sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O som do meu vizinho

Ele deve ter comprado em novecentas parcelas no cartão Casas Bahia. Até aí, sem problemas. Cada um gasta seu dinheiro da forma que lhe é mais conveniente.

Só que agora, que ele o ouve no antepenúltimo volume, porque o último deve ser o armagedon, eu tenho vontade de matá-lo.
Pra quê ouvir tão alto? Acho que vou comprar um daqueles auditivos telex para ele. Porque o cabra só pode ser surdo.

O pior de tudo é o gosto musical. Você já percebeu que essas pessoas que ouvem som alto nunca ouvem algo decente? É sempre axé, pagode, sertanejo ou funk. E assim vai variando durante o dia.

Agora ele resolveu cantar. Penso seriamente em cadastrá-lo no próximo Ídolos ou Fama. O cara não tem talento, mas vai me garantir boas risadas.

Esses dias eu li uma análise interessante. Você já reparou que festas com o som altíssimo, normalmente, têm pessoas chatas?
Acredito que o som alto demonstre a total e completa falta de assunto das pessoas na festa. Assim elas não precisam conversar, sacodem o corpo, e fingem que foi um festão.
Pra quê ir em um barzinho se a companhia é chata? O negócio é sacodir o esqueleto mesmo.

Se você perguntar: E aí, conheceu alguém interessante? A resposta será "não". Afinal, a pessoa foi à tal festa, encheu a cara, vômitou, e voltou para casa.

Eu gosto de música, ouço em casa sempre, mas não obrigo meus vizinhos a ouvirem a mesma coisa que eu.
Eu gosto de bares com música ao vivo. Mas neste caso eu vou para ouvir música, de preferência boa.
O conceito de boa como diria a minha professora de Sociologia não é discutível. Eu posso não gostar de bossa nova, por exemplo, mas não posso chamar a música de ruim.
Funk é ruim, e isso não é uma questão de gosto.

Ok, eu devo estar ficando uma velha bem chata. Tem esta possibilidade também.