domingo, 26 de abril de 2015

O Peru e eu

Os mais antigos...Melhor, as pessoas conservadas em barris de carvalho, lembrarão da novela "Vovô e eu". SBT, meus caros. Houve um tempo muito distante, no qual estavam os dinossauros e eu, e não tínhamos TV à cabo. Sim, tempos difíceis. Sem falar que usávamos orelhão, ficha, e todas essas coisas que você verá num museu mais perto de você. Mas não era esse o tema. Só que veio este turbilhão de besteiras logo depois que escrevi este título infame.

O Peru. Nunca, em tempo algum, pensei sobre o País Peru. Não estava no meu roteiro, simplesmente o dólar fez com que eu pensasse nele. Não dá para atravessar o oceano, e nem subir para o norte com o dólar custando o que nunca custou na história deste País. Então, aceitei a América do Sul no meu coração. E olhando o mapa, veio o Peru. Férias! Depois de quase 2 anos, férias agendadas.
E começa aquela contagem regressiva que quem me conhece um pouco sabe que ocorre. No melhor estilo presidiário! Tenho um calendário que vou riscando todo dia.

E, desta vez, eu vou só. No melhor estilo Maracangalha. Anália não quis ir, e eu vou só. Valeu, Dorival Caymmi pela música. Estou cantando neste exato momento.

A viagem começa na organização. O que eu quero conhecer no Peru? Como se anda no Peru? E uns risinhos internos dominam minha mente podre. Bora encarar este Peru! Nome infame para um País, convenhamos.

Peru com alguma agência de viagem? Peru por mim mesma? Peru Maravilhoso? (Juro. Tem um pacote com este nome).
Ainda não decidi como vou encarar o Peru. Mas que vou, eu vou. Eu, minha mochila, minhas curiosidades e aquele medinho básico de estar por minha conta.

Férias! Posso sentir seu cheiro.

Rita, Camilo, Vilela? Não, Viviane mesmo.

Ontem fui à uma festa de tradição cigana. Muita cor, muitas jóias, mulheres pintadas, homens também. Toda uma cultura cigana para explorar, e eu só queria que alguém lesse minha mão.

Ando num anseio pelo futuro que não sei explicar. Quero saber tudo. Quero pautar minhas escolhas por oráculos, borras de café ou qualquer coisa que me diga o quê devo fazer.
Um medo de errar. Como se não houvesse mais tempo para errar. Como se eu já tivesse errado demais. 33 anos de muitos erros.

Por outro lado, no meio desses pensamentos de escolhas, erros e acertos, me questionei sobre o que é acertar?

Quando eu me apaixonei pela primeira vez na vida adulta, eu xinguei o mundo e disse que aquilo era um erro, que eu era uma idiota e toda aquela lenga lenga. Hoje, dando uma espiadinha lá atrás, acho "ducaraleo".Ouvi música cafona, escrevi belas cartas, fiz ótimas reflexões, fiz insanidades que hoje me fazem contar histórias ótimas, fui brega, fui piegas, dramática e tudo que uma boa paixão faz com a gente.
Quando acabou eu chorei, chorei dias, noites, dias e noites, e depois de uma vale de lágrimas, uma pombinha trouxe no bico uma folha de oliveira dizendo que o terreno estava seco, e eu deveria continuar. E foi o que eu fiz.

Posso considerar isso um erro? Não! Meu Deus, não!

E ontem, sentadinha numa tenda, com a mão à disposição da cigana, lembrei de Machado de Assis. difícil não sentir-se um pouco Rita. Só que a minha cartomante disse: "Este romance acabou".

A gente acredita naquilo que a gente quer acreditar. E se a cartomante não diz aquilo que a gente quer ouvir, ela é ruim.
Ela disse para eu desistir. Que a história era um erro.
Ah, foi aí que lembrei de todos os meus deliciosos erros...Erros que me fizeram bem feliz, que me deram boas histórias, erros que me fizeram ser quem sou hoje,

Então, peguei minha mão, guardei no bolso, paguei a consulta, e resolvi que vou continuar insistindo no meu erro enquanto eu achar que devo.
Pode ser que eu sofra? Ah, faz parte.
Pode ser que dê certo? Nossa, será surpreendente.
Mas não vou recolher o meu time só porque alguém disse que isso era o correto.

Lição do dia: Chega de tentar prever o futuro.