sexta-feira, 4 de abril de 2008

Se bobiar, nóis Créu

Em tempos de muita cultura, temos que cuidar de nossas crianças. Nossa, até fiquei emocionada com esta bela frase.

Mas é a mais pura verdade.
Ontem fui em uma festa infantil. Quer dizer, não era uma festa infantil, era um baile funk.

Cheguei e estava tocando algo que falava de uma tal Piriguete. Senhora esta que eu nunca ouvi falar, mas todas as crianças conheciam. Cantavam, dançavam até o chão.

"Quando ela me ve ela mexe,
Piri, Pipiri, Pipiri, Piri, Piriguete! Rebola devagar depois desce, Piri, Pipiri, Pipiri, Piri, Piriguete!"

Mas a sensação foi o tal Créu.
Toda vez que tocava a música, que tocou umas sete vezes (eu contei), todas as crianças abandonavam os brinquedos eletrônicos, que não eram poucos, e iam para a pista dançar.
Dançavam em todas as velocidades. Fiquei chocada.

O que aconteceu com as músicas infantis?

Na minha época eu ouvia Saltimbancos, Arca de Noé, Casa de Brinquedos, e pasmem, lia livros infantis.

O negócio avacalhou de vez quando lançaram aquele grupinho que tinha o Jacarezinho, Molecada. Era um grupo infantil de axé. Aliás, não sei como cabe na mesma frase "grupo infantil de axé".
Não vai demora muito para lançarem funk infantil, se é que já não fizeram isso.

Sei que passei boa parte da noite ouvindo "clássicos" do funk a noite inteira.

Poderiam dar um programa infantil para a mulher da bunda grande, a tal melancia. Se bem que eu não duvido muito ouvir uma atrocidade dessa: "Cansei desta vida. Sempre gostei de crianças, quero aprensentar um programa infantil", dirá a mulher de ancas largas.

Já que não dá mais para tocar músicas infantis, porque as crianças se sentem adultas e acham essas músicas bobinhas, que ao menos ouçam algo decente.

Bailarina, O Caderno, Macaquinho de Pilha, A Galinha, A Bicharada, Um dia de Cão, todas essas músicas que fizeram parte da minha infância, Créu.