Tem uns dias que eu tenho vontade de me encontrar. Aí eu venho aqui, olho as postagens, tiro a poeira.
Teve uma época em que eu acreditava que um dia alguém viria aqui, leria esse monte de baboseiras, acharia genial, e eu ganharia dinheiro com isso. Nunca aconteceu. Nem vai, seja honesta com você, Viviane.
E eu sigo escrevendo, mesmo que uma vez por ano. Mesmo que muito esporadicamente. E sigo porque eu gosto muito de ver o quanto eu sou confusa. E volto aqui sempre que estou confusa. Aí descubro que eu já fui muito mais. E então eu percebo a função desse blog. Um emaranhado de confusão.
Se todo confuso escrevesse um texto, desse uma chorada e seguisse em frente, o mundo seria mais honesto. Ninugém encheria o saco de ninguém. Mas aí ele também seria mais chato. Porque a beleza de um problema, de uma sarna pra se coçar, de um mal entendido, é o que dá o brilho à vida.
Andava tão pacata que a biografia não estava valendo a pena. O personagem precisa se movimentar para que tenha história. E eu estava com tanta preguiça da vida, que não estava me movendo pra lugar algum. Evitando a fadiga. Evitando a vida.
Esses dias fiz um mergulho nos quereres, e tem quereres que eu coloquei tão em segundo plano, que cheguei até a esquecer deles. Ficaram no depósito, como se fosse um museu de utopias. Tem desejos que eu não ouso nem falar em voz alta. Vai que eu acredito?
E a vida não é um acreditar?
Alguém me disse que eu sou capaz de falar 2h sem falar nada. Se soubesse o barulho, o fuê, o caos que é a minha cabeça, saberiam que sou capaz de falar 24h e não dizer nada.
Acho que estou precisando de uma boa sarna para me coçar. Meu auge é quando eu estou apaixonada. E faz tantos séculos que não me apaixono que eu até ando inventando paixões.
Como diria Cazuza "O nosso amor a gente inventa para se distrair".
Volto distraida, e com invenções, mas volto.