domingo, 10 de janeiro de 2010

De Arnaldo Jabor a Ana Maria Braga

Estou lendo umas crônicas do Jabor, o cara definitivamente me faz pensar que o mundo é uma grande merda, e quem não viveu na década de 50 se fodeu por ter perdido os melhores anos do Brasil. Um saudosismo que chega a doer, críticas que fazem você achar que mais nada vale a pena, e que o mundo não tem jeito mesmo. Mas tem um ponto positivo, te faz pensar.

Sabe aquele dia em que você acorda questionando a existência? Pois é, hoje foi um dia desses.

Domingo é um bom dia para se questionar a existência.

Vinha caminhando vagarosamente, quase me arrastando, e pensando na bunda da Juliana Paes, na futilidade do twitter, até no Hugo Gloss. Pensando em como o ser humano é imbecil. Questionando valores.

Passou por mim, e parou no farol, um carro com uma senhora no banco de passageiro. O motorista provavelmente era seu filho. Domingo, dia internacional de levar a mãe idosa para passear. Ele não demonstrava nenhum interesse por ela. Ela segurava uma garrafinha pet de água e com o olhar perdido olhava a rua vazia. Dá medo envelhecer.

Às vezes dá uma vontade de largar de mão. Pra quê tudo isso? Você se fode de trabalhar, agüenta desaforos, parece uma formiga no grande formigueiro que é o mundo, e pode morrer sem ter feito absolutamente nada de relevante. Relevante, em minha opinião: descobrir a cura do câncer e da AIDS, ser chefe de Estado, acabar com a fome no mundo, ganhar um Nobel de qualquer coisa, entende? E quando penso que nada disso vai acontecer, dá certa insignificância à vida. Os otimistas falarão do amor.

Mas que amor? Isso ainda existe? O amor está no hospital e morrerá de falência múltipla. E como diria meu pessimista amigo Jabor, o amor hoje dura duas Capas de Caras. Mas Jabor já casou milhares de vezes, talvez ele ainda acredite no amor, apesar de criticá-lo com tanta garra.

Pensei até nos suicidas. Parece que o cara é um perdedor, mas de verdade, às vezes dá vontade de dar um game over nisso tudo. Quem nunca teve? Só que o ser humano é tão narcisista, que não consegue pensar num mundo sem ele. E pra onde se vai depois de tudo isso? Se for ateu, não se mata mesmo. Acho que só cristão se suicida. Bobagens.

Ouvi um barulho e fumaça logo a minha frente. Demorei alguns segundos para perceber que era uma batida entre um ônibus em um carro. Bem ali na minha frente, logo quando eu ia atravessar a rua. Olhei para dentro do carro, um cara gemia de dor com a cabeça ensangüentada. Logo aglomerou um monte de gente, pessoas falavam ao celular, caos na avenida são João.

Acho que ele não vai morrer, apesar de ter bastante sangue no local. A única coisa que consegui falar foi “Não encostem nele até o resgate chegar!”. Tudo o que eu pensei foi amassado e arremessado na lixeira como o jornal de ontem. Em poucos segundos passei do pessimismo de Jabor, para a frivolidade de Ana Maria Braga.
Sim, a vida é bela. Foda-se se todo mundo gosta da bunda da Juliana. Ferre-se o Hugo Gloss puxando o saco de celebridades no twitter, que se lasque os que entraram no BBB. Respirar já é uma grande dádiva. E se Deus realmente existe – Você é O CARA. Se não existir, o jogo ainda vale a pena. Jogue os dados!