sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bechanos

Que o mundo está repleto de gente doida, isso não é nenhuma novidade.

Cada doido com a sua mania, diz o ditado popular. Concordo. Mas se a sua mania incomoda muito os outros, é hora de rever seus conceitos.

No prédio ao lado mora a rainha dos gatos. Apelido este carinhosamento dado por todos aqui do condomínio.

Gostar de animais é algo bonito. Respeitar os animais é um ato nobre. Gosto de animais, não pensem o contrário. Mas a rainha dos gatos exagera.

Ela começou a alimentar todos gatos do bairro (que não são poucos).
Japonês e gato é o que mais tem por aqui. Não, não moro na Liberdade. Moro numa discidência do bairro japonês.

Primeiro só havia um. Até nome ela deu ao gatinho - fofinho. Parece que o fofinho disse aos amigos que estava rolando boia de graça no estacionamento. E fofinho trouxe seus quinze amigos para filar a boia.

A trupe felina sabe o horário de pegar a fila do sopão. Um horário bem convencional 12:00 a.m. E ela começou a atendê-los a noite porque os moradores disseram que começariam a dar veneno para os gatos.

Você consegue imaginar quinze gatos miando quase que ao mesmo tempo
?
E como diriam os Cassetas: e não é só isso. Ela resolveu miar para chamá-los.

Eu precisava dormir cedo, tinha uma entrevista de emprego muito cedo, num lugar que eu não fazia idéia de como chegar. Sendo assim, tinha que acordar no horário que normalmente vou dormir.
Quando eu já estava pegando no sono, a desgraçada começou a chamar os gatos.
Respeitar os animais é importante. Mas temos que respeitar os animais racionais também.

Deitada no aconchego da minha cama disse para mim mesma, se essa (um monte de palavrões) miar de novo, eu vou descer a Maria Lavadeira que habita em mim.

Não deu outra, ela miou.
Sutilmente, como um hipopótamo no cio, abri a janela do quarto e a xinguei de tudo que é nome. Até estreei alguns que eu havia aprendido recentemente.

Ela revidou.
E como a minha janela fica bem próxima do restaurante dos felinos, corri para a lavanderia, peguei um balde com água bem cheio. Tive a sutiliza de colocar água gelada, e joguei. Sem dó nem piedade molhei a rainha dos gatos, e alguns que chegavam para a boia.

A guerra foi travada. Ela xingou, eu xinguei, os moradores acordaram. E no meu imaginário tocava a
canção "Eu acredito é na rapaziada. Depois dizem que favelado que é sem educação. Perto de nós duas, todos eles são lords.

Nos xingamos por alguns minutos. Não houve vencedora. Simplesmente paramos.

No dia seguinte recebi o apoio do povo da minha comunidade, que já estava de saco bem cheio da rainha dos gatos, mas nunca tiveram coragem de reclamar com tanta ênfase.
A minha ênfase vai me render uma multa. Mas ela vai pensar duas vezes antes de ficar miando bem na minha janela.