domingo, 15 de junho de 2008

Velhice

Segundo a minha mãe, parece que foi ontem que meu pai saiu parecendo um doido gritando pelo hospital: - É menina!! O nome dela é Viviane.

E este tal ontem já faz mais de vinte anos.

Como diria um comercial da minha época; o tempo passa, o tempo voa, e o Bamerindus nem existe mais. As pessoas nem limpam mais seus delicados bumbuns com o, nem tão delicado, papel primavera. Há uma tese de que este papel causa hemorróida.
Talvez algumas pessoas ainda chamem a DDDrim para matar insetos, e riam ao se lembrar do jingle do comercial - a pulguinha dançando iê-iê-iê. Aliás, ninguém mais dança iê-iê-iê.

As polainas ficaram para trás. As boinas voltaram, as saias balonês também. Ainda bem que, tirando uniforme de time de futebol, ninguém mais usa roupas fluorescentes.

E o tal ontem ficou bem lá para trás. Muita coisa aconteceu. E todos os acontecimentos ajudaram a formar a pessoa que sou hoje, uma velha. E isso não tem jeito. Cada ano que passa, eu fico mais próximo da minha aposentadoria, da coleção de remédios, das manias. Bem, manias eu já tenho mesmo.

Eu já sou uma anciã. Reclamo de tudo, como estou fazendo agora, gosto de tirar um cochilo após o almoço de domingo, comecei a me interessar por artesanato e serviços manuais, vou me matricular na hidroginástica para as aulas das 7:30 da manhã, saio e fico bocejando quando passa da uma da manhã, já começo a contar histórias do tempo que eu era mocinha, ou começo frases com "no meu tempo". Fato, o tempo passou mesmo.

Quando eu tinha 16 anos, mentia que tinha 18. Agora parei nos 24 já faz muitos anos, e me recuso a sair desta idade.
Vai chegar uma hora que vai pegar mal, mas enquanto isso não acontecer, sigo mentindo a minha idade.

Hoje pela manhã me olhei no espelho com bastante atenção. E não é que já nasceu a minha primeira ruga
? E ainda dizem que eu tenho que comemorar. Humpf!

Bem, amanhã eu completo 24 anos pela enésima vez. Brincadeiras à parte, é bom poder completar mais uma primavera, como diz minha avó. Afinal, é sinal de que estou viva, e seguindo o processo natural da vida.