domingo, 24 de abril de 2011

Mata a alma e envenena, ou não.

Ah, seu Madruga, como eu gosto desta frase. Eu a uso com frequência. Mas ontem não deu. E eu pensei: "A vingança é um prato que se come frio". Uma bobagem completa. Não roubei o rim de ninguém para vender no mercado negro, mas acho que seria uma ideia interessante, apenas uma ideia.

O ser humano, sem exceção, tem uma veia vingativa. Comigo não seria diferente, não sou a Madre Tereza.

Eu jamais faria algo para prejudicar alguém, não faz parte da minha índole. Mas fazer uma malvadeza, às vezes, faz bem pro coração. Mais uma vez...Desculpe, Seu Madruga.

Eu estava me achando a cereja do bolo com a minha blusa nova. Estava. Até um imbecil derrubar um copo cheio de cerveja nela. Um sorriso amarelo estampou a minha cara. O pior não foi ele ter derrubado em mim, foi ele ter pedido desculpas para pessoa errada, o cara com quem eu estava conversando. Vamos lá, a cerveja estava na minha blusa nova, não no cara. Acho que ele estava tão bêbado, que não percebeu.

Fui ao banheiro, limpei a sujeira. Quando voltei o cara do flerte tinha sumido. Ou seja, molhou minha blusa, deixou um fudum de cerveja insuportável, e ainda fodeu com meu flerte da noite. Aquilo não sairia barato.

O flerte voltou. A conversa estava agradável, mas naquele exato momento o imbecil da cerveja passava entre nós. Não pensei duas vezes, joguei meu copo de cerveja nele. Fiz a carinha "ops" e dei o meu melhor sorriso. Ele olhou pro cara que estava comigo e disse:

- Ela fez de propósito. Você viu? Ela ficou puta comigo e se vingou.

O cara do flerte, um lord, disse:

- Imagina, ela não faria isso. Veja, foi sem querer. Viviane, foi sem querer, não?

Pausa dramática. Eu iria foder meu flerte por ser uma pessoa vingativa. Mas que graça teria se não fosse de propósito? Preferi o silêncio e expressões sem leitura.
O cara da cerveja foi se limpar puto da vida.

Ele olhou pra mim e perguntou:

- Foi de propósito?

Com a cara mais deslavada do mundo disse:

- Sim. Lei de Talião. Olho por olho, dente por dente.

Ele riu e disse:

- Se você pegasse seu namorado traindo você, tenho medo do que faria.

Seu Madruga, eu não cortaria o pênis dele, mesmo tendo vontade. Fique tranquilo. O Chaves me ensinou muito. "A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena". Mas antes de matar a alma dá um prazer...

Let it be

Eu não sou fã de Beatles. Ok, atirem pedras. Mas adoro esta música. Ela é simples, e diz muito sobre como a vida deve ser. Leve, let it be.

Não é algo do tipo: Não faça nada. É um simples, let it be. Não é ser acomodado, muito pelo contrário. Deixar as coisas acontecerem no seu ritmo, na sua hora, e se tiver que ser...será.
É simples, mas muito difícil agir desta forma. Parece que o corpo vai contra esta regra. Sempre queremos mudar, sempre queremos ser algo, sempre queremos, queremos demais. Le it be não tem tradução porque deve ser o que é.

A vida tem um sentido, ou ao menos quero pensar que ela tem. Assim me sinto melhor com o meu próprio "let it be". Se Deus existe, se algo maior existe, ele quer que simplesmente sejamos nós mesmos.
Com todas as imperfeições, qualidades, sonhos, com tudo que o pacote humano nos dá direito. Errou? Que bom, deixou a coisa acontecer.

Ninguém melhor que você mesmo para saber quando as coisas estão ruins. Se darão certo? Ninguém sabe. E bem, se alguém souber, não te contará. A vida perderia toda a graça. Quem não gosta de surpresas?
Let it be é surpreender-se com a vida. Deixar que a vida lhe faça boas e más surpresas. Se você soubesse de tudo?

Não espere que o universo lhe traga respostas. Isso não acontecerá. Siga seus sentidos, e veja a coisa acontecer.

Sendo assim, neste domingo de Páscoa, let it be. Se Cristo tivesse conhecido os Beatles na época da crucificação, não diria para o Pai afastar o cálice, diria apenas "Let it be".

sábado, 23 de abril de 2011

Decadência humana

Dizem que o ser humano luta pela sua sobrevivência.

Eu poderia morrer de inanição, sabiam? Eu assisti Seven e me sinto igualzinho o cara da preguiça. Não consigo levantar as minhas nádegas do sofá. Ok, fiz bicileta pela manhã. Mas neste extato momento não consigo fazer nada.

Poderia ter o Brad Pitt nú na minha sala, que o máximo que eu faria seria dizer um "vem pra titia", com muito esforço porque falar cansa. Preceberam que eu tenho uma tara pelo Brad, né? Sempre comento sobre ele. Sendo assim, percebam a preguiça.

Dos 7 pecados capitais, depois da luxúia - pecado este que não tenho cometido - preguiça está no topo da lista.

Tenho diversos sinônimos para este pecado: ficar de bobeira, não fazer nada, ver os ponteiros do relógio, contar nuvens no céu, cocçar o sacou ou a periquita (depende do sexo do preguiçoso), sentir a pulsação pra ver se está vivo, respirar com cautela pra não cansar, numa nice, ociosamente feliz, não movimentar o esqueleto, ver a vida passar, despreocupação, congelar o cérebro...Enfim, passaria horas falando sobre isso, mas estou com preguiça.

Menina

Menina, o que houve com você?
Quando você era criança, sua mãe sempre disse que seria o que quisesse ser. Lembra das sapatilhas de ballet? Onde estão? Escondidas em algum lugar. Assim como tudo que desejou ser está.

O mundo não é o que você esperava. Posso te confessar algo? Nem pra mim. O meu era muito mais cor de rosa do que ele realmente é.

Não culpe o mundo. A verdade é que ele não está nem aí para pessoas como nós. Se ele não liga, pra quê você deve ligar?

O que você queria fazer mesmo? Não aquilo que lhe mandaram fazer. Mas o que realmente quer?

Alguém disse que você precisa fazer algo. Arcarão com as consequências?
A consequência das suas escolhas, menina, só você saberá e sentirá. Não deixe que escolham por você.

Ah, astronauta. Acho que sim. Sentir-se "tocando" estrelas vai deixar seus olhos mais brilhantes? Fará com que sua alma volte ao corpo? Toque-as.

Menina, volte a ser menina. Menina, volte a acreditar. Hoje não está bom? Amanhã há de estar.

Vamos pegar as sapatilhas, tirar o pó e voltar a fazer a dança da vida. Nas pontas dos dedos, um passo por vez, sente o ritmo. Baile, bailarina, mesmo que seu corpo não seja mais o mesmo. Mesmo que os olhos não sejam os infantis, mesmo que o companheiro de dança não seja o ideal. Simplesmente baile o que quiser.

Se você não está feliz, menina, ninguém ao seu lado ficará.

Alice

Caiu num buraco a pobre Alice, sim aquela do País da Maravilhas.

Só que ao invés do País do chapeleiro maluco, você entra num tubo chamado passado maluco.

Tudo o que Alice sempre disse que não queria, na verdade é tudo que eu sempre quis. Ok, chamem a Doutora Catarina de volta. Melhor, chamem o chapeleiro maluco. Quem sabe assim ele coloque Alice dentro do bule para que ela não veja o que acontece lá fora. Ver o mundo apenas pelo buraquinho limitado do bico do bule. Já é o bastante.

Tem lembranças que devem ficar no passado, no pretérito mais que perfeito. Porque existe pretérito que não seja? Tudo que passou, nas lembranças, é melhor do que realmente foi.

Tem horas que não se deve abrir a porta do País das Maravilhas, muito menos cair em buraco conhecido. De novo? Burrice completa.

Encolhe, estica, corre. Cortem as cabeças, retirem o coração, por favor. Alice gosta dele frio, congelado, estático.
Não sei se ela gosta assim, mas gosta de acreditar que é verdade, pelo menos a sua.

Ao cair no buraco viu caras conhecidas, conselhos já dados, frases já ditas, e respostas que já sabia. E mesmo assim, Alice, você caiu no buraco. Ainda não chegou ao fundo. Agarre-se às folhagens, não se deixe cair. Lembre-se, Alice, lembre-se. Lembre-se do que realmente aconteceu, não do que você gostaria que acontecesse.

Lembre-se que a chuva não era chuva, eram lágrimas. Lembre-se que a queda foi muito maior que a aventura. Lembre-se que o Doutor chapeleiro teve que refazer seu coração, que com a queda ficou em milhões de pedaços. Lembre-se também que na troca houve um erro e colocaram uma pedra. Pode uma pedra sentir?

Se o amor tivesse forma, ele seria aquele coelhinho que corre o tempo todo dizendo que está atrasado, o amor sempre está atrasado.
Fuja do coelho, Alice. Não o deixe enganar com o relógio atrasado. Quem está atrasado não é o coelho, é o relógio. E por mais que queira colocá-lo no seu tempo, já não é possível. Encolhe, estica, soluça, volta. Sai, Alice. Não deixem que cortem sua cabeça, segure-a onde sempre esteve.

Sobre seu coração, lembre-se, não é o momento. O relógio atrasou, e o coelho não te pega mais.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O vibrador

Nelson Rodrigues faria um texto infinitamente melhor sobre a escolha de um vibrador, posso garantir. Ele contaria a sensação da escolha, os pensamentos perversos, o desejo, a vontade de se libertar e etc. Mas como não sou o Nelson, fico com a minha visão mais superficial sobre a escolha deste artefato.

Era uma noite de sexta-feira e saíamos de um bar de São Paulo...

Só um adendo sobre assuntos de boteco. Em algum momento o assunto será sexo, isso é inevitável, assim como futebol. É impressionante como pessoas que nunca se viram na vida podem ter tanta intimidade na mesa do bra, principalmente mulheres. Mulheres adoram falar baboseiras no boteco, principalmente pras desconhecidas. Valorizam um pouco, claro. Dizem que o cara com quem saiu é fantástico, incansável, maravilhoso. Vamos lá, colegas, quantos incansáveis vocês conheceram na vida? Podem rir, eu sei a resposta.

Bem, voltando ao bar na noite de sexta. O assunto era sexo e feminismo. O chato feminismo que já joguei pedras milhares de vezes.
Meu amigo sugeriu que eu comprasse um vibrador. Na hora me veio "Why not?".Fomos na movimentada Rua Augusta em busca do falo de ouro. Eles não tinham o playstation. Sim, vibradores tem nomes e categorias.

Fomos achá-lo na consolação. Ok, piada pronta. E um ótimo lugar pra se comprar um consolo.

Check list: vibra? tem uma cor legal? temperatura? tamanho? movimentos circulares? bolinhas? poderosas garras? Sim, atende aos requisitos básicos. Tudo isso por R$195,00 parcelados no Mastercard. Escolher pênis com seus amigos de boteco, não tem preço.

Igual criança em noite de natal, abrimos no carro pra ver o que ele fazia. Não, não fizemos suruba. Só queríamos ver melhor o que ele fazia. No meio da Av Paulista, trânsito parado, e a gente colocando pilha naquilo - 4 pilhas. Com esta quantidade de pilhas achei que poderia voar, mas não voa.

Um carro com um senhor de aproximadamente 50 anos para ao lado do nosso bem na hora em que ele acendeu as luzes. Ele não segurou o sorriso. E com um sorriso amarelo e um singelo "aceita", ofereci meu brinquedo novo. Ele riu mais uma vez. Gente, vamos compbinar, qual o absurdo em comprar um vibrador?

Quando cheguei em casa, já tínhamos dado um nome à ele - Smith. Senhor Smith. Uma homenagem ao Brad Pitt, meu símbolo sexual da adolescência.

Desde aquela noite no boteco, Smith e eu temos tido uma relação de afeto e amizade sincera. Ele não me pertuba, não pergunta com quem estou, pra onde vou, não liga se eu fiz a depilação correta, se eu estou de pijama ou lingerie. Sempre firme e forte!
Até que apareça alguém que realmente valha a pena, o Sr Smith tem sido uma excelente companhia. Sinto que quando a nossa relação terminar, sentirei saudades, mas sabe como é, a vida vai precisar continuar. E infelizmente ele não beija e nem faz cafuné, porque se fizesse, a solteirice seria permanecida pelo resto da minha vida.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Final de semana U2

Eu poderia fazer um post somente com adjetivos. Conseguiria achar pelo menos uma centena deles para descrever os 2 últimos shows do U2. Se não me engano, já escrevi alguns textos sobre a banda. E todos eles carregam muita emoção. Sim, é minha banda favorita por diversos motivos.

Um deles ficou muito claro pra mim no último sábado, dia 09/04, emoção. U2 é uma banda que me emociona.

O relógio anunciava que estava por começar um dos melhores shows da minha vida. O coração pulsava ao correr dos pontoreiros do relógio. Começa "Space oddity", de David Bowie, e ali tive a CERTEZA de que seria uma noite incrível.E assim foi.

Cantei, gritei, chorei por diversas vezes, sem a menor vergonha, dentre as 90 mil pessoas que lotava o Moumbi, eu não estava só.
Qualquer pessoa que esteja rompendo a barreira dos 30, sabe do que estou falando. É a música do bailinho da vassoura, é a banda que eu escolhi para ser a minha favorita no dia em que ganhei uma fita cassete escrita "U2 - Boy".

Lembro dos meus finais de semana na galeria do rock buscando por singles da banda. As revistas que comprei, e guardo até hoje, do meu autógrafo do Bono guardado na minha caixinha de memórias. Dos meus romances terminados acompanhandos de horas no quarto escuro ouvindo U2.

Fui nos 2 shows (sábado e domingo). E não adiantou em nada usarem a frase "Você já viu". Poderia ver dezenas de vezes, jamais a experiência seria a mesma.

U2 é o tipo de banda que eu jamais vou enjoar. Posso até mudar de time, o que acho difícil também, mas nenhuma outra banda vai conseguir ocupar o lugar que o U2 ocupa na minha vida.

Quarteto, obrigada pelo melhor show de todos os tempos. Obrigada por me fazer ter 16 anos de novo. O rostinho não é mais o mesmo, assim como o de vocês. Mas a essência continua a mesma, e vocês fizeram ela voltar à tona.

Hoje é o último show, e eu estou me segurando na cadeira para não gastar mais fortunas, mas está difícil.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

The Runnaways - Garotas do Rock

Um filme que tem Kristen Stewart e Dakita Fanning como atrizes principais pode ser um bosta, Eclipse está aí e não me deixa mentir. Mas elas podem fazer algo razoável, principalmente Dakota Fanning que interpreta Cherie Currie, vocalista de banda The Runnaways.O filme não é lá grandes coisas, excessivos clichês, mas mesmo assim, achei razoável.

Meados dos anos 70, em que o rock era dominado pelos homens, surge a primeira banda do gênero formada apenas por meninas. A partir de Joan Jett (Kristen Stewart) o produtor Kim Fowley (Michael Shannon) vê potencial e leva a frente a ideia juntando algumas garotas.

Toda aquela historinha de banda de rock, drogas, desentendimentos e a velha briga por causa do sucesso exacerbado da vocalista acaba depreciando um pouco o filme.

Floria Sigismondi, responsável pelo roteiro e direção, apenas repete a fórmula já gasta em outros filmes de rock. Momento "manchetes da imprensa voando pela tela"? Está lá. Excessos das drogas? Claro, é um filme sobre rock.

Lita Ford merecia mais respeito na história, deveria ter tido mais espaço no filme. Enfim, nada demais, mas para um domingo chuvoso, você pode assistir.