emoções.



Eu ouço. Acho que é isso. Gosto de ouvir histórias. E eu pergunto, de fato quero saber. Sou uma fofoqueira de primeira. Me interesso pela vida alheia. Mas gosto de fatos reais, e sempre ouço o protagonista, nada de coadjuvantes. Não recuso um convite pro boteco, não adianta. E pode ser de qualquer um. Se o porteiro do meu prédio me convidasse, ia. Vai saber o que ele tem a dizer?



Nos últimos dias tenho ouvido muitos relatos apaixonados. E eu, com ausência total de paixão, sempre sou fria e calculista, e até grosseira (talvez por inveja).

Se queremos tanto esse negócio de amor, por qual motivo este negócio faz as pessoas sofrerem? E digo mais, se faz sofrer, por que buscam tanto?



É uma valsa. Eu quero namorar – começo namorar- minha está vida linda – minha vida vira um inferno – acaba tudo. E aí, mesmo conhecendo o ciclo, as pessoas entram de novo na valsinha. Motivo? É impossível ser feliz sozinho. É a valsinha que dá animo pra viver.

Sabe, pra mim, o inferno é o amor. Não é culpa do s outros. Se fossemos todos robôs numa missão em Marte, não teríamos inferno. E se não tivéssemos inferno, seria uma merda.

Viva ao inferno. Viva aos outros. Viva à valsinha. Viva ao amor.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Passos para jogar a toalha

Acho que foram 3 ou 4 mensagens. A tecnologia nos faz sofrer mais, sabia? Antigamente, no tempo em que não havia celular, a gente ligava e quando a pessoa não estava afim, ela não atendia o telefone de casa. Pedia para alguém dizer que não estava "Ah, fulano??? (voz alta com o nome da pessoa). Então, ele não está". Esta era a deixa para desistir de um futuro algo que ainda não tinha sido definido.
Mas em tempos de tecnologia, a gente percebe o toco online. Funciona mais ou menos assim, você manda uma mensagem via Whatsapp, aí o fulano aparece online, então já se sabe que está lendo. E depois disso, nunca mais se recebe a resposta. Simples assim, toco anunciado de forma tecnológica e nada sutil.

Foram 4 mensagens, agora lembrei. Porque não contente em saber que havia lido, e não respondido, eu achava que meu texto não tinha sido bom o suficiente, então tentei melhorar por 4 vezes. E continuei sem resposta. As últimas 2 foram uma de feliz Natal, e uma outra e ano novo. Esta foi a última. Porque este lance de ano novo merece respeito. E ao perceber que não haveria resposta, é chegada a hora de desistir.

Como se desiste?

Como toda mulher faz, oras. Seguindo os passos da desintoxicação, assim como no AA. Seguindo os 12 passos.



- Primeiro entra-se no Whatsapp - bloqueia e deleta;
- Passe-se pelo Instagram, lá você coloca a opção privada e deleta a pessoa;
- Depois, vai pro twitter, e deixa de seguir;
- O terceiro passo é o Facebook, simplesmente "deixar de ser amigo";
- Vasculha na sua rede social as pessoas mais próximas do ser a ser deletado. Lá você bloqueia as pessoas. Para evitar ver foto e comentários. Lembre-se, estamos deletando uma pessoa!
- Apague back ups. Sempre deixamos o telefone anotado em outro lugar. Tiramos do celular somente por preocaução ao alcoolismo;
- Não finja felicidade excessiva. Algo como CARALHOVEJACOMOESTOUCURTINDO. Mentira deslavada. Dê-se o direito de ficar chateado;
- Xingue, mais xingue muito a pessoa. Inove nos palavrões, palavrões sempre te colocam no eixo e te devolvem a calma. Lembre-se que ninguém é perfeito. Nem o ser causador da sua desistência.
- Existe o território proibido. Bares, boteco, parques e afins, lugares que sabe que há possibilidade de encontro.
- Nada de momento "Maria do Bairro". Ouvir músicas para forçar choro. Além de causar rugas, lembre-se, você desistiu.
- Gaste tempo, dinheiro, gaste tudo que puder e quiser com você. Não gaste vela com Santo que não dá nada em troca. Nem injeção na testa é de graça.

E o lema de 2013 que será carregado para 2014. Vida que segue, minha gente.

Trabalho da vida

Quando eu era criança e tinha a dúvida entre ser astronauta ou caixa de supermercado, eu não imaginaria nunca que a vida me traria para um caminho tão chato e sonolento, ou eu mesma me direcionaria para um caminho chato e sonolento chamado "Meu trabalho".

Não consigo dizer com brilho nos olhos "Amo o que eu faço". Eu tento, mas soa falso. Eu não odeio o que eu faço, mas também não amo. Temos um casamento morno, e sem sexo. Isso, falta sexo no trabalho. Deixa eu explicar melhor. Aquela gozada quando se finaliza algo que gosta, manja? Não sinto mais isso. Já senti. Já tive até frio na barriga em algumas reuniões. Hoje é tão mecânico, tão sem sal, que só consigo repetir frases de efeito como "Verificaremos e lhe daremos retorno" "Os índices do trimestre passado já demonstravam esta tendência". Porra, até falo bonito. Mas não falo com o tesão de antes, com a vontade de crescer e etc. Dei uma brochada. Brochada trabalhística é pior que sexual. Dá mais trabalho achar um novo parceiro que te faça sentir tudo isso de novo. E com o tempo, ficamos mais exigentes. Não dá para trabalhar por qualquer salário mínimo. Já passei desta fase.

Trabalho perfeito "no ecxiste", já diria sabiamente o Padre Kevedo.

E o quê devemos fazer? Correr para as montanhas? Claro que não. Mudar. Ou se muda de trabalho, ou se encontra maneiras de gozar nesta negócio. É tipo salvar o casamento, compra-se acessórios, inventa novas posições, chama ajuda de especialista, dá uma olhadinha no mercado, até faz um por fora para garantir que o quê tem em mãos é de boa qualidade. E se depois desta sessão de terapia com o seu trabalho, nada mudar, aí é hora de guardar a viola no saco, e dar um rolê pela vida.

Mesmo se tivéssmos uma cápsula do tempo, e pudéssemos voltar ao tempo em que a pergunta era "O que quer ser quando crescer", eu pelo menos, ainda não saberia responder. Mesmo depois de ter vivido 32 anos. Ainda teria sérias dúvidas entre maquinista de trem e astronauta. Caixa de supermercado eu desisti. Não sou boa com matemática.

Crônica do Amor Perdido

No ano de 2014 eu fiz somente 2 pedidos; Amor e Saúde. Assim nesta sequência. Se vier só o amor, e por alguma ironia do destino, eu perder a saúde, fazer o quê? Mas se vierem os dois, tenha certeza que 2014 será um ano lendário.
Ah, eu quero o amor de Vinícius, Chico Buarque, Nelson Rodrigues, Cazuza "Com sabor de fruta mordida,Camões, quero até o amor Reginaldo Rossi com Wando, e se puder quero ser um peixe para em seu límpido aquário mergulhar. Uau, perdi a respiração só de escrever.

Então, senhor 2014, o quê será feito para que isso aconteça, não faço a menor ideia. Mas dê seus pulos. Não aceito menos. Aliás, caro transeunte deste blog, desde 1981 esperamos por isso, correto? O que queremos? Amor! Quando queremos? Agora! E não há negociação. Não aceito menos, não barganho, não troco amor por paixão, não troco amor por sexo (mesmo os de altíssima qualidade), não troco, pronto e acabou.

Ainda suspiro feito adolescente ao ler romances. Uma confissão duríssima para alguém que sempre demonstrou ser uma pedra. Sim, eu suspiro. E ontem suspirei ao ver Bibiana e o Capitão Rodrigo (O tempo e o vento). E ali mesmo, vendo a cena do encontro, decidi que 2014 é o ano do amor. Difícil fazer um plano que não depende da gente, né? Mas foda-se.

Ah, 2014, e não me venha com amor meia boca! Nada de eu amar sozinha, como sempre acontece. E aí passo um ano inteirinho investindo em algo sem a menor chance de dar certo. Cansei de doar amor à vagabundos que estão cagando pra mim. Cansei.
Amor é uma parada muito séria. E merece ser tratado com respeito.
Fazendo as contas por alto, amei muito, mas recebi pouco. Pouco, não. Nadinha de nada. Ou como dizem as crianças, necas de pitibiriba. Sabe o que é passar 32 anos sem ouvir um "Eu te amo"?

Wifi, um copo com água, e um "eu te amo" sincero, não se nega à ninguém. E não dá para encontrar com o barqueiro Caronte sem ter carimbado no passaporte da vida "Amou e foi amada". Mínimo. Está na cesta básica da vida. Deveria ser plano de Governo. Muitas tragédias se evitariam com amores sinceros.

Então é isso, quero completar o álbum de figurinhas "Amar é..."

Universo, quebra essa. Faz uma para ser lembrado.

A luta continua. Aliás, luta bem antiga. Na luta pelo primeiro namorado, sempre!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

SP e eu

Alguma coisa acontece em meu coração. Estou apaixonada por SP.
Tínhamos uma relação esquisita. Eu a xingava com frequência, aliás, todos os dias. Principalmente no trânsito. De uns dias pra cá a cidade vem sendo generosa comigo, e voltamos a nos apaixonar. Quer dizer, eu reatei nossa relação, porque ela nunca me abandonou.

Hoje fui ao Espaço Unibanco assistir São Silvestre. Uma boa maneira de começar o ano, visto que hoje eu estava sem condições de correr.

Logo de cara uma vaga em frente ao Espaço Unibanco. Bem ao lado do pipoqueiro, que me sorriu, me desejou "Feliz ano novo", e ainda de quebra, disse que tomaria conta do meu carro.
Na hora de comprar ingresso, nenhuma fila.

Ainda faltava uma hora para o filme. Sendo assim, penar na Augusta. Estava com a maioria dos lugares fechados, mas os botecos pé sujos, sempre eles, estavam abertos. E com o calor que fazia "Why not?" tomar uma gelada antes!
Logo de cara achei uma mesa. Sem trabalho algum. Sentei, pedi uma, e fiquei observando o zoológico que é a Augusta.Uma hora de observação em silêncio. Só eu e a minha cidade.

Entrei para assistir o filme. Seria a cereja do bolo se só tivesse eu no cinema. Mas SP é generosa, mas não é ONG. Sendo assim, tinha umas 13 pessoas. O suficiente. Aliás, cinema deveria ter no máximo 15 pessoas. E para assistir aquele filme, deveria ser uma sessão privada.

O filme não tem diálogos. É uma sequência linda de corrida, respiração, o sol, o calor, a cidade. E juntamente a isso, uma linda ópera ao fundo. Elevado, Dr Arnaldo, Viaduto do chá, Consolação, Teatro Municipal, Avenida Paulista, Brigadeiro, estava tudo ali, ao som de ópera com enquadramentos perfeitos.A cidade se movendo ao sim da música e da respiração do corredor. A visão de quem corre pela cidade num lindo amanhecer.

Depois vem o barulho, buzinas, fumaças, camelôs, trânsito, chuva, caos, SP.

Não sei se quem não corre conseguirá ver o que eu vi. Vi gente levantando antes do término do filme e indo embora. Abandonando SP. Não se abandona SP. Bem, eu não consigo.

Terminou o filme, e eu com os olhos marejados. Ah, estou muito banana em 2014 também. Qual a novidade nisso?

Sai do cinema e dirigi pra casa. Avenida Paulista ainda repleta de luzes natalinas. Sem trânsito. Uma cidade inteirinha só pra mim.


Criolo, pra mim ainda existe amor em SP.

A lendária tia Nalva

Tia é um ser humano que vai te criticar em tudo que você faz, e mesmo assim, você vai gostar desta pessoa. Seja por solidariedade, por obrigação, ou por amor ao próximo. Não dá para explicar, mas este ser habitará muito tempo a sua jornada. Ah, e sempre tem a favorita. A minha é a tia Nalva. Ela é legal? Não. Ela dá conselhos bons? Não. Ela é rica? Não. Caralho, então por quê gosto da tia Nalva?

Tia Nalva é um ser mítico nascido na cidade de Cícero Dantas - BA (jogue no google) é do tamanho de um campo de futebol. Durante anos de sua vida foi solteirona. Odeio o termo "solteirona", mas era assim que se referiam à tia Nalva. E por ser solteirona durante mais de 70% da vida, não tem filhos. Casou nos 45 do segundo tempo, já com o time desacreditado de virar este jogo. Taí, é por isso que gosto da tia Nalva. Pra mim ela é o símbolo da esperança. A pompinha da paz das solteiras desoladas. Mas a cereja do bolo é que tia Nalva é evangélica. Então, se não casei ainda, a culpa é de satanás. Este ser tinhoso que jogou a sina da solteirice sobre minha família. Sim, porque tenho milhões de primas solteiras. E todas tem como ídolo, a tia Nalva. Há até uma expressão familiar "Se a tia Nalva conseguiu, ainda há esperanças!".

Quando eu era criança, recebia um salário para ir dormir na casa dela. Ela tinha medo de dormir sozinha, mal este que não sofro, gracas à Deus (Oh, glória). Ela dizia que por ter a saúde frágil era importante ter alguém dormindo com ela. E este alguém fui eu. E se solteirice pega, fui contaminada logo nos primórdios de minha vida, com este contato direto com tia Nalva.

Um dia desses em que estava "vigiando" o sono dela, ela teve um pico de pressão alta. Disse que tentou me chamar, como eu estava praticamente falecida, chamou o SAMU. Enfim, o SAMU fez o resgate, enfiou na ambulância e a porra toda. E eu? Este ser que ganhava um salário milionário, para uma criança, em quê ajudei? Em nada, claro. Descobri que ela não estava em casa pela manhã. Ou seja, o dinheiro mais mal gasto de todos os tempos.

E mesmo eu sendo esta funcionária que deveria ser desligada da função e tia Nalva sendo uma pessoa de Jesus, foi ela que me deu meu primeiro LP (Mulheres de Areia Internacional). Tia Nalva me deu minha primeira bicicleta (Ceci - vermelha, e com cestinha). Tia Nalva dizia que era minha mãe, mesmo a gente não tendo nada a ver. Me fazia chamá-la de mãe, mesmo sabendo que era pecado mentir. Me deu meu primeiro sutiã, um gigante que só comecei a usar recentemente, pois era bege e com reforço.

Passei boa parte da minha infância com ela. Minhas férias eram na casa dela. E perguntavam "Você gosta de ficar na casa da sua tia? Ela não tem criança!". Eu? Eu adorava! A tia Nalva nunca precisou de criança, ela era uma.
Me deixava gravar músicas "mundanas" no rádio dela. Me dava livros legais, deixava eu pintar as cartolinas que ela usava para evangelizar crianças, me ensinou que satanás é foda, deixava eu usar o telefone da casa dela para falar com as minhas amigas, o que na época era praticamente o preço de um rim a cada ligação. Tia Nalva era e é o máximo. Personagem marcante de uma infância super feliz.

Hoje ela me inferniza em almoços familiares com as fatídicas frases: "Vou morrer sem ver uma sobrinha casar!" "Vivi, e este ano, tem namorado?" "Mas não está saindo com ninguém?".

Perguntas essas que sempre respondi com muita classe e educação. Até este ano.

"Tia Nalva, eu não sou casada, não namoro,não estou saindo com alguém fixo, mas trepo!".

Fui repreendida em nome de Jesus.

Dizem por aí...

Dizem por aí que quando demoramos demais para conseguirmos algo, é porque será muito especial...
Dizem por aí que mais cedo ou mais tarde aquele sonho torna-se realidade. Basta acreditarmos...
Dizem por aí que a vida é feita de momentos, e que devemos viver o presente. Afinal, como o nome mesmo diz, é um presente.
Dizem por aí que a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos...
Dizem por aí que manga com leite faz mal. Mas quem foi a pessoa que pensou nesta combinação tão "boa"?
Dizem por aí que quem espera sempre alcança. Mas também dizem de forma cínica "pode esperar sentada". Mas se estou esperando, não deveria alcançar?
Dizem por aí que não há melhor negócio que a vida. A gente a obtém a troco de nada.
Dizem por aí que um homem feliz é como um barco que navega com vento favorável.
Dizem tantas coisas por aí, por aqui, acolá. O ser humano pode dizer o que quiser, né? Como diria minha vó, tem boca.

Eu poderia dizer um monte de coisas e não dizer nada. Afinal, sou eu.
Mas o que eu quero dizer mesmo é um "Feliz 2014" aos homens de boa vontade. Aos de má vontade também. Ah, e para as mulheres, crianças, cachorros, papagaios, flores, árvores, pra você que está lendo, pra todo mundo, vai.

Feliz 2014.