quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

SP e eu

Alguma coisa acontece em meu coração. Estou apaixonada por SP.
Tínhamos uma relação esquisita. Eu a xingava com frequência, aliás, todos os dias. Principalmente no trânsito. De uns dias pra cá a cidade vem sendo generosa comigo, e voltamos a nos apaixonar. Quer dizer, eu reatei nossa relação, porque ela nunca me abandonou.

Hoje fui ao Espaço Unibanco assistir São Silvestre. Uma boa maneira de começar o ano, visto que hoje eu estava sem condições de correr.

Logo de cara uma vaga em frente ao Espaço Unibanco. Bem ao lado do pipoqueiro, que me sorriu, me desejou "Feliz ano novo", e ainda de quebra, disse que tomaria conta do meu carro.
Na hora de comprar ingresso, nenhuma fila.

Ainda faltava uma hora para o filme. Sendo assim, penar na Augusta. Estava com a maioria dos lugares fechados, mas os botecos pé sujos, sempre eles, estavam abertos. E com o calor que fazia "Why not?" tomar uma gelada antes!
Logo de cara achei uma mesa. Sem trabalho algum. Sentei, pedi uma, e fiquei observando o zoológico que é a Augusta.Uma hora de observação em silêncio. Só eu e a minha cidade.

Entrei para assistir o filme. Seria a cereja do bolo se só tivesse eu no cinema. Mas SP é generosa, mas não é ONG. Sendo assim, tinha umas 13 pessoas. O suficiente. Aliás, cinema deveria ter no máximo 15 pessoas. E para assistir aquele filme, deveria ser uma sessão privada.

O filme não tem diálogos. É uma sequência linda de corrida, respiração, o sol, o calor, a cidade. E juntamente a isso, uma linda ópera ao fundo. Elevado, Dr Arnaldo, Viaduto do chá, Consolação, Teatro Municipal, Avenida Paulista, Brigadeiro, estava tudo ali, ao som de ópera com enquadramentos perfeitos.A cidade se movendo ao sim da música e da respiração do corredor. A visão de quem corre pela cidade num lindo amanhecer.

Depois vem o barulho, buzinas, fumaças, camelôs, trânsito, chuva, caos, SP.

Não sei se quem não corre conseguirá ver o que eu vi. Vi gente levantando antes do término do filme e indo embora. Abandonando SP. Não se abandona SP. Bem, eu não consigo.

Terminou o filme, e eu com os olhos marejados. Ah, estou muito banana em 2014 também. Qual a novidade nisso?

Sai do cinema e dirigi pra casa. Avenida Paulista ainda repleta de luzes natalinas. Sem trânsito. Uma cidade inteirinha só pra mim.


Criolo, pra mim ainda existe amor em SP.