Esta casa não é minha. Não sei porque diabos esta frase veio à minha cabeça e resolvi entrar aqui e escrever algo. Estava vendo fotos de pessoas que eu gostei muito, com suas novas namoradas e seus bebês. Sim, porque as pessoas já estão na fase dos bebês! E pensei "Esta casa não é minha". Achei um pensamento estranho. Na verdade ainda acho, nem sei se ele faz algum sentido pra alguém, se nem pra mim ficou claro.
Talvez fosse meu subconsciente dizendo "Hey, algo acontece com você!", ou simplesmente ele não quis dizer nada e eu achei que ele deveria ter dito.
Passei foto a foto, frame a frame, sorriso a sorriso e a tal frase não saia da minha cabeça.
No final de toda a minha pesquisa de "Como estão os caras?", a frase ficou mais latente - ESTA CASA NÃO É MINHA.
Aí eu comecei a entender. Eu tinha uma casa mental. Ela era moderna, bem decorada, me fazia feliz, mas os impostos eram caros, o olho da cara (ou de qualquer outro lugar menos limpo), pagava-se muito caro por um apartamento sublocado. Durante 7 anos eu achei que habitaria naquele imóvel mesmo assim. Seria lá que eu veria a Maria Eduarda crescer, eu a ensinaria matemática, brincaria com ela o dia todo, e ela me acharia a melhor mãe do mundo. Mas olhando as fotos que estavam espalhadas pela casa, não identifiquei nenhuma da Maria Eduarda. Não tinha também o sofá vermelho que eu tanto queria, não tinha nada daquilo que eu sempre quis, foi aí que a tal frase invadiu a minha cabeça "ESTA CASA NÃO É MINHA!".
Não é, nem nunca foi, mas eu sempre quis acreditar que poderia ser, e isso me animava. Me fazia mais humana, e um pouco mais feliz. E ao olhar o recorte de perto e identificar que aquilo nunca se concretizaria, me deu um arrepio na espinha. Como fazer as malas e abandonar aquela casa? E como é que se começa um sonho? Ou melhor, se recomeça? E a gente sempre acha que é muito tarde para começar. É muito mais fácil insistir na crença de que aquela casa poderia ser um dia minha, mas nunca foi, e nunca será.
Naquela casa habitam fantasmas, e dividir casa com fantasma não é uma coisa muito bacana, não?
Enfim, demoli mentalmente um casa que nunca foi minha. Lá moravam várias pessoas que eu achei que poderiam cantar canções de ninar para a Maria Eduarda, mas aquela, AQUELA casa, nunca foi minha.