quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ollantaytambo

Já que vou até lá, irei fazendo excursão. E assim foi. Passei por todo o Vale Sagrado e parei em Ollantaytambo. Me despedi dos meus novos melhores amigos, e fui para o Hostel que havia agendado.

Peguei um tuk tuk e fui mato adentro.

Entre duas montanhas e o rio Urubamba, bem, mas bem, bem, bem, no meio do nada, estava o hostel.
Tinha reservado um quarto para quatro pessoas na esperança de ter alguém para jogar conversa fora. Não tinha uma alma viva no hostel, e o quarto era só pra mim. Aliás, o hostel inteiro era só pra mim.

Passei exatas 2h comemorando a solidão. Quando decidi acessar a internet porque queria interagir com o mundo, descobri que não funcionava.

Ao questionar a moça da recepção, a resposta foi um choque "Devido às chuvas, estamos sem internet. Sem previsão de volta".
Ficar sozinha é bacana e tal, mas tem horas que uma internet faz uma diferença monstro. Lembrei também que não tinha trazido nenhum livro. Nada que entretesse para não perder o foco.

E lá estávamos nós: Eu, as montanhas e o rio Urubamba. Dava para ouvir o curso do rio batendo nas pedras, era como se fosse uma chuva forte.
Sentei no chão e comecei a fazer os exercícios de yoga que eu lembrava. Fiz o  japamala 2 vezes. Ia para a terceira, mas perdi a vontade. Então comecei a pensar na minha vida.
De onde vim? Para onde vou? O que eu quero? O que eu preciso mudar? O que eu não quero?

Todo este processo pareceu uma eternidade, e só tinham passado mais 2 horas.
O relógio brigava comigo, e estava levando uma vantagem monstra.

Então decidi que não iria mais pensar em nada, só respirar o ouvir o curso do rio.
E, no processo do rio, peguei no sono.

Nunca estive tão comigo. Foi assustador no começo. E, de verdade, ainda tenho um certo medo desses encontros sinceros comigo. Eu não sou tão sensacional quanto eu às vezes acho que sou.

E, durante esta viagem, eu me encontrei comigo algumas vezes. E cada vez que eu me encontrava, a sensação era diferente.
Mas uma coisa que eu me disse, e que está guardada foi: "Nunca se esqueça de você".

E foi assim o caminho, não esquecendo de mim, respeitando os outros, e sempre respirando profundamente...