terça-feira, 1 de abril de 2008

A busca

Quando eu encontrar um emprego, farei um livro do quanto é interessante estar desempregado.

Semana passada fui em uma entrevista de emprego. Era um anúncio da Claro. Neste momento você pensa: "Hum, uma empresa grande. Isso não é ruim".
Você sai todo feliz de casa, põe o terninho da entrevista, e vai.

Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira. Nossa, um processo bem longo. Na quarta-feira você descobre que já está trabalhando, e pedem seus documentos. Mas eu fui contratada para qual das sete vagas? Nenhuma explicação.

Na quinta-feira você leva seus documentos. E este é o dia da palestra sobre a empresa.
Primeiro o cara conta uma história triste de quando ele faliu, e graças ao empreendedorismo, ele voltou a ser rico e ter um carrão. O segredo, meu caro. Foi este o grande lance que fez o tal empresário voltar ao mercado.

Penso em levantar, mandá-lo tomar no cu, e sair. Mas algo dentro de mim diz que seria, no mínimo, divertido. E outra, já estava lá mesmo. Não custava ficar mais um pouco. Tempo é dinheiro, mas boas risadas, é saúde.

- Eu quero que todos vocês relaxam, e prestem muita atenção no que eu vou dizer. Quero falar das saúdes: mental, financeira, física e social.

Quando chegou no social, eu já estava quase chorando de rir.

Até a história do Raul Gil ele contou. Ele estava na merda, e voltou a ser uma pessoa feliz. Neste momento, ao fundo, tocava Lonas Azuis - música que o Raul Gil toca em qualquer ocasião, batismo, descarrego, casamento, divórcio...

- Pense na sua família, nos seus pais, no quanto eles são importantes para você. No quanto você é importante para eles. Quantas vezes você deixou de dizer que os amava? Vou colocar uma música, e gostaria que todos vocês pensassem em seus entes queridos.

A música? Pai - Fábio Júnior.

Choros, fungadas de nariz. Todos estavam emocionados.

Depois ele contou sobre o seu melhor amigo - Jesus. E colocou no vídeo uma foto Dele com uma música de uma cantora gospel. Mais choros.
Nos fez rezarmos um Pai Nosso. Nesta hora eu até esqueci que era uma empresa, achei que estava em uma igreja.

Como as pessoas são vulneráveis. Ainda mais quando estão desempregadas.

Toda esta emoção para no final de tudo ele dizer que teríamos que trabalhar 60 dias sem receber nada por isso. E a melhor parte, todos seríamos vendedores de planos corporativos da Claro. Onde estava a vaga de supervisor de marketing a qual eu me candidatei?

Achei linda a devoção, mas eu preciso de dinheiro, não de apoio espiritual.