Se eu pudesse deixar um ensinamento aos jovens (sic), diria:
- Usem filtro solar, e não tenham pressa!
Sabe, às vezes a gente tem umas pressas bestas.
Eu nunca tive pressa, nunca tive urgência. Sempre levei a vida na flauta, como diria minha mãe.
Recentemente tive um momentico de pressa. Um cadinho bem cadinho de mineiro, de pressa.
O tal do relógio biológico deu uma gritada. Aí me dei conta que estou com 34 anos. Estava tão à toa na vida que mal percebi que já estou com 34. Peguei o bonde do surto, dei cinco gritadas, e desci no ponto seguinte. Não vale a pena.
E cá estou eu, sem pressa, como sempre. Vivendo o tal dos 34, indo para o que eu chamava de scary age - 35 é minha idade do pânico.
Deixa eu explicar melhor. Você está num puta jogo, achando incrível, e percebe que brincou com o adversário o tempo todo, e não marcou nenhum gol. Essa é a sensação da "scary age". Festei o tempo todo, estou na metadinha da vida, e não fiz porra nenhuma dos planos que eu tinha. Aliás, eu tinha?
E, no caminho da idade do pânico descobri que não quero um monte de coisa que eu achava que eu queria.
Festei. Festei muito! Conseguiria fazer um livro de festas! E, sempre achei que a vida poderia ser uma grande festa.
Agora não tenho mais tanta paciência para festas, mas aprendi a ver outras coisas da vida.
Meu olhar ficou mais tenro. Olho o mundo com muito carinho mesmo muitas vezes ele não merecendo. Mas carinho é de graça!
Gosto mais das pessoas, e aprendi a me calar um pouco. Não sou dona da razão. Aprendi a ouvir.
Tenho mais serenidade para algumas coisas.
Estou menos orgulhosa. E aprendi que chorar é bom e alivia a alma.
Expresso mais meus sentimentos, e não tenho vergonha disso.
Não vou dar uma lição. Poderia escrever um livro sobre o aprendizado até agora. E, só aprendi porque não tive pressa. Olhei o mundo em câmera lenta enquanto todos corriam para fazer algo que alguém lhe disse que era certo.
Casou, teve filhos, arrumou um bom emprego, comprou uma casa, acumulou coisas em um canto, e reclama todo dia que a vida não é generosa.
A vida é bem generosa com quem sabe olhar para ela com carinho.
Então, não vou escrever tudo que sei (rs). Vou deixar você ir. Mas vá sem pressa. Aprecie a paisagem e as sensações.