Devo admitir. Gosto de novelas. Às vezes tenho vergonha de dizer isso, mas é a mais pura verdade.
E aos poucos fui descobrindo em meu convívio pessoas que gostam de novela.
Pessoas estas que eu jamais imaginaria.
- Vamos sair?
- Claro. Vem pra cá, a gente vê a novela, e sai depois.
- Ainda bem que você comentou. Pensei nisso. Só vou sair depois de ver o final da novela.
- Vem pra cá. Vamos assistir o final todo mundo junto.
Advogado, professor, psicólogo, comunicólogo. Pessoas que nunca manifestaram seu gosto peculiar pela dramaturgia, estavam esperando o final da obra de Aguinaldo Silva.
Não dá para explicar este tipo de comportamento.
Esta foi uma das piores novelas de todos os tempos. Até os bons atores estavam ruins. Salvo Marília Pêra.
Ficamos o tempo todo rindo e metendo o pau. Mas se é uma merda, não consigo entender o motivo pelo qual queríamos tanto ver o final. Somos masoquistas?
Em dado momento surgiu uma explicação para um dos piores argumentos da história. Aguinaldo Silva usou drogas a novela inteira. Quando estava chegando no final da novela, alguma alma resolveu dizer para ele dar um tempo com as drogas, aí deu no que deu.
Sem drogas, e sem a menor idéia de como terminar a novela, Aguinaldo entrou em crise. Deixou Wolf Maia decidir como terminar a novela. Wolf Maia, que até então, tinha um papel secundário na novela, decidiu que ele seria o cadeirudo, ou melhor, o sufocador. Não houve nenhuma explicação, ele só queria ter um final digno.
E assim seguiu o samba do crioulo doido.
O beijo gay, mais uma vez, foi podado. Aliás, o ator Luigui Palhares ficou a cara do Fred Mercury com aquele bigode.
Branca e Célia Mara, protagonizaram a briga mais patética da história da televisão brasileira.
Ferraço se entregou de livre espontânea vontade à justiça, passou dois anos preso, e saiu da cadeia com a aparência de quem sai de um spa.
Mesmo na merda, ainda mantinha celular Blackbarry, com linha. Inclusive, o mesmo número de quando entrou na cadeia. Porque assim que colocou os pés para fora, recebeu uma chamada de Maria Paula.
E não é só isso, ainda mantinha o mesmo carro! Se Maria Paula estava em Búzios (que a novela insistiu em chamar de Caribe), onde deixaram o carro dele? Na garagem da penitenciária?
Silvia acabou em Paris. Isso até minha irmã de 8 anos de idade sabia que aconteceria. E a Globo, num momento mão de vaca, resolveu resgatar as cenas dos primeiros capítulos da personagem pedalando pelas ruas de Paris, e colocar no final.
E o que a Alzira foi fazer em Ibiza? Pelo que eu saiba, Ibiza é praticamente uma cidade gay. Eles gostam de homens descendo no cano, não mulheres.
Enfim, nenhuma novidade. Qualquer dia eu mando uma novela para a Globo. Acho que está mais que na hora de ter novos autores.
Não me espanta a Record emplacar seus mutantes. As novelas globais estão tão óbvias e repetitivas, que só resta apelar para um absurdo mais deslavado.