Uma coisa que mexe comigo é quando o Brasil decide eleger alguma palavra ou expressão como algo chique que deve ser falado por pessoas de classe.
"A nível de país..."
"Enquanto negra, acredito..."
"São apenas factóides."
"É sine qua nom que façamos estes relatórios!"
E não pára por aí. Daria para fazer uma lista gigantesca.
Acabo de ouvir a seguinte frase: Célia Mara já foi defenestrada.
Automaticamente lembrei de um texto fantástico do Veríssimo que diz que certas palavras deveriam ter outros significados. E no decorrer do texto ele vai citando exemplos de palavras. Li este texto ainda no Ensino Fundamental, nunca mais esqueci o significado do verbo defenestrar.
"Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:
- Defenestras?"
No final do texto se descobre que defenestrar é o ato de jogar alguém pela janela.
Sendo assim, a mulher que tinha sido demitida, deposta do cargo, na voz de Wilker, foi jogada pela janela - literalmente.
Seria uma alusão ao caso recente de defenestração?
Ainda não sei. Mas acredito que se Wilker continuar defenestrando Célia Mara, a arte imitará a vida.