domingo, 12 de janeiro de 2014
O inferno dos infernos
Ah, o inferno são os outros, já diria Sartre.
Sinto em informar, mas não temos problemas. O problema sempre é o outro. Estava tudo bem até o outro aparecer. Mas será que estava?
Você leva uma vida de merda durante anos, anos, anos e anos.
Um belo dia, aparece algo que realmente vale a pena. Mas lembremos, o inferno são os outros. E o quê apareceu, e fez sua vida ficar um pouco menos monótona, foi um outro. Pronto, inferno iniciado. Tudo de ruim que acontecer daqui pra frente é culpa da ausência do outro. Hey, mas não estava vivendo uma vida de merda antes do outro aparecer? Acho que o inferno somos nós mesmos...
Parece que as coisas estão bem, e de repente, não mais que de repente, um monstro que estava adormecido, escondidinho dentro da gente, resolver colocar as garras para fora. Pernas pra quê te quero. Corram para as montanhas porque daí pode surgir algo inesperado. Tenho medo do ser humano com excesso de emoções.
Eu ouço. Acho que é isso. Gosto de ouvir histórias. E eu pergunto, de fato quero saber. Sou uma fofoqueira de primeira. Me interesso pela vida alheia. Mas gosto de fatos reais, e sempre ouço o protagonista, nada de coadjuvantes. Não recuso um convite pro boteco, não adianta. E pode ser de qualquer um. Se o porteiro do meu prédio me convidasse, ia. Vai saber o que ele tem a dizer?
Nos últimos dias tenho ouvido muitos relatos apaixonados. E eu, com ausência total de paixão, sempre sou fria e calculista, e até grosseira (talvez por inveja).
Se queremos tanto esse negócio de amor, por qual motivo este negócio faz as pessoas sofrerem? E digo mais, se faz sofrer, por que buscam tanto?
É uma valsa. Eu quero namorar – começo namorar- minha está vida linda – minha vida vira um inferno – acaba tudo. E aí, mesmo conhecendo o ciclo, as pessoas entram de novo na valsinha. Motivo? É impossível ser feliz sozinho. É a valsinha que dá animo pra viver.
Sabe, pra mim, o inferno é o amor. Não é culpa do s outros. Se fossemos todos robôs numa missão em Marte, não teríamos inferno. E se não tivéssemos inferno, seria uma merda.
Viva ao inferno. Viva aos outros. Viva à valsinha. Viva ao amor.