domingo, 15 de janeiro de 2012

JENIAL*

Toda vez que eu faço planos revolucionários que mudarão a humanidade, quer dizer que me farão mais humana, algo acontece. Acordei cedo com o seguinte plano: "Vai, Viviane, pelo menos fazer as unhas!". Tomei um banho que faria o Cielo querer me tirar a foça do banheiro. Ao sair do banheiro, tchanammmmm CHOVENDO.

Assim não dá. Pra mim a regra é clara, não se sai na chuva quando não se é obrigado - tipo dia de trabalhar. E cá estou eu sentada, feito criança entediada caçando o que fazer.

Coisa pra fazer sempre tem. Tem meu guarda-roupas que não vê uma arrumação desde....desde...desde que ele foi criado. Tem uma tonelada e meia de roupas para lavar e passar. Tem a minha reunião de resultados que eu não fiz e poderia aproveitar este dia para fazer. Enfim, coisa tem. Mas eu não quero! Como lidar?

Eu prefiro ficar pensando atrocidades que incluem desde cirurgia plástica à escrever um best seller do que fazer o que preciso fazer, as coisas "práticas" da vida. Que de práticas não tem nada, vamos concordar minha gente.

Quem acorda com uma vontade insana de arrumar o guarda-roupas? Quem acorda com uma vontade enorme de trabalhar no dia da folga? Quem pensa "Hum, seria fantástico fazer uma faxininha só pra relaxar"? E se alguém pensa isso, por favor, encaminhá-la com urgência à terapia.

O problema todo está no "Ah, vai, eu posso fazer isso". Algum gênio descobre alguma coisa, escreve algo, e eu sempre acho que seria mega fácil fazer o mesmo. Não, eu não sou "jênia" (sic), mas sempre acho que posso ser. Sabe, lá no fundo dos meus 82 de QI (nunca fiz o teste, estou apenas chutando), devo ter algo genial que não estou dividindo com a humanidade. E o motivo disso? Minha constante e imensurável preguiça. Sim, meus caros, duvido que Einstein tenha sido um pândego preguiçoso.

Então é isso, vou revolucionar o mundo neste exato momento....

Ah....

Mas está chovendo. Amanhã, amanhã....
*(Com J e não me encham!)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Feliz?

Me peguei lendo diários antigos. E como é bom voltar no tempo.
Os diários são máquinas do tempo. Lá vou ao ano que mais me interessar. Dou uma olhada em como estavam as coisas, e volto correndo para 2012. Porque saudade é um sentimento gostoso, mas deve ser apreciado com moderação, senão não se vive o presente.

Temos a tendência de vermos as coisas melhores do que elas realmente eram. O famoso eu era feliz e não sabia.
Na época da faculdade eu era feliz e não sabia? Acho que não. Eu acredito que felicidade é um sentimento que você sabe e sente quando ela aparece. Não é um lance que acontece todo dia. Gente feliz demais é irritante. Quem dirá todo dia. Chega a ser falta de higiene esta felicidade constante.

Os pequenos instantes, aqueles que passam num piscar de olhos, e que marcam para uma vida inteira, estes sim, são especiais. Eu tenho uma lista moderada deles. Tenho saudade, mas não quero revivê-los. Não quero voltar no tempo. Quero que o tempo avance, quero que a vida siga seu fluxo, quero que ela me mostre do que ela é capaz. Sempre se pode fazer melhor.

Lição aprendida e mentalizada. Nunca mais usarei a frase "Eu era feliz e não sabia". Porque estar feliz é um estado inconfundível.

Onde?

Onde eu estava quando te perdi? Como foi que isso aconteceu?
Parecia tão difícil apertar o botão "deletar" do coração, e da mesma forma que chegou - rápido e sem notificação - foi embora. Assim como um vendaval. Assim como música da moda, que gruda como chiclete, e vai embora.

Eu imaginava algo mais trágico para o fim. Mas parece que estou me acostumando com finais, e eles nem me afetam por muito tempo. A gente chora no cantinho, faz cena de novela, acha que o mundo não será mais igual, e quando percebe...se foi.

Eu procurei nos diários, procurei fotos, procurei o que podia para não deixar ir embora, mas foi mesmo assim.

Às vezes é bom sentir-se aliviada. Às vezes faz falta um pouco de drama mexicano. Sim, eu adoro ser dramática! Mas pode fazer bem deixar a vida fluir.

Entrou, deixou seu recado. Saiu deixando a notificação de que virá outro em seu lugar. Porque a vida é cíclica. Nunca achei que fosse dizer isso dela. Desculpa aí, vida, já manjei a sua.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O coração bate

Hoje fui ao cardiologista. Me senti criança novamente. Acho que pessoas com 30 anos não marcam consultas com cardiologistas.

O médico foi um querido. Ao chegar no consultório já deu aquele largo sorriso, apertou minha mão, me olhou nos olhos e perguntou "Como vai esta coraçãozinho?". Sabe que deu vontade de chorar? Seria piegas demais se isso acontecesse. Eu tinha vontade de dizer que não estava nada bem, que eu estava sentindo dores fortes, e que me faltava a respiração e por alguns momentos eu achava que deveria seguir a luz, mas soaria dramático demais.

O que sei, é que o Doutor Roberto cuida do coração e da alma. Sei que ele conversa, e por alguns instantes achei que fosse ganhar um pirulito e um adesivo das princesas.
Ele afagaria minha cabeça e diria: "Vai lá, campeã. Este coração aguenta qualquer coisa!".

Uma pena o Doutor Roberto não cuidar de azedumes do amor. Adoraria ter uma poção que fizesse eu não sentir tanta falta de amor. O coração precisa de amor. Assim como quando eu ficar velhinha vou precisar tomar AS infantil para afinar o sangue, agora aos 30 anos, eu preciso de amor.

E não é este amor pela metade, este amor que eu amo sozinha. É um amor compartilhado. É sentir prazer nas coisas do dia a dia. É ter alguém para pedir para levantar e apagar a luz pra mim. Que ria das minhas piadas como se eu fosse a melhor piadista do mundo. Que ache graça no meu mau humor, que um dia me dê uma florzinha do jardim. Que deite na grama e me conte uma história. Eu quero esta cafonice toda, ok?

Cansei de amar sozinha. Cansei de viver contos de fadas em que o príncipe sai correndo de mim. Cansei de chegar em casa e não ter ninguém. Cansei de fotos fakes. Cansei de fingir uma felicidade que não existe. E como diria o poeta, é impossível ser feliz sozinho. Ser solteiro não é este mar de rosas que desenham. Não é legal, ok? Pronto, falei.

O tempo passa. E passar o tempo sozinha é uma das piores coisas da vida.

O Doutor Roberto disse que estava tudo bem, que eu ficaria bem, e que a dor no peito iria passar. Mas ela não passa. Ela nunca passa. Faz anos que espero passar. Mas não passa. É um buraco enorme no peito.

Falta aquelas canções, falta a poesia escrita em diário, falta a história, falta a vida, e às vezes me falta o ar. Melancolia que não sai de mim, não sai...


Éh, deve passar...