segunda-feira, 12 de maio de 2008

Cenas do cotidiano

Ela entrou no ônibus toda estabanada. Segurava o celular com o rosto, pegava alguma coisa na bolsa. Derrubou uma sacola no meu colo, tentou pedir desculpas, mas a pessoa do outro lado da linha atendeu o telefone.

- Alô
?

- Você está me ouvindo
?

- Só quero saber uma coisa. Onde você está
?

- Onde você está
?

- On-de vo-cê es-tá
?

- Que bom, Carlos. Nem me esperou.

- Sabe, eu vou te abandonar. Estou de saco cheio de você.

- Carlos
? Carlos? Não mente, porra. Onde você está? Pode falar a verdade.

- E onde fica isso
?

- Sei, sei...

- Que horas você chegou aí
?

- Mentiroso. Liguei no seu escritório às 17:00 e você já tinha saído.

- Carlos, quem está com você
?

- Carlos, quem está com você
?

- Alô
? Alô?

Desconfiei que Carlos havia desligado o telefone na cara dela.
Ela não contente, ligou de novo.

- Caixa Postal, filho da puta. Carlos, se você pensa que pode desligar o telefone na minha cara, está muito enganado.

O Carlos até que foi paciente. Eu já teria desligado bem antes.