Faz um mês que estou no que chamamos "mercado de trabalho".
E, desde então, passada a euforia do "Então é Natal e Ano Novo também", iniciei uma jornada interna de entender o quê realmente é importante e faz sentido.
Somos programados para a rotina. Quer dizer, eu fui.
Acordar, trabalhar, voltar para casa morta de cansaço, puta com o trânsito, com as pessoas, com o mundo, com a falta de tempo, com a comida excessiva para domar a ansiedade e etc. Estava acostumada a reclamar.
E, quando me perguntavam "Como você está?", nunca sabia exatamente como responder. Porque aquilo tudo era uma imensa bola de neve diária que me consumia constantemente. E eu?
O final de semana era o oásis no meio de muitas coisas. Felicidade miojo. Só que estava tão cansada, que a maior alegria era poder dormir muito, assistir algum filme, série ou seja lá o que fosse. A preguiça me consumia tanto, que o convívio com amigos, família e etc, era obrigação. O famoso EU PRECISO fazer isso, EU PRECISO ligar para minha mãe, EU PRECISO sair com o pessoal. Porque tudo durava somente 2 dias, e depois disso, voltaria à rotina. Teria mais segunda, terça, quarta...
Não estamos acostumamos ao ócio. Não estamos acostumados ao "não fazer". Sempre precisamos fazer algo para nos sentirmos úteis.
Confesso que este processo não tem sido fácil.
Lembro que em fevereiro de 2014 eu tinha decidido tirar um ano sabático e ir à Índia. Pensar, meditar, viver com menos, mais simples, mais humana e etc. Não funcionou.
O universo é sábio. Eu não estava preparada. Assim como não acho que esteja agora.
Não precisei ir à Índia. Tenho vivido minha Índia pessoal diariamente.
É impressionante como entupimos a vida de coisas, compromissos e tralhas que não precisamos.
A cultura do "Eu mereço" nos cega. Trabalhei muito, eu mereço um doce. Trabalhei demais, eu mereço comprar esse carro. Desculpas mil para consumir.
Eu acho que a gente merece tão mais do que somente os bens materiais. Hoje eu penso "Eu mereço um abraço de alguém bem especial pra mim", ou "Eu mereço fazer uma caminhada num dia de sol".
Não preciso de uma bolsa cara, ou um sapato de grife para viver melhor. Os quereres mudam um pouco.
Acorde, respire profundamente, agradeça por estar viva e com saúde.
Agradecer todos os dias por ter a oportunidade de aprender novas lições.
Tentando entender um pouco do que Cora Coralina quis dizer com "Fechei os olhos e pedi um favor ao vento. Daqui pra frente levo apenas o que couber no bolso e no coração".