Eu tinha programado férias. No momento em que eu escrevo eu deveria estar no Deserto do Atacama tomando cerveja com amigos e celebrando minhas férias.
Agora estou em casa, trancada, e vendo o mundo colapsar, e tentando não surtar.
Lá no já remoto ano de 2001 eu desenvolvi uma crise de pânico. A sensação de que a vida está passando e eu ainda não havia ganho meu Nobel da Paz, sabe?
Estava ficando velha, e não tinha realizado "nada". Dá um tom de desesperança, a impotência, e sem forças para continuar lutando. O ar falta. É um pico de ansiedade tamanho que a gente esquece do básico, respirar.
No dia seguinte fiz um zoom com alguns amigos, falamos um monte de besteiras, bebemos e demos muita risada.
Quando desliguei aquele zoom, eu já estava com corona. Não, amigos, não estou com corona (ainda). Mas eu tinha todos os sintomas, principalmente a falta de ar.
Eu moro sozinha, e comecei a pensar que se eu ficasse sem ar a ponto de falhar, eu morreria estatelada no chão, e com todos focados no corona, só lembrariam do meu corpo em meses, aí eu já estaria putrefada. E esses pensamentos não ajudavam. Foi aí que eu fui ao espelho, me olhei bem nos olhos e tive uma conversa bem séria comigo:
- SUA FILHA DA PUTA, PARA COM ISSO! VOCÊ JÁ SABE O QUE É. VOCÊ ESTÁ EM CRISE. TOMA UMA PORRA DE UMA ÁGUA E RESPIRA, RESPIRA, RESPIRA....
Fui acalmando. Liguei um mantra, acendi um incenso, e respirei.
Não, não faço yoga. Não, não medito com frequência, não faço relaxamento, não faço cazzo algum.
Mas minha cabeça sabe que isso é sinônimo de paz. E funcionou.
Acalmei.
Sabe, não é fácil pra ninguém. Pra ninguém mesmo. E eu sei que não existe comparação. Cada um vai passar por este momento a seu modo.
Dicas? Tem zilhões na internet. Só pesquisar.
Mas ninguém, ninguém, NINGUÉM, ouviu? Te conhece melhor que você mesmo. Converse com você. Você vai saber o melhor caminho a tomar.
Sério. Converse com você. Uma hora você vai descobrir que você é uma PUTA COMPANHIA FODA PRA CARALHO.
Boa quarentena, e eu vou voltar a escrever ;-)