Dos grandes amores plantônicos que cultivei na vida está o Sr Bowie. Sim, ele - o David.
Ele entrou no meu imaginário na minha primeira década de vida, depois de eu assistir o filme Labirinto - A Magia do Tempo. Se você não viu, siga sem ver, a magia já passou pra você e esse trem não volta mais.
Uma vez, achando que seria cult, apresentei pra minha irmã mais nova. Fui ostilizada. É isso. O jovem não sabe apreciar um bom retrô.
Não sei se foi a calça de couro, o cabelo mullet, a maquiagem, a pupila dilatada com um olho verde e outro azul, a música, não sei. Só sei que em dado momento eu estava fazendo Bowie e Vivi dentro de um lindo coração.
Algumas crianças viram Rei Leão incontáveis vezes, e com isso são capazes de dizerem as falas do filme. Eu sabia as de Labirinto.
Meu amor era tão genuíno que comprei um caderno, e me dei ao trabalho de escrever todas as falas. As crianças brincavam na rua. Eu? Eu fui até a locadora (se você não sabe o que é isso joge no Google), aluguei por 3 dias o filme, e fiquei ali com meu videocassete dando pause e play por dias a fio. Quando eu já estava com o roteiro do filme escrito, passei a usar falas do filme na minha vida. Eu era uma criança esquisita. Bem, não sou uma senhora muito grande coisa hoje em dia também.
Lá pela nonagésima vez em que entrei na locadora para alugar Labirinto, o moço me ofereceu outros filmes. Disse que tinha vários, e que me faria um preço camarada. Não fazia muito sentido com tanta oferta eu sempre alugar o mesmo filme.Eu recusei veementemente a tentação de alugar "Super Xuxa Contra o Baixo Astral". E em troca da minha honra mantida, ele me deu a fita. Segundo ele só eu alugava.
Sai da locadora saltitantinho, sabe? Que dia maravilhoso era aquele? Eu tinha acabado de ganhar meu filme favorito. Se bem que pela quantidade de vezes que eu aluguei, eu merecia até o pôster do filme.
Sinceramente eu não saberia dizer quantas vezes eu vi esse filme. Eu tinha planos ousados de casar ao som de As the world falls down, e meu marido usaria o figurino do filme. Hey, você que já quis ser meu marido, olha esse livramento. Bem, eu não casei. E nem quero casar. Mas na minha imaginação, quando eu quero romantizar qualquer coisa, ainda toca As the world falls down. E como tudo é sonho e devaneio, o Bowie ainda faz parte deste meu imaginário. Assim como unicórnios fazem parte do imaginário infantil.
Obrigada por isso, Bowie.