quarta-feira, 16 de abril de 2008

O caso da menina Isabella

Nos últimos dias só se fala no caso da menina Isabella.
Eu tenho evitado elaborar teses sobre o crime. Mas a maioria da população parece ter entrado para a polícia.
Desde o faxineiro até o alto executivo, todo mundo tem o seu culpados e os motivos do crime.

É muito complexo, neste tipo de situação, emitir alguma opinião. Culpar alguém é algo muito sério. E quem somos nós para tirarmos conclusões, e crucificarmos o pai da criança?

Mas uma coisa é certa. Toda vez que eu via alguma matéria sobre o crime, torcia para que a culpa não fosse do pai.

Porque um crime assim já nos deixa sensibilizados, com a participação do pai, as coisas tomam uma proporção maior ainda.

Esses dias vi uma mulher dizendo que tinha vindo de Curitiba passar férias em São Paulo, e estava na porta do prédio tirando fotos. O local virou ponto turístico.

Chegou ao ponto do bizarro. Montaram um circo em torno de uma situação que não tem a menor graça.

Acho que os curiosos, os sensacionalistas, em momento algum têm empatia pelo próximo. Respeito pela dor do próximo, acho que isso é o mínimo.

A sociedade adotou a menina Isabella. Cheguei a ouvir um jornalista dizer: “Hoje Isabella é a filha do Brasil”.
Não, Isabella não é minha filha. Ela tem uma mãe, que está sofrendo com tudo isso, e não precisa desta falsa comoção.
Uma mãe que não precisa ter a cara estampada em todos os veículos de comunicação.

Sim, foi um caso chocante. Uma lamentável história. Mas chega deste sensacionalismo.
A família precisa de paz. E a polícia tem que cumprir seu papel, ponto final.

A sociedade quer uma resposta, quer que os culpados sejam punidos. Isso não há como discordar. Sim, que se faça justiça.

Mas eu não vejo a população ficar tão revoltada quando, por exemplo, é divulgada a lista de mortalidade infantil no mundo.

Só para se ter uma idéia, eis os três primeiros no ranking. Análise feita no ano de 2007 (mortes/1.000 nascimentos).