Quando eu sai do penúltimo emprego, eu achei que faria diferente. Aquele sentimento "Pink e Cérebro" que me assola em alguns momentos.
E não, eu não estava preparada. Olhei no tabuleiro e voltei 5 casas. O peão não foi adiante, recuou. Você joga o dado, ele te dá a oportunidade, e você não aposta, volta 5 casas, e fica com a sensação de "Eu já vivi isto antes"...
Os textos são iguais, as dificuldades são iguais, os pensamentos das pessoas são iguais, e aquela insanidade cega de fazer algo que não faz muito sentido. Mas quando você regressa no tabuleiro, você já conhece o jogo, e evita os mesmos erros. E olha aquele jogo com um olhar mais de aprendizado.
Voltar 5 casas no tabuleiro te dá a oportunidade de refazer o caminho com mais consciência, com mais tranquilidade, e perceber de fato o quê aquele caminho tem para te ensinar. Porque não acho nada em vão. Se voltei é porque alguma coisa deixei de aprender, alguma coisa passou batido, e eu realmente precisei viver para entender.
Lá em 2014 quando a Índia era uma fuga, o destino me deu uma rasteira gigante, e tudo que parecia certeza, virou dúvida, e no final, deixei passar. Precisei viver uma história, precisei tirar uma lição. E, de verdade, levarei a lição de 2014/15 para o resto da vida. Parece que 2016 é uma digestão. Um fechamento de ciclo. A compreensão do que me faz, ou não feliz. Perdi alguns medos e apegos. E agora que o ano vai fechando, eu vou refletindo sobre o quê eu aprendi. E devo dizer que não foi um ano jogado fora, como normalmente acho.
Chamarei 2016 de "O ano da preparação". O ano em que aprendi a respirar. O ano que aceitei aquilo que não posso mudar. E mudar aquilo que realmente me incomoda.
O teatro foi incrível e libertador. Se eu puder dar um conselho, além de recomendar filtro solar, recomendo teatro. Vá de coração aberto. E realmente viva o "Segure na minha mão, e eu seguro na sua, para que juntos possamos fazer aquilo que eu não posso fazer sozinho!". Isso deveria ser um mantra de vida. Teatro ensina respeito, gratidão, trabalho em grupo, humildade e um milhão de coisas que eu poderia escrever aqui.
Todo ano eu aprendo algo. Já fiz curso de palhaço, teclado, canto, trabalhei com crianças numa Ong incrível, fiz yoga, pilates, resolvi dançar zumba, e fico nesta vida, nesta busca incansável de conhecer, de me conhecer, e de fazer algo por mim e pelo próximo.
Então, voltar 5 casas no tabuleiro da vida, ao invés de ser uma infinidade de lamentações, tem sido uma lição. Então, não reclamo. Olho com olhos de quem quer aprender e entender a lição que muitas vezes não se apresenta logo de cara.
Sinto de verdade que esta volta é o primeiro passo de uma grande reviravolta no jogo.