Eles estavam todos espalhados pela sala. Registros de imagens que eu simplesmente não conseguia esquecer. Momentos registrados por garçons, pessoas estranhas nas ruas, amigos.
Sempre reclamava em ter que tirar fotos. Hoje são elas que me fazem companhia. Olho cada uma como se fosse uma raridade. Meu museu particular de imagem.
Sem elas talvez eu perdesse Veneza, Paris, Londres, Ouro Preto, o aniversário de namoro, o parque de diversões, o pedido de casamento, e o próprio casamento.
Agora estou jogada na sala olhando um a um. Olho a paisagem, as personagens, lembro das histórias.
Lembro do dia em que esquiei pela primeira vez. Logo na sequência tem a foto do roxo na minha perna.
Imagens estáticas que me comovem. Já sorri, já chorei, já fiquei pensativa.
O que a mente às vezes esquece, o retrato guarda, e nos faz relembrar.
Eu estava sentada, vestida com o uniforme vermelho, carregando a mochila que era maior que eu. O rosto estava sujo, coisa que não era novidade no Jardim da Infância. Ao lado um menininho com cara de arteiro, cabelinho ao estilo Juruna, coisas da década de oitenta. Ele fazia chifrinho, e eu fazia cara de brava.
Coincidentemente este mesmo menininho, vinte anos mais tarde, estaria no meu álbum de casamento, na maternidade, nas viagens, e em muitas festas.
O menininho de cabelo estilo Juruna cuidou de mim quando eu fiquei muito doente, me fez rir, me fez chorar, me fez passar por um turbulhão imenso de emoções.
A campainha tocou. Era ele. Já não era mais o menininho, agora é homem feito, como diriam os mais velhos. O ar arteiro deu lugar a um ar sério e compenetrado, reforçado pelos óculos de grau.
O uniforme vermelho foi substituído por um terno bem cortado acompanhado de uma gravata italiana.
As brincadeiras com massinha já não existem mais. Agora ele brinca com um computador que nos acompanhava até na cama, juntamente ao telefone celular.
E esta mesma pessoa que me deu a mão no passeio da escola, dançou comigo na festa Junina, pintou minha cara quando passei no vestibular, está com a última mala na porta da casa que vivemos juntos durante seis anos.
A porta fechou. Junto com ela um passado. Junto com ela o menininho do Jardim da Infância.
Do lado de dentro ficou uma pessoa que não tem mais cara de brava, e não tem medo do escuro. Mas que por outro lado, tem medo de recomeçar a vida.
Talvez outros retratos sejam tirados. Mas nenhum substituirá aqueles que estão jogados na minha sala.
Sempre reclamava em ter que tirar fotos. Hoje são elas que me fazem companhia. Olho cada uma como se fosse uma raridade. Meu museu particular de imagem.
Sem elas talvez eu perdesse Veneza, Paris, Londres, Ouro Preto, o aniversário de namoro, o parque de diversões, o pedido de casamento, e o próprio casamento.
Agora estou jogada na sala olhando um a um. Olho a paisagem, as personagens, lembro das histórias.
Lembro do dia em que esquiei pela primeira vez. Logo na sequência tem a foto do roxo na minha perna.
Imagens estáticas que me comovem. Já sorri, já chorei, já fiquei pensativa.
O que a mente às vezes esquece, o retrato guarda, e nos faz relembrar.
Eu estava sentada, vestida com o uniforme vermelho, carregando a mochila que era maior que eu. O rosto estava sujo, coisa que não era novidade no Jardim da Infância. Ao lado um menininho com cara de arteiro, cabelinho ao estilo Juruna, coisas da década de oitenta. Ele fazia chifrinho, e eu fazia cara de brava.
Coincidentemente este mesmo menininho, vinte anos mais tarde, estaria no meu álbum de casamento, na maternidade, nas viagens, e em muitas festas.
O menininho de cabelo estilo Juruna cuidou de mim quando eu fiquei muito doente, me fez rir, me fez chorar, me fez passar por um turbulhão imenso de emoções.
A campainha tocou. Era ele. Já não era mais o menininho, agora é homem feito, como diriam os mais velhos. O ar arteiro deu lugar a um ar sério e compenetrado, reforçado pelos óculos de grau.
O uniforme vermelho foi substituído por um terno bem cortado acompanhado de uma gravata italiana.
As brincadeiras com massinha já não existem mais. Agora ele brinca com um computador que nos acompanhava até na cama, juntamente ao telefone celular.
E esta mesma pessoa que me deu a mão no passeio da escola, dançou comigo na festa Junina, pintou minha cara quando passei no vestibular, está com a última mala na porta da casa que vivemos juntos durante seis anos.
A porta fechou. Junto com ela um passado. Junto com ela o menininho do Jardim da Infância.
Do lado de dentro ficou uma pessoa que não tem mais cara de brava, e não tem medo do escuro. Mas que por outro lado, tem medo de recomeçar a vida.
Talvez outros retratos sejam tirados. Mas nenhum substituirá aqueles que estão jogados na minha sala.