terça-feira, 31 de dezembro de 2013

São Silvestre 2013

Acordei cedo. Na verdade nem dormi muito. Sei-lá, sabe aquela sensação de criança esperando o Papai Noel? Acho que era mais ou menos isso.


A roupinha estava pronta, o tênis escolhido, trilha sonora escolhida a dedo com sugestões de amigos, tudo pronto para cumprir a promessa de começo de ano. Aquelas que fazemos a nós mesmos no dia 31 de dezembro. Nem eu levei a sério no começo. Eu? Correr? Mas estava acontecendo. E hoje era o dia. O dia de cumprir a promessa.


Ao andar pela Avenida Paulista repleta de gente que assim como eu tinha sua história com aquela corrida, histórias de superação, enfim, histórias, me emocionei. Aliás, descobri em 2013 que sou uma chorona de marca maior.

Continuei ali andando, olhando as pessoas, estava sozinha, e ao mesmo tempo tão bem acompanhada. Uma energia indescritível.


E quando vai se aproximando da hora da largada, vai dando um frio na barriga, a dúvida de se dá para finalizar de boa, enfim, um misto de coisas. Liguei minha trilha sonora que começava com Space Odity - David Bowie, e aquele mar de gente foi se locomovendo, gritando, sorrindo, desejando "Feliz Ano Novo". Um mar de gente a perder de vista. Não sabia se sorria, se chorava, se corria. Na dúvida fiz os três.


O corpo começou a esquentar, e a sensação de "Caralho, que máximo!" só ia aumentando a cada passada.


O cenário é simplesmente sensacional. Sei-lá, me faltam adjetivos para falar o que se vê correndo a São Silvestre.

Criancinhas de mãos estendidas esperando você bater, senhoras que lavavam o quintal e aproveitavam para molhar os corredores, garrafinhas de água de onde não se imagina, senhores superando seus limites e correndo num calor senegalês. Gritos de incentivo. Um misto de sensações que só quem já passou sabe do que estou falando.


Corri ao lado de uma menina que conheci na largada. E um esporte que deveria ser individual, se mostrou solidário. Corremos no mesmo ritmo, fui incentivada, incentivei, e na subida quando achávamos que era o momento de andar, alguém surgiu gritando "Só 2km. Vamos!!!!". Não pensei duas vezes, continuei a correr e a gritar "Bora, meu povo!". E um incentivou o outro, e quando olhei para os lados, tinha uma galera sorrindo e falando palavras de incentivo. A corrida é generosa.


E no final da Brigadeiro, ahhhhh, nem sei o que domina a gente. Uma vontade enorme de gritar, chorar, sorrir, "Porra, terminei!!!!", e aí é correr pro abraço, correr com sorriso largo, braços abertos e agradecer à Deus pela oportunidade de sentir tudo isso de uma vez só.

A trilha sonora tocava Bitter Sweet Symphony assim que entrei na Paulista. Arrepiada. Chorei de novo. As pessoas aplaudiam, e por um dia, me senti atleta. A melhor sensação do mundo.


A São Silvestre é uma corrida linda. Não se vai para a São Silvestre fazer o melhor tempo da vida. Se vai à São Silvestre para comemorar a vida.


Terminei meu ano comemorando a vida. Muito obrigada, vida.