Você precisa mudar muito.
É esta a frase que eu tenho ouvido. E depois vem o complemente. "Enquanto você for assim, vai ser bem difícil você desencalhar!". Sim, porque agora eu sou encalhada.
Mulheres com quase 30 que não se relacionam, segundo a maioria, é encalhada. Esta é a opinião de 70% dos membros da minha família.
Vamos lá, homens do meu Brasil varonil. Me expliquem, pelo amor de Jorge, o que acontece.
Se falamos, é porque falamos.
Se não falamos, é porque não falamos.
Se eu chamo para sair, sou atirada.
Se não chamo, sou recalcada.
Se tomo atitude, sou oferecida.
Se não tomo, algo de errado acontece comigo. Provavelmente sou lésbica.
Já disseram que eu preciso de uma pitada de hipocrisia.
Um punhado de senso.
Um pouco mais de freio.
E uma dose exagerada da personalidade Amélia, aquela mulher de verdade.
Ainda há homens em pleno século XXI que classificam as mulheres. Esta é para namorar, esta é para sair algumas vezes. E o pior de tudo, nem se dão ao trabalho de saberem o que você pensa sobre o rótulo, simplesmente rotulam e ponto final.
Chego a conclusão que o problema é o filtro do cérebro. O meu está quebrado. O que passa pela minha cabeça sai pela boca sem filtro algum. Sai. E depois que sai o turbilhão de palavras, as pessoas somem. E depois do terceiro, ou quarto encontro, o telefone pára de tocar.
Não adianta fazer o mantra do "toca telefone, toca". Depois de me ouvir por algumas horas, o telefone não toca no dia seguinte.
Se eu preciso realmente mudar, eu não sei. Mas que o relacionamento entre pessoas de sexos diferentes está cada dia mais difícil, isso eu não tenho dúvida.
Ou talvez os relacionamentos não sejam difíceis, eu que sou.