terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ciberlove

No quarto esfumaçado pelo cigarro que consumia compulsivamente, Douglas digitava frenético.

- Oi, minha deusa. Não parei de pensar em você um só minuto. Quero sentir seus lábios, sua pele, sua mão passando pelo meu corpo como se estivesse mapeando o meu corpo. Ai, que vontade de você.

- Ai, meu amor. Conto os dias para falar com você. Ontem te esperei a tarde toda.

- Não pude. Tereza anda muito desconfiada. Toda vez que venho ao computador, ela corre atrás. Agora estou só. Ela foi ao shopping. Quando é assim se demora a tarde toda...Escrevi um poema pra você, sabia?

- Manda, manda, manda.

Todo dia passavam horas trocando juras de amor.
O único incoveniente; ele mora em São Paulo, ela em Manaus. Nunca se viram, mas trocavam juras de amor eterno. E quem os visse conversar, jurava que era amor de infância.

Era uma tarde de domingo chuvoso. Tereza sentou-se próximo ao computador quando ouviu um chamado do messenger.

Foi até o computador e leu a frase: "Meu amor, conto os dias para sua chegada!".

Vacilo da inexperiência com amantes.

Tereza naquele momento era Douglas. Passou mais de duas horas sendo o marido.

Terminou a conversa dizendo "Cada dia que passa te amo mais". Maximizou a tela e deixou as letras o maior que conseguiu. Ficou olhando aquela conversa. O marido era incapaz de lhe dizer qualquer coisa que lembrasse amor. Mas para aquela estranha, era um doce.

Levantou-se da cadeira. Abriu o guarda-roupa do marido, pegou o revólver e o colocou na boca. O sangue jorrou na tela.


-- Jorge --

Jorge entrava todo dia para encontrar Douglas. Nunca mais o viu online. Não pensou duas vezes, entrou na sala de bate papo e conheceu Alcídes.