sábado, 31 de outubro de 2020

O fake nerd

 Por questões antropológicas e sexuais eu ainda uso aplicativos de encontro. E por tédio não lia as descrições.Falha gravíssima. É na descrição que está o puro creme do milho verde. É lá que está o ouro do aplicativo. 

Botei reparo em muito perfil usando "nerd".

"Sou um nerd convicto" "Um pouco nerd" "É, sou nerd" e assim sucessivamente. 

Eu venho de uma longa linhagem de mulheres que admiram este lobo solitário de uma tribo renegada por décadas. O nerd, quando o Brasil ainda tinha mato,  era uma pessoa vista como excessivamente intelectual, obsessiva por assuntos que a maioria das pessoas não se interessa, e com falta de habilidades sociais. 

Aparentemente em 2020 a roupagem do novo nerd é outra, e ser nerd virou requisito na cultura do flerte. 

Viajado, coque desconstruído, barba, roupas da moda e de preferência sustentável, gosto peculiar por músicas, filmes, e séries que ninguém conhece, quando mais desconhecido, melhor. Um leve tom bucólico num texto quase parnasiano somado à cultura pop com carteirinha vitalícia da CCXP. 

Olha, até acho interessante. Devo admitir que dou meu like sem o menor pudor. Mas fica aí a denúncia. Isso não é nerd, porra!

O nerd raíz está interessado em pesquisa científica, já fez mestrado, doutorado, fala uma língua própria, continua tendo dificuldade em interagir socialmente e fora do padrão estético da sociedade. E sinceramente? Cagando para o padrão estético da sociedade. Talvez este cara nem esteja no Tinder. Sem tempo, irmão.

Talvez este cara esteja trancado em algum laboratório estudando e buscando uma vacina para o Covid. Talvez este cara seja doutor em virologia, e...Ai, chega, não vou falar do meu crush acadêmico....

Então, em defesa dos nerds que estão sem tempo para este tipo de papo. Irmão, você que coleciona boneco de super herói, sinto em informar, você não é nerd. Respeite o nerd raíz. 

sábado, 24 de outubro de 2020

O casting do seriado

É isso. Meses de pandemia, e assim como eu, uma galera já está de saco bem cheio - compreensível, né mores? Aí você faz uma lista de pessoas que você entende como "seguras", e vez ou outra faz aquele encontro tentando o distanciamento, todo mundo se confina uns 14 dias e depois se encontra, e assim tem sido a vida. Uma chatice sem fim. 

Notei nos últimos dias que meu nível de tolerância para esta temporada da vida já está quase zero. Eu quero renovar meu casting. Quero conhecer gente nova, quero ir no fumódromo, mesmo tendo parado de fumar, quero poder fingir que estou afim de alguém em minutos de prosa descomprometida, quero dizer "Vou ali buscar uma cerveja" e demorar horas para voltar para os meus amigos porque fiz 58 novos amigos no caminho, eu quero a temporada anterior de volta. 

Eu nunca tive saco para aplicativos de paquera. Nunca tive MESMO. Não consigo, não tenho talento, e nem muita paciência. Pra mim, abrir um app de paquera, é igual o Netflix, fico horas ali zapeando pra nada. 
Seguindo a linha coach, mudei meu "mindset", decidi ser mais paciente, puxar assunto, e brilhar (hahaha) como se fosse vida real, porque convenhamos que é o que tem pra hoje. Que derrota! 

Algumas ejaculações precoces, nudes, vídeos de punheta, homens que falam o peso da rola, deprimidos, viciados em remédios, e muito tempo gasto depois, eu ainda continuo nos aplicativos. E eu me pergunto "ATÉ QUANDO, VIVIANE?"!!!!!!

Hoje é sábado, e me deu uma vontade de ser irresponsável, ir pra aglomeração, ver gente DIFERENTE, sei-lá. Vocês sabiam que até as casas de swing abriram? Em choque fiquei. Como se mantém um sexo casual com distanciamento? Se alguém souber como anda este tema, me conta que eu fiquei curiosa.

Eu não sei como está a temporada "Pandemia" de vocês, mas devo dizer que a minha anda mais parada que novela ruim do SBT. Sem fatos novos, e doida por uma renovação. Acho que vou cortar o cabelo. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A galera do óculos de grau

 Eu não se de onde tiram essa galera de óculos de grau em apresentação de empresa. Essas imagens do banco de imagens está bem fora da realidade de muitas empresas.

Uma galera branca, que teve oportunidade de usar aparelho ortodôntico desde que nasceu, sobrancelhas feitas fia a fio, não tem um preto, e quando tem, o colorismo impera. É o que eu chamo de preto social, aquele "passável". Nada contra, meu pai até era socialmente passável. Já minha vó, neta de escravo, não passa não. Mas não é sobre isso este post. Eu nem tenho lugar de fala, quer dizer, nunca sei se tenho. Essa é a confusão mental da minha vida. 

A galera de óculos, bem vestida, com a pele sem uma porra de uma espinha, ou marcas de acne, falam uma língua que é uma mistura do inglês com português. E sério, na nossa língua tem nome pra tudo. Realmente não consigo entender o famoso Accountability, que em tradução literal significa "prestação de contas". Um dos pilares da empresa é ser Accountability. É assumir riscos, ir além dos meus limites, administrar a grana da empresa como se fosse minha (mesmo não sendo), ser meu próprio CEO, seja lá o que isso signifique. 

Mas também não é sobre isso este post. Então é sobre o quê, caralho?

Sobre o que eu quiser porque este blog é meu, e é isso. Estou sendo CEO aqui.

O post é pra dizer que eu não entendo o banco de imagens que as empresas usam. E, se eu dependesse de ser a cara da galera do banco de imagens, eu estaria desempregada por não estar no padrão de beleza da empresa. E de idade? Nem se fala. Não tem uma pessoa 40+ nas fotos. E quando aparecem, tem tanto Photoshop que passariam por 30.  

Enfim, é essa minha indignação do dia.

Passar bem.

Sejam CEO´s.