Não dá. Eu não consigo. Não consigo imaginar a possibilidade de conhecer alguém por um site de relacionamento.
Hoje recebi mais um e-mail. Me diga, eu sou muito cri-cri? Melhor não dizer.
Bem amigos do Pretérito Passado, eis mais um candidato.
Copiarei na íntegra. Claro que sem o nome da pessoa, por motivos óbvios.
Adorei vc e o seu perfil,por isso adoraria conversar mais com vc,pois realmente me encantei por vc e por isso tenho uma proposta irresistivel e irrecusavel a lha fazer e nessa proposta inclui as melhores coisas da vida,,,bjss e te espero ansiosamente
Parece propaganda de chocolate. Irresistível, irrecusável, uma das melhores coisas da vida. Tem coisa melhor que chocolate na TPM?
Assim como fui eliminada porque fumo, me sinto no direito de eliminar o participante do Big Romance Brasil.
Motivos: Não sabe escrever, ou o teclado está sem acento. Se acha melhor que chocolate. O mistério foi mal elaborado, não fiquei nem um pouco curiosa. Adorou o meu perfil? Eu nem escrevi nada nele. E tenho dúvidas sobre o gosto musical, deve ser pagodeiro. "Te espero ansiosamente" é típico de pagode mal feito. Se é que existe pagode bem feito. Samba, sim. Pagode, duvido.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Povo feliz
A pátria dos antigos vikings possui a monarquia mais antiga da Europa. E dizem que lá está o povo mais feliz do mundo.
Eu fiquei intrigada com isso. Como se é feliz em um lugar que escurece às 3 da tarde?
Fora a temperatura amena que faz na região. O verão deles registra a sensacional temperatura de 16ºC. No inverno, quando não é rigoroso, 0ºC. Perfeito!
Fora a temperatura amena que faz na região. O verão deles registra a sensacional temperatura de 16ºC. No inverno, quando não é rigoroso, 0ºC. Perfeito!
Mesmo assim, não é difícil entender os motivos.
A Dinamarca é um país desenvolvido. De acordo com os padrões internacionais a condição de vida é alta e a diferença entre ricos e pobres é menor do que em muitos países tidos como desenvolvidos.
Copenhague é muito organizada, bem sinalizada, seus prédios antigos e governamentais são bem conservados, suas ruas e praças são bem cuidadas. Tem excelência em serviços públicos.
Você jamais verá um nórdico dinamarquês reclamando do busão, das filas enormes do banco, na rua pedindo um prato de comida, e toda esta coisa tupiniquim.
E não me venham com aquela babaquice de que o povo brasileiro é um povo feliz. Tem muita gente que ficaria bem feliz se tivesse o que comer, vestir, e onde morar.
Se o próximo candidato à Presidência não tiver em seu plano de Governo algo que nos faça sermos o povo mais feliz do mundo, anularei meu voto.
E parafraseando Hamelet: "Há algo de errado no Reino do Carnaval"
Aniversário
Este blog comemora hoje um mês. Sim, um mês de besteirol e muita cultura inútil.
Em um mês tivemos mais de mil acessos. As pessoas têm um mal gosto, que só vendo!
Queria agradecer aos pouco mais de cinquenta insanos que passam por aqui diariamente.
E fazer um agradecimento especial aos 4 leitores de Cascavel. Cidade esta que eu nunca estive, e se eu não me engano, não conheço ninguém.
Fora Quixeramobim, a qual eu nunca ouvi falar, mas é presença diária neste blog.
Ah, e gostaria de agradecer às pesquisas do google.
Neste um mês surgiram pessoas que procuraram no novo pai cibernético dos desinformados coisas interessantes. Listarei algumas:
- Vídeo da Vivi pelada. Que eu saiba, nunca fiz um.
- Como não se perder em São Paulo? A pessoa veio ao lugar errado.
- Selton Mello gay. Eu também desconfiava, mas não posso afirmar nada.
- Uma frase no pretérito passado. Com certeza não encontrou nenhuma.
- Bianca pelada. Era só entrar no paparazzo.
Sem mais delongas. Afinal, isso não é a entrega do Oscar.
Em um mês tivemos mais de mil acessos. As pessoas têm um mal gosto, que só vendo!
Queria agradecer aos pouco mais de cinquenta insanos que passam por aqui diariamente.
E fazer um agradecimento especial aos 4 leitores de Cascavel. Cidade esta que eu nunca estive, e se eu não me engano, não conheço ninguém.
Fora Quixeramobim, a qual eu nunca ouvi falar, mas é presença diária neste blog.
Ah, e gostaria de agradecer às pesquisas do google.
Neste um mês surgiram pessoas que procuraram no novo pai cibernético dos desinformados coisas interessantes. Listarei algumas:
- Vídeo da Vivi pelada. Que eu saiba, nunca fiz um.
- Como não se perder em São Paulo? A pessoa veio ao lugar errado.
- Selton Mello gay. Eu também desconfiava, mas não posso afirmar nada.
- Uma frase no pretérito passado. Com certeza não encontrou nenhuma.
- Bianca pelada. Era só entrar no paparazzo.
Sem mais delongas. Afinal, isso não é a entrega do Oscar.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Experiência Antropológica
Devo admitir que a tal experiência está sendo divertida.
Em menos de 12 horas no site deu para saber como anda o mercado do romance.
As pessoas estão cada vez mais exigentes, e sabem exatamente o que querem, e o que não querem.
O meu currículo vitae continua online. Cinco pessoas se deram ao trabalho de olhá-lo.
Um deles, um cara que sabe o que não quer, o meu perfil.
Descrição de quem (o nome será preservado) busca:
Alguém que não fume e não seja obcecada por "balada". Eu fumo, e saio todo final de semana.
Goste ou pratique esportes. Eu gosto, mas só vejo pela televisão. Se é que Vale Tudo pode ser considerado esporte.
Se usa aquelas botas grandes - nem pensar. Eu gosto de botas, de preferência as grandes. Um homem que se preocupa com sapatos, interessante.
Sou humilde e trabalhador, procuro uma mulher pra dividir a vida e nao ficar pagando conta.
Sejam mais verdadeiras ao enviarem fotos na net, que sejam fotos de como vocês sao hoje, e nao aquelas fotos de festa de 2002, ou do Nordeste em 2003, ou da formatura em 2000 (isso é terrivel)
Se está a fim de um cara pra pagar conta, motorista particular ou psicólgo pra ouvir sobre relacionameto traumáutico- TCHAU . O cara realmente sabe o que quer. Boa sorte ao candidato.
Em menos de 12 horas no site deu para saber como anda o mercado do romance.
As pessoas estão cada vez mais exigentes, e sabem exatamente o que querem, e o que não querem.
O meu currículo vitae continua online. Cinco pessoas se deram ao trabalho de olhá-lo.
Um deles, um cara que sabe o que não quer, o meu perfil.
Descrição de quem (o nome será preservado) busca:
Alguém que não fume e não seja obcecada por "balada". Eu fumo, e saio todo final de semana.
Goste ou pratique esportes. Eu gosto, mas só vejo pela televisão. Se é que Vale Tudo pode ser considerado esporte.
Se usa aquelas botas grandes - nem pensar. Eu gosto de botas, de preferência as grandes. Um homem que se preocupa com sapatos, interessante.
Sou humilde e trabalhador, procuro uma mulher pra dividir a vida e nao ficar pagando conta.
Sejam mais verdadeiras ao enviarem fotos na net, que sejam fotos de como vocês sao hoje, e nao aquelas fotos de festa de 2002, ou do Nordeste em 2003, ou da formatura em 2000 (isso é terrivel)
Se está a fim de um cara pra pagar conta, motorista particular ou psicólgo pra ouvir sobre relacionameto traumáutico- TCHAU . O cara realmente sabe o que quer. Boa sorte ao candidato.
Conversas na madrugada
Renata diz:
Pq vc encanou com esta senhora de bunda grande e gorda?
Renata diz:
até no msn...
Viviane diz:
hahahahahahahahahahaha....Pq cansei de mim. E gosto do Botero.
Renata diz:
Genial
Viviane diz:
Me cadastrei no par perfeito. Mas não tenho a menor paciência em procurar pessoas.
Renata diz:
mentiraaaaaaaaaaaaaaaaa
Renata diz:
juraaaaaaaaaaaaaaaa?
Viviane diz:
Mas não tenho saco para preencher toda a ficha. E não tenho a menor paciência para procurar gente
Viviane diz:
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta
Viviane diz:
(ótimo, para variar - Jabor)
Renata diz:
sensacional
Viviane diz:
Acho que isso resume muito bem aquele questionário imbecil do site
Viviane diz:
Trasformaram o amor em mercadoria. Você quer uma alta, magra, com seios fartos?
Viviane diz:
Perguntas bem cretinas!
Viviane diz:
É como uma equação. Apareceu uns 300 perfis que correspondem ao que eu busco. Como se eu soubesse o que eu busco.
Renata diz:
É ridículo mesmo, não consegui ficar mais de 3 dias!
Renata diz:
E ainda assim, não respondi a estas tais perguntas.
Viviane diz:
Agora eu fico me perguntando. Pq eu me cadastrei?
Renata diz:
Ah vivis, deixa rolar...não precisa fazer muito, só responder mensagens dos que te interessarem
Viviane diz:
Se eu lembrar de entrar no site, responderei
Renata diz:
Não precisará lembrar, te enviarão mensagens constantes de perfis compatíveis com o seu
Viviane diz:
mentira!
Viviane diz:
Vão encher minha caixa de e-mail com isso, vai se foder!
Por questões antropológicas, deixarei meu perfil no tal site por uma semana. Quero ver no que dá isso.
Pq vc encanou com esta senhora de bunda grande e gorda?
Renata diz:
até no msn...
Viviane diz:
hahahahahahahahahahaha....Pq cansei de mim. E gosto do Botero.
Renata diz:
Genial
Viviane diz:
Me cadastrei no par perfeito. Mas não tenho a menor paciência em procurar pessoas.
Renata diz:
mentiraaaaaaaaaaaaaaaaa
Renata diz:
juraaaaaaaaaaaaaaaa?
Viviane diz:
Mas não tenho saco para preencher toda a ficha. E não tenho a menor paciência para procurar gente
Viviane diz:
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta
Viviane diz:
(ótimo, para variar - Jabor)
Renata diz:
sensacional
Viviane diz:
Acho que isso resume muito bem aquele questionário imbecil do site
Viviane diz:
Trasformaram o amor em mercadoria. Você quer uma alta, magra, com seios fartos?
Viviane diz:
Perguntas bem cretinas!
Viviane diz:
É como uma equação. Apareceu uns 300 perfis que correspondem ao que eu busco. Como se eu soubesse o que eu busco.
Renata diz:
É ridículo mesmo, não consegui ficar mais de 3 dias!
Renata diz:
E ainda assim, não respondi a estas tais perguntas.
Viviane diz:
Agora eu fico me perguntando. Pq eu me cadastrei?
Renata diz:
Ah vivis, deixa rolar...não precisa fazer muito, só responder mensagens dos que te interessarem
Viviane diz:
Se eu lembrar de entrar no site, responderei
Renata diz:
Não precisará lembrar, te enviarão mensagens constantes de perfis compatíveis com o seu
Viviane diz:
mentira!
Viviane diz:
Vão encher minha caixa de e-mail com isso, vai se foder!
Por questões antropológicas, deixarei meu perfil no tal site por uma semana. Quero ver no que dá isso.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
O seu lugar
Nem pouco, nem muito. Talvez, não tenha sido o suficiente.
Cinco anos. Passou tão rápido que eu nem me dei conta.
Mas eu quero mais. E este mais, você não pôde me dar.
O amor não acaba. Ele fica em algum cantinho, bem guardado, ao lado das boas recordações.
Sinto em não poder continuar.
Sinto em não ter te conhecido em uma outra época.
Cheguei tarde demais nesta história.
E, neste caso, não temos como voltar o tempo.
Talvez tenha sido bom porque foi do jeito que idealizávamos uma relação. Sem cobranças, sem compromisso, sem mentiras.
Mas uma hora o tal mundinho perfeito é abalado. E é neste exato momento em que acordamos da utopia e percebemos que o ser humano precisa de mais.
Ele precisa construir, precisa de planos, precisa de coisas que você não pode me dar.
Aqui, em um canto bem especial do meu coração, estarão todos os momentos especiais.
As músicas, os lugares, o cheiro, os sorrisos e as lágrimas, tanto de felicidade, quanto as de tristeza.
Mas agora é hora de seguir, de seguir sozinha. Seja lá onde for, aconteça o que acontecer, você sempre estará guardado aqui - no meu coração.
Cinco anos. Passou tão rápido que eu nem me dei conta.
Mas eu quero mais. E este mais, você não pôde me dar.
O amor não acaba. Ele fica em algum cantinho, bem guardado, ao lado das boas recordações.
Sinto em não poder continuar.
Sinto em não ter te conhecido em uma outra época.
Cheguei tarde demais nesta história.
E, neste caso, não temos como voltar o tempo.
Talvez tenha sido bom porque foi do jeito que idealizávamos uma relação. Sem cobranças, sem compromisso, sem mentiras.
Mas uma hora o tal mundinho perfeito é abalado. E é neste exato momento em que acordamos da utopia e percebemos que o ser humano precisa de mais.
Ele precisa construir, precisa de planos, precisa de coisas que você não pode me dar.
Aqui, em um canto bem especial do meu coração, estarão todos os momentos especiais.
As músicas, os lugares, o cheiro, os sorrisos e as lágrimas, tanto de felicidade, quanto as de tristeza.
Mas agora é hora de seguir, de seguir sozinha. Seja lá onde for, aconteça o que acontecer, você sempre estará guardado aqui - no meu coração.
Hollywood
Com o final da Guerra Fria os Estados Unidos decidiram dominar o mundo. Acredito que o Cérebro daquele desenho - Pink e Cérebro- representa bem o pensamento americano.
O que eles farão amanhã? Dominarão o mundo! Que pergunta.
O Oscar, na verdade, é a festa do domínio cinematográfico. Não, não sou comunista.
Certo fazem os franceses, que pouco se importam com a tal festa, e fazem a sua. A entrega do César.
O cinema norte-americano funciona como uma indústria de verdade. O cinema norte-americano atingiu um alto grau de desenvolvimento mercadológico. Suas produções cinematográficas são acompanhadas de um bem elaborado plano de marketing. O cinema deixou de ser entendido apenas como arte, é negócio.
É um investimento milionário que não se pode dar ao luxo de fracassar nas bilheterias.
Atualmente não compramos apenas o filme. Compramos o álbum de figurinhas do filme, a pelúcia, as camisetas, adesivos, dvds e tudo mais que leve a marca do filme. Quem nunca foi obrigado por uma criança a ir no Mc Donals´s e comprar um determinado lanche só para ganhar um personagem do cinema?
Enquanto muitos brincam de fazer cinema, os Estados Unidos levam a tal brincadeira muito a sério.
Dá para ter um cinema de qualidade, e ainda ganhar com isso?
Acredito que dá, sim, para fazer um cinema de qualidade. Já ganhar com isso envolveria uma mudança radical no padrão cultural, o que levaria bastante tempo.
Estou tão acostumada com o cinema norte-americano, que ao alugar "Labirinto do Fauno", simplesmente havia esquecido que o filme não era norte-americano. Queria de qualquer jeito fazer com que as personagens falassem inglês. Demorei uns três minutos para lembrar que "Labirinto do Fauno" era uma produção mexicana. Ou seja, em espanhol.
Quero assistir "La vi en Rose". Filme que só está passando em dois cinemas na cidade de São Paulo.
Gemini 2 - 14 h
HSBC Belas Artes 6 -16:30
Ótimos horários em lugares bem acessíveis.
O Garoto Bombril
Quem nunca ouviu falar no "garoto" Bombril (Carlos Moreno) ?
Ele tem conversado comigo. Ele é expansivo, tem um diálogo não-linear. Já me peguei falando com ele algumas vezes. O cara é tão bom, que palha de aço virou bombril.
Já criei uma relação de empatia com o ser em questão. Tanto é que, comercial da Bombril, sem ele, não é interessante.
O conheço desde pequena, e já o tenho como alguém da família. Ao lado de Pelé, Nelson Nedi, Reynaldo Gianechinni, ou qualquer outra celebridade, ele jamais se apaga. Vira também uma celebridade.
As experiências do garoto Bombril parecem me acompanhar, seus óculos são tão seus, que parecem fazer parte do rosto.
Ele é o amigo da dona-de-casa, não mais um personagem publicitário.
Ele é o agente mais forte dentro do aparelho ideológico que é a publicidade.
Há mais de 30 anos está na televisão vendendo Bombril.
E acho que por esta relação tão antiga, que aqui em casa, por mais caro que seja, usamos Bombril.
Acho que a minha mãe não compra o produto. Compra o cara de óculos que dança, canta, representa - amigão do Pelé, e nos acompanha há mais de 24 anos.
As Casas Bahia tentou ter seu garoto propaganda. Mas nada bate o garoto Bombril.
Acho que preciso ver menos televisão.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Pseudofóbica
Fico feliz quando nasce mais um blog. E fico mais feliz ainda quando o blog é de algum amigo.
Acho o exercício da escrita em blog algo bem interessante. Na minha opinião, todo mundo deveria ter um.
Seja para escrever de si, dos outros, ou até mesmo do mundo.
Acho que o grande desafio é trasformar a escrita em um ato permanente. Há pessoas que criam suas páginas, e duas semanas depois param de postar.
Espero que este não seja o caso de Marcela.
Recentemente ela inaugurou o Pseudofóbica. Nome que diz muito sobre a autora.
Marcelina, como a chamo, assim como a maioria das minhas amigas, é pscicóloga e neurótica (como todos nós, claro).
Em seu blog você encontrará desde dicas de cinema a discursos sobre a neurose humana.
Lendo os pensamentos de Marcelina, você entenderá que de médico e louco, todo mundo tem um pouco.
Para ler o blog, clique aqui.
Acho o exercício da escrita em blog algo bem interessante. Na minha opinião, todo mundo deveria ter um.
Seja para escrever de si, dos outros, ou até mesmo do mundo.
Acho que o grande desafio é trasformar a escrita em um ato permanente. Há pessoas que criam suas páginas, e duas semanas depois param de postar.
Espero que este não seja o caso de Marcela.
Recentemente ela inaugurou o Pseudofóbica. Nome que diz muito sobre a autora.
Marcelina, como a chamo, assim como a maioria das minhas amigas, é pscicóloga e neurótica (como todos nós, claro).
Em seu blog você encontrará desde dicas de cinema a discursos sobre a neurose humana.
Lendo os pensamentos de Marcelina, você entenderá que de médico e louco, todo mundo tem um pouco.
Para ler o blog, clique aqui.
Um ramo em expansão
domingo, 24 de fevereiro de 2008
A cueca
As evidências eram claras. Uma cueca que não era minha estava debaixo da minha cama.
Comecei a imaginar em que situação um homem esquece a cueca.
Cássia deve ter feito loucuras com este homem. O que será que ela fez? Cássia nunca foi uma mulher, digamos, fogosa.
O sexo com ela era quase que adolescente. Não, não era adolescente.
Semana passada peguei uma adolescente que era uma delícia.
Sentei na cama e fiquei segurando aquela cueca com motivos de desenho animado.
Que homem usaria uma cueca tão fresca?
E que mulher era a minha que transa com caras como o dono da cueca do pernalonga?
Sem perceber, comecei a secar o suor com a cueca do amante da minha mulher.
O que eu poderia fazer? Esfregar aquela traição na cara dela? Conviver com o fato de que eu sou corno? Lavar minha honra com sangue? Fazer com que ela engula a cueca do pernalonga?
Chorei. Chorei como há tempos não chorava. Que tipo de homem eu era? O que faltou nesta relação?
Eu fui o homem que ela esperava. Tudo bem que ela me pegou duas ou três vezes vendo sites pornôs. Mas que homem não faz isso?
Tudo bem que ela me viu flertando com a empregada. Mas que homem não tem esta fantasia? Tudo bem que ela me viu conversando com um travesti. Mas que homem...Acho que nem todos.
Aquela cueca do pernalonga significava a minha derrota como homem.
Minha mulher estava trepando com um menino viciado em play station, colecionador de alguma merda, porque estes nerds filhos da puta sempre colecionam algo.
O menino deve chamá-la de Dona Cássia. E a vagabunda da minha mulher deve ficar excitada com isso. Pedófila. Cássia é uma pedófila.
A porta se abre. Eu estava com os olhos vermelhos de tanto chorar a minha derrota como homem, com a prova do crime na mão.
Cássia me olhou com um olhar que nunca havia visto naqueles olhos azuis. Desespero. Pensei que ela contaria uma história. Nem para isso ela serviu. Não conseguiu pensar em uma desculpa plausível para acabar com o meu sofrimento.
Abaixou a cabeça e saiu do quarto.
Fila do motel, ano novo de 2007.
Faço o social com a minha família chata, e corro para o mesmo motel de todos os anos depois da meia-noite.
Colocaram um número em cima do meu carro, 69. Sim, é meu dia de sorte. Reconheço o 68. Reconheço o maldito carro que paguei com meu dinheiro, era Cássia.
No vidro reluzia um piu-piu. Tinha um maldito piu-piu sorrindo pra mim. Saio do carro.
- Olá, Álvaro. Esta é a Amanda.
Comecei a imaginar em que situação um homem esquece a cueca.
Cássia deve ter feito loucuras com este homem. O que será que ela fez? Cássia nunca foi uma mulher, digamos, fogosa.
O sexo com ela era quase que adolescente. Não, não era adolescente.
Semana passada peguei uma adolescente que era uma delícia.
Sentei na cama e fiquei segurando aquela cueca com motivos de desenho animado.
Que homem usaria uma cueca tão fresca?
E que mulher era a minha que transa com caras como o dono da cueca do pernalonga?
Sem perceber, comecei a secar o suor com a cueca do amante da minha mulher.
O que eu poderia fazer? Esfregar aquela traição na cara dela? Conviver com o fato de que eu sou corno? Lavar minha honra com sangue? Fazer com que ela engula a cueca do pernalonga?
Chorei. Chorei como há tempos não chorava. Que tipo de homem eu era? O que faltou nesta relação?
Eu fui o homem que ela esperava. Tudo bem que ela me pegou duas ou três vezes vendo sites pornôs. Mas que homem não faz isso?
Tudo bem que ela me viu flertando com a empregada. Mas que homem não tem esta fantasia? Tudo bem que ela me viu conversando com um travesti. Mas que homem...Acho que nem todos.
Aquela cueca do pernalonga significava a minha derrota como homem.
Minha mulher estava trepando com um menino viciado em play station, colecionador de alguma merda, porque estes nerds filhos da puta sempre colecionam algo.
O menino deve chamá-la de Dona Cássia. E a vagabunda da minha mulher deve ficar excitada com isso. Pedófila. Cássia é uma pedófila.
A porta se abre. Eu estava com os olhos vermelhos de tanto chorar a minha derrota como homem, com a prova do crime na mão.
Cássia me olhou com um olhar que nunca havia visto naqueles olhos azuis. Desespero. Pensei que ela contaria uma história. Nem para isso ela serviu. Não conseguiu pensar em uma desculpa plausível para acabar com o meu sofrimento.
Abaixou a cabeça e saiu do quarto.
Fila do motel, ano novo de 2007.
Faço o social com a minha família chata, e corro para o mesmo motel de todos os anos depois da meia-noite.
Colocaram um número em cima do meu carro, 69. Sim, é meu dia de sorte. Reconheço o 68. Reconheço o maldito carro que paguei com meu dinheiro, era Cássia.
No vidro reluzia um piu-piu. Tinha um maldito piu-piu sorrindo pra mim. Saio do carro.
- Olá, Álvaro. Esta é a Amanda.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Noite em São Paulo
A vida de solteiro está um saco, e você se pergunta: Onde estarão os tais "encantados" (príncipes e princesas)?
Como diriam os tabajaras da vida, seus problemas acabaram.
Aqui em São Paulo rola a "Noite do Cupido".
Enquanto você baba em seu sofá, tem muito solteiro se acabando na tal noite em plena segunda-feira.
Nada de Fátima Bernardes e William Bonner lhe dando "boa noite". Afinal, isso é deprimente demais.
Nada de "Eu acredito é na rapaziada". O negócio é dar a cara para bater. E para isso, nada melhor que uma noite dedicada aos solteiros de plantão.
Se você não estiver fazendo nada, e estiver cansado de ficar sozinho, acho que é uma idéia válida. Ao menos não correrá o risco de ouvir: "Estou acompanhada (o)!"
Agora você está pensando: "Porra, de segunda-feira!"
Em algum momento alguém lhe disse que a vida seria fácil?
Noite Cupido - Terraço Itália.
Av. Ipiranga, 344 2º andar.
Tel: (11) 2189-2929
Toda segunda-feira, a partir da 21h.
Como diriam os tabajaras da vida, seus problemas acabaram.
Aqui em São Paulo rola a "Noite do Cupido".
Enquanto você baba em seu sofá, tem muito solteiro se acabando na tal noite em plena segunda-feira.
Nada de Fátima Bernardes e William Bonner lhe dando "boa noite". Afinal, isso é deprimente demais.
Nada de "Eu acredito é na rapaziada". O negócio é dar a cara para bater. E para isso, nada melhor que uma noite dedicada aos solteiros de plantão.
Se você não estiver fazendo nada, e estiver cansado de ficar sozinho, acho que é uma idéia válida. Ao menos não correrá o risco de ouvir: "Estou acompanhada (o)!"
Agora você está pensando: "Porra, de segunda-feira!"
Em algum momento alguém lhe disse que a vida seria fácil?
Noite Cupido - Terraço Itália.
Av. Ipiranga, 344 2º andar.
Tel: (11) 2189-2929
Toda segunda-feira, a partir da 21h.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
O som do meu vizinho
Ele deve ter comprado em novecentas parcelas no cartão Casas Bahia. Até aí, sem problemas. Cada um gasta seu dinheiro da forma que lhe é mais conveniente.
Só que agora, que ele o ouve no antepenúltimo volume, porque o último deve ser o armagedon, eu tenho vontade de matá-lo.
Pra quê ouvir tão alto? Acho que vou comprar um daqueles auditivos telex para ele. Porque o cabra só pode ser surdo.
O pior de tudo é o gosto musical. Você já percebeu que essas pessoas que ouvem som alto nunca ouvem algo decente? É sempre axé, pagode, sertanejo ou funk. E assim vai variando durante o dia.
Agora ele resolveu cantar. Penso seriamente em cadastrá-lo no próximo Ídolos ou Fama. O cara não tem talento, mas vai me garantir boas risadas.
Esses dias eu li uma análise interessante. Você já reparou que festas com o som altíssimo, normalmente, têm pessoas chatas?
Acredito que o som alto demonstre a total e completa falta de assunto das pessoas na festa. Assim elas não precisam conversar, sacodem o corpo, e fingem que foi um festão.
Pra quê ir em um barzinho se a companhia é chata? O negócio é sacodir o esqueleto mesmo.
Se você perguntar: E aí, conheceu alguém interessante? A resposta será "não". Afinal, a pessoa foi à tal festa, encheu a cara, vômitou, e voltou para casa.
Eu gosto de música, ouço em casa sempre, mas não obrigo meus vizinhos a ouvirem a mesma coisa que eu.
Eu gosto de bares com música ao vivo. Mas neste caso eu vou para ouvir música, de preferência boa.
O conceito de boa como diria a minha professora de Sociologia não é discutível. Eu posso não gostar de bossa nova, por exemplo, mas não posso chamar a música de ruim.
Funk é ruim, e isso não é uma questão de gosto.
Ok, eu devo estar ficando uma velha bem chata. Tem esta possibilidade também.
Só que agora, que ele o ouve no antepenúltimo volume, porque o último deve ser o armagedon, eu tenho vontade de matá-lo.
Pra quê ouvir tão alto? Acho que vou comprar um daqueles auditivos telex para ele. Porque o cabra só pode ser surdo.
O pior de tudo é o gosto musical. Você já percebeu que essas pessoas que ouvem som alto nunca ouvem algo decente? É sempre axé, pagode, sertanejo ou funk. E assim vai variando durante o dia.
Agora ele resolveu cantar. Penso seriamente em cadastrá-lo no próximo Ídolos ou Fama. O cara não tem talento, mas vai me garantir boas risadas.
Esses dias eu li uma análise interessante. Você já reparou que festas com o som altíssimo, normalmente, têm pessoas chatas?
Acredito que o som alto demonstre a total e completa falta de assunto das pessoas na festa. Assim elas não precisam conversar, sacodem o corpo, e fingem que foi um festão.
Pra quê ir em um barzinho se a companhia é chata? O negócio é sacodir o esqueleto mesmo.
Se você perguntar: E aí, conheceu alguém interessante? A resposta será "não". Afinal, a pessoa foi à tal festa, encheu a cara, vômitou, e voltou para casa.
Eu gosto de música, ouço em casa sempre, mas não obrigo meus vizinhos a ouvirem a mesma coisa que eu.
Eu gosto de bares com música ao vivo. Mas neste caso eu vou para ouvir música, de preferência boa.
O conceito de boa como diria a minha professora de Sociologia não é discutível. Eu posso não gostar de bossa nova, por exemplo, mas não posso chamar a música de ruim.
Funk é ruim, e isso não é uma questão de gosto.
Ok, eu devo estar ficando uma velha bem chata. Tem esta possibilidade também.
O caderno tilibra
Ganhei um caderno tilibra da minha mãe.
Achei a coisa mais fofa deste mundo. Como já disse aqui, estou numa fase meiga.
Depois de quase quatro anos, vou voltar a estudar.
Não comprei a mochilinha, nem os lápis coloridos, muito menos uma pasta de algum personagem de desenho animado. Não tenho mais idade para isso. Mas se eu tivesse...
Lembro que eu adorava arrumar o material para o primeiro dia de aula. Depois virava uma zona só.
E ir na papelaria??? Era uma festa. Eu contava os dias para isso.
Escolhia o que estava na moda só para mostrar para as amigas.
E a minha coleção de lapiseiras? Aquilo era um primor. Até hoje gosto de lapiseiras. E quanto mais fina a ponta, melhor.
Sei que o tempo passou e eu não uso mais nada temático. Mas a sensação de voltar a estudar é quase a mesma do colégio.
Sábado começo a Pós-Graduação. Resolvi que quero ser acadêmica. Assim como já resolvi que seria astronauta, jornalista, caixa de supermercado, comissária de vôo, instrutora de automóvel, cantora, dançarina, atriz. Não, nunca quis ser modelo. Muito menos Miss.
Achei a coisa mais fofa deste mundo. Como já disse aqui, estou numa fase meiga.
Depois de quase quatro anos, vou voltar a estudar.
Não comprei a mochilinha, nem os lápis coloridos, muito menos uma pasta de algum personagem de desenho animado. Não tenho mais idade para isso. Mas se eu tivesse...
Lembro que eu adorava arrumar o material para o primeiro dia de aula. Depois virava uma zona só.
E ir na papelaria??? Era uma festa. Eu contava os dias para isso.
Escolhia o que estava na moda só para mostrar para as amigas.
E a minha coleção de lapiseiras? Aquilo era um primor. Até hoje gosto de lapiseiras. E quanto mais fina a ponta, melhor.
Sei que o tempo passou e eu não uso mais nada temático. Mas a sensação de voltar a estudar é quase a mesma do colégio.
Sábado começo a Pós-Graduação. Resolvi que quero ser acadêmica. Assim como já resolvi que seria astronauta, jornalista, caixa de supermercado, comissária de vôo, instrutora de automóvel, cantora, dançarina, atriz. Não, nunca quis ser modelo. Muito menos Miss.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Liberdade de Expressão
Jornalistas podem ter blogs?
O jornalista Chez Pazienza afirma ter sido demitido da CNN por ter uma página pessoal. Pazienza era produtor do programa American Morning.
A porta-voz da CNN Barbara Levin diz que os funcionários da emissora precisam pedir autorização para ter uma página pessoal.
É neste exato momento que eu me pergunto. Onde está a tal liberdade de expressão?
“Escrevo sobre a mídia e, às vezes, sobre o lamentável estado em que ela se encontra” - Pazienza.
Por mais que a CNN negue que este tenha sido o motivo da demissão, não relata o motivo oficial da mesma.
Me parece que na terra do tio Sam, ter opinião é proibido.
Blogueiros brasileiros devem tomar cuidado com o que escrevem?
Se seu chefe lesse seu blog, teria motivos para te demitir? Isso seria justo?
Afinal de contas, o que você faz fora do seu horário de trabalho, não deveria ser só problema seu?
Imagino que tenha ficado curioso para saber o que acontece no tal blog. Então, visite: Deus EX Malcontent.
O jornalista Chez Pazienza afirma ter sido demitido da CNN por ter uma página pessoal. Pazienza era produtor do programa American Morning.
A porta-voz da CNN Barbara Levin diz que os funcionários da emissora precisam pedir autorização para ter uma página pessoal.
É neste exato momento que eu me pergunto. Onde está a tal liberdade de expressão?
“Escrevo sobre a mídia e, às vezes, sobre o lamentável estado em que ela se encontra” - Pazienza.
Por mais que a CNN negue que este tenha sido o motivo da demissão, não relata o motivo oficial da mesma.
Me parece que na terra do tio Sam, ter opinião é proibido.
Blogueiros brasileiros devem tomar cuidado com o que escrevem?
Se seu chefe lesse seu blog, teria motivos para te demitir? Isso seria justo?
Afinal de contas, o que você faz fora do seu horário de trabalho, não deveria ser só problema seu?
Imagino que tenha ficado curioso para saber o que acontece no tal blog. Então, visite: Deus EX Malcontent.
Frederico Fellini
Faz tempo que não vejo filmes italianos.
Sempre os achei poéticos. Fellini é um dos cineastas que não deixaram, em momento algum, a poesia do cinema de lado. Seus filmes são verdadeiras pinturas.
Lembro de um professor que era fã de carteirinha de Fellini. Nos fez ver grande parte de sua obra. E a paixão dele me contaminou.
Acredito que os professores têm uma influência enorme sobre o gosto de seus alunos. Quando entramos na Faculdade, somos "tábuas rasas". E nesta tábua os professores que dão aula com paixão por aquilo que fazem, escrevem nela seus gostos. Foi assim com Fellini, que pra mim, é sinônimo de irreverência e inovação.
O primeiro que vi foi Amarcord. Me encantei com as personagens. E, apesar de Fellini negar ser uma autobiografia, tenho cá minhas dúvidas.
É uma análise fodida dos anos 30 (período facista) pelos olhos de Fellini, ops, uma criança.
Um retrato cruel da educação sexual recalcada dos anos 30. Talvez isso explique um pouco as cenas de Casanova. O cara precisava chutar o balde em algum momento.
Amarcord é uma dança de episódios que têm como pano de fundo os problemas da família de Fellini, ops, Titta.
Uma mescla de cenas que às vezes chega a insanidade, tal é o número de narradores que olhando nos nossos olhos, nos informam as novas da cidade, desde a sua fundação até os últimos acontecimento de Rimini. Uma narrativa, no mínimo, interessante.
E com Amarcord eu percebi que fazer comédia de qualidade, é uma missão quase impossível. Ter humor é algo raro, e humor inteligente, nem se fala.
Sendo assim, se passar pela locadora, vale a pena procurar algum filme de Frederico Fellini. Eu comecei por Amarcord, que acho uma boa pedida.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Um ontem mal resolvido
Foi citando uma frase de Caio Fernando Abreu que ele saiu de cena:
"- Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade".
Bateu a porta de casa, e saiu. Saiu deixando todos que estavam sentados na sala de jantar com a sensação de vergonha. Vergonha por terem dito o que haviam dito. Vergonha por serem preconceituosos. Vergonha por terem dito o que muitos pensam, porém têm vergonha de dizerem.
Para que você entenda um poquinho, vamos voltar ao ano de 1989.
Cláudio era um menino diferente. Era o que todos diziam dele. Brincava de boneca com as meninas, adorava os saltos da mãe, e se recusava a ficar sujo. Sempre muito arrumado, cabelo impecável, o que lhe rendia injúrias dos meninos da rua.
Aos 15 anos não tinha beijado uma menina sequer. Aliás, não havia beijado ninguém.
Aos 19 anos, ainda era virgem. E não tinha a menor vontade de iniciar sua vida sexual.
Aos 27 descobriu o que todos já anunciavam, era homossexual.
Primeiro veio o medo, juntamente com a angústia. Logo depois veio a vergonha.
Vergonha de ser o que era. Vergonha de ser diferente do que os pais queriam que ele fosse.
E agora, aos 31, havia levado seu primeiro namorado para jantar com seus pais.
Imaginava que teria o apoio deles. Afinal de contas, só estava comprovando o que todos já desconfiavam.
Esperava que fosse difícil, mas nem tanto.
Sua mãe, a pessoa mais doce que ele havia conhecido, e referência para o seu mundo particular, havia dito que o amaria para sempre. Independentemente de suas escolhas, ele sempre seria seu filho.
- Pouco me importa o que Cláudio faz de sua vida sexual. Ele é meu filho, e sempre será. E não deixará de ser amado. Sempre foi um bom filho. Estudioso, carinhoso, educado, dentre outras milhões de qualidade. E eu jamais terei motivos para me envergonhar dele.
Seu pai já não compartilhava desta opinião.
- Uma bichinha, é isso que ele é. Um homem que vive na promiscuidade. Homem, faz-me rir. Cláudio nunca foi homem, e a culpa é toda sua. Esta sua criação liberal. Que vergonha, meu Deus. O que direi aos meus amigos? Já sei. Direi que Cláudio foi morar em outro país. Porque é isso que ele fará.
Exceto o de sua mãe, os olhares eram de reprovação. Resumiram sua opção sexual a nada. Seus irmãos se calaram. Consentiam com seu pai.
Resumiram seus desejos, sua vida, seus amores, a nada. Para aquela pessoa presente na sala de jantar, ele era uma bichinha. E para ele, aquela pessoa, naquele exato momento, deixou de ser seu pai.
A fila já dava volta no quarteirão da livraria Saraiva. Já era a quinta edição do livro - Memórias de uma "bichinha".
Cláudio já estava indo embora quando reconheceu a voz. A doce voz da infância. Seus olhos ficaram mareados. Era sua mãe.
- Você assinaria mais um?
- Pra você? Por você eu cansaria a minha mão de tanto escrever. (riso)
- Seu pai está doente. Está com câncer. Disse que gostaria de falar com você.
O homem na cama não era o mesmo que ele havia deixado na sala de jantar naquela noite de Agosto. Estava distante da arrogância e prepotência que ele havia visto ao fechar aquela porta.
- Peço, caso seja possível, que me perdoe. Peço, caso seja possível, que me deixe morrer em paz. Sei que não mereço, mas sei que você tem um bom coração, e não deixaria um velho tolo morrer assim, sem o seu perdão. Errei. Errei muito com você. Pena ser tarde demais para reconstruirmos nossa relação. Portanto, agora, só me resta pedir o seu perdão.
Cláudio o olhou com ternura. Passou levemente suas mãos por aqueles cabelos brancos, e sorriu. Uma lágrima caiu.
Não teve tempo de dizer que o perdoava. Mas no fundo sabe que ele entendeu.
Não perdoar seria colocar-se no mesmo patamar de rancor, raiva e ressentimento. Cláudio era muito melhor que aquilo tudo. Cláudio era alguém que tinha alma, e um enorme coração.
Saiu de casa. Desta vez não bateu a porta. Não voltará. Mas ali enterrou seu último sentimento ruim. Agora poderia ser plenamente feliz.
Quem diria que a vida iria dar nisso?
"- Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade".
Bateu a porta de casa, e saiu. Saiu deixando todos que estavam sentados na sala de jantar com a sensação de vergonha. Vergonha por terem dito o que haviam dito. Vergonha por serem preconceituosos. Vergonha por terem dito o que muitos pensam, porém têm vergonha de dizerem.
Para que você entenda um poquinho, vamos voltar ao ano de 1989.
Cláudio era um menino diferente. Era o que todos diziam dele. Brincava de boneca com as meninas, adorava os saltos da mãe, e se recusava a ficar sujo. Sempre muito arrumado, cabelo impecável, o que lhe rendia injúrias dos meninos da rua.
Aos 15 anos não tinha beijado uma menina sequer. Aliás, não havia beijado ninguém.
Aos 19 anos, ainda era virgem. E não tinha a menor vontade de iniciar sua vida sexual.
Aos 27 descobriu o que todos já anunciavam, era homossexual.
Primeiro veio o medo, juntamente com a angústia. Logo depois veio a vergonha.
Vergonha de ser o que era. Vergonha de ser diferente do que os pais queriam que ele fosse.
E agora, aos 31, havia levado seu primeiro namorado para jantar com seus pais.
Imaginava que teria o apoio deles. Afinal de contas, só estava comprovando o que todos já desconfiavam.
Esperava que fosse difícil, mas nem tanto.
Sua mãe, a pessoa mais doce que ele havia conhecido, e referência para o seu mundo particular, havia dito que o amaria para sempre. Independentemente de suas escolhas, ele sempre seria seu filho.
- Pouco me importa o que Cláudio faz de sua vida sexual. Ele é meu filho, e sempre será. E não deixará de ser amado. Sempre foi um bom filho. Estudioso, carinhoso, educado, dentre outras milhões de qualidade. E eu jamais terei motivos para me envergonhar dele.
Seu pai já não compartilhava desta opinião.
- Uma bichinha, é isso que ele é. Um homem que vive na promiscuidade. Homem, faz-me rir. Cláudio nunca foi homem, e a culpa é toda sua. Esta sua criação liberal. Que vergonha, meu Deus. O que direi aos meus amigos? Já sei. Direi que Cláudio foi morar em outro país. Porque é isso que ele fará.
Exceto o de sua mãe, os olhares eram de reprovação. Resumiram sua opção sexual a nada. Seus irmãos se calaram. Consentiam com seu pai.
Resumiram seus desejos, sua vida, seus amores, a nada. Para aquela pessoa presente na sala de jantar, ele era uma bichinha. E para ele, aquela pessoa, naquele exato momento, deixou de ser seu pai.
A fila já dava volta no quarteirão da livraria Saraiva. Já era a quinta edição do livro - Memórias de uma "bichinha".
Cláudio já estava indo embora quando reconheceu a voz. A doce voz da infância. Seus olhos ficaram mareados. Era sua mãe.
- Você assinaria mais um?
- Pra você? Por você eu cansaria a minha mão de tanto escrever. (riso)
- Seu pai está doente. Está com câncer. Disse que gostaria de falar com você.
O homem na cama não era o mesmo que ele havia deixado na sala de jantar naquela noite de Agosto. Estava distante da arrogância e prepotência que ele havia visto ao fechar aquela porta.
- Peço, caso seja possível, que me perdoe. Peço, caso seja possível, que me deixe morrer em paz. Sei que não mereço, mas sei que você tem um bom coração, e não deixaria um velho tolo morrer assim, sem o seu perdão. Errei. Errei muito com você. Pena ser tarde demais para reconstruirmos nossa relação. Portanto, agora, só me resta pedir o seu perdão.
Cláudio o olhou com ternura. Passou levemente suas mãos por aqueles cabelos brancos, e sorriu. Uma lágrima caiu.
Não teve tempo de dizer que o perdoava. Mas no fundo sabe que ele entendeu.
Não perdoar seria colocar-se no mesmo patamar de rancor, raiva e ressentimento. Cláudio era muito melhor que aquilo tudo. Cláudio era alguém que tinha alma, e um enorme coração.
Saiu de casa. Desta vez não bateu a porta. Não voltará. Mas ali enterrou seu último sentimento ruim. Agora poderia ser plenamente feliz.
Quem diria que a vida iria dar nisso?
O mercado de trabalho oferece
Chega a ser quase um esporte abrir meus e-mail. Sempre espero algo bizarro.
Até e-mail do Senhor Jesus eu já recebi. Não abri. Poderia ser uma missão, ou algo do gênero. Achei melhor não responder ao chamado divino.
Hoje chegou uma proposta fantástica de emprego. O e-mail começava desta forma:
"Somos uma multinacional americana com 27 anos no mercado e líder em seu segmento".
Isso significa que é uma empresinha vagaba que prefere nem citar o nome. Ou ainda, se citar, as pessoas podem reconhecer o nome, e nem aparacerem para a lavagem cerebral.
"Enfatizamos, também, que não se trata de uma vaga de emprego tradicional (com carteira assinada), e sim de um trabalho autônomo, com o suporte de três grandes empresas".
Ou seja, não seguimos a CLT, e vamos ferrar a sua vida.
"O objetivo do nosso contato é convidá-lo(a) para uma reunião de negócios onde será apresentada a empresa, os nossos parceiros e o plano de carreira e remuneração. "
Plano de carreira. Ou seja, a função que está em aberto é um saco, mas algum tempo depois você pode sair desta roubada. Não dá para você começar a trabalhar em algo que você vai querer sair logo. E a parte de reunião de negócios é só para o candidato se sentir importante.
"Procuramos profissionais empreendedores."
Resumindo. Queremos que você venda o produto da tal empresa americana líder em seu segmento.
Uma coisa devo admitir, era um e-mail bem educado. Mas no fim, eles procuravam um vendedor. Basta ler as entrelinhas.
Até e-mail do Senhor Jesus eu já recebi. Não abri. Poderia ser uma missão, ou algo do gênero. Achei melhor não responder ao chamado divino.
Hoje chegou uma proposta fantástica de emprego. O e-mail começava desta forma:
"Somos uma multinacional americana com 27 anos no mercado e líder em seu segmento".
Isso significa que é uma empresinha vagaba que prefere nem citar o nome. Ou ainda, se citar, as pessoas podem reconhecer o nome, e nem aparacerem para a lavagem cerebral.
"Enfatizamos, também, que não se trata de uma vaga de emprego tradicional (com carteira assinada), e sim de um trabalho autônomo, com o suporte de três grandes empresas".
Ou seja, não seguimos a CLT, e vamos ferrar a sua vida.
"O objetivo do nosso contato é convidá-lo(a) para uma reunião de negócios onde será apresentada a empresa, os nossos parceiros e o plano de carreira e remuneração. "
Plano de carreira. Ou seja, a função que está em aberto é um saco, mas algum tempo depois você pode sair desta roubada. Não dá para você começar a trabalhar em algo que você vai querer sair logo. E a parte de reunião de negócios é só para o candidato se sentir importante.
"Procuramos profissionais empreendedores."
Resumindo. Queremos que você venda o produto da tal empresa americana líder em seu segmento.
Uma coisa devo admitir, era um e-mail bem educado. Mas no fim, eles procuravam um vendedor. Basta ler as entrelinhas.
Amélia não tinha a menor vaidade
Ela tinha comprado uma linda camisola vermelha.
Esperava ansiosa por ver a reação de seu marido. O casamento de vinte anos estava precisando de algo novo.
No curso “seduza e reconquiste seu marido”, diziam que uma lingerie nova apimenta um casamento.
As aulas de pompoarismo iam bem, mas Amélia tinha medo de arriscar.
Depois de ter visto uma mulher expelir um ovo, sempre tinha o mesmo sonho.
Um ovo gigante com as patinhas de pintinho corria atrás dela gritando “mamãe”. Resolveu que uma camisola vermelha já ajudaria.
Lembrou que sua professora havia recomendado velas e incenso. Os dispôs por toda a casa.
O vinho teria que estar na temperatura ambiente, aberto, e com duas lindas taças.
Escolheu a música para o streaptease. Passou o perfume preferido de Jaime.
Escolheu minuciosamente algumas músicas que eles tinham adotado como sendo deles tocando enquanto esperava.
- Amélia, que porra é essa? Nossa casa virou uma filial de algum centro de macumba? E abaixe esta música que estou morrendo de dor de cabeça. E depois de vinte anos você ainda não sabe que sou alérgico a incensos?
Ele entra no quarto e vê sua esposa deitada na cama com a camisola vermelha.
- Amélia, cadê o filho da puta que estava aqui com você? Você quer me foder, mulher? Puta que o pariu. Vinte anos de casamento para você ficar aí com esta cara de mulher da vida.
Amélia já não sabia o que dizer. Nem chorar conseguia.
Ele senta na cama.
- Vinte anos. Vinte anos para ser traído na minha própria casa. Porra, e o desgraçado ainda gosta de vinho tinto seco. Amélia, depois de vinte anos você deveria saber que sempre bebo tinto suave.
Esperava ansiosa por ver a reação de seu marido. O casamento de vinte anos estava precisando de algo novo.
No curso “seduza e reconquiste seu marido”, diziam que uma lingerie nova apimenta um casamento.
As aulas de pompoarismo iam bem, mas Amélia tinha medo de arriscar.
Depois de ter visto uma mulher expelir um ovo, sempre tinha o mesmo sonho.
Um ovo gigante com as patinhas de pintinho corria atrás dela gritando “mamãe”. Resolveu que uma camisola vermelha já ajudaria.
Lembrou que sua professora havia recomendado velas e incenso. Os dispôs por toda a casa.
O vinho teria que estar na temperatura ambiente, aberto, e com duas lindas taças.
Escolheu a música para o streaptease. Passou o perfume preferido de Jaime.
Escolheu minuciosamente algumas músicas que eles tinham adotado como sendo deles tocando enquanto esperava.
- Amélia, que porra é essa? Nossa casa virou uma filial de algum centro de macumba? E abaixe esta música que estou morrendo de dor de cabeça. E depois de vinte anos você ainda não sabe que sou alérgico a incensos?
Ele entra no quarto e vê sua esposa deitada na cama com a camisola vermelha.
- Amélia, cadê o filho da puta que estava aqui com você? Você quer me foder, mulher? Puta que o pariu. Vinte anos de casamento para você ficar aí com esta cara de mulher da vida.
Amélia já não sabia o que dizer. Nem chorar conseguia.
Ele senta na cama.
- Vinte anos. Vinte anos para ser traído na minha própria casa. Porra, e o desgraçado ainda gosta de vinho tinto seco. Amélia, depois de vinte anos você deveria saber que sempre bebo tinto suave.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Queridos Amigos
Começou Queridos Amigos. Minissérie a qual só de ver a propaganda, me deu vontade de assisitir.
Não sei se estou numa fase meio sensível, mas a propaganda já me emocionava.
E a minissérie não ficou atrás.
Com um elenco escolhido a dedo, enquadramentos perfeitos, diálogos muito bem escritos, trilha sonora impecável. Xi, muitos elogios para uma sentença só.
Eu gosto da Maria Adelaide Amaral, acho que é isso. E quando o assunto é minissérie, ela é a minha favorita. Trás no currículo: Os Maias, A Muralha, A Casa das Sete Mulheres, Um Só Coração e JK.
Só que desta vez, ela é mãe exclusiva da obra. Queridos Amigos foi baseada em um livro de sua própria autoria, Aos Meus Amigos.
O primeiro capítulo me fez refletir sobre os meus amigos.
Amigos de adolescência. Aqueles que me juraram, e que eu jurei, amor eterno.
Quando se é adolescente, é muito fácil acreditar na vida, no amor, na felicidade. E eu era assim, uma eterna sonhadora.
Fumava maconha, ouvia discos, usava calça rasgada, cabelos coloridos com papel crepom e camisetas cortadas de alguma banda. De preferência alguma punk.
Não havia a menor consciência política, mas éramos rebeldes. Rebeldes sem causa.
A amiga que iria morar junto comigo quando nós crescêssemos, tem uma filha de sete anos, e não mora comigo.
Uma outra, casou.
Meu melhor amigo desta época, mora na Espanha, e nunca mais nos falamos.
Deu vontade de saber como eles estão. Deu vontade de relembrar os velhos tempos, bem, não tão velhos assim porque eu ainda sou uma "criança".
Se o objetivo era emocionar, a minissérie está num bom caminho. Aguardarei os próximos capítulos. Não é sempre que se vê um time como este. É como um clássico de futebol, imperdível.
Quem sabe eu não encontre: A Cris, Gi, Eron, João, Paula, Pamela, Rodrigo, dentre outros que eu já chamei de queridos amigos.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Bianca Jahara
Eu já sabia. Minha santa avózinha já sabia. O Zé da padaria também. Bianca Jahara saiu no site Paparazzo.
O que muitos duvidavam era se isso seria um bom negócio.
Talvez ela fuja um pouquinho do perfil do site. Não é a mulher de bundão e seios fartos com cara de "vou te devorar". Mas devo admitir que as fotos foram de muito bom gosto.
E honestamente, a acho uma mulher, no mínimo, interessante. Estou falando do físico. Como pessoa nem dá para avaliar, mesmo tendo participado de um programa como o Big Brother.
Belezas convencionais, aquelas que chegam a doer os olhos, são cansativas. O padrão Bianca demonstra muito mais classe e elegância do que muitas que já vi no site.
Não acompanho o site com frequência. Mas dos ensaios que vi, o dela foi um dos melhores dos últimos tempos.
Eu achei que a chamada seria algo como: Veja o que o BBB não mostrou. Tatuagens que você ainda não viu. Desta vez eles não foram óbvios.
Agora me resta saber quantos dias a Playboy vai levar para mandar o convite. Eu aposto que no mês que vem ela pode aparecer de coelhinha na capa. Páscoa, coelhinha...Ah, deixa pra lá.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Tem dias
Você já teve aquele dia em que se sentiu a última pessoa do universo?
Sabe aquele tipo de dia em que nada dá certo e você começa a desconfiar que alguém lá de cima, ou lá debaixo, está te sacaneando?
Acho que ontem e hoje foram dias assim.
Eu fiz tudo certo. Dei o meu melhor. Até fui contra os meus princípios, e fui simpática.
O que eu ouvi?
Um lindo e sonoro "Você não tem o perfil". Simples assim, como folha de papel que nem reciclada foi. Muito obrigada, mas você não serve.
Em que momento os seres humanos se deram o direito de julgar os outros, e ainda dizerem que eles não servem?
Eu odeio dinâmicas de empresa, odeio ter que ficar fingindo ser alguém que eu não sou. Ainda se eu fosse atriz, era de esperar. Como dizem, ossos do ofício. Mas não é o meu caso.
E, se eu fosse atriz, seria do tipo canastrona. Não sei se teria muito sucesso com isso.
Sei que hoje eu li que eu não sirvo. Não estou no padrão, não tenho perfil, e toda aquela coisa.
E não consigo seguir nenhum conselho de livro de auto-ajuda, não confio nessas coisas.
Sei que hoje foi um dia difícil. Espero voltar na segunda-feira, com mais ânimo. Porque qualquer coisa que eu escreva hoje, será amarga. E por mais cara de mau que eu tenha, eu não sou.
"Acho que você tem personalidade demais!". Bem, nem sei se devo levar isso como elogio.
Acredita que disseram que eu não sou simpática?
Tá, eu não sou. Mas isso é pecado?
Sendo assim, o negócio é beber para esquecer.
Sou antipática, mas sou educada. Portanto, desejo a minha meia dúzia de leitores, um excelente final de semana!
Sabe aquele tipo de dia em que nada dá certo e você começa a desconfiar que alguém lá de cima, ou lá debaixo, está te sacaneando?
Acho que ontem e hoje foram dias assim.
Eu fiz tudo certo. Dei o meu melhor. Até fui contra os meus princípios, e fui simpática.
O que eu ouvi?
Um lindo e sonoro "Você não tem o perfil". Simples assim, como folha de papel que nem reciclada foi. Muito obrigada, mas você não serve.
Em que momento os seres humanos se deram o direito de julgar os outros, e ainda dizerem que eles não servem?
Eu odeio dinâmicas de empresa, odeio ter que ficar fingindo ser alguém que eu não sou. Ainda se eu fosse atriz, era de esperar. Como dizem, ossos do ofício. Mas não é o meu caso.
E, se eu fosse atriz, seria do tipo canastrona. Não sei se teria muito sucesso com isso.
Sei que hoje eu li que eu não sirvo. Não estou no padrão, não tenho perfil, e toda aquela coisa.
E não consigo seguir nenhum conselho de livro de auto-ajuda, não confio nessas coisas.
Sei que hoje foi um dia difícil. Espero voltar na segunda-feira, com mais ânimo. Porque qualquer coisa que eu escreva hoje, será amarga. E por mais cara de mau que eu tenha, eu não sou.
"Acho que você tem personalidade demais!". Bem, nem sei se devo levar isso como elogio.
Acredita que disseram que eu não sou simpática?
Tá, eu não sou. Mas isso é pecado?
Sendo assim, o negócio é beber para esquecer.
Sou antipática, mas sou educada. Portanto, desejo a minha meia dúzia de leitores, um excelente final de semana!
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Orkut
Este blog agora tem comunidade. Sendo assim, se você tem paciência de ler, e quer conhecer outros insanos que fazem o mesmo, entre para a comunidade do Pretérito Passado.
To be continued 2
Os senhores estão de volta! Não, nada de Senhor dos Anéis, aquela coisa chata pra caralho. Eu não suporto Harry Potter e Senhor dos Anéis. A fotografia é ótima, a trilha também, mas as histórias são cansativas. Mas o mundo adora, e eu respeito o gosto alheio.
Mas não era bem este o tema, ou melhor, poderia ser. As continuações.
A 3ª idade está invadindo Hollywood. Honestamente, fico feliz. Mas eles poderiam voltar de outra forma. Nada de continuações. Todo filme que ganha horrores com o primeiro, merece uma continuação. Porque assim dá para ganhar mais uma fábula com a tal continuação.
Por que raios continuaram Instinto Selvagem? A Sharon Stone continua linda, deve ter gasto tudo que ganhou na vida para ficar maravilhosa aos "entas anos", mas eu não sou obrigada a ver uma continuação para algo que não tem continuação.
E este ano teremos 3 continuações superaguardadas: Indiano Jones 4, Rambo 4 e Star Trek 11. 11, meu amigo, 11. Capitão Kirk que me perdoe, mas 11 é demais!
Este ano ainda teremos: A Múmia 3, Alien vs Predaror 2, Arquivo X 2, Batman Begins 2, Crônicas de Nárnia 2, Harry Potter 6, High School Musical 3 (Este não deveria nem ter o 2), Hulk 2, James Bond 22.
Haja números, meu amigo! Como diria Galvão.
E aqui no Brasil teremos: Tropa de Elite 2, brincadeira. Mas o filme 174, tem o ator André Ramiro (o Matias de Tropa de Elite), que será um oficial do Bope. Dá até para pensar que é uma continuação. A sinopse seria asim:
"Matias, depois de assumir o lugar de Capitão Nascimento, tem uma árdua missão. O ônibus da linha 174 foi sequestrado. Conseguirá Matias representar a caveira com honra, e salvar todos os reféns com vida?"
Bocato e banda
Eu reclamo do trânsito, da loucura que é esta cidade que eu habito. Mas não trocaria São Paulo por nada.
A noite paulistana não pára. É de segunda a segunda.
E, se você está procurando o que fazer. Saiba que toda quinta-feira, no bar Geni, tem Bocatto.
O músico paulista Bocato mesmo fumando mais que uma chaminé desgovernada, manda muitíssimo bem no trombone. É de deixar qualquer um boquiaberto.
Reconhecido no exterior, e pouco conhecido no Brasil, Bocato já acompanhou: Elis Regina, Ney Matogrosso, Roberto Carlos, Itamar Assumpção, dentre outros grandes nomes de nossa música.
Vale muito a pena, ver, ouvir e dançar com Bocato e sua banda. Com certeza você ouvirá um jazz contemporâneo com arranjos dançantes bem criativos. Nos ritmos Bossa Nova e Jazz o repertório é composto por clássicos de Charlie Parker, Miles Davis, John Coltrane, Tom Jobim, Edu Lobo, João Donato dentre outros.
Depois não vale reclamar que ouvir boa música é caro. Até às 21:00 não se paga couvert.
Então, se programe, e semana que vem vá ver um dos melhores instrumentistas do Brasil.
A noite paulistana não pára. É de segunda a segunda.
E, se você está procurando o que fazer. Saiba que toda quinta-feira, no bar Geni, tem Bocatto.
O músico paulista Bocato mesmo fumando mais que uma chaminé desgovernada, manda muitíssimo bem no trombone. É de deixar qualquer um boquiaberto.
Reconhecido no exterior, e pouco conhecido no Brasil, Bocato já acompanhou: Elis Regina, Ney Matogrosso, Roberto Carlos, Itamar Assumpção, dentre outros grandes nomes de nossa música.
Vale muito a pena, ver, ouvir e dançar com Bocato e sua banda. Com certeza você ouvirá um jazz contemporâneo com arranjos dançantes bem criativos. Nos ritmos Bossa Nova e Jazz o repertório é composto por clássicos de Charlie Parker, Miles Davis, John Coltrane, Tom Jobim, Edu Lobo, João Donato dentre outros.
Depois não vale reclamar que ouvir boa música é caro. Até às 21:00 não se paga couvert.
Então, se programe, e semana que vem vá ver um dos melhores instrumentistas do Brasil.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Retratos
Eles estavam todos espalhados pela sala. Registros de imagens que eu simplesmente não conseguia esquecer. Momentos registrados por garçons, pessoas estranhas nas ruas, amigos.
Sempre reclamava em ter que tirar fotos. Hoje são elas que me fazem companhia. Olho cada uma como se fosse uma raridade. Meu museu particular de imagem.
Sem elas talvez eu perdesse Veneza, Paris, Londres, Ouro Preto, o aniversário de namoro, o parque de diversões, o pedido de casamento, e o próprio casamento.
Agora estou jogada na sala olhando um a um. Olho a paisagem, as personagens, lembro das histórias.
Lembro do dia em que esquiei pela primeira vez. Logo na sequência tem a foto do roxo na minha perna.
Imagens estáticas que me comovem. Já sorri, já chorei, já fiquei pensativa.
O que a mente às vezes esquece, o retrato guarda, e nos faz relembrar.
Eu estava sentada, vestida com o uniforme vermelho, carregando a mochila que era maior que eu. O rosto estava sujo, coisa que não era novidade no Jardim da Infância. Ao lado um menininho com cara de arteiro, cabelinho ao estilo Juruna, coisas da década de oitenta. Ele fazia chifrinho, e eu fazia cara de brava.
Coincidentemente este mesmo menininho, vinte anos mais tarde, estaria no meu álbum de casamento, na maternidade, nas viagens, e em muitas festas.
O menininho de cabelo estilo Juruna cuidou de mim quando eu fiquei muito doente, me fez rir, me fez chorar, me fez passar por um turbulhão imenso de emoções.
A campainha tocou. Era ele. Já não era mais o menininho, agora é homem feito, como diriam os mais velhos. O ar arteiro deu lugar a um ar sério e compenetrado, reforçado pelos óculos de grau.
O uniforme vermelho foi substituído por um terno bem cortado acompanhado de uma gravata italiana.
As brincadeiras com massinha já não existem mais. Agora ele brinca com um computador que nos acompanhava até na cama, juntamente ao telefone celular.
E esta mesma pessoa que me deu a mão no passeio da escola, dançou comigo na festa Junina, pintou minha cara quando passei no vestibular, está com a última mala na porta da casa que vivemos juntos durante seis anos.
A porta fechou. Junto com ela um passado. Junto com ela o menininho do Jardim da Infância.
Do lado de dentro ficou uma pessoa que não tem mais cara de brava, e não tem medo do escuro. Mas que por outro lado, tem medo de recomeçar a vida.
Talvez outros retratos sejam tirados. Mas nenhum substituirá aqueles que estão jogados na minha sala.
Sempre reclamava em ter que tirar fotos. Hoje são elas que me fazem companhia. Olho cada uma como se fosse uma raridade. Meu museu particular de imagem.
Sem elas talvez eu perdesse Veneza, Paris, Londres, Ouro Preto, o aniversário de namoro, o parque de diversões, o pedido de casamento, e o próprio casamento.
Agora estou jogada na sala olhando um a um. Olho a paisagem, as personagens, lembro das histórias.
Lembro do dia em que esquiei pela primeira vez. Logo na sequência tem a foto do roxo na minha perna.
Imagens estáticas que me comovem. Já sorri, já chorei, já fiquei pensativa.
O que a mente às vezes esquece, o retrato guarda, e nos faz relembrar.
Eu estava sentada, vestida com o uniforme vermelho, carregando a mochila que era maior que eu. O rosto estava sujo, coisa que não era novidade no Jardim da Infância. Ao lado um menininho com cara de arteiro, cabelinho ao estilo Juruna, coisas da década de oitenta. Ele fazia chifrinho, e eu fazia cara de brava.
Coincidentemente este mesmo menininho, vinte anos mais tarde, estaria no meu álbum de casamento, na maternidade, nas viagens, e em muitas festas.
O menininho de cabelo estilo Juruna cuidou de mim quando eu fiquei muito doente, me fez rir, me fez chorar, me fez passar por um turbulhão imenso de emoções.
A campainha tocou. Era ele. Já não era mais o menininho, agora é homem feito, como diriam os mais velhos. O ar arteiro deu lugar a um ar sério e compenetrado, reforçado pelos óculos de grau.
O uniforme vermelho foi substituído por um terno bem cortado acompanhado de uma gravata italiana.
As brincadeiras com massinha já não existem mais. Agora ele brinca com um computador que nos acompanhava até na cama, juntamente ao telefone celular.
E esta mesma pessoa que me deu a mão no passeio da escola, dançou comigo na festa Junina, pintou minha cara quando passei no vestibular, está com a última mala na porta da casa que vivemos juntos durante seis anos.
A porta fechou. Junto com ela um passado. Junto com ela o menininho do Jardim da Infância.
Do lado de dentro ficou uma pessoa que não tem mais cara de brava, e não tem medo do escuro. Mas que por outro lado, tem medo de recomeçar a vida.
Talvez outros retratos sejam tirados. Mas nenhum substituirá aqueles que estão jogados na minha sala.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Eu não conheço a minha cidade
Se hoje me perguntassem o que eu gostaria de ganhar de aniversário, seria muito simples. Eu quero um GPS.
Se eu tivesse um, poderia visitar os amigos que resolveram mudar de casa. Poderia andar pelo centro da cidade de São Paulo sem medo de entrar em uma via só para ônibus. Não fecharia metade da população por estar perdida. Minha vida ao volante seria um mar de rosas.
Quando a pessoa começa a explicação com a seguinte frase:
“- Você conhece a ponte alguma coisa?"
Eu já começo a ter calafrios. Odeio pontes.
E aqui em São Paulo, uma ponte significa: Meu amigo, se você passou por ela, vai demorar, no mínimo, uma hora para voltar para onde você estava.
Outra coisa que me causa grandes problemas é túnel. Se eu entro em algum túnel errado, já dá uma vontade fora do comum de chorar. Porque túneis significam: Você acaba de sair do outro lado da cidade, ao menos pra mim.
Depois de rodar duas horas pela Marginal Pinheiros, quero deixar bem claro que a partir de hoje só visito amigos que morem perto de algum metrô, ou no meu próprio bairro.
E não me venham com: “É só pegar a 23 de Maio”, ou ainda, “Depois da Radial é uma reta só!”, que comigo não cola mais.
E mais uma coisa. Eu detesto esse sites de rota. Em 55 segundo vire à esquerda.
Fiquei me imaginando no carro contando 55 segundos. Talvez eu conte rápido demais, ou devagar, não sei, nunca dá certo. E eu ainda vou processar a minha professora de Geografia. Não sei ler mapas, não adianta. Não sei como consegui completar o Azimute do treinamento na selva. Ah, lembrei, era em grupo, e eu era o homem-passo.
E outra, eu não tenho a menor noção, nem um pingo, sequer uma gota, nadica, de direção. E para completar, penso para decidir o que é esquerda, e o que é direita.
Sei que uma vez eu estava indo num show no Credicard Hall. O show estava programado para começar às 19:00. Sai de casa às 17:00, contando com trânsito, e as minhas perdidas, daria tempo. Daria, porque consegui chegar no show às 20:30.
Você consegue conceber a idéia de rodar três horas e meia pela cidade de São Paulo, com uma criança dentro do carro perguntando de cinco em cinco minutos se está chegando? Ela reclamava do calor, do trânsito, do sapato, ficou com sede, sono, fome. Tudo de cinco em cinco minutos. Com uma precisão britânica.
Pronto, já dissertei sobre o meu drama ao volante. Sendo assim, não me chamem de ranzinza quando eu disser: “Não sei chegar na sua casa, porra!”
Se eu tivesse um, poderia visitar os amigos que resolveram mudar de casa. Poderia andar pelo centro da cidade de São Paulo sem medo de entrar em uma via só para ônibus. Não fecharia metade da população por estar perdida. Minha vida ao volante seria um mar de rosas.
Quando a pessoa começa a explicação com a seguinte frase:
“- Você conhece a ponte alguma coisa?"
Eu já começo a ter calafrios. Odeio pontes.
E aqui em São Paulo, uma ponte significa: Meu amigo, se você passou por ela, vai demorar, no mínimo, uma hora para voltar para onde você estava.
Outra coisa que me causa grandes problemas é túnel. Se eu entro em algum túnel errado, já dá uma vontade fora do comum de chorar. Porque túneis significam: Você acaba de sair do outro lado da cidade, ao menos pra mim.
Depois de rodar duas horas pela Marginal Pinheiros, quero deixar bem claro que a partir de hoje só visito amigos que morem perto de algum metrô, ou no meu próprio bairro.
E não me venham com: “É só pegar a 23 de Maio”, ou ainda, “Depois da Radial é uma reta só!”, que comigo não cola mais.
E mais uma coisa. Eu detesto esse sites de rota. Em 55 segundo vire à esquerda.
Fiquei me imaginando no carro contando 55 segundos. Talvez eu conte rápido demais, ou devagar, não sei, nunca dá certo. E eu ainda vou processar a minha professora de Geografia. Não sei ler mapas, não adianta. Não sei como consegui completar o Azimute do treinamento na selva. Ah, lembrei, era em grupo, e eu era o homem-passo.
E outra, eu não tenho a menor noção, nem um pingo, sequer uma gota, nadica, de direção. E para completar, penso para decidir o que é esquerda, e o que é direita.
Sei que uma vez eu estava indo num show no Credicard Hall. O show estava programado para começar às 19:00. Sai de casa às 17:00, contando com trânsito, e as minhas perdidas, daria tempo. Daria, porque consegui chegar no show às 20:30.
Você consegue conceber a idéia de rodar três horas e meia pela cidade de São Paulo, com uma criança dentro do carro perguntando de cinco em cinco minutos se está chegando? Ela reclamava do calor, do trânsito, do sapato, ficou com sede, sono, fome. Tudo de cinco em cinco minutos. Com uma precisão britânica.
Pronto, já dissertei sobre o meu drama ao volante. Sendo assim, não me chamem de ranzinza quando eu disser: “Não sei chegar na sua casa, porra!”
Despedidas
A garganta fica seca. Os olhos mareados. Chega uma hora que eles começam a arder.
As palavras somem. A cabeça fica tão vazia, que é impossível encontrar uma palavra. Quem dirá uma frase. E nessas horas, um abraço compensa as palavras que faltaram.
Difícil consolar alguém por algo que é inconsolável.
Só quem teve a terrível experiência de perder mãe ou pai, consegue sentir esta dor.
É a dor que corrói. Uma dor que parece não ter fim.
O coração parece parar na hora que vem a notícia.
Um filme passa pela sua cabeça.
Vem a vontade de chorar, berrar, de desacreditar em tudo.
Vem a vontade de correr, e sumir deste mundo.
A morte é algo tão certo, mas quando ela chega, ainda assim, não conseguimos tratá-la de forma normal. Não dá para aceitar.
É impossível aceitar que alguém que nos deu carinho, atenção, colo, amor, nos cobriu a noite, brincou, deu bronca, nos ensinou a viver, pode ir embora.
Pai e mãe deveriam ser eternos.
Mas a lei da natureza pouco se importa com isso.
Enquanto uns nascem, outros morrem. É assim que deve ser.
Fácil falar. Difícil sentir isso. Difícil aceitar a lei da vida.
Difícil pensar que aquela pessoa nunca mais estará na mesa de jantar.
Nada do que eu escreva, nada do que eu fale, nada, nada suprirá esta dor que você sente hoje.
A única coisa que posso dizer é...Conte comigo.
As palavras somem. A cabeça fica tão vazia, que é impossível encontrar uma palavra. Quem dirá uma frase. E nessas horas, um abraço compensa as palavras que faltaram.
Difícil consolar alguém por algo que é inconsolável.
Só quem teve a terrível experiência de perder mãe ou pai, consegue sentir esta dor.
É a dor que corrói. Uma dor que parece não ter fim.
O coração parece parar na hora que vem a notícia.
Um filme passa pela sua cabeça.
Vem a vontade de chorar, berrar, de desacreditar em tudo.
Vem a vontade de correr, e sumir deste mundo.
A morte é algo tão certo, mas quando ela chega, ainda assim, não conseguimos tratá-la de forma normal. Não dá para aceitar.
É impossível aceitar que alguém que nos deu carinho, atenção, colo, amor, nos cobriu a noite, brincou, deu bronca, nos ensinou a viver, pode ir embora.
Pai e mãe deveriam ser eternos.
Mas a lei da natureza pouco se importa com isso.
Enquanto uns nascem, outros morrem. É assim que deve ser.
Fácil falar. Difícil sentir isso. Difícil aceitar a lei da vida.
Difícil pensar que aquela pessoa nunca mais estará na mesa de jantar.
Nada do que eu escreva, nada do que eu fale, nada, nada suprirá esta dor que você sente hoje.
A única coisa que posso dizer é...Conte comigo.
E se eu te contasse?
Se eu contasse o que se passava em minha cabeça, algo seria diferente?
Se eu dissesse que esperava ouvir seus passos na entrada para fingir que estava dormindo?
Se eu dissesse que cheirava suas roupas cada vez que você chegava tarde?
Se eu dissesse que não fui embora porque não suportaria lhe dizer "adeus"?
Se eu mostrasse todas as cartas que fiz de despedida?
Se eu conseguisse ler seus pensamentos. Talvez me decepcionaria?
Se eu dissesse que sofro?
Se eu chamasse seu nome no meio da madrugada. Você viria?
Se eu rasgasse minhas roupas, mudasse de nome, cortasse meu cabelo, se eu te entregasse a minha alma. Você me amaria?
Se eu contasse que não passo um minuto sem pensar em você. Isso faria alguma diferença?
Se eu pedisse para você segurar a minha mão? Você seguraria?
Se eu dissesse que tenho medo de ter esquecido como se ama. Você me ajudaria a relembrar?
Se meu amor, se...Se eu amasse por nós dois?
Se eu tivesse tanto amor quanto digo que tenho, não teria feito o que fiz.
Se eu tivesse este amor, não pediria para você ficar.
Se eu amasse, de verdade, aguentaria a minha solidão. Amaria alguém que realmente merece muito mais que você, eu.
Se eu dissesse que esperava ouvir seus passos na entrada para fingir que estava dormindo?
Se eu dissesse que cheirava suas roupas cada vez que você chegava tarde?
Se eu dissesse que não fui embora porque não suportaria lhe dizer "adeus"?
Se eu mostrasse todas as cartas que fiz de despedida?
Se eu conseguisse ler seus pensamentos. Talvez me decepcionaria?
Se eu dissesse que sofro?
Se eu chamasse seu nome no meio da madrugada. Você viria?
Se eu rasgasse minhas roupas, mudasse de nome, cortasse meu cabelo, se eu te entregasse a minha alma. Você me amaria?
Se eu contasse que não passo um minuto sem pensar em você. Isso faria alguma diferença?
Se eu pedisse para você segurar a minha mão? Você seguraria?
Se eu dissesse que tenho medo de ter esquecido como se ama. Você me ajudaria a relembrar?
Se meu amor, se...Se eu amasse por nós dois?
Se eu tivesse tanto amor quanto digo que tenho, não teria feito o que fiz.
Se eu tivesse este amor, não pediria para você ficar.
Se eu amasse, de verdade, aguentaria a minha solidão. Amaria alguém que realmente merece muito mais que você, eu.
Opereta
O telefone tocou naquela manhã fria de domingo.
É uma ótima maneira de começar a contar esta história. Telefones que tocam em uma tarde fria.
Um amigo havia salvado “I´ll survive” como ringtone. O Marcos acabou com a minha história. Como posso dar o tom de suspense a uma história que começa com um telefone tocando “I´ll survive” ?
Atendi ao telefone. A voz do outro lado era de mulher, coisa rara nos últimos tempos.
- Padilha, Marília. Lembra de mim?
Porra, como não lembrar da desgraçada da Marília? A vagabunda da Marília fez parte de praticamente toda a minha adolescência. Lembro que ela adorava provocar os meninos e deixá-los, literalmente, na mão.
No último ano do colégio nós namoramos. Um dia ela veio com uma história de que o amor tinha acabado. Me deu um ponta pé.
- Marília? De onde?
O prazer de fazer esta pergunta foi inenarrável. Ela não poderia se achar o número 32 da folhinha pelo resto da vida.
- Marília que namorou com você no colegial.
- Ah, a Marília Fonseca?
Com isso eu dei a entender que dei uns pegas na Marília Albuquerque.
- Sim, a Fonseca.
- Fala, Marília. Quanto tempo! Como você está?
- Péssima, Padilha, péssima. Preciso de sua ajuda. Você foi a primeira pessoa que eu pensei. Consegui seu telefone com o Marcos.
Aquela alma imunda fez de propósito. Colocou “I´ll survive” porque sabia que esta vaca iria me ligar. Ela que vá “survive” na puta que a pariu.
- O que aconteceu?
- Não posso falar por telefone. Posso passar na sua casa?
Uma hora depois daquele telefonema bizarro.
Marília tomava um chá verde na poltrona da minha sala.
Ela continuava linda. Belos seios, olhos castanhos amendoados, cabelos negros e cumpridos, e aquela pele alva e macia.
- Eu sei que você não fala com sua irmã já faz mais de seis anos. E que desde que ela foi para Londres com a Marcela sua família a esqueceu. Mas agora é diferente. Estávamos morando aqui no Rio de Janeiro desde fevereiro. Parecia tudo bem. Estávamos felizes, sabe. Ontem nós brigamos. Ela fez uma mala no meio da madrugada. Só deixou este bilhete.
“Marília, tenho notado que você simplesmente deixou de me amar. Não posso continuar ao lado de alguém que já não me ama mais. Aliás, não sei se posso viver sem o nosso amor. Talvez seja a hora de parar. Beijos, da sempre sua, Joana”.
- Temo pela vida dela, Padilha. Já liguei para todos nossos amigos em comum, ninguém sabe dela. Estou muito aflita.
Fiquei atônito por muitos minutos. Além de ter me torturado por meses, esta vagabunda pegou minha irmã caçula.
Andei até o bar e peguei uma dose. Era muita informação para uma manhã de domingo. Minha irmã era lésbica, e namorava com a minha ex.
“I´ll survive” toca novamente. Desta vez era Joana.
- Padilha, liguei para lhe pedir desculpas por tudo que aconteceu. Eu não queria te magoar. Apesar de tudo somos irmãos. Eu não quero ir embora sem que você me perdoe. É só isso que eu quero. Me perdoa?
- Claro que sim. Mas pra onde você vai?
- Vou voltar para Londres.
- Cuide-se. Te amo muito.
- Desculpe, era a minha namorada.
- Marília, acho que a Joana vai se matar. E a culpa disso tudo é sua. Esta sua mania ridícula de alegar que a porra do amor acabou. Porra, você não consegue mentir? Diga que você quer ficar sozinha, que encontrou outra pessoa, que quer ser freira, ou ainda que decidiu morar no Marrocos. Mas não venha com esta de que o amor acabou. Minha irmã vai se suicidar por causa deste seu amor nojento que acaba por qualquer coisa. Eu te amei e você me jogou fora como se faz com o jornal de ontem, sem a menor consideração, sem ao menos dar umazinha.
Você tem noção que eu tive acne por sua causa? Você consegue imaginar quantos banhos frios eu tive que tomar só porque você queria casar virgem? Agora você come a minha irmã e vem me contar. Que tipo de pessoa você é? Saia da minha casa.
Ela começou a chorar. Chorava, e arrancava uma peça de roupa. Transamos no chão da sala. Ela quis compensar os meus anos perdidos, e suprir o mal que fez à Joana. Eu, macho que sou, aceitei a proposta. Depois de ter gozado, disse à ela que Joana estava bem, e que tinha voltado para Londres.
Ela disse que me odiava. O ódio dela foi bem mais sincero que o amor.
É uma ótima maneira de começar a contar esta história. Telefones que tocam em uma tarde fria.
Um amigo havia salvado “I´ll survive” como ringtone. O Marcos acabou com a minha história. Como posso dar o tom de suspense a uma história que começa com um telefone tocando “I´ll survive” ?
Atendi ao telefone. A voz do outro lado era de mulher, coisa rara nos últimos tempos.
- Padilha, Marília. Lembra de mim?
Porra, como não lembrar da desgraçada da Marília? A vagabunda da Marília fez parte de praticamente toda a minha adolescência. Lembro que ela adorava provocar os meninos e deixá-los, literalmente, na mão.
No último ano do colégio nós namoramos. Um dia ela veio com uma história de que o amor tinha acabado. Me deu um ponta pé.
- Marília? De onde?
O prazer de fazer esta pergunta foi inenarrável. Ela não poderia se achar o número 32 da folhinha pelo resto da vida.
- Marília que namorou com você no colegial.
- Ah, a Marília Fonseca?
Com isso eu dei a entender que dei uns pegas na Marília Albuquerque.
- Sim, a Fonseca.
- Fala, Marília. Quanto tempo! Como você está?
- Péssima, Padilha, péssima. Preciso de sua ajuda. Você foi a primeira pessoa que eu pensei. Consegui seu telefone com o Marcos.
Aquela alma imunda fez de propósito. Colocou “I´ll survive” porque sabia que esta vaca iria me ligar. Ela que vá “survive” na puta que a pariu.
- O que aconteceu?
- Não posso falar por telefone. Posso passar na sua casa?
Uma hora depois daquele telefonema bizarro.
Marília tomava um chá verde na poltrona da minha sala.
Ela continuava linda. Belos seios, olhos castanhos amendoados, cabelos negros e cumpridos, e aquela pele alva e macia.
- Eu sei que você não fala com sua irmã já faz mais de seis anos. E que desde que ela foi para Londres com a Marcela sua família a esqueceu. Mas agora é diferente. Estávamos morando aqui no Rio de Janeiro desde fevereiro. Parecia tudo bem. Estávamos felizes, sabe. Ontem nós brigamos. Ela fez uma mala no meio da madrugada. Só deixou este bilhete.
“Marília, tenho notado que você simplesmente deixou de me amar. Não posso continuar ao lado de alguém que já não me ama mais. Aliás, não sei se posso viver sem o nosso amor. Talvez seja a hora de parar. Beijos, da sempre sua, Joana”.
- Temo pela vida dela, Padilha. Já liguei para todos nossos amigos em comum, ninguém sabe dela. Estou muito aflita.
Fiquei atônito por muitos minutos. Além de ter me torturado por meses, esta vagabunda pegou minha irmã caçula.
Andei até o bar e peguei uma dose. Era muita informação para uma manhã de domingo. Minha irmã era lésbica, e namorava com a minha ex.
“I´ll survive” toca novamente. Desta vez era Joana.
- Padilha, liguei para lhe pedir desculpas por tudo que aconteceu. Eu não queria te magoar. Apesar de tudo somos irmãos. Eu não quero ir embora sem que você me perdoe. É só isso que eu quero. Me perdoa?
- Claro que sim. Mas pra onde você vai?
- Vou voltar para Londres.
- Cuide-se. Te amo muito.
- Desculpe, era a minha namorada.
- Marília, acho que a Joana vai se matar. E a culpa disso tudo é sua. Esta sua mania ridícula de alegar que a porra do amor acabou. Porra, você não consegue mentir? Diga que você quer ficar sozinha, que encontrou outra pessoa, que quer ser freira, ou ainda que decidiu morar no Marrocos. Mas não venha com esta de que o amor acabou. Minha irmã vai se suicidar por causa deste seu amor nojento que acaba por qualquer coisa. Eu te amei e você me jogou fora como se faz com o jornal de ontem, sem a menor consideração, sem ao menos dar umazinha.
Você tem noção que eu tive acne por sua causa? Você consegue imaginar quantos banhos frios eu tive que tomar só porque você queria casar virgem? Agora você come a minha irmã e vem me contar. Que tipo de pessoa você é? Saia da minha casa.
Ela começou a chorar. Chorava, e arrancava uma peça de roupa. Transamos no chão da sala. Ela quis compensar os meus anos perdidos, e suprir o mal que fez à Joana. Eu, macho que sou, aceitei a proposta. Depois de ter gozado, disse à ela que Joana estava bem, e que tinha voltado para Londres.
Ela disse que me odiava. O ódio dela foi bem mais sincero que o amor.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Flores
Lembro exatamente o dia em que conheci Manoela. Ela usava uma jardineira azul turquesa que combinava belamente com seus olhos tão azuis quanto sua jardineira. A pele era tão alva quanto os copos de leite que ela cultivava em sua estufa. Os cabelos negros formavam a moldura daquele rosto angelical.
Ela sorriu e veio em minha direção:
- Posso lhe ajudar?
Demorei aproximadamente três longos minutos para lembrar o que me levara à estufa.
- Eu gostaria de um buquê de rosas. As mais lindas que você tiver.
- Claro. Se quiser, pode escolher.
Adentramos no corredor das rosas. Escolhi cada uma. Rosas vermelhas eram as preferidas de mamãe.
- Quer que eu faça um arranjo?
- Por favor. Se puder, use uma fita vermelha.
- Vai precisar de cartão?
- Não. Tudo que eu tenho a dizer para ela, já é sabido. E nada do que eu venha a escrever, será o suficiente.
- Sua mulher tem sorte.
- Ela não é minha mulher. Mas com certeza é uma mulher de sorte.
A lápide estava bem conservada, e havia algumas outras rosas murchas em torno dela. Na foto ela estava séria. Acho que era uma das poucas fotos que mamãe não estava sorrindo, mas mesmo assim, sua preferida.
Naquele dia ela completaria 75 anos. E, como em todos os anos, desde a sua morte, eu levava rosas vermelhas.
Passou uma semana desde o aniversário de mamãe. Voltei à estufa. Desta vez comprei lírios, os entreguei à Janine, minha irmã.
Uma vez por semana eu ia à estufa comprar flores. Rosas, girassóis, tulipas, violetas, cada semana eu comprava um tipo diferente. E as mulheres da minha vida ficavam felizes por recebê-las. É impressionante o efeito de uma flor sobre uma mulher.
Passou aproximadamente um mês até que eu finalmente comprasse flores para Manoela. Um buquê de flores do campo.
- E o que vai escrever no cartão?
- Manoela, você quer jantar comigo?
Não demorou muito para que casássemos. A igreja estava maravilhosa. Decorada de flores pela própria Manoela.
Aos domingos, pela manhã, ao levar o café da manhã na cama, colocava sempre um vaso de flores ao lado de nossa cama. E foi assim durante longos anos.
De pijamas e pantufas ela entrou correndo no quarto. Trazia nas mãos algumas flores do campo.
Colocou no vaso.
Fingi continuar dormindo.
Ela chegou perto da cama, me deu um beijo na testa, e saiu.
Angélica é uma criança adorável. E naquele momento me ensinou que a vida, assim como a natureza, se renova.
Perdi Manoela. Mas ela me deixou uma das flores mais lindas que ela pôde cultivar, Angélica, nossa filha.
Ela sorriu e veio em minha direção:
- Posso lhe ajudar?
Demorei aproximadamente três longos minutos para lembrar o que me levara à estufa.
- Eu gostaria de um buquê de rosas. As mais lindas que você tiver.
- Claro. Se quiser, pode escolher.
Adentramos no corredor das rosas. Escolhi cada uma. Rosas vermelhas eram as preferidas de mamãe.
- Quer que eu faça um arranjo?
- Por favor. Se puder, use uma fita vermelha.
- Vai precisar de cartão?
- Não. Tudo que eu tenho a dizer para ela, já é sabido. E nada do que eu venha a escrever, será o suficiente.
- Sua mulher tem sorte.
- Ela não é minha mulher. Mas com certeza é uma mulher de sorte.
A lápide estava bem conservada, e havia algumas outras rosas murchas em torno dela. Na foto ela estava séria. Acho que era uma das poucas fotos que mamãe não estava sorrindo, mas mesmo assim, sua preferida.
Naquele dia ela completaria 75 anos. E, como em todos os anos, desde a sua morte, eu levava rosas vermelhas.
Passou uma semana desde o aniversário de mamãe. Voltei à estufa. Desta vez comprei lírios, os entreguei à Janine, minha irmã.
Uma vez por semana eu ia à estufa comprar flores. Rosas, girassóis, tulipas, violetas, cada semana eu comprava um tipo diferente. E as mulheres da minha vida ficavam felizes por recebê-las. É impressionante o efeito de uma flor sobre uma mulher.
Passou aproximadamente um mês até que eu finalmente comprasse flores para Manoela. Um buquê de flores do campo.
- E o que vai escrever no cartão?
- Manoela, você quer jantar comigo?
Não demorou muito para que casássemos. A igreja estava maravilhosa. Decorada de flores pela própria Manoela.
Aos domingos, pela manhã, ao levar o café da manhã na cama, colocava sempre um vaso de flores ao lado de nossa cama. E foi assim durante longos anos.
De pijamas e pantufas ela entrou correndo no quarto. Trazia nas mãos algumas flores do campo.
Colocou no vaso.
Fingi continuar dormindo.
Ela chegou perto da cama, me deu um beijo na testa, e saiu.
Angélica é uma criança adorável. E naquele momento me ensinou que a vida, assim como a natureza, se renova.
Perdi Manoela. Mas ela me deixou uma das flores mais lindas que ela pôde cultivar, Angélica, nossa filha.
A máquina
Temos que produzir, produzir, produzir. Se você não produz, é um preguiçoso e incapaz.
Recentemente me tornei escrava do ócio contemplativo. Se eu vivesse no ano de 470 A.C, seria considerada filósofa. Mas como estou no ano de 2008, sou taxada de preguiçosa.
Sócrates, aquele mesmo das aulas de filosofia, tornou-se um grande pensador sem nunca ter escrito um livrinho, nada, nadica. Sócrates contemplava, pensava, e alguém que acreditava em suas idéias, escrevia. Os chamados discípulos de Sócrates. Um carinha bem conhecido é Platão. Ele escrevia o que Sócrates filosofava em praça pública.
Se minha mãe conhecesse Sócrates, diria: Senhor Sócrates, o senhor é um fanfarrão preguiçoso.
Ok, eu não sou Sócrates, passo a léguas de distância da inteligência dele. Mas eu posso ter o direito de reservar um tempo só para pensar?
As máquinas surgiram para facilitar a nossa vida. Mas o homem é um mala sem alça de carteirinha. Encontrou outras atividades chatas para fazer. Acho que neste período surgiram os escritórios.
Se existe a máquina, precisamos de alguém para operá-la. E este alguém precisa receber por isso. E para este alguém receber, precisamos de alguém que cuide deste pagamento. E se a máquina pifar, precisaremos de alguém para arrumar, e para isso precisaremos de dinheiro. Mas o dinheiro não pode ficar na fábrica, precisamos de um banco. E um banco precisa de mais funcionários, e etc. Esta parte da história você conhece, e vive nela.
Que coisa mais chata este sistema.
O cara que inventou o negócio foi uma pessoa de muito mau-humor, alguém que definitivamente não gostava de contemplar a vida. Negócio significa negação ao ócio.
Já passei por esta fase. Agora eu assumo meu ócio. Afinal de contas, já dizia Nietzche: "A infelicidade dos homens ativos é que sua atividade é quase sempre irracional. Aquele que não tem dois terços do dia para si é escravo".
Tanta tecnologia para nada. Cada dia que passa o homem fica mais escravo daquilo que construiu.
O belo
A bonita e burra. É isso que se fala de mulheres bonitas. Bonita, mas não mora ninguém lá dentro. Há exceções, claro.
Segundo o pai da psicanálise - Freud, a forma que interagimos com os adultos nos ajuda a moldar o mundo em que nascemos.
Sendo assim, a fulana nasce com uma beleza de doer os olhos. É aquele criancinha com cara de boneca. Ela sorri, e todos os adultos ao seu redor, sorriem também. Ela não precisa falar, só de olhar, consegue o que quer. Ganha roupas lindas, para se destacar no grupo. Recebe toda a atenção dos adultos. Sim, ela é uma princesinha.
A relação é bem simples. Para esta pessoa, a vida parece fácil. Basta um olhar, para o mundo estar ao seus pés.
Valorizamos o belo. O belo é facilmente aceito em grupos de amigos, que farão questão de serem vistos com alguém que faz bem aos olhos.
Mas a beleza é uma faca de dois gumes. Toda a atenção é dispensada à ela devido sua beleza. Se ela consegue chamar a atenção por sua beleza, pra quê mais?
Com isso, corre-se o grande risco de tornar-se um ser humano vazio.
É a lei da evolução do mais que conhecido Darwin. Quem na escola nunca estudou esta maldita lei nas aulas de biologia? Aplique-a nos seres humanos.
A necessidade traz a evolução. E se a necessidade não existe porque o belo é um dom nato, não há evolução.
Resumindo, não culpe as gostosas ou gostosos. Eles não precisam ser inteligentes.
Mais uma vez ressaltando, há exceções! Mas passe a olhar essas pessoas com um olhar mais carinhoso. A culpa não é delas. A culpa é dos que só olham a embalagem. Lembrando, na embalagem vem o prazo de validade. A beleza não é eterna.
Segundo o pai da psicanálise - Freud, a forma que interagimos com os adultos nos ajuda a moldar o mundo em que nascemos.
Sendo assim, a fulana nasce com uma beleza de doer os olhos. É aquele criancinha com cara de boneca. Ela sorri, e todos os adultos ao seu redor, sorriem também. Ela não precisa falar, só de olhar, consegue o que quer. Ganha roupas lindas, para se destacar no grupo. Recebe toda a atenção dos adultos. Sim, ela é uma princesinha.
A relação é bem simples. Para esta pessoa, a vida parece fácil. Basta um olhar, para o mundo estar ao seus pés.
Valorizamos o belo. O belo é facilmente aceito em grupos de amigos, que farão questão de serem vistos com alguém que faz bem aos olhos.
Mas a beleza é uma faca de dois gumes. Toda a atenção é dispensada à ela devido sua beleza. Se ela consegue chamar a atenção por sua beleza, pra quê mais?
Com isso, corre-se o grande risco de tornar-se um ser humano vazio.
É a lei da evolução do mais que conhecido Darwin. Quem na escola nunca estudou esta maldita lei nas aulas de biologia? Aplique-a nos seres humanos.
A necessidade traz a evolução. E se a necessidade não existe porque o belo é um dom nato, não há evolução.
Resumindo, não culpe as gostosas ou gostosos. Eles não precisam ser inteligentes.
Mais uma vez ressaltando, há exceções! Mas passe a olhar essas pessoas com um olhar mais carinhoso. A culpa não é delas. A culpa é dos que só olham a embalagem. Lembrando, na embalagem vem o prazo de validade. A beleza não é eterna.
Layla
Os primeiros raios de sol batiam na janela. Já havia amanhecido. E aquela sensação não saia de seu corpo. O corpo guarda algumas sensações.
Primeiro foi o frio. Logo em seguida veio o calor. A tremedeira foi o desfecho. Depois disso, os raios de sol em um quarto mofado do centro da cidade. E mais uma vez a memória falhava.
Sua última recordação tinha o corpo tatuado, cabeça raspada e alguns piercings. O cheiro estava empreguinado em seu corpo, álcool. Vodca barata, provavelmente. Sua cabeça dizia isso.
O rádio ainda o tocava aquela maldita fita dos Rolling Stones. Desligou.
Procurou pelo quarto algum indício de algo que lhe explicasse o que havia acontecido. Nada reavivava sua memória da noite anterior.
Abriu seu estojo de maquiagem. Dentro dele, um pseudo-batom e um espelho. O espelho recebeu uma rajada branca. O pó que a faria entender melhor as coisas.
Cheirar, para ela, era uma cerimônia. E esta cerimônia precisava de bebida e música. Voltou a ouvir a fita.
Embaixo da cama encontrou a garrafa de vodca da noite anterior.
E ao som de Eric Clapton, cheirou sua última carreira. No acorde final de cocaine, todo seu reservatório tinha acabado.
Êxtase. Sensação de alívio. Sem calor, nem frio, sem dor, sem nada. Apenas a sensação de bem estar. A sensação de domínio do mundo. O mundo era ela. E ela tinha total domínio sobre ele.
O efeito passou rápido. É como vento que levanta a poeira, passa rápido, leva tudo, e acaba.
O lugar fétido começou a incomodá-la. Era hora de partir. Pouco importava o que havia acontecido.
Álcool, drogas, um sexo casual, algumas risadas, e nenhuma memória do que havia acontecido. Isso já tinha virado rotina.
Pegou seu celular, e chamou um táxi. Afinal de contas, precisava dormir, o final de semana estava apenas começando.
- Toca para o Leblon.
Na sala o pai lia o jornal. Lhe desejou "boa tarde" como desejaria a qualquer um dos dez empregados da casa, sem mais nenhuma outra frase para acompanhar o seco "boa tarde".
A noite chegou. Na varanda seu pai jogava xadrez com um amigo. Lhe desejou "boa noite". Sem perguntas. Apenas o "boa noite". E ela saiu para mais uma noite.
Hoje faz um ano que Layla morreu - overdose. Na lápide, feita por seu pai, está escrito apenas "Adeus".
Primeiro foi o frio. Logo em seguida veio o calor. A tremedeira foi o desfecho. Depois disso, os raios de sol em um quarto mofado do centro da cidade. E mais uma vez a memória falhava.
Sua última recordação tinha o corpo tatuado, cabeça raspada e alguns piercings. O cheiro estava empreguinado em seu corpo, álcool. Vodca barata, provavelmente. Sua cabeça dizia isso.
O rádio ainda o tocava aquela maldita fita dos Rolling Stones. Desligou.
Procurou pelo quarto algum indício de algo que lhe explicasse o que havia acontecido. Nada reavivava sua memória da noite anterior.
Abriu seu estojo de maquiagem. Dentro dele, um pseudo-batom e um espelho. O espelho recebeu uma rajada branca. O pó que a faria entender melhor as coisas.
Cheirar, para ela, era uma cerimônia. E esta cerimônia precisava de bebida e música. Voltou a ouvir a fita.
Embaixo da cama encontrou a garrafa de vodca da noite anterior.
E ao som de Eric Clapton, cheirou sua última carreira. No acorde final de cocaine, todo seu reservatório tinha acabado.
Êxtase. Sensação de alívio. Sem calor, nem frio, sem dor, sem nada. Apenas a sensação de bem estar. A sensação de domínio do mundo. O mundo era ela. E ela tinha total domínio sobre ele.
O efeito passou rápido. É como vento que levanta a poeira, passa rápido, leva tudo, e acaba.
O lugar fétido começou a incomodá-la. Era hora de partir. Pouco importava o que havia acontecido.
Álcool, drogas, um sexo casual, algumas risadas, e nenhuma memória do que havia acontecido. Isso já tinha virado rotina.
Pegou seu celular, e chamou um táxi. Afinal de contas, precisava dormir, o final de semana estava apenas começando.
- Toca para o Leblon.
Na sala o pai lia o jornal. Lhe desejou "boa tarde" como desejaria a qualquer um dos dez empregados da casa, sem mais nenhuma outra frase para acompanhar o seco "boa tarde".
A noite chegou. Na varanda seu pai jogava xadrez com um amigo. Lhe desejou "boa noite". Sem perguntas. Apenas o "boa noite". E ela saiu para mais uma noite.
Hoje faz um ano que Layla morreu - overdose. Na lápide, feita por seu pai, está escrito apenas "Adeus".
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Eduardo Coutinho
Todo mundo tem um sonho. E acredito que este sonho seja movido por alguma inspiração. E ele, definitivamente, é a minha - Eduardo Coutinho.
No último ano de faculdade eu tinha encontrado uma paixão, documentários. Fiz alguns. Uns gostei muito, outros nem tanto.
Mas sabe como é a vida de documentarista no Brasil, bem complicada. Guardei o sonho na gaveta, e parti para outra.
Recentemente revi Edifício Master e Santo Forte, duas obras-primas deste documentarista.
Sabe, dá vontade de pegar a câmera e colocar todos os projetos em ação. Mas quando lembro da tremenda dificuldade que tive, dá tristeza. Meu pai nunca foi dono de banco.
Talvez se eu tivesse a sensibilidade e a profundidade do trabalho dele, arriscaria. Faria das tripas coração para colocar meu sonho em prática.
Mas acredito que a humanidade possa sobreviver sem meus documentários. Aliás, se alguém quiser, vendo: "Paixão" e "Amarelo, sim" em um combo promocional!
Tive a oportunidade de conhecê-lo em uma palestra no Itaú Cultural. E, neste dia, mais do que nunca na minha vida, fui tiete. Sem a menor vergonha. Encontrar Eduardo Coutinho, e não elogiar o trabalho dele, ao menos pra mim, seria uma baita heresia.
E como já era de se esperar, obtive respostas para as minhas dúvidas. Idéias para o meu documentário, e todo o apoio moral do mundo.
Lembro dele ter dito: "- Bom saber que há pessoas da sua idade se interessando pelo tipo de linguagem que eu uso. O caminho é longo e cheio de pedras, mas não desista".
Sai do teatro em êxtase. Se eu tivesse uma câmera, naquele dia eu teria feito um documentário sobre, na minha opinião, um dos melhores documentaristas do nosso país.
Decepcionei Coutinho. Decepcionei, mas jamais deixarei de prestigiar o trabalho de um dos caras, que lá na faculdade, me fazia querer ser documentarista.
Se ainda não conhece o trabalho dele, comece por "Cabra marcado para morrer". E, se a linguagem te interessar, assista os demais filmes dele. Provavelmente você não irá se arrepender.
Assinar:
Postagens (Atom)