A capa da Superinteressante do mês de janeiro me chamou a atenção. Não sou leitora da revista, mas vez ou outra a compro. Era uma matéria sobre personalidade: Personalidade. Por que você é assim?
E por esta matéria paguei R$ 9,75. O que, para uma pessoa desempregada, é uma fortuna.
Desde ontem procuro a bendita revista.
Perguntei para a minha mãe, e ela disse que não fazia idéia. Que a última vez que a vira, ela estava na mesa da sala.
A anã de oito anos que mora comigo chegou da escola. Era a última a ser interrogada sobre o sumiço da revista.
- Stephane, por acaso você viu uma revista que estava em cima da mesa?
- Vi, sim.
Silêncio.
- Viu? E onde ela está?
- Na minha escola, oras. Levei para recortar.
- O quê? Levou para recortar? A minha revista?
- Sim, isso mesmo. A professora pediu revistas. Achei esta, e levei. Algum problema?
- O problema é que paguei R$ 10,00 (arredondei) por ela, nem li, e você levou para recortar! Só isso. Não quero saber, você vai comprar outra pra mim. Vai ter que abrir o seu cofrinho.
- Quinta-feira, quando eu for para a escola, eu trago de volta. A professora guarda na caixinha, e só entrega na hora de recortar. E eu escrevi meu nome na capa, deve estar nas minhas coisas lá da escola.
- Você riscou minha revista?
- Foi só o meu nome, e de lápis.
- Eu vou pegar 10 reais do seu cofrinho e comprar outra, tá?
- Não vai, não. Eu duvido que você pagou R$10,00 naquela revista. Amanhã eu vou pesquisar o preço dela. Mas só vou comprar, se alguém tiver rasgado a que eu levei para escola.
E disse tudo isso com uma calma, que até deu vontade de esganar. Mas eu tenho 26 anos, e não posso brigar com uma criança de 8 anos, sem ser chamada de retardada.