Quando uma mulher se liberta, ao seu redor, outras também se libertarão. E, se não se libertarem, pelo menos em algum momento se questionarão o caminho que estão trilhando.
Diariamente somos bombardeadas por corpos, dietas, abdomens, milagres estéticos como harmonizações, cabelos, roupas que não nos cabem, e julgamentos sobre nossos corpos, modo de pensar, agir ou falar.
Uma mulher deveria ser mais delicada, mais "bonita", menos falante, menos decidida, menos e mais alguma coisa. No dia das mulheres vocês vão ganhar um batom. E ainda terão uma quota nos partidos políticos. Se te entendem como quota, significa que em algum momento você foi preterida. Já pensou sobre isso? Vamos dar esse espacinho para elas falarem. Vai lá, moça, fale.
Você não faz parte das discussões. Você tem um lugar para falar na condição de mulher. Vamos ouvir o ponto de vista da mulher, vai. Vamos fazer este favor.
Enquanto isso os julgamentos são diários desde o nosso nascimento. E vem de onde deveríamos ter o nosso alento, nossas mães. "Você está gordinha, heim?" "Se não emagrecer, nenhum homem vai te querer" "Senta direito, feche as perninhas" "Meninas não falam assim".
Não casou, não teve filhos, não tem o padrão estético. Tadinha, acho que deu errado.
Às vezes a gente esquece que elas também são mulheres, e elas também sofreram pressões. E a forma de amar, é tentar te colocar neste espaço em que a sociedade te aceite. Afinal, ninguém quer uma filha preterida. Ela deu errado. Falhou como mulher. E fica o questionamento sobre o que seria o tal falhar como mulher.
Talvez, só talvez, ela tenha dado certo pra cacete. Não está preocupada mais com o que os homens irão pensar, e em momento algum se diminui - no sentido físico, emocional, ou de opinião, para caber nos lugares. E com isso é vista como alguém que tem ódio - a mal amada.
Será que podemos ser bem amadas por nós mesmas? Será que podemos parar de dizer que é falta de pica? Falta de um bom homem?
Aos homens é ensinado a amar muitas coisas. Às mulheres é ensinado a amar os homens - disse Valeska Zanello em um estudo maravilhoso sobre masculinidade.
Diariamente ouvimos mulheres insatisfeitas. Anote em um folha de papel quantas vezes ao longo do dia você vai ouvir uma mulher insatisfeita, principalmente com seu próprio corpo, isso vai encher uma página.
Quando eu estiver mais magra, quando eu fizer meu botox, quando eu fizer minha lipo, quando eu fizer minha harmonização facial, quando eu...
Saibam, irmãs, esse "quando eu" nunca vai cessar. Sempre haverá um outro patamar não atingível, e você vai passar a vida tentando atender as expectativas de uma sociedade patriarcal.
O "quando" pode ser agora. Agora você pode decidir ser feliz na pele que habita. Agora você pode ser feliz com a sua construção emocional, sem a validação de ninguém. No dia que nós resolvermos nos amar de verdade a gente vai fazer uma revolução.