quarta-feira, 30 de julho de 2008

Você precisa mudar

Você precisa mudar muito.
É esta a frase que eu tenho ouvido. E depois vem o complemente. "Enquanto você for assim, vai ser bem difícil você desencalhar!". Sim, porque agora eu sou encalhada.
Mulheres com quase 30 que não se relacionam, segundo a maioria, é encalhada. Esta é a opinião de 70% dos membros da minha família.

Vamos lá, homens do meu Brasil varonil. Me expliquem, pelo amor de Jorge, o que acontece.

Se falamos, é porque falamos.
Se não falamos, é porque não falamos.
Se eu chamo para sair, sou atirada.
Se não chamo, sou recalcada.
Se tomo atitude, sou oferecida.
Se não tomo, algo de errado acontece comigo. Provavelmente sou lésbica.

Já disseram que eu preciso de uma pitada de hipocrisia.
Um punhado de senso.
Um pouco mais de freio.
E uma dose exagerada da personalidade Amélia, aquela mulher de verdade.

Ainda há homens em pleno século XXI que classificam as mulheres. Esta é para namorar, esta é para sair algumas vezes. E o pior de tudo, nem se dão ao trabalho de saberem o que você pensa sobre o rótulo, simplesmente rotulam e ponto final.

Chego a conclusão que o problema é o filtro do cérebro. O meu está quebrado. O que passa pela minha cabeça sai pela boca sem filtro algum. Sai. E depois que sai o turbilhão de palavras, as pessoas somem. E depois do terceiro, ou quarto encontro, o telefone pára de tocar.
Não adianta fazer o mantra do "toca telefone, toca". Depois de me ouvir por algumas horas, o telefone não toca no dia seguinte.

Se eu preciso realmente mudar, eu não sei. Mas que o relacionamento entre pessoas de sexos diferentes está cada dia mais difícil, isso eu não tenho dúvida.

Ou talvez os relacionamentos não sejam difíceis, eu que sou.

terça-feira, 29 de julho de 2008

O tempo e as malas

Faz 37 dias que não cai nem uma gotinha de água do céu.

Parece que quinta-feira vai chover. E com isso vai acabar o assunto dos malas que gostam de puxar papo no ponto de ônibus, metrô, fila de banco e afins.

Faz 37 dias que todo santo dia eu ouço um comentário sobre o tempo em São Paulo.
Esses dias um cara conseguiu falar sobre o tema quase 15 minutos.
Começou a história dizendo que ele não aguentava mais. Terminou dizendo que acorda de madrugada para tomar banho porque sente falta de ar.

Honestamente, eu não preciso saber deste tipo de informação. Quase fiz um comentário desagradável. "Jura que você toma banho de madrugada
? Não parece."

Se não chover na quinta-feira, serei obrigada a conversar com algum pajé e exigir que ele faça a dança da chuva.
Como dizem que vivemos num mundo globalizado, é bem capaz de eu achar um e-mail de contato paje@triboxama.gov.br.
Em último caso eu mesma farei a tal dança. Porque entre pagar este mico, ou aguentar os comentários sobre o tempo, sou muito mais colocar um cocar e sair dançando.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Salto

Hoje eu entro mais tarde no trabalho. Então resolvi dar uma passada pelo blog. Afinal, faz séculos que não atualizo.
Não, não estou namorando.

Enquanto lia as notícias do Brasil e do mundo na internet, procurava uma roupa para vestir.
Chegou a vez do sapato. Meus olhinhos encheram de lágrimas - sapato. Eu detesto salto alto. Passei o final de semana inteiro de havaianas, e agora terei que enfiar meu pé num sapato que vai machucar bastante. Não existe sapato alto que não machuque. Já tentei todas as marcas e modelos. Não adianta.

Ainda farei uma pesquisa séria na internet para descobrir quem foi que inventou esta história de salto alto. Tenho certeza que foi um homem.

Não se anda de salto em São Paulo. Preciso ficar o tempo todo me equilibrando, tomando cuidado para não torcer o pé, para não pisar na merda do cachorro. Porque pisar na merda do cachorro de salto, é pedir para feder o dia todo. Não tem Cristo que tire merda de salto.

E não é só isso. Mesmo estando aproximadamente 8 cm do chão, preciso manter a elegância. Me sinto um rinoceronte de sapatilha.

Dizem que o salto alto deixa a mulher elegante. Quando disseram esta frase não me viram andando na rua.

Enfim, está na hoar de ir. Deixa eu colocar a p&%$# do salto e sair.

Homens, ao encontrarem uma mulher em um salto agulha, olhem muito e façam cara de admiração. Aquela mulher é uma guerreira.


segunda-feira, 14 de julho de 2008

"Amigos"

Acabo de receber um e-mail de uma amiga.


Juro que se eu tivesse grana te dava uma... morri de rir... beijo!

http://www.tokstok.com.br/cgi-bin/WebObjects/TSVitrine.woa/16/wa/mostraVitrine?ps=2%2C50715%2C50747&idObap=42712&wosid=BTzxzfNcKl5P79v9sFdfpM

É muito bom ser lembrada!

domingo, 13 de julho de 2008

O mundo das gostosas

*Este é um texto feminino


Quando eu ainda era apenas uma estudante bochechuda do ginásio, eu acreditava que assim como o patinho feio, eu ficaria bonita e iria me vingar de todas as gostosas que me humilharam durante todo o ginásio. Doce engano. Cresci, e nada mudou.

Em algum momento da sua vida é necessário escolher. Pode-se ser popular, linda e gostosa, ou, impopular, feia e com um certo intelecto.
Malhar era algo completamente fora de cogitação, na verdade ainda é. Abracei meia dúzias de livros, e decidi conquistar meu espaço. Fingindo ser inteligente.

Acabo de visitar o orkut das gostosas da época do colégio. As malditas continuam gostosas. Na verdade estão melhores do que nunca.

Depois disso corri até o espelho e admirei por alguns minutos aquela maldita ruga que descobri no dia do meu aniversário.

Levantei a blusa e contei quantas celulites habitam minha barriga. Percebi que seria humilhante chegar a um número exato. Passei a contar estrias. Foi menos humilhante.
Pensei no bisturi.
E se eu tirasse daqui e colocasse em outro lugar
? Ou eu poderia jogar fora mesmo. Assim como fazem com carne gordurosa.

Olhei, olhei, olhei de novo. Não está tão ruim assim, Viviane. Ainda há o seu charme irresistível. Qual era mesmo
?

Tem dias que o charme não compensa. Queremos mesmo é sermos bem gostosas. Queremos parecer com a mulher da capa da Boa Forma e andar de biquini pela praia sem o auxílio da canga para esconder as imperfeições.

No fundo, bem lá no fundo, toda mulher quer ser gostosa.
E como nem todas são, falam que as gostosas são burras. Afinal de contas, já são gostosas, não precisam mais que isso.
Deus seria muito injusto se todas as gostosas fossem inteligentes. Há aquelas malditas que conseguem as duas coisas. Assim como há as feias que são burras.

Pouco importa o resultado do seu QI, minha cara.
Quando você está sozinha no banheiro, em momento algum você pensa em algum filósofo alemão, ou um físico armeno, ou qualquer pensador. Você olha para a sua bunda e quer mesmo que ela seja maior e mais durinha.

Riu, né
? É a mais pura verdade!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A justiça tarda

Era um funcionário antigo da empresa. De contínuo chegou à chefia a duras penas. Gostava de gerir pessoas. Estava em sua melhor fase.

Ela tinha aproximadamente 24 anos. Era protestante ferrenha e funcionária exemplar. Jamais chegava atrasada, e jamais saía no horário.

Um dia chegou atrasada. Preferiu não dar explicações.
Carlos, humano que era, foi ter com ela:

- Silvana, você está bem
?

Tocou levemente em seu ombro. Ela retraiu-se com feição de dor.
Ele tentou puxar assunto, ela desconversou.

Não precisava dizer o que estava claro, ela havia sido violentada.

O mesmo ocorreu na semana seguinte. Desta vez ela estava de óculos escuros.
Foram até a copa tomar um café, e conversar.
As lágrimas não paravam de rolar. Silvana estava sendo violentada por seu marido.

- Silvana, este homem não te merece. Largue-o.

A partir daquele dia Carlos virou confidente, sempre apoiando Silvana em seus momentos mais difíceis.
Como ela era a última a sair da empresa, ele sempre a levava até perto de casa. Sempre com aquele sorriso amigável:

- Vamos, moça! Vai ficar aí na porta esperando o ônibus no frio
? Vem para o quentinho!

Depois de um mês, ela finalmente largou o marido.

Era final de tarde do dia 01 de Agosto quando ela se levantou e começou a gritar no meio do escritório:

- Quando você vai me assumir, heim
? Você me fez largar meu marido, disse que moraríamos juntos. E agora? Estou morando sozinha, não posso mais ir à igreja porque me acham adúltera. O que você pretende fazer?

Ele não teve reação. Era tudo mentira o que Silvana dizia. Carlos era um homem casado, com uma família muito bem estruturada, e estava no melhor momento de sua vida.

Ela saiu da sala aos prantos e pediu demissão.

Dois meses depois, no tribunal.

Caso: Assédio Sexual.

Dona Lourdes, copeira, estava no tribunal. Seu Jonas, segurança, também.

- Olha, o Seu Carlos é gente boa e decente.

- Senhora, atente-se a responder o que eu pergunto. A senhora percebeu algum tipo de relação entre os dois
?

- Uma vez ela estava chorando muito, e ele pediu para ela largar o marido.

Seu Jonas:

- Ela sempre ia embora com ele. Ele a chamava para dentro do carro dizendo que iria esquentá-la.

Não houve dúvidas. Eles tinham um caso. Ela largou o marido que a batia por causa dele. Ela só aceitou ficar com ele porque ele a ameaçou. Caso ela não ficasse com ele, perderia o emprego. Cansada desta exposição, pediu demissão.

Saiu do trinubal com R$ 25.000,00 em indenização.

Ele saiu desmoralizado, sem emprego, e perdeu a esposa.

Um ano depois a foto de Silvana estava estampada no jornal.
"Presa chefe de quadrilha que dava golpes pelo interior de São Paulo. Mais de vinte causas ganhas por assédio sexual".

Bateram em suas costas, e disseram que a vida continua.

Carlos já estava depressivo, tomando remédios, e obeso. Realmente, a vida continuou, mas nunca mais foi boa.