O que queríamos era liberdade sexual. Era exatamente isso que importava. Igualdade entre os sexos, poder de escolha. No bom português, dar para quem tivéssemos vontade.
E o carnaval serve para isso, pelo que vejo nas ruas. Literalmente, festa da carne.
Na época da minha santa vovó, era impensável divorciar-se. Era impensável casar sem o lacre de garantia. Era impensável tanta liberdade.
Você já parou para pensar que o divórcio só chegou ao Brasil em 1977? Ou seja, 31 anos. Só isso.
E neste curto espaço de tempo, o que as pessoas mais fazem é isso.
No meus tempos de colégio, era muito chique dizer que os pais eram divorciados. Eu estava totalmente fora de moda. E fiquei assim por um bom tempo.
Hoje é tão fácil acabar um casamento que o desafio é mantê-lo. O prazer não tem tantos problemas quanto o compromisso.
Com a liberdade sexual, a mulher descobriu que é muito fácil fazer sexo. Já fazer amor, tornou-se algo raríssimo.
Todo mundo sabe namorar, beijar de língua, dançar o Créu (é assim que se escreve?), mas a juventude esqueceu de aprender a amar.
Nos iludimos com a paixão. Paixão que cega, que faz com que acreditemos na entrega total, que nos faz crer que estamos em plena sintonia. Quando na verdade, a tal sintonia não era nem de 30%. Quando somos seduzidos pela idéia de prazer sem fim, que é o que faz a paixão, fica difícil aceitar o "pobre" amor.
Acredito que o grande desafio de nossa época, é recriar o amor. Que tipo de amor é esse? Ainda está difícil de prever. O que sei, é que o amor romântico não cabe neste século.
Queremos muito, queremos tudo, queremos mais. E neste querer, nos perdemos. E em pleno século XXI, diante de tanta tecnologia, o amor se tornou um grande mistério.
"A felicidade por que meu coração anseia não se compõe de instantes fugitivos, mas é um estado simples e permanente, que nada contém de vivaz em si mesmo, mas cujo encanto vai crescendo graças ao tempo" - Jean-Jacques Rousseau.