domingo, 13 de abril de 2008

Trem azul

Só me dará prazer
Se viajar contigo
Até nascer o sol
Seguindo no trem azul...

Era mais ou menos esta a visão que eu tinha de viajar de trem. Tinha.
Como já é sabido, eu não sei andar por São Paulo. Não adianta me dar mapas, referências, GPS, eu não consigo sair do ponto A e chegar ao ponto B, sem me perder.

Sendo assim, decidi que trem é um meio de transporte bacana. Pelo meno não tem erro.
Bem, erro não tem mesmo. Mas andar de trem já é um erro.
O glamour que eu imaginava foi pro beleléu logo na estação Barra Funda.

A fauna, a flora, e toda a imensidão de espécies da Amazônia estão no trem. Não tenho dúvidas disso.
Desde o cara de cabelo pink, até a tiazinha que era a cara da Dercy Gonçalves.

Em pleno sábado, o trem estava bombando. E o melhor, a balada já começa no trem. O cara não contente em ouvir seu sertanejo, faz com que todos os passageiros ouçam. Ele canta com os amigos, bebe cerveja Nova Schin. Que tipo de pessoa bebe Nova Schin?
A Ivete faz o comercial da cerveja provavelmente porque não bebe cerveja. Aliás, no comercial ela não coloca aquela água com cevada na boca.
O Ministério da Saúde adverte, beber Schin é prejudicial à saúde.

E lá vamos nós. E o trem segue numa velocidade absurda. Barrichello deveria conduzir trem. Acho que seria mais rápido.

Do nada ele faz uma pausa para arrumar alguma coisa. Quinze minutos depois ele segue seu curso. Mais duas paradas. Eu começo a pensar que se eu tivesse ido de carro seria mais rápido, mesmo me perdendo.

Depois de um tempão em pé, as varizes gritando, arrumo um lugar. Lugar este que eu disputei a tapa com um menino de aproximadamente doze anos.
Ambos vimos o lugar. Nos olhamos, e pernas pra quê te quero. Apesar da idade, e da fadiga, eu ganhei.

A criança que está sentada ao meu lado come um salgadinho de povilho. A mãe, logo após quinze quilos de polvilho ingerido pela criança, resolve balançar a peste. Não deu outra. Ela colocou todo o polvilho e a feijoada do sábado para fora.
Quase acompanhei a criança. Mas heroicamente segurei. Abandonei meu lugar.
Achei que ninguém tivesse a coragem de sentar lá, mas tiveram. Dercy sentou lá como se nada tivesse acontecido.

Depois de mais de uma hora, cheguei.
Para descer foi uma luta. Tive que empurrar uma galera para conseguir colocar o corpo para fora do trem. A bolsa se torna uma arma nessas horas. Você a coloca na frente e sai batendo nos outros.

Já na estação pensei: O filho da puta que fez a letra da música nunca andou num trem da CPTM!