quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eu sou Macabéa

Clarice Lispector, antes de ser um fenômeno das redes sociais, praticamente uma diva das frases feitas, ela escreveu um romance - "A hora da estrela". Macabéa é a personagem central. Ela vai à uma cartomante para saber seu futuro. A história gira em torno desta consulta. Enfim, leia o livro!

Mulher é mulher desde os tempos de Adão. E independente da classe social, grau de escolaridade ou credo, em algum momento da vida, já fez uma consultinha com o além.
Ontem foi minha vez.

Fiz meu mapa astral completo, e ainda consultei a Kaballah ( não sei a grafia correta - nunca tinha escrito esta palavra em 32 anos de vida).
Sobre o futuro, nada sei. Mas sobre o presente, personalidade, pensamentos, alma, indecisões e angústias, estava tudo ali. Um raioX de mim Um raioX místico e assustador.

Queria mudar de signo. Deveria ter esta opção. Descobrir que eu sou gêmeos com todos os satélites possíveis em gêmeos, foi quase um anúncio de;  "Você tem uma doença grave. Você é muito geminiana!". Bem, eu senti assim.

Se eu acreditei? Opa! A gente precisa de fé pra viver. E não é possível que a vida seja tão sem graça assim. Nasce, procria e vira esterco. Acho que Deus tem muito mais senso de humor e inteligência, do que desenham por aí. E acho que ele libera uns spoilers para esses profissionais. Só pra dar uma animada na vida.

Vim nessa vida com o papel de aprender a me relacionar. Isso já tinha percebido. Puta dificuldade!
Terminei um ciclo foda de trevas. Só eu sei. Este ano é O ANO. Manja? Tipo o ano da vida? O ano que tudo que eu plantar, vai germinar?  Disse pra eu me livrar de tudo que não presta.
Homem lindo, elegante, inteligente, divorciado e que não está interessado em mim e só me deixou no backup... sinto muito, minha mentora astral me disse para mandar-te à merda. Sei, difícil dizer "não" pra você. Mas se eu plantar a semente errada em 2014, vai dar merda pro resto da minha encarnação. Vamos combinar o seguinte, me procura em 2015, se eu ainda estiver neste continente.

Olha, me segurem. Ou melhor, não me segurem porque esse 2014 vai ser sensacional. Deixa eu colocar na lista algumas sementes: Nobel da Paz, e de lambuja o de literatura, cura do câncer, fim da violência, vida digna à todos os seres humanos, respeito. Olha, esse negócio de dinheiro não estou fazendo muita questão, não. Só quero ser feliz mesmo, obrigada

sábado, 26 de abril de 2014

O que não foi...

Olá, estranho.
Tinha muito para lhe dizer. Queria te contar que nasci numa madrugada, exatamente 1h40 de um dia 16 de junho. E isso, sabe-se lá o motivo, deveria ser interessante à você. Aliás, tudo sobre mim. Inclusive o fato de eu gostar de dormir de bruços e não gostar de Paulo Coelho. Ah, sem esquecer que sou claustrofóbica. E isso seria motivo de piadas intermináveis. Tenho histórias ótimas sobre isso. Uma inclui a passagem via São Thomé para Matchupichu. Puxa, não tivemos tempo.

E é esse o sentimento. O de não tivemos tempo. Não nos conhecemos.

Às vezes o destino coloca a pessoa certa no momento errado, dirão os românticos.
Eu já digo logo que não creio em gente certa ou errada. E nem de momentos opostos. A coisa quando tem que funcionar, funciona.

Estranho, você esteve por 2 meses na minha fábula interna. Eu brinquei mentalmente com você. Assim como crianças brincam de casinha. Imaginei em diversas situações como seria. E mesmo sem te conhecer bem, respondia por você. Brinquei de namorar com você. Foi divertido.
Mas sabe, estranho... Vou terminar nossa relação imaginária. Sei que não vai doer em você. Só em mim, que sentirei saudade da perfeição que você era no meu imaginário. As pessoas são tão melhores quando não temos intimidade!

Termino essa relação com dificuldade. Mas como dizem por aí, tem uma vida acontecendo lá fora. E eu não posso passar a vida esperando você descobrir o quão maravilhosa eu sou. Sem modéstia. Cansei de ser modesta.

Ruim se despedir do que poderia ter sido...
Ok, vai doer. Numa paulada só.

Tchau, estranho. Vou ali imaginar que você é um ser humano asqueiroso. Assim fica mais fácil.

Ah, estranho. Deixa pra lá, não vou perder mais tempo com você. Junte-se aos demais estranhos que já passaram por aqui.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Hoje eu quero voltar sozinho

Despretensiosamente fui ao cinema ontem. Sem grandes planos. Só queria distrair um pouco. Nada de cinema iraniano, nada de campos de arrozal, ou cinema conceito (seja lá o que isso significa).

Escolhi Hoje eu quero voltar sozinho.

Eu iria usar todos os adjetivos que conheço para escrever sobre o filme. Mas sai durante uns anos com um jornalista, e ele disse que não se escreve críticas usando 3000 adjetivos. Como fazer? Não sei. Vou tentar.

O filme é excelente (adjetivo 1). Não utiliza o velho clichê da sociedade julgando o certo ou o errado de uma relação homoafetiva. Estava meio cansada da vitimização do  homossexual. Até mesmo da escrachação caricata.
O mote do filme é a descoberta da sexualidade, não o fato de Leonardo ter escolhido um homem para guiá-lo na descoberta.

É um romance lindo (adjetivo 2). Romance que seria lindo se fosse entre duas mulheres, ou entre um homem e uma mulher, é singelo (adjetivo 3)  independentemente da opção sexual.

Eu tenho uma memória infinita de emoções. Não esqueço nada. E foi bem simples lembrar de todas as sensações e descobertas da adolescência vendo o filme.

Vale um saquinho de jujuba no cinema num domingo a tarde de outono.

Afinal, o filme é excelente, lindo e singelo ( todos os adjetivos na mesma frase. Matei o jornalista neste exato momento)



Delmice

Nos lendários anos 90, trabalhou em minha residência uma moça de 18 anos cujo nome era Delmice. Não sei que tipo de combinação era essa. Mas Delmice, com vergonha de ser Delmice (o que não era de se estranhar), mudou seu nome para Ana. Tipo nome artístico. Nome para dar pros namorados. E era isso que Delmi...ops...Ana, fazia.

Só que aqui deixo um registro. Criança faz tudo ao contrário.

Eu gostava era de chamar de Delmice. Assim mesmo, completo, sem abreviações. E eu falava Delmice até quando não precisava. Quando os namorados apareciam para buscá-lá, eu gritava a plenos pulmões: Delmiceeeeeeeee, pra você.
Até hoje não sei como ela explicava. Deveria usar algo como Ana Delmice, mas me chame de Ana.

Um dia roubei um Belmont da Delmice. Muito poético, não?
E Delmice me ensinou a fumar. Hoje Delmice seria presa e apareceria no Datena. Mas em 91, era molecagem.
E foi neste dia que Delmice virou Ana.
Toda vez que eu ameaçava um Delmice, ela me ameaçava dizendo que contaria à minha mãe que eu fumava.

Ana me custou uma grana de adesivos, chiclete de nicotina, e uma falta de ar que me perseguiu por anos.
Faz um ano que parei de fumar #chupa#Delmice. Se te encontrar, mando a conta.

Xico nosso de cada dia...

Ando numa paixonite aguda pelo Xico Sá. Depois do Nelson, o Rodrigues, não achei que isso viria a acontecer  novamente. Nelson, desculpe, minha carne foi fraca.

Em tempos de metrossexuais e mimimis masculinos intermináveis, Xico é um oásis. O macho jurubeba que gosta de mulher. Gosta de mulher de verdade. Não de mulher para apresentar aos amigos e sair de mãos dadas no shopping, como diria minha vó.
Macho em extinção.  Lamentavelmente em extinção.

Uma vez sai com um cara que se amava. Mas se amava tanto, que a cada cinco ou, no máximo seis minutos, se olhava no espelho. Se o motel não tivesse espelho, era uma tortura. Como não olhar aqueles bíceps? No começo achava divertido. Engraçado mesmo. Dava risinhos internos. Mas depois de um tempo começou a me irritar.
Quero olhos nos olhos, o outro Chico, o Buarque,  já dizia isso. E a relação entre ele e ele, em que eu era amante, acabou.

É por essas e por outras que clamo a volta do macho jurubeba. O que gosta de futebol, cerveja com amigos, e de mulher. Aliás, ponto fundamental. Gostar de mulher. Item raro nos dias de hoje.

E já diria meu amor platônico: Homem que é homem não sabe a diferença entre estria e celulite.
Talvez estejam todos no Crato. E se estiverem lá, Mônica Martelli, eu já conclamo: Homens são do Crato, e é pra lá que eu vou.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Minha primeira Copa

Não sei você, mas minha primeira Copa do Mundo afetiva foi a de 1986.

Eu era muito criança. E não me venham com essa de que criança não lembra de nada. Parece que quando ficamos adultos esquecemos de tudo. Eu não! Faço questão de lembrar.

1986 na escola Lápis Mágico. Meu pai me deu um orelhinha para acompanhar os jogos. Andava com aquele rádio grudado na orelha pra cima e para baixo. E mesmo podendo ver os jogos pela televisão, não largava o orelhinha.
Um dia cheguei a dormir com aquilo no ouvido.

Não entendia uma palavra narrada, mas achava o máximo aquele homem falando rápido. Por muitas vezes brinquei de locutora de futebol. E até hoje não entendo o por quê de não termos mulheres narrador as. Eu era um talento! Até hoje sou uma metralhadora de palavras.

Com protestos, sem protestos, mesmo sabendo que  economicamente essa Copa foi um fiasco, sabendo que não haverá legado, somente contas. Enfim, no meio dessa desgraceira toda, consigo lembrar da memória afetiva das Copas que vivi.
Meu pai foi responsável por 100% das minhas memórias futebolísticas. O pouco de futebol que sei, devo à ele.

Deixem de ser ranzinzas, e divirtam-se um pouco. É o que vou tentar fazer. Já resgatei o orelhinha..

A velha calça jeans

Foram 12 anos. Só por desencargo de consciência fizemos a conta ontem. E no dia que resolvemos passar a régua nesta conta, chegamos aos 12 anos.
Disse à ele que deveria ser como o wisky. Dizem que o de 12 anos é bom. Mas já não é mais assim.

Acabou exatamente como tinha que acabar. Como as coisas boas acabam.

Sabe o carinho que se tem por aquele jeans especial que só deixará de ser usado porque  acabou? É assim que sinto.
A gente não quer jogar fora pelo valor sentimental. Pelas  histórias vividas, pelas risadas, pela cumplicidade, afinidade, e tantas outras coisas boas. Mas o jeans não serve mais.

Não tive coragem de jogar fora. Não quis transformar em shorts, bermuda, ou qualquer outra coisa. Seria um  desrespeito com meu jeans de 12 anos. Quis guardar na gaveta com carinho e respeito.
Para coisas novas, precisamos limpar as gavetas. Esta foi a mais difícil. A gaveta que deixei por último.

Não sei se sentirei falta. Estranho isso. Tenho respeito pelo passado. Mas que ele fique onde deve ficar, no passado.

Guardo os CDs, livros, músicas compostas pra mim, bilhetes, cartões, e tudo que me faz lembrar você. Não quero esquecer nada. Nenhum detalhe será jogado ao limbo da memória.

Não faço promessas de amizade eterna. Faço promessa de carinho infinito pela história vivida.

Olhos cor de jeans, obrigada. Tenha uma boa vida.



Buscando...

Alguma coisa estava muito errada. Às vezes a gente cansa de reclamar. E é neste exato momento que algo precisa mudar.

Não sabia o quê mudar. Mas a mudança se fazia extremamente necessária.  Uma vontade louca de sair correndo por aí para ver no que vai dar. Um medo absurdo de criar raízes.

Medo de criar raízes. Venho pensando muito sobre isso. Achamos tantas desculpa para não viver o que queremos, que fica até difícil contar nos dedos das mãos, e dos pés. Estabelecemos raízes tão profundas, que as desculpas são socialmente aceitas. E até a gente se convence.

Cansei disso. Cansei dos pés sempre no chão. Começo este ano o projeto 2015.

Chega de esperar o príncipe encantado. Chega de esperar o trabalho dos sonhos. Chega de criar amarras imaginárias.

Mudo de emprego. Mudo a forma de pensar. Mudo o jeito de ver a vida. E mudarei quantas vezes eu achar necessário. Só não dá pra não ser feliz.
Continuo buscando  incansavelmente, incessantemente estar feliz. Isso, de fato, é o mais importante de tudo.

Respirando um pouco para continuar buscando. Buscando até o fim.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Psicose

A linha tênue entre o carinho e a psicopatia.

Sabe que ultimamente ando questionando isso.

Tenho dois ex –alguma-coisa que me mandam mensagens frequentes. Ambos “me querenu”

Não, não sou uma delícia irresistível. Os homens, não a maioria, que vacilam mesmo. Mesmo casados, com filhos, acham que faltou alguma coisa pendente com alguma mulher que saíram no passado. E se esta mulher do passado é uma eterna solteira, melhor ainda.

Voltando ao mote. Um deles me manda mensagens diárias com “Bom dia, boa tarde, boa noite, bom final de semana, boa semana”. No começo achei educado. Depois foi me irritando. Hoje já quase não respondo.  Tenho uma vontade insana de responder “Escuta aqui, desgraça, não vou dar pra você”. Mas as normas da sociedade civilizada me impedem de tamanho ímpeto.

Recentemente conheci um cara bacana. Coisa nova nesses últimos meses. Antes teve um que eu confundia amizade com outras coisas, e foi a maior roubada. Enfim, um cara bacana.

E depois de séculos procurando o tal cara bacana, ele apareceu. Corra, Lola, corra.

Não sei se são os hormônios, não sei se a velhice, não sei que cazzo anda acontecendo comigo. Só sei que ele tronou-se o último dos moicanos, sabe? O elo perdido. Uma raridade.

O cara cozinha, gosta de boa música, bom vinho, boa cerveja, bom papo, inteligente, bonito, charmoso. Importante o item charmoso. Tem homem bonito sem charme algum. E quando o cabra é charmoso...Pra cima, Lola. Pra cima!

E como não ser serial killer nem psicopata com um homem desses? Alguém explica?
E num ímpeto de falta de dignidade humana, comprei flores. Sim, eu sou uma amante à moda antiga que manda flores. E foda-se.

O problema não está em mandar flores, acho. O problema está no fato de eu ter ido somente uma vez na casa dele.

Juro, contando essa história começo a ter medo de mim. Corram leitores deste blog, corram. Pode piorar.

Sai numa linda manhã de domingo com meu instinto psicose em alta. Convenci uma amiga a passear pelo bairro do cidadão para ver se eu lembrava onde era. Da vez que eu fui era de noite e eu estava bêbada. Resolvi contar com a sorte. Mulher tem um lance esquisito com destino. “Se o destino quiser, vou lembrar”.

Encontrei o prédio. Lembrei do apartamento (é o mesmo número do meu – já achei que era destino também), perguntei ao porteiro se eu estava certa, e BINGO!

Agora é só ser doida, atravessar a rua e comprar flores para entregar.

Não tive dúvida que era uma ideia genial. Deixei meu instinto doido ser mais doido que o normal.

Uma hora depois da entrega recebi uma mensagem agradecendo as flores.
Qual a diferença entre mim e os meus admiradores do – bom dia – boa tarde – boa noite?

Não consigo identificar, e começo a temer por isso.
Psicótico, você terá o seu momento um dia...