Já é a minha quarta parada gay.
No final da parada eu sempre digo que será a última vez. Mas não adianta, passa um ano, e lá estou eu.
E sempre faço a mesma pergunta: Onde este povo se esconde durante o resto do ano?
Digamos que 9% estão no prédio em que eu trabalho. E o restante?
Tinha gente de tudo que é tipo. Uma diversidade absurda de pessoas. Gente feia, gente bonita, gente arrumada para a festa, gente bêbada e jogada no chão, gente.
E acho que este é o motivo pelo qual eu ainda vou ao evento - gente.
A parada gay já não é mais a mesma. Virou carnaval. O que era para ser um protesto, um momento de reflexão, virou carnaval, como tudo no Brasil.
E no meio de tanta bagunça as pessoas esqueceram o motivo pelo qual estavam lá nesta tarde de domingo.
Os políticos aproveitaram para aparecer. As "celebridades" aproveitaram para mostrar a carinha na televisão, os espertos aproveitaram para vender a cerveja a preço de ouro, e assim acabou mais uma parada.
Não resolveu muita coisa. Mas muita gente beijou na boca, dançou, bebeu, e vai voltar para casa com a roupinha de lantejoula bem escondidinha na bolsa para ninguém no bairro ver.