quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Eu não conheço a minha cidade

Se hoje me perguntassem o que eu gostaria de ganhar de aniversário, seria muito simples. Eu quero um GPS.

Se eu tivesse um, poderia visitar os amigos que resolveram mudar de casa. Poderia andar pelo centro da cidade de São Paulo sem medo de entrar em uma via só para ônibus. Não fecharia metade da população por estar perdida. Minha vida ao volante seria um mar de rosas.

Quando a pessoa começa a explicação com a seguinte frase:
“- Você conhece a ponte alguma coisa?"
Eu já começo a ter calafrios. Odeio pontes.
E aqui em São Paulo, uma ponte significa: Meu amigo, se você passou por ela, vai demorar, no mínimo, uma hora para voltar para onde você estava.
Outra coisa que me causa grandes problemas é túnel. Se eu entro em algum túnel errado, já dá uma vontade fora do comum de chorar. Porque túneis significam: Você acaba de sair do outro lado da cidade, ao menos pra mim.

Depois de rodar duas horas pela Marginal Pinheiros, quero deixar bem claro que a partir de hoje só visito amigos que morem perto de algum metrô, ou no meu próprio bairro.
E não me venham com: “É só pegar a 23 de Maio”, ou ainda, “Depois da Radial é uma reta só!”, que comigo não cola mais.

E mais uma coisa. Eu detesto esse sites de rota. Em 55 segundo vire à esquerda.
Fiquei me imaginando no carro contando 55 segundos. Talvez eu conte rápido demais, ou devagar, não sei, nunca dá certo. E eu ainda vou processar a minha professora de Geografia. Não sei ler mapas, não adianta. Não sei como consegui completar o Azimute do treinamento na selva. Ah, lembrei, era em grupo, e eu era o homem-passo.


E outra, eu não tenho a menor noção, nem um pingo, sequer uma gota, nadica, de direção. E para completar, penso para decidir o que é esquerda, e o que é direita.

Sei que uma vez eu estava indo num show no Credicard Hall. O show estava programado para começar às 19:00. Sai de casa às 17:00, contando com trânsito, e as minhas perdidas, daria tempo. Daria, porque consegui chegar no show às 20:30.

Você consegue conceber a idéia de rodar três horas e meia pela cidade de São Paulo, com uma criança dentro do carro perguntando de cinco em cinco minutos se está chegando? Ela reclamava do calor, do trânsito, do sapato, ficou com sede, sono, fome. Tudo de cinco em cinco minutos. Com uma precisão britânica.

Pronto, já dissertei sobre o meu drama ao volante. Sendo assim, não me chamem de ranzinza quando eu disser: “Não sei chegar na sua casa, porra!”