Você não sabe o quê estou dizendo: "Você não foi mãe".
Eu acho que tem idade para ouvir certas coisas, quando ouvia o famoso "Você ainda não é mãe", nunca me incomodei. Aquela frase fazia sentido e era uma verdade. E, eu achava que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, naturalmente...
Não, não estou jogando a toalha. Mas juro que ouvir o verbo no passado "não foi mãe" deu uma certa tristeza ao meu útero. Ele ficou meio deprê com isso. E a frase ficou como aqueles ecos de filme barato: "Você não foi, você não foi...mãe...mãe...mãe....".
Eu não sei vocês, mas quando eu era criança a minha família de brincadeira nunca tinha filhinhos.
Eu nunca queria ser a mãe da brincadeira. Eu gostava mesmo era de dar beijo no marido e sair para trabalhar junto com ele. Dava beijo em todas as oportunidades. E este negócio de sair para trabalhar, sempre rolava um selinho, e era assim que eu beijava os meninos.
Então eu não queria este negócio de ser mãe. A mãe não beijava os meninos. Na verdade as mães quase faziam uma brincadeira solitária: limpavam fraldas, davam papinha e balançavam a boneca. Eu achava mais divertido dar o beijo mesmo.
A frase do começo do texto me fez voltar até à infância. O quanto uma frase nos faz refletir.
Não contente com a reflexão da infância, fiz a limpeza das redes sociais e descobri que muitas amigas já são mães. Muitas, muitas, muitas, e muitas conseguem ter mais de um - heroínas - sem dúvida alguma. E eu? Segundo a autora da frase "Não fui mãe". Fiquei incomodada? Opa!
O meu incômodo é a frase no passado, é as pessoas te olharem com aquele olhar triste de "Pobre mulher que não soube a dádiva de ser mãe". Queria deixar claro que às vezes devolvo o olhar com o meu "Pobre mulher que tem dupla jornada, vive cansada e sequer teve tempo de retocar a raíz do cabelo". Não se pode ganhar todas. A vida tem dessas coisas.
Mas enquanto há óvulos, há esperança! Sou a doida do bebê? Jamais! Mas às vezes dá aquela pontinha de "invejinha branca" quando vejo fotos de bebês fofos. Aí pra dar uma amenizada na cara de gato de botas que faço ao ver bebês fofos, vejo os filhos adolescentes malas pra cacete, e logo passa o sentimento. Porque como disse, não se ganha todas. Eles crescem! Vão pro mundo e seguem suas vidas. E no instante seguinte você é a pessoa que ele TEM que visitar no domingo.
E no meio desta reflexão, nada profunda, superei a frase do dia. E dei uma modificada nela: "Eu não SOU mãe, AINDA".