Aqui em São Paulo tem um teatro-bar muito legal chamado Parlapatões. Você pode assistir ótimas peças, e depois sentar em uma das mesas do saguão e tomar uma cerveja com os amigos. Este foi um dos programas do final de semana.
Antes de sair de casa dei aquela olhadinha na novela com as amigas.
A cena era fofa. A menininha virgem perdia sua "honra". E a melhor parte foi o namorado dizendo que faria com carinho. Todas presentes na sala deram aquele suspiro, fizeram os devidos comentários sobre o rapaz, e saímos com a frase: "Se eu encontrasse com um cara desses..."
- Vi, olha para sua direita. Não é o carinha da novela?
- Será? Putz, parece bastante. Será que ele é carinhoso?
Risos histéricos. Mulheres deveriam ser proibidas de saírem em bando.
Nosso amigo gay disse que coração de mãe não se enganava, e o dito cujo era gay.
Não dava para morrer com uma dúvida dessas. Tomei mais uma dose, e resolvi ativar a missão "descubra se o mocinho em questão gosta de meninos ou meninas", mandei um bilhete pelo Gabriel - o melhor garçom de todos os tempos. Pedi que não dissesse quem enviou o bilhete.
Ficamos vendo o baile. O bilhete passou de mão em mão. Olha, modéstia à parte, o bilhete era sensacional. Algo sobre o século XXI e o romantismo, eu estava sob efeito do álcool, não me peçam detalhes.
Quando eu já havia desistido do ser em questão, um amigo o troxe à mesa.
- Este é o meu amigo...
Ele se apresentou.
A conversa rolou durante alguns minutos. Eu realmente não tinha provas suficientes para saber do que ele gostava. Só sei que era o carinha da novela, e ele realmente era bem bonitinho.
A conversa foi rolando, e eu descobri que era aniversário dele. Vinte dois aninhos. Meu Deus, estou ficando velha.
- Feliz aniversário, esqueci seu nome.
- Ah, não acredito.
- Juro. Por acaso você lembra o meu?
- Não. Qual é?
- Qual você gosta?
- Alice.
- Ok, eu sou a Alice. E qual o seu nome mesmo?
- Qual você gosta?
- Mateus.
- Perfeito. Eu sou o Mateus, e você é a Alice.
- Mas porque Alice?
- Você é tão doida quanto o filme dela.
- Bem, volte para os seus amigos, é o seu aniversário. Parabéns (beijo).
Juro, eu acreditei no romance. Mas o namorado dele ficou bravo. Menos de meia hora depois, ele foi embora.
Não me dei por vencida. Comprei uma rosa vermelha, e mandei entregar.
- Diga ao Mateus que é um presente de aniversário da Alice.
A florista quase não conseguiu entregar a rosa vermelha. Voltou dizendo que o moço que o fazia companhia havia pedido para ele devolver, mas o Mateus havia agradecido a gentileza.
Em uma missão impossível, descobri o telefone dele.
Torpedo: Mateus, depois de 48 horas descobri quem você realmente era. Mesmo que fosse o Papa, eu não teria te reconhecido. Bem, pra mim você é Mateus. Todo mundo tem duas caras.
Resposta: Alice?