A sensação é bem simples. O mundo está tão rápido, que eu não consigo mais acompanhá-lo.
As notícias são tão instântaneas, que eu simplesmente já não sei mais o que acontece no mundo.
Lembro que eu ria quando a minha mãe não conseguia mexer em alguns aparelhos tecnológicos. Hoje a minha irmão mais nova ri de mim. Estou ultrapassada. E o pior, aos 27 anos.
Antes se levava muito mais tempo para ficar ultrapassado. Hoje, de um minuto para o outro, você passa de uma pessoa informada e antenada com o mundo, para um hermitão que passou séculos recluso.
Ontem as pessoas comentavam sobre Alice Braga. Pelo sobrenome chutei que era alguma coisa da Sônia Braga. Acertei! Mas até aí, saber a história da moça, era demais.
A conversa rolou sem que eu desse um pitaco sequer, coisa rara. Quando fui questionada, não tive o menor pudor e disse que jamais ouvira falar da tal moça.
As expressões faciais demonstravam pensamentos - ignorante.
Não deu outra. Cheguei em casa e fui pesquisar no novo pai dos burros (google) quem é Alice Braga. Foi neste exato momento que me dei conta do quanto eu estou desatualizada. Faz milênios que não vou ao cinema, milênios que não vou ao teatro, e séculos que não leio um jornal sequer. Alienada. Eu estava alienada.
No ímpeto de saber o que aconteceu no mundo enquanto eu estava fora, decidi ler o jornal, ver televisão, acessar a internet e me recolocar no mundo.
O mundo continua chato. Por mais que eu não tenha lido nada sobre ele nos últimos meses, não mudou muita coisa. O que muda são os nomes, as carinhas mais famosas, as roupas da moda, mas a essência do ser humano continua a mesma.
Talvez tenha sido um bom negócio esquecer um pouco do mundo e criar um só meu.
Alice, me desculpe. Não sabia que você estava em ascensão.
Fashion Week, desculpe não ter acompanhado suas modelos magricelas desfilando pela passarela coisas que eu jamais comprarei ou usarei.
Mundo, desculpe a minha ignorância.
Mãe, você estava certa. Não dá mais para acompanhar.